Bancos na pandemia: lucro de R$ 79 bilhões e menos 13 mil empregos

Publicado em: 22/04/2021

Os cinco principais bancos brasileiros tiveram queda média de 25,2% em 2020, o ano da pandemia, em relação ao anterior, mas ainda assim conseguiram lucro de R$ 79,3 bilhões. Ao mesmo tempo, fecharam agências (quase 1.400, com destaque para o Bradesco) e eliminaram perto de 13 mil postos de trabalho. Isso “em um ano de crise sanitária, econômica e social”, observa o Dieese, que divulgou levantamento sobre o setor.

“Os bancos já estavam em um processo intenso de reestruturação com grande volume de investimentos em tecnologias da informação, tendo como objetivo a melhoria de seus índices de eficiência e a expansão dos negócios com menores custos”, observa o Dieese, e com a pandemia esse processo se aprofundou. “Os balanços divulgados mostraram o crescimento significativo das transações financeiras pelos canais digitais – transferências, operações de crédito e investimentos –, bem como a abertura de grande número de contas de clientes 100% digitais.”

O instituto lembra ainda que milhares de profissionais do setor foram direcionados ao teletrabalho, ou home office, o que ajudou os bancos a reduzir custos de operação e levou ao fechamento de agências e escritórios. “Esse processo foi acompanhado da extinção de quase 13 mil postos de trabalho, somente em 2020, em plena crise sanitária e econômica, à revelia do compromisso dos bancos de não realização de dispensas, formalizado em acordo de abril de 2020, entre os bancos e o Comando Nacional dos Bancários”, aponta o Dieese.

Com isso, o número de empregados no setor foi de 404.585, em 2019, para 391.711 no ano passado. Menos 12.874 postos de trabalho, queda de 3,2%. Entre os cinco, a exceção foi o Itaú Unibanco, com crescimento de 2,7% (2.228 vagas), para um total de 83.919 funcionários. Segundo o Dieese parte desse saldo refere-se a contratações para a área de TI (tecnologia da informação), além de pessoal da Zup, adquirida pelo Itaú.

Empregos e agências

O Bradesco cortou 7.754 vagas, retração de 8%, e fechou 2020 com 89.575 trabalhadores. Já o Santander eliminou 3.220 (-6,7%) e ficou com 44.599. Entre os públicos, foram menos 2.611 na Caixa (-3,1%) e 1.517 (-1,6%) no Banco do Brasil. Com isso, a Caixa ficou com 81.945 e o BB, com 91.673. O Dieese usa como fontes as demonstrações financeiras dos bancos.

Os cortes podem continuar: o BB já anunciou “ajustes” neste ano, enquanto o governo insiste na privatização da Caixa. O Dieese destaca a importância da área pública para a economia, ainda mais em tempos de pandemia. A Caixa, por exemplo, pagou auxílio emergencial a 60 milhões de pessoas pelo país. “Esses bancos públicos possuem maior capilaridade e não se concentram, somente, nos grandes centros urbanos, como a maioria dos bancos privados.”

Ativos somam quase R$ 8 trilhões

De 1.364 agências fechadas em 2020, apenas o Bradesco respondeu por 1.083, quase um quarto do total em relação ao ano anterior. BB e Caixa ficaram estáveis, enquanto o Santander fechou 175 e o Itaú, 117. O total foi para 16.329 agências no país.

Se for considerado o período de 2012 a 2020, esse cinco bancos fecharam 63.077 postos de trabalho, o que corresponde a um corte de 13,9%. O BB cortou 22.489 (-19,7%) e a Caixa, 10.981 (-11,8%). Assim, os dois bancos públicos responderam por mais da metade (53,1%) dos empregos eliminados. No setor privado, o Bradesco cortou 13.810 (-13,4%), o Santander fechou 9.393 (-17,4%) e o Itaú Unibanco, 6.384 (-7,1%).

