Após voltar ao armário sob Bolsonaro, BB retoma diversidade e estreia na Parada LGBT+

Publicado em: 12/06/2023

A mudança de gestão do Banco do Brasil, com o terceiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deu nova cara ao comando do banco, com quatro mulheres, uma delas na presidência do BB. Mas a diversidade vai além do que se observa à primeira vista. Dois dos membros da cúpula do banco são abertamente LGBT+: a própria presidente, Tarciana Medeiros, e o vice-presidente de Finanças, Marco Geovanne Tobias, ambos funcionários de carreira da instituição.

O banco público quer mostrar, para dentro e para fora, que voltou a se abrir à diversidade, após a pressão sofrida contra o tema durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), em um setor já pouco diverso.

No domingo, 11, pela primeira vez, o BB terá sua marca na Parada do Orgulho LGBT+, em São Paulo. Na quinta-feira, 8, a presidente do banco esteve na Feira da Diversidade, na capital paulista, na qual o banco montou um espaço. Há ainda uma versão do cartão Ourocard com a bandeira do movimento, que pode ser solicitada por qualquer cliente. O Ourocard Orgulho é um cartão de crédito em que possível o titular usar o nome social. O plástico será estampado com as cores da bandeira do arco-íris.

Não é coincidência que os movimentos aconteçam com a troca de governo. Nos bastidores, sob anonimato, funcionários do banco afirmam que programas afirmativos criados na última década e intensificados na gestão de Paulo Caffarelli (2016-2018) foram paralisados durante o governo Bolsonaro, em especial na gestão de Rubem Novaes (2019-2020).

Logo no primeiro ano, em 2019, a guinada veio a público por meio de uma crise: o Planalto não gostou e o banco teve de cancelar uma propaganda que exaltava a diversidade. À época, o diretor responsável foi afastado.

“Quando você fala em 84 milhões de pessoas (clientes), não são todas brancas, cis, hétero”, disse Tobias à Coluna. “A marca precisa refletir isso na comunicação, e também para dentro, porque quando eu falo de 86 mil funcionários, é a mesma coisa.” Ele afirma que, ao retornar ao BB, em 2023, descobriu que os funcionários continuavam organizados para falar de diversidade dentro do banco, com grupos de WhatsApp, mesmo sem o respaldo oficial.

Um dos primeiros passos de Tarciana Medeiros à frente do banco foi criar um comitê estratégico de diversidade, de mesmo peso hierárquico que o de crédito, por exemplo, para auxiliar a ascensão interna de mulheres, pessoas pretas, LGBT+ ou com deficiência, por exemplo.

“Até determinado nível hierárquico da empresa, temos participação substancial das mulheres. Só que de determinado patamar em diante, isso não acontece”, disse ela à reportagem em maio, afirmando que o banco também tem olhado para a questão em outras empresas com as quais tem relacionamento.

“Criamos esta instância de governança para dar uma sinalização à organização de que esta orientação veio para ficar, e tentar reconstruir essas pontes”, afirmou Tobias, que trabalhou no BB entre 1987 e 2010, e ajudou a estruturar programas de diversidade em sua passagem pelo Bank of America, entre 2015 e 2022.

Política e negócio

O sociólogo e professor de comunicação da ESPM Gabriel Rossi afirma que o posicionamento do BB deixa claro ao público que o governo Lula tem visão progressista, no campo oposto ao bolsonarismo, mas tem um fundamento de negócio. “Esse (LGBT+) é um mercado que nenhum banco pode abandonar”, disse.

Segundo ele, bancos tradicionais, como o Itaú, têm se movimentado para falar com esta faixa da sociedade, mas ainda estão atrasados em relação às fintechs, que nasceram empunhando a bandeira da diversidade.

Para Rossi, as empresas não podem mais fugir de temas sociais relevantes porque os clientes cobram posicionamentos, mas o discurso precisa estar alinhado à prática dentro de casa. “Talvez na parte da comunicação haja alguns esforços interessantes, mas a grande questão é se a cultura interna corresponde, se essas pessoas têm voz ativa e se há ações afirmativas”, disse.

Tobias afirma que, apesar de a pauta ESG estar em alta, questões de raça e gênero ainda passam longe das prioridades dos investidores. “Mas entendemos que, ao trabalhar isso (diversidade), teremos consequências em termos de produtividade, de rentabilidade e de crescimento de negócios, que eles vão perceber.” ESG é a sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governanças.

Tobias ecoa a visão de Tarciana, que defende que a diversidade dá lucro, e que isso se provará ao longo do tempo.

