“O mercado mudou e o BB está se adaptando a ele”, avalia o JPMorgan

Publicado em: 27/11/2025

O JPMorgan recebeu a presidente do Banco do Brasil (BBAS3), Tarciana Medeiros, e a Diretora de RI, Janaina Storti, tendo o agronegócio como o foco principal do encontro.

Estes foram os principais pontos abordados: (1) a administração espera que os créditos não produtivos de 90 dias atinjam o pico no 4º trimestre de 2025, apresentando inicialmente alguma estabilização e passando por uma curva de inflexão ao longo de 2026; (2) o banco possui R$ 12 bilhões em empréstimos renegociados em processo sob a MP 1.314 (que autoriza a utilização de até R$ 12 bilhões de recursos do Tesouro para a liquidação ou amortização de dívidas rurais), que serão reclassificados como ativos produtivos, embora as reservas para perdas com empréstimos não devam ser revertidas em um primeiro momento; (3) o Banco do Brasil está evoluindo sua abordagem aos clientes do agronegócio, oferecendo serviços de consultoria abrangentes e mantendo um relacionamento próximo com os produtores rurais em todas as etapas do ciclo produtivo.

Em relação aos empréstimos para folha de pagamento de pessoas físicas: (1) o Banco do Brasil apresenta índices de inadimplência saudáveis, em linha com os empréstimos para folha de pagamento do setor público; (2) a administração busca atingir sua participação justa de mercado de aproximadamente 20% nesse produto; e (3) espera-se que os empréstimos para folha de pagamento de pessoas físicas sejam o principal motor de crescimento da carteira de varejo em 2026.

Ao olhar para as prioridades, o banco estatal destaca que 2025 foi um ano de ajustes e está trabalhando arduamente para aprimorar todos os processos de crédito a fim de retomar o crescimento em 2026.

Em uma visão geral, o setor do agronegócio passou por mudanças. “Diversos desafios surgiram nos últimos anos: mudanças regulatórias, eventos climáticos, margens mais apertadas, entre outros. Apesar desses desafios, o Banco do Brasil pretende continuar sendo o banco líder no agronegócio, mas com maior seletividade com base em sua matriz de risco interna”, ressalta o JPMorgan.

Além disso, o Banco do Brasil alterou algumas garantias e também está mudando a forma como atende os clientes nesse segmento, construindo um relacionamento mais próximo com os produtores rurais e acompanhando-os desde o pré-plantio até a pós-colheita. Isso envolve o fornecimento de suporte contínuo e abrangente, incluindo serviços de assessoria jurídica, e a manutenção de um monitoramento rigoroso, agora que as provisões são feitas com base em perdas esperadas, em vez de perdas incorridas.

A gestão do banco espera que os créditos não produtivos de 90 dias se estabilizem no 4º trimestre de 2025 e melhorem ao longo de 2026. Notavelmente, mais de 70% dos clientes inadimplentes nunca haviam entrado em default antes. A deterioração está concentrada em culturas e regiões específicas e não é um problema generalizado, sinaliza. Ela ainda vê esse como um setor em crescimento nos próximos anos (o agronegócio tem crescido acima do PIB brasileiro).

Fonte: Infomoney

JPMorgan rebaixa BB Seguridade para venda com queda da Selic e risco contratual

Publicado em: 13/11/2025

O JPMorgan rebaixou a recomendação para BB Seguridade (BBSE3) de equal-weight (exposição igual a média do mercado, equivalente à neutro) para underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda), reduzindo o preço-alvo de R$ 40 para R$ 34 por ação. Às 10h15, as ações da seguradora registrava queda de 2,30%, a R$ 33,55.

O banco vê tendências desafiadoras à frente, com crescimento de prêmios ganhos em dígitos baixos em 2026 e 2027 e pressão sobre a receita financeira devido à queda da taxa Selic. A projeção é de queda de 3% no lucro em 2026, seguida por recuperação de 3% em 2027, cerca de 2% abaixo do consenso para 2026.

Além disso, o JPMorgan lembra que o contrato da seguradora com o Banco do Brasil (BBAS3) vence em 2033. Diante do risco de renovação, o banco aumentou o desconto de perpetuidade de 33% para 50%.

Embora os comentários recentes da gestão do BB sobre a renovação e a manutenção da parceria com a BB Seguridade sejam positivos, as negociações não devem ocorrer no curto prazo, e o ano de 2026 será apertado por causa das eleições presidenciais. O cenário-base do JPMorgan agora considera que as conversas só devem começar a partir de 2027, o que adiciona incerteza e impacta negativamente a avaliação de perpetuidade, apesar do tom favorável atual.

Por fim, o banco destaca que, embora o dividend yield (rendimento de dividendos) projetado de 11% seja atraente, não é suficiente para compensar o risco e gerar bom retorno, já que se o contrato não for renovado após 2033, o yield ajustado seria equivalente a 8%, se comparado a uma empresa perpétua.
Pressão adicional com queda da Selic

Além dos desafios operacionais, a redução da taxa Selic deve pressionar ainda mais os resultados, na avaliação do JPMorgan.

