Bolsonaro diz que BB precisa ter “lado social”, mas nega interferência no banco

Publicado em: 04/02/2021

Mais de 10 dias depois de uma crise que quase levou à demissão do presidente do Banco do Brasil, André Brandão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que a instituição precisa ter também “um lado social”, numa crítica indireta ao programa de enxugamento capitaneado pelo executivo. Apesar da fala, Bolsonaro disse que não interfere em decisões do banco.

Em meados de janeiro, o presidente chegou a determinar a demissão de Brandão após a repercussão negativa entre parlamentares do plano de reestruturação do banco, que inclui um programa de demissão voluntária e o fechamento de agências. “No Banco do Brasil eu [governo federal] sou o maior acionista, não sabia que era tão rico assim. Agora, decisão, eu tenho que tomar conhecimento. Tem liberdade para trabalhar, mas tenho que tomar conhecimento. Não posso saber de certas decisões, de qualquer órgão, qualquer ministério, pela mídia. Não posso saber, isso já foi conversado com todos os ministros. Eu não posso ser o último a saber. Negativo”, declarou o presidente neste sábado (30) ao deixar uma concessionária de motos em Brasília.

“A Caixa Econômica tem seu lado social muito forte. O Banco do Brasil também tem o seu lado social. Você pega uma agência no interior do Brasil, [numa cidade que] tem 3.000 habitantes, só tem um Banco do Brasil lá. Então não é lucrativo, muitas vezes não é. Então você tem que ter o lado social no tocante a isso também. Agora o enxugamento que eles querem fazer é no mundo também”, acrescentou o presidente.

À época da crise, interlocutores de Bolsonaro disseram que o ministro Paulo Guedes (Economia) e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, conseguiram convencer Bolsonaro a preservar Brandão à frente da instituição.
Pessoas que acompanham o tema afirmaram ainda que reestruturação do banco será mantida, sem mudanças no plano de demissão voluntária.

Ajustes devem ser feitos apenas na parte do pacote que prevê o fechamento de agências, o que causou maior desagrado entre parlamentares. Segundo relatos, é possível que haja uma revisão de parte das unidades que seriam fechadas, com substituição por outras.

“Olha só, eu não interfiro. Deixar claro, estão loucos para meter um processo em cima de mim por interferência. Eu não interfiro. Agora, qualquer ministro, qualquer presidente de banco, qualquer presidente de estatal, eu que ponho e eu que demito. E não tenho que dar satisfação para ninguém, porque isso recebi do povo para trabalhar dessa maneira”, disse.

Segundo plano apresentado pelo Banco do Brasil, a estatal cortaria 5 mil funcionários em um plano de desligamento voluntário e fecharia 361 unidades de atendimento, sendo 112 agências. O objetivo é readequar a rede ao perfil mais online dos clientes.

Em 2020, o BB fechou mais de 200 agências em um caminho semelhante ao adotado pelos concorrentes privados. No ano passado, Santander (SANB11), Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4) fecharam cerca de mil agências, com demissão de 11 mil funcionários.

Bolsonaro, contudo, reclamou de não ter sido comunicado previamente sobre o plano e diz que ficou sabendo do enxugamento pela imprensa. Para ele, o Banco do Brasil precisa olhar o lado social.

“Você pega uma agência no interior do Brasil que tem 3 mil habitantes e só tem um Banco do Brasil lá. Muitas vezes não é lucrativo, então você tem que ter o lado social”, disse.

Fonte: Diário de Cuiabá com Suno Research

 

Presidente Bolsonaro diz que não vai privatizar Banco do Brasil

Publicado em: 18/09/2020

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (17/9) que não cogita privatizar o Banco do Brasil. Durante transmissão ao vivo nas redes sociais, o chefe do Executivo comentou que o BB integra, junto com a Caixa Econômica Federal e a Casa da Moeda, as instituições geridas pelo governo que não serão repassadas à iniciativa privada.

Apesar de não ser 100% público — é constituído na forma de sociedade de economia mista —, o Banco do Brasil tem como sócio majoritário o governo federal, responsável por 50% das ações da instituição.

Bolsonaro comentou sobre o Banco do Brasil após o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que também participou da live, ter sido questionado se havia a necessidade de o Estado gerir três grandes bancos — além da Caixa e do Banco do Brasil, também faz parte do governo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Banco do Brasil e Caixa Econômica, no meu governo, não se cogita sua privatização. Assim como queriam privatizar a Casa da Moeda… No meu governo, só esses três (não serão privatizados)”, afirmou Bolsonaro.