O total de ativos das cinco instituições somou R$ 7,9 trilhões em 31 de dezembro, aumento médio de 17,1% ante 2019. Valor superior ao do PIB nacional – de R$ 7,4 trilhões em 2020. “Boa parte dos ativos dos bancos corresponde às suas operações/carteiras de crédito, cujo montante totalizou R$ 3,6 trilhões, em 2020, com crescimento de 14,1% em relação ao ano anterior”, diz o Dieese. Já o patrimônio líquido subiu 10,1%, para R$ 592,1 bilhões.

Fonte: Rede Brasil Atual

 

Lucros dos bancos somam R$ 61,6 bi em 2020, mas têm maior queda em 21 anos

Publicado em: 18/02/2021

Em meio ao impacto da pandemia nos números das instituições, os lucros dos quatro maiores bancos somados registraram queda de 24,4% em 2020 em relação ao ano de 2019, na maior baixa desde 2000, segundo levantamento divulgado pela Economatica nesta quarta-feira (17). O lucro total foi de R$ 61,6 bilhões. Não foram utilizadas informações de lucros recorrentes ou outros e sim os lucros contábeis, informou a consultoria.

Os bancos haviam registrado em 2019 o melhor resultado agregado em toda a série histórica, medida desde a introdução do real, em 1994. Naquele ano, o lucro conjunto foi de R$ 81,5 bilhões em valores nominais e, com correção monetária, o valor sobe para R$ 85,1 bilhões, ampliando a queda de 2020 para 26,6%.

O Itaú registrou o menor lucro anual desde 2014, apesar de ter registrado o maior lucro em 2020 entre os grandes bancos, totalizando R$ 18,5 bilhões. Na sequência, está o Bradesco, com um lucro total de R$ 16,5 bilhões, enquanto Santander lucrou R$ 13,4 bilhões e o Banco do Brasil teve lucro de R$ 12,6 bilhões no período.

Na comparação de 2020 com 2019, o Santander registrou a menor queda de lucratividade, com baixa de 5,02%. Já a maior baixa foi do Banco do Brasil, de 30,09%.

De 1996 até 2000, os bancos tiveram queda de lucratividade em sete oportunidades no agregado. A maior queda foi em 1995 e reflete o reconhecimento de perdas que o Banco do Brasil fez nos anos de 1994 e 1995. Em 1995, a queda foi de R$ 3,3 bilhões em relação ao ano de1994. O segundo maior registro de queda aconteceu em 1996, com baixa de 42,9%, representando o prejuízo neste ano de R$ 4,8 bilhões.

Retorno sobre o patrimônio líquido: menor desde 1995

A Economatica também destaca que a mediana do retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) dos quatro maiores bancos brasileiros em 2020 foi de 12,06%, que é o menor valor já registrado desde 1995, quando a mediana do ROE foi de 10,56%.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Santander Brasil teve o melhor desempenho, com ROE de 17,9%, que é o segundo maior registrado pelo banco historicamente. Banco do Brasil, Bradesco e Itaú, por sua vez, estão tecnicamente empatados com 12,1%, 12,0% e 11,5%, respectivamente.

O Banco do Brasil e o Itaú registraram as maiores quedas de ROE entre 2019 e 2020, com baixas respectivas de 7,5 e 7,2 pontos percentuais. O Bradesco registrou queda de 5,7 pontos percentuais e o Santander teve queda de 3,1 pontos percentuais.

Já o ativo total consolidado dos bancos em 2020 foi de R$ 6,43 trilhões, 18,56% maior frente 2019. Este é o maior crescimento percentual desde o ano de 2008, quando os ativos cresceram 75,6%.

O maior crescimento percentual em 2020 com relação a 2019 é do Itaú, com 21,5%, seguido pelo Banco do Brasil (+17,45%),, Bradesco (+17,06%) e Santander (+16,89%). De 2006 até 2015, o Banco do Brasil foi o maior banco por ativos sendo que, em 2016, o Itaú passou a ocupar a liderança, mantendo-a até o momento.

Dividendos