A comparação com 2025 será difícil, pois o desempenho financeiro foi impulsionado por ganhos de previdência de benefício definido e marcação a mercado (MTM) de títulos.

A previsão é de queda média de 100 pontos-base na Selic em 2026 e mais 150 pontos-base em 2027, reduzindo o rendimento sobre as reservas técnicas.

Segundo JPMorgan, cada 100 bps a menos na Selic gera um impacto negativo de cerca de R$ 100 milhões no lucro. Isso deve representar uma redução de 1% no lucro em 2026 e 2 e 3% em 2027.

Agronegócio

Analistas destacam que o agronegócio é o produto mais relevante para a BB Seguridade, representando mais de um terço da subscrição total. Embora o JPMorgan veja a recente fraqueza como principalmente cíclica, há sinais de mudança estrutural, uma vez que a participação do BB no financiamento rural teria caído de 55% em 2020 para cerca de 30% atualmente.

A BB Seguridade está desenvolvendo novos produtos vinculados a instrumentos alternativos de financiamento (como CPRs) e novas parcerias além do BB, mas o JPMorgan acredita que a penetração não atingirá os níveis históricos.

Em síntese, as vendas de seguros da companhia estão fortemente ligadas à originação de crédito do Banco do Brasil, e o cenário segue desafiador.

O JPMorgan prevê recuperação moderada nos prêmios emitidos em 2026, tendo em vista que o produto é sensível aos juros. Além disso, o lançamento recente de produtos de consignado privado e Pronampe/FGI deve gerar um impulso adicional de cerca de 2,5% no crescimento contratado para o próximo ano.

No lado negativo, o JPMorgan nota maior competição no segmento de servidores públicos (SIAPE), o que pode limitar a expansão do seguro prestamista da seguradora.

Fonte: Infomoney

Caffarelli diz que BB prepara venda de ações do Banco Patagonia

Publicado em: 20/12/2016


O Banco do Brasil está preparando uma oferta pública de ações de pelo menos uma fatia de sua participação majoritária no banco argentino Patagonia como parte da iniciativa de vender ativos para levantar capital.

– Achamos que conseguiremos um preço melhor por meio da oferta adicional de ações — disse o presidente do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli, na quinta-feira, em entrevista em São Paulo. A venda pode ocorrer já no ano que vem, dependendo das condições de mercado, disse ele.

O banco vem considerando uma oferta secundária de ações do Patagonia ou uma venda para outra instituição financeira à medida que tenta aumentar sua rentabilidade por meio do fechamento de agências e do incentivo à aposentadoria de seus funcionários. Caffarelli classificou a decisão sobre a operação do banco na Argentina, com valor de mercado de US$ 1,7 bilhão, como uma “espécie de escolha de Sofia”, em referência ao romance de 1979 de William Styron no qual uma mulher polonesa à caminho de um campo de concentração alemão é forçada a decidir qual de seus filhos permaneceria vivo.

Na oferta secundária, o Banco do Brasil poderia vender recibos equivalentes a ações (ADRs, na sigla em inglês) do Banco Patagonia em Nova York e ações da unidade na Bolsa de Buenos Aires, diz Bernardo Rothe, diretor de relações com investidores, na mesma entrevista.

Se o Banco do Brasil decidir vender sua participação a outro banco, o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, que busca aquisições na Argentina, estará entre os potenciais compradores.

— Não há dúvida de que as operações deles são perfeitamente compatíveis com as nossas — disse Martín Zarich, CEO da unidade argentina do BBVA Banco Francés, em 23 de novembro, sobre o Patagonia: — Nós estudaremos os detalhes, o que ainda não fizemos porque não está confirmado que o negócio está na mesa.

O Itaú Unibanco está entre os bancos que estudam adquirir o Patagonia, disseram pessoas com conhecimento do assunto em outubro, em uma aquisição que poderia alcançar cerca de US$ 1,5 bilhão, 2,5 vezes seu valor contábil. O Patagonia, que tem sede em Buenos Aires, atualmente é negociado em cerca de 3,1 vezes seu valor contábil, segundo dados compilados pela Bloomberg. Instituições locais como o Banco de Galicia Y Buenos Aires e o Banco Macro também são potenciais compradores do Patagonia.

Os bancos buscariam um desconto em relação ao valor de mercado devido à inflação na Argentina, disseram as pessoas.

O Banco do Brasil, que tem sede em Brasília e é o maior banco da América Latina em ativos, contratou o JPMorgan para ajudá-lo a vender sua participação de 58,6% no Patagonia, disseram pessoas com conhecimento do assunto em agosto.

— O Patagonia é o sexto maior banco da Argentina, com cerca de 200 agências, por isso precisamos analisar, juntamente com os outros acionistas, a melhor oportunidade e precisamos esperar pelo momento certo para vendê-lo — disse Caffarelli.

Fonte: http://oglobo.globo.com/economia/bb-prepara-venda-de-acoes-do-banco-argentino-patagonia-diz-caffarelli-20633365