Sobre a Casa da Moeda, o chefe do Palácio do Planalto explicou que não interferiu ao retirar a estatal da lista de privatizações do governo, em maio deste ano. “O pessoal fala em interferir. Exerci um direito meu, não é interferência, é um direito meu. Afinal de contas, se eu nomeio os ministros, no caso o Paulo Guedes dá posse aos presidentes de bancos estatais”, comentou.

Ele ainda disse que a instituição não deveria ser repassada à iniciativa privada devido aos tipos de documentos que produz. “Eu achei que não era o caso (privatizar), tendo em vista informações que tive de outros países que a privatizaram e, depois, voltaram atrás. Acho que o que a Casa da Moeda faz tem que ser uma questão de segurança nacional. Passaportes, emissão de dinheiro, moedas, entre tantas coisas mais”, observou.

Na sequência, Bolsonaro disse que concluir uma privatização não é fácil e reclamou que a imprensa tem criticado o governo injustamente pela demora na finalização de alguns processos.

“Qualquer privatização é demorada. Não justifica a mídia falar que estou segurando, que o governo está segurando as privatizações. Tem muita coisa que dá prejuízo, você tem que privatizar. Você até se entregar de graça para alguém é até vantajoso. Está dando prejuízo, sai perdendo todo o ano. Agora, também nós entendemos que tudo aquilo que a iniciativa privada pode fazer, a gente vai abrir mão disso aí. Esse é o nosso pensamento”, argumentou.

Guedes já cobrou privatização do BB

Apesar da declaração de Bolsonaro nesta quinta, a privatização do Banco do Brasil já foi algo bastante falado no Ministério da Economia. Paulo Guedes defendeu a entrega do banco ao setor privado na reunião ministerial de 22 de abril, cuja gravação virou alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por conta de uma suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.

Naquele encontro, Guedes até usou um palavrão para se referir à instituição financeira, dizendo que “tem que vender essa porra logo”.

“O Banco do Brasil não é tatu nem cobra. O Banco do Brasil não é tatu nem cobra. Porque ele não é privado, nem público. Então se for apertar o Rubem (Novaes, então presidente do BB), coitado. Ele é superliberal, mas se apertar ele e falar ‘bota o juro baixo’, ele: ‘Não posso, senão a turma, os privados, meus minoritários, me apertam.’ Aí, se falar assim ‘bota o juro alto’, ele: ‘Não posso, porque senão o governo me aperta’. O Banco do Brasil é um caso pronto de privatização”, disse o ministro da Economia.

“O senhor já notou que o BNDES e a Caixa, que são nossos, públicos, a gente faz o que a gente quer. Banco do Brasil, a gente não consegue fazer nada e tem um liberal lá. Então, tem que vender essa porra logo”, completou Guedes.

Na reunião ministerial, o ex-presidente do Banco do Brasil confessou a Bolsonaro que o seu sonho era a privatização do banco, e o chefe do Executivo respondeu que ele só deveria pensar nisso daqui a três anos. “Faz assim, só em 23 você confessa, agora não. Isso aí, isso aí só se discute, só se fala isso em 23, tá?”, disse Bolsonaro a Novaes.

Lentidão provocou saída de secretário

A demora do Executivo em concluir a entrega de estatais para o setor privado repercutiu dentro do próprio governo, tanto que, em agosto, o secretário especial de Desestatização e Privatização, Salim Mattar, pediu demissão do Ministério da Economia.

Mattar manifestou insatisfação com o ritmo das privatizações. Segundo ele, “o establishment” não quer privatizações.

A saída dele foi anunciada por Paulo Guedes, que reconheceu à época que a demissão era “um sinal de insatisfação com o ritmo de privatizações”. “O que ele me disse é que é muito difícil privatizar, o Estado não deixa privatizar, é muito emperrado”, disse o ministro, em coletiva à imprensa.

Fonte: Correio Braziliense

Em 200 dias de governo, bancos públicos já venderam R$ 16 bilhões em ativos

Publicado em: 24/07/2019

Enquanto o governo prepara um superpacote de privatizações, os bancos públicos saíram na frente e puxaram a fila de venda de ativos. Capitaneadas por Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, as operações somaram quase R$ 16 bilhões nos 200 dias da administração do presidente Jair Bolsonaro. Já o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ficou na condição de coadjuvante em meio à troca de comando e à orientação de desmontar a “caixa-preta”.

As vendas por parte dos bancos públicos são uma orientação da equipe econômica do governo, que não quer “competir com banqueiro”. Em suas apresentações ao mercado, o secretário especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar, tem reforçado a necessidade de desestatizar o crédito no Brasil, reduzindo o tamanho das instituições oficiais no setor.

Novas vendas já estão engatilhadas para o segundo semestre, com potencial de multiplicar o volume arrecadado e contribuir com os planos do governo de alcançar US$ 20 bilhões em privatizações só este ano. As operações envolvem não só negócios do setor financeiro, mas também a participação dos bancos estatais em empresas de outros segmentos, como energia, saneamento, logística.

A União ganha de duas formas com as vendas de ativos por meio dos bancos públicos. Além dos impostos das operações, considerando o ganho de capital, ainda se beneficia de dividendos distribuídos, uma vez que é o acionista controlador.

“A maioria dos ativos vendidos pelos bancos públicos já estava listada na Bolsa e, por isso, é muito mais fácil vender. Além de já ter um valor estabelecido, o mercado conhece a história das empresas”, diz o analista do Brasil Plural, Eduardo Nishio. “Se a história é boa, tem comprador.”

Segundo ele, a estratégia dos bancos estatais é se desfazer de investimentos que não são foco da operação bancária. No caso da Caixa, acrescenta, pesa ainda a “reestruturação profunda” da nova gestão para torná-la mais eficiente e diminuir a intervenção do governo no sistema financeiro.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou recentemente que estão previstas “outras 15” operações. A meta da instituição para o ano era levantar R$ 15 bilhões. No primeiro semestre, já foram R$ 10 bilhões, com a venda de ações do ressegurador IRB Brasil Re e da Petrobras.

A Caixa vai listar os negócios de seguros, cartões, lotéricas e gestão de recursos na Bolsa e vender as participações detidas pelo FI-FGTS (fundo que concentra os recursos dos trabalhadores e é gerido pelo banco público).

Horizonte

Só a venda da área de seguros pode superar o valor de tudo do que a Caixa se desfez até agora. Neste momento, segundo Estadão/Broadcast apurou, o banco resolve questões de governança para enviar a segunda leva de informações para os interessados. De posse desses dados é que os candidatos farão as ofertas para disputar o ativo.

Enquanto isso, a Caixa negocia também com a sócia francesa CNP Assurances e tenta elevar o preço fechado pela nova parceria, de R$ 4,65 bilhões, ainda na gestão do ex-presidente Michel Temer. Além das operações que deseja levar à Bolsa, o banco público vai tocar a venda as fatias do FI-FGTS no BB e na Alupar, de energia.

O BB também tem uma fila de vendas pela frente. Entre elas, estão sua empresa de recuperação de créditos vencidos, a Ativos, o banco Votorantim, do qual é sócio com a família Ermírio de Moraes; BB Americas, sua filial nos Estados Unidos, além do argentino Patagônia. O BB procura ainda parceiro nas áreas de banco de investimento e gestão de recursos.

Até o momento, além de vender a participação na Neoenergia, em que levantou R$ 1,775 bilhão, o BB saiu do IRB por meio de uma venda de ações em Bolsa que lhe rendeu R$ 4,181 bilhões. Encerrou também as atividades da BBTur, de viagens, e vendeu, juntamente com o BNDES, a fatia que detinha na Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação (SBCE) por R$ 3,27 milhões.

Para o segundo semestre, o mercado espera que o BNDES, comandado agora por Gustavo Montezano, após a saída de Joaquim Levy, seja mais ativo. Em sua posse, o executivo disse que suas metas são explicar a “caixa-preta” do banco e acelerar a venda de participações por meio da BNDESPar, seu braço de investimento em empresas, que somam em torno de R$ 100 bilhões.

Fonte: UOL

Bolsonaro veta campanha do BB e diretor de marketing deixa cargo

Publicado em: 26/04/2019

O Banco do Brasil retirou do ar na quinta-feira (25) uma campanha publicitária. A ação teria sido exigida pelo presidente Jair Bolsonaro, segundo o colunista Lauro Jardim, do “O Globo”. Após a remoção da campanha das mídias foi anunciada a saída do diretor de marketing do Banco do Brasil. Delano Valentim não será demitido da instituição, contudo, não continuará no comando do departamento de marketing do banco. Ele está de férias e será realocado quando voltar.

“O presidente Bolsonaro e eu concordamos que o filme deveria ser recolhido. A saída do diretor é uma decisão de consenso, inclusive com aceitação do próprio”, disse o presidente do banco, Rubem Novaes ao colunista. O vídeo A campanha lançada pelo BB tinha a diversidade como pauta e os jovens como público-alvo. No vídeo de 30 segundos, aparecem mulheres e homens negros, pessoas com cabelos coloridos e diferentes cortes, jovens e idosos.

As personagens aparecem realizando as ações faladas pelo narrador do vídeo. As pessoas estão em festas, salão de beleza e na rua. A instituição alega que o motivo da retirada da campanha do ar foi a faltar de outros perfis de jovens. O BB tem buscado atingir este público. Saiba Mais: Banco do Brasil vai vender participação da Neoenergia Segundo o “O Globo”, Rubem Novaes admitiu que Bolsonaro não gostou da campanha e pediu a retirada do ar. Contudo, o presidente do banco não detalhou os motivos que o chefe do Executivo alegou para fazer o pedido.

Rubem Novaes não viu a campanha publicitária do Banco do Brasil antes de ser veiculada nas mídias. Não está dentro das atribuições do presidente a coordenação das peças de marketing da instituição.

Fonte: Suno Research

Presidente Jair Bolsonaro fala em cortar 30% dos cargos em bancos federais

Publicado em: 22/11/2018

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou nesta terça-feira, 13, que pretende cortar “no mínimo” 30% dos cargos políticos nos bancos federais. Em conversa com jornalistas no Superior Tribunal Militar (STM), ele confirmou reportagem publicada pelo Estado que sua equipe prepara um “pente-fino” para mapear indicações partidárias no Banco do Brasil (BB), no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Banco do Nordeste (BNB) e no Banco da Amazônia (BASA). “Pretendemos diminuir (o número de cargos) e colocar gente comprometida com outros valores lá dentro”, afirmou.

Ao ser quesionato sobre o “cabide” de empregos nos bancos federais e autarquias, Bolsonaro afirmou que a equipe do economista Paulo Guedes, escalado para o ministério da Economia, irá “rever” as estruturas das instituições. “Vamos diminuir isso aí”, ressaltou. O presidente eleito disse “concordar” que há um “exagero” no número de comissionados e citou ainda o quadro de funcionários dos ministérios.

Bolsonaro destacou que as mudanças nos bancos estatais e as nomeações de presidentes, incluindo a do Banco Central, estão sendo analisadas por Paulo Guedes. Até agora, o futuro ministro da Economia informou que Joaquim Levy, ministro da Fazenda no governo Dilma Rousseff, comandará o BNDES. “É da minha índole confiar nas pessoas”, disse Bolsonaro, referindo-se a Guedes. “Essa é a política econômica do Paulo Guedes. Ele tem ascendência”, completou. “O Brasil está numa situação crítica e está nas mãos dele tirar (o País) dessa situação.”

A reportagem do Estado mostrou que na Caixa Econômica os 12 vice-presidentes recebem salário mensal superior a R$ 50 mil, fora gratificações. As remunerações estão acima do teto do funcionalismo público de R$ 33,7 mil.

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que o governo Michel Temer entregará a Paulo Guedes a lista de indicados a cargos de “livre provimento” com datas de nomeações. A meta da equipe do futuro ministro da Economia é demitir não concursados e trocar funcionários de carreira indicados especialmente pelo MDB e pelo PT. Na avaliação de Guedes o BB passou por uma ampliação de sua estrutura de comando.

A equipe de Bolsonaro já prepara relatórios sobre quem é quem em cargos com salários entre R$ 30 mil e R$ 60 mil. O presidente eleito quer saber quem ocupa os lugares apenas por indicação política e promover uma ampla reestruturação no comando dos bancos estatais.

Banco do Brasil na mira

Apadrinhados políticos chegam a ocupar cargos com salário de até R$ 61,5 mil no BB. O grupo de funcionários que prepara um relatório sobre a situação do banco para apresentar à equipe de Bolsonaro está mirando especialmente executivos de carreira da instituição que foram nomeados durante os governos petistas.

Durante os 14 anos de governo do PT, o Banco do Brasil passou por uma ampliação de sua estrutura de comando. Além de nove vice-presidentes (salário de R$ 61,5 mil cada) e 27 diretores (R$ 47,7 mil), a instituição criou 11 cargos de gerente-geral (R$ 47,7 mil). A ampliação de diretorias para abrigar funcionários sintonizados com os partidos de sustentação do governo exigiria uma complexa mudança estatutária com remunerações acima do teto do funcionalismo público de R$ 33,7 mil. A folha de pagamento mensal de cargos executivos do banco representa um gasto total de R$ 28, 9 milhões.

Fonte: Estadão com Portal Último Segundo

Eleição de Bolsonaro aumenta otimismo de bancos com Brasil

Publicado em: 12/11/2018

A vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais do Brasil foi o gatilho para um enorme rali nos mercados financeiros. O entusiasmo também está tomando conta dos executivos de bancos, que vêem uma bonança à frente se o presidente eleito fizer o que é necessário para consertar a economia.

Apenas dois anos depois de reduzir drasticamente sua presença no Brasil, o HSBC Holdings está acelerando as discussões sobre a volta aos mercados locais com a criação de um banco corporativo e de investimentos completo, segundo uma pessoa familiarizada com os planos. O Citigroup está preparado para aumentar contratações diante da expectativa de mais negócios com os US$ 176 bilhões em investimentos em infraestrutura que espera para os próximos cinco anos. O Itaú Unibanco, o maior banco da América Latina em valor de mercado, disse que pode aumentar seu apetite ao risco devido à melhoria das perspectivas econômicas.

Bolsonaro, um capitão da reserva do Exército e legislador pouco conhecido, provocou um surto de otimismo depois de fazer uma campanha baseada em promessas de disciplina fiscal, eficiência do governo e repressão ao crime. Os banqueiros dizem que a promessa de promover uma reforma na Previdência mostra seu compromisso em fazer o que é necessário para o Brasil recuperar a credibilidade entre os investidores locais e internacionais.

“Foi um clamor por mudanças na liderança do país e temos grandes expectativas com as modificações que precisam ser feitas”, disse Marcelo Marangon, presidente do Citigroup no Brasil. “Todo banco internacional está analisando” oportunidades de crescimento.

Até agora, a volta ao crescimento dos bancos esteve mais perto de um gotejamento do que de uma inundação, mas há sinais de que, após anos de cortes, Wall Street está testando as águas para um retorno significativo.

É uma reviravolta com relação ao passado recente, quando a pior recessão na história do Brasil e um escândalo de corrupção nacional levou à fuga de muitos bancos e muitos investidores quando o país perdeu o grau de investimento, as ações despencaram e o real atingiu uma baixa recorde. O HSBC anunciou planos em 2015 para vender todo o seu negócio no Brasil para o rival local Bradesco por US$ 5,2 bilhões. No ano seguinte, o Deutsche Bank reduziu pela metade o número de funcionários locais e o Citigroup passou a vender seus negócios de varejo como parte dos esforços globais para cortar custos.

Muitos desses bancos com planos de crescimento no Brasil já haviam começado a ficar mais otimistas com o país anteriormente, mas o resultado da eleição deu a eles um novo impulso de confiança. Os executivos estão animados com a agenda pró-mercado do presidente eleito, que, segundo alguns deles, pode ajudar a estimular o crescimento e impulsionar os negócios. O time de Bolsonaro está avaliando proposta para conceder autonomia formal ao Banco Central, revisar as leis tributárias e reduzir regulamentações.

Obviamente, os objetivos de Bolsonaro são ambiciosos e não há garantias de sucesso. O novo presidente tem uma alta taxa de rejeição – quase metade dos brasileiros não o suporta – em parte por causa de seu histórico de comentários depreciativos sobre negros, comunidades indígenas, mulheres e gays. Mas ele trouxe conforto aos investidores dizendo que nomeará Paulo Guedes, mestre pela Universidade de Chicago, como um super-ministro encarregado da economia e também com afirmações tranquilizadoras sobre a necessidade de disciplina fiscal.

O presidente global do Citigroup, Michael Corbat, visitou o Brasil na semana anterior à eleição para se reunir com os clientes, em um aceno ao compromisso do banco com o país, de acordo com um porta-voz da empresa.

O banco tem investido em seu negócio de atacado para poder aproveitar qualquer aumento em financiamento de projetos, fusões e aquisições e ofertas no mercado de capitais, disse o presidente no Brasil, Marcelo Marangon. O Citigroup planeja aumentar o número de funcionários em seus negócios de infraestrutura, corretagem e middle-market, disse ele.

“Podemos precisar elevar os investimentos apenas para lidar com o fluxo de transações”, disse Marangon. “Estamos em uma posição única para continuar a crescer nosso core business no Brasil de forma a manter ou até mesmo aumentar a relevância do Brasil no Citi globalmente.”

Jamie Dimon, presidente global do JPMorgan Chase, viajará a São Paulo para uma reunião com clientes em 27 de novembro, como parte de uma viagem mais ampla a outros países da América Latina, incluindo Argentina e Chile, segundo uma pessoa familiarizada com sua agenda. Dimon fez uma visita semelhante no ano passado, mas desta vez terá a chance de se conectar com clientes com uma visão mais firme sobre as perspectivas do país, agora que as incertezas eleitorais já passaram.

O presidente do JPMorgan no Brasil, José Berenguer, disse no mês passado que estava otimista com o país, em parte porque a eleição de Bolsonaro pode significar mais concessões públicas e parcerias público-privadas.

Os executivos do HSBC, por sua vez, têm considerado uma maior presença no mercado de banco de investimento e corporativo no Brasil, uma vez que o acordo de não-competição com o Bradesco acaba após o final deste ano, segundo pessoas a par do assunto. A possibilidade de um retorno estava na mesa antes da eleição, mas uma perspectiva positiva após a vitória de Bolsonaro fornece outro motivo para expansão, disse uma das pessoas. O banco afirmou em 2015 que planeja manter uma “presença bancária modesta” no país e atualmente emprega cerca de 50 pessoas. Um porta-voz do HSBC preferiu não comentar.

Os bancos locais também estão considerando ajustes em suas estratégias. O Itaú pode começar a fazer empréstimos para empresas e indivíduos de maior risco de crédito, já que uma economia robusta aumentará as chances de ser pago de volta, de acordo com o presidente Candido Bracher.

“Estou muito impressionado com as primeiras coisas que estamos ouvindo” do novo governo, disse Bracher em teleconferência com investidores.

Ainda assim, Bolsonaro precisará afirmar constantemente seu compromisso de endireitar a economia, e, quando ele tomar posse, os investidores vão querer ver ações o mais rápido possível.

“Se formos capazes de ver as medidas sendo tomadas na direção certa sobre a reforma previdenciária, a tributária e a política, isso trará muita confiança”, disse Marangon. | Michelle F. Davis, Felipe Marques e Cristiane Lucchesi/Bloomberg.

Fonte: Fator Brasil

BB, Petro, Eletrobras e Cemig: qual estatal mais deve subir na Bolsa com Bolsonaro?

Publicado em: 08/11/2018

A vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais deve continuar afetando positivamente as ações das estatais na opinião dos principais gestores de ações do país. O InfoMoney perguntou para sete gestores de grandes fundos quais estatais mais devem se valorizar nos próximos meses.

A maioria acredita que os papéis do Banco do Brasil terão o melhor desempenho entre as estatais. Em segundo lugar na preferência aparece a Petrobras, seguida pelas ações da Cemig e Eletrobras – que empataram em terceiro lugar no “ranking de confiança” dos gestores para os próximos 12 meses.
Todas estas empresas já vêm registrando forte alta na Bolsa nas últimas semanas por conta da expectativa de que o candidato do PSL ganhasse as eleições.

Apenas no mês de outubro as ações do Banco do Brasil (BBAS3) valorizaram 44,3%, as da Petrobras (PETR3, PETR4) tiveram alta de 24,9% e 31,25%, os da Cemig (CMIG4) ganharam 55,17% e os da Eletrobras (ELET3) avançaram 51,06%.
Ainda assim, gestores e analistas continuam enxergando boas chances de alta para estes papéis no médio prazo.

Veja mais detalhes sobre os possíveis “gatilhos de alta” destas ações nos próximos 12 meses:

1 – Banco do Brasil

Mesmo com a forte alta em outubro, assim que o resultado das eleições foi anunciado a equipe de análise da XP Investimentos decidiu aumentar o preço-alvo das ações de R$ 41,00 para R$ 51,00. “Com a definição da eleição, estamos mais confiantes de que o banco será capaz de seguir com as iniciativas de crescimento da rentabilidade. A recuperação econômica do Brasil e a execução das tão necessárias reformas também impulsionarão o BB e outros bancos”, disseram.