Ele admitiu que nem todos os clientes podem aprovar o posicionamento, diante da polarização que o assunto gera. Afirmou, por outro lado, que é preciso dar o primeiro passo, a despeito dos riscos. “Vamos ter de aprender em pleno voo, vai ser a primeira vez na história que o banco estará na Parada”, disse. “Eu mesmo, como gay, demorei muitos anos para ter coragem de participar de uma Parada Gay.”

Setor é visto como pouco diverso

Na visão do sócio fundador e gestor da Fama Investimentos e especialista em ESG, Fabio Alperowitch, o setor financeiro carrega uma cultura corporativa que ainda favorece a ascensão de homens brancos a cargos de liderança, e que explica o desinteresse pela diversidade. “O mercado financeiro tem um componente cultural do poder do homem branco, hétero, conservador, e isso se manifesta de diversas formas”, afirma. “O investidor é o setor financeiro, portanto, não cobra algo que não é importante para ele.”

Se depender da gestão atual do BB, o banco vai continuar levantando a bandeira da diversidade no sistema financeiro. Segundo Tobias, as iniciativas lançadas no mês do Orgulho LGBT+ deste ano devem ser aprofundadas nos próximos. Há a intenção, por exemplo, de reverter parte das receitas com o cartão alusivo à causa para instituições que trabalham no acolhimento de pessoas trans.

“Vai ser a primeira iniciativa LGBT (primeiro produto declaradamente alusivo à questão do orgulho) do banco. É acima de tudo um posicionamento da marca, é uma resposta para o nosso público interno que espera a reconstrução dessas pontes, mas vamos testar o mercado”, afirma. “Não é algo só de comunicação. Assim como vamos à feira do agronegócio, queremos estar nesses outros segmentos que muitas vezes estão à margem.”

Fonte: Estadão

Bancários do BB tem importantes conquistas em pautas PCD, racial e LGBT

Publicado em: 12/09/2022

Nas negociações para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) específico do Banco do Brasil – no âmbito da Campanha Nacional dos Bancários 2022 – a Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB) conquistou a implementação de Mesa da Diversidade permanente com o banco para a discussão e efetivação das reivindicações dos colegas PCDs (pessoas com deficiência), negros e LGBTQIA+.

A Mesa de Diversidade constará na nova versão do Acordo Coletivo de Trabalho, aprovada pelos bancários, em assembleia virtual realizada entre quarta-feira 31 e quinta-feira 1º, e assinada nesta sexta-feira 2 – o instrumento terá validade até 31 de agosto de 2024.

Durante as negociações para a renovação do ACT, os negociadores do banco enfatizaram a inexistência de polêmicas ou divergências para a implementação das pautas, que foram construídas durante o 33º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, realizado em maio, com propostas de grupos a APABB (Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência de Funcionários do BB), BB Black e grupos de funcionários LGBT.

Principais pautas que serão levadas à Mesa de Diversidade

  • Reduzir a jornada para pais de PCDs de 6 para 5 horas e de 8 para 6 horas como automática no ponto eletronico (hoje depende de autorização do gestor);
  • Abono do dia de Funcionários para participar de reuniões e eventos da APABB;
  • Inclusão na limaca (lista de medicamentos atendidos pela Cassi) de medicamentos para autismo (em especial os referenciais de marca em vez dos genéricos);
  • Reembolso de mensalidade em escola regular para o caso de autismo graus 1 e 2 – hoje grau 3 fica em análise e grau 4 é automático o reembolso. Escolas especializadas de 1 a 4 estão inclusas;
  • Criação de um canal de combate à discriminação de racismo, homofobia e transfobia
  • Implantação de campanhas institucionais na intranet, assim como eventos culturais e esportivos que envolvam as temáticas racial e LGBT;
  • Treinamentos para Gestores e funcionários, além de mentoria para capacitação de negros e LGBTs ;
  • Realização de um censo para checar a porcentagem e LGBTs no banco;
  • Utilização do nome social para pessoas trans;
  • Apoio para realização de cirurgia de redesignação para pessoas trans;
  • Discussão de cotas raciais para o ingresso e cargos gerenciais no banco;
  • Implementação de Comitê de Diversidade Racial que engloba temáticas de Gênero, Racial, LGBTQIAP+ e PCD que incidirá nos debates relacionados a Gestão de Pessoas, Treinamentos, Mentoria, Censo, Campanhas Institucionais, Admissões, Ascensão Profissional, Denúncias.

“Acreditamos que a conquista da mesa de diversidade é um avanço importante e inédito no Banco do Brasil para a implantação de pautas sensíveis que envolvam os funcionários PCDs, negros e LGBT”, afirma o dirigente sindical e bancário do Banco do Brasil Diego Carvalho.