Para os analistas, o risco x retorno da ação ainda é bastante atrativo, o que justifica a recomendação mesmo após a valorização de mais de 40%. “Negociando a 7,0x P/L (XPe), um desconto de 30% com relação aos pares privados, o múltiplo ainda está 22% abaixo da sua máxima de 9,0x em março de 2018”, afirmam.

Embora Bolsonaro não tenha declarado nenhuma política ou visão específica em relação ao setor financeiro, a XP acredita que sua abordagem liberal à economia deverá implicar em uma menor interferência, especialmente em bancos públicos. “Atribuímos, portanto, um menor risco político às ações, refletido em uma redução de 0,5% no seu custo de capital”, disseram.

Os analistas projetam que as receitas com tarifas manterão sólida tendência de crescimento, dado o foco do banco em serviços e a possível joint-venture com uma operação estrangeira para potencializar as atividades de atacado. Outro destaque são os cortes de custos. “[Os cortes] devem continuar, uma vez que o banco ainda tem espaço para melhorias nessa frente”, afirmaram.

O Itaú BBA também divulgou recentemente um relatório sobre o setor financeiro e reiterou que o BB é um dos seus bancos preferidos, com expectativa de crescimento de 15,6% do lucro no próximo ano.

2 – Petrobras

João Braga, gestor de ações da XP Gestão, destaca que a Petrobras é a principal posição do fundo atualmente. Ele afirma que a empresa tem muitos triggers (gatilhos de alta), que justificam o tamanho da fatia que ela ocupa na carteira.

Entre estes gatilhos está a cessão onerosa, além da melhora operacional, com plano de venda de ativos e consequente continuação do processo de redução de endividamento da empresa. “A apesar da alta da ação, ela ainda está negociando em múltiplos muito baratos, 4x ev / ebitda, perto das mínimas históricos”, justifica Braga.

A equipe de research da XP Investimentos identifica menores riscos de intervenção na política de preços de combustíveis da companhia em 2019 em diante, com base em afirmações do presidente eleito de que manteria repasses de preços de petróleo e câmbio, mesmo que com uma frequência menor.
“Com maior visibilidade na capacidade de geração de caixa da Petrobras, vemos espaço para uma maior valorização das ações e redução do nível de desconto em relação às petroleiras globais em termos de múltiplos, atualmente em 15%”, dizem.

3 – Cemig

A Cemig é uma concessionária de energia elétrica que pertence ao governo de Minas Gerais, e ficou em terceiro lugar entre as estatais que mais devem subir na avaliação dos gestores de ações. Romeu Zema (Novo), governador eleito no último domingo, já sinalizou em entrevista ao InfoMoney que tem planos de privatizar a companhia.

As ações da Cemig também podem se beneficiar do ambiente macro brasileiro. Isso porque em um cenário de retomada econômica e de juros baixos, o setor de distribuição de energia – do qual a Cemig faz parte – sai ganhando por conta do maior consumo de energia elétrica, segundo a XP Investimentos. Nesta semana, a equipe de análise do Bradesco BBI optou por elevar o preço-alvo das ações da Cemig de R$ 13 para R$ 16 em 12 meses.

Segundo os analistas do BBI, os principais pontos que embasam a maior confiança na alta do papel são: corte de custos da empresa no governo Zema; queda mais rápida na alavancagem associada à redução de despesas com juros; e a venda presumida da usina hidrelétrica Santo Antonio a valor contábil.

4 – Eletrobras

A possibilidade de privatização da Eletrobras no governo Bolsonaro vem impulsionando os papeis da estatal e continua deixando muitos investidores otimistas. Em julho, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que permitiria a privatização de seis hidrelétricas, o que animou o mercado pela possibilidade de resolver o problema do déficit de geração das hidrelétricas da ordem de R$ 8,8 bilhões.

No dia 16 de outubro, no entanto, o Senado rejeitou o mesmo projeto de lei por 34 votos a 18. Assim, o leilão de privatização da unidade Amazonas, que estava marcado para 25 de outubro e era considerado estratégico para o setor, foi adiado para o final de novembro.

A equipe de análise do Bradesco BBI divulgou relatório recentemente afirmando que a aumentou a possibilidade da Eletrobras vender a unidade Amazonas no leilão planejado para o dia 27 de novembro. “A planta não é um ativo estratégico e, ao vendê-lo, o balanço da Eletrobras ficaria “mais limpo”, abrindo caminho para a privatização em 2019/2020”, afirmaram.

Fonte: Infomoney