“Com a aprovação e ratificação do ACT, e com a efetivação da Mesa, há tendência de as reivindicações serem implementadas, uma vez que os próprios negociadores informaram não ter objeção às demandas, durante as negociações para a renovação do ACT”, acrescenta o dirigente.

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

 

BB é o primeiro grande banco brasileiro a aderir a padrões de conduta da ONU

Publicado em: 28/06/2018

Na noite desta terça-feira, 26, em evento em São Paulo, o Banco do Brasil foi o primeiro grande banco brasileiro a aderir aos padrões de conduta para empresas, criados pela ONU, Organização das Nações Unidas.

A data marca a adesão formal do BB aos padrões de conduta que fazem parte da campanha Livres & Iguais, de acordo com os princípios da Diversidade, o que fortalece o compromisso do Banco com os Direitos Humanos e contribui para demonstrar a clientes, funcionários e acionistas o apoio a pessoas LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersexo).

“O Banco do Brasil tem como diretriz de suas políticas de gestão de pessoas o respeito à orientação sexual de cada um. É com essa postura que temos adotado iniciativas que criam condições para que todos os funcionários assumam sua identidade sem qualquer constrangimento”, ressalta Paulo Caffarelli, presidente do BB. O Banco foi, por exemplo, o primeiro do país a normatizar o nome social para os funcionários transexuais, em janeiro de 2017. “Acreditamos que a pluralidade de visões de mundo e de comportamento beneficia todos os aspectos organizacionais”, completa Caffarelli.

Os compromissos básicos das empresas, estabelecidos pela ONU, pela igualdade LGBTI são:

– SEMPRE: Respeitar os direitos humanos de funcionários, clientes e membros da comunidade LGBTI

– NO LOCAL DE TRABALHO: Acabar com a discriminação contra funcionários LGBTI e apoiar funcionários LGBTI no ambiente de trabalho

– NO MERCADO: Não discriminar clientes, fornecedores e distribuidores LGBTI, além de insistir que seus parceiros de negócios também não discriminem

– NA COMUNIDADE: Defender os direitos humanos de pessoas LGBTI nas comunidades onde realizam seus negócios

A campanha mundial da ONU, contra homofobia e transfobia, começou em 2013, com o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). O objetivo já era de promover direitos iguais e tratamento justo para pessoas LGBTI. Versões nacionais e eventos têm sido organizados em quase 30 países, sendo que o Brasil participa desde 2014. O único banco brasileiro que já havia aderido é o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).

De acordo com a ONU, com o primeiro lançamento na América Latina sendo realizado em São Paulo, o Brasil consolida sua posição no mapa dos esforços globais das empresas pelo fim da discriminação com base em orientação sexual, identidade de gênero e/ou status sexual.

Mais informações sobre a campanha em: https://www.unfe.org/pt-pt/about/

Para ver a lista completa de empresas que já aderiram: https://www.unfe.org/standards/

Fonte: Banco do Brasil

BB vai aceitar nome social de travestis, transexuais e transgêneros

Publicado em: 02/02/2017

Seguindo uma tendência que vem se espalhando no país, o Banco do Brasil anunciou, em comemoração ao dia da visibilidade Trans celebrado neste domingo, que normatizou o uso do nome social pelos travestis, transexuais e transgêneros em suas agências. A regra é válida para funcionários e também pode ser estendida a clientes.

Desde abril de 2016, o decreto 8.727/16 determinou o reconhecimento da identidade de gênero no âmbito da administração pública federal, mas o Banco do Brasil não havia sido incluído por fazer parte da administração indireta.

Em Minas Gerais, o governo publicou decreto neste domingo estabelecendo que travestis e transexuais poderão usar a identidade de gênero nos órgãos estaduais. Na Prefeitura de Belo Horizonte, também há decreto reconhecendo o nome social.

“Mesmo sem a obrigatoriedade legal, o BB entende que aceitar a utilização do nome social sinaliza seu respeito pelas individualidades e reconhece a riqueza da diversidade na construção de um ambiente de trabalho igualitário”, afirmou o diretor de Gestão de Pessoas do BB, José Caetano Minchillo.

Os funcionários que desejarem ter seus crachás alterados terão o nome social usado em crachás, cartões de visita, carimbos e email institucional.

Clientes também podem

De acordo com a instituição, o banco torna-se a primeira instituição financeira do país a normatizar o tema. Os clientes também podem adotar o nome social. Para isto, basta manifestar a preferência na agência.

Segundo o BB, as comunicações no atentimento presencial ou no envio de correspondências e identificação nos canais digitais respeitarão o nome social. Já as operações regidas por contratos continuarão sendo feitas pelo nome de registro por causa de exigências legais.

Fonte: em.com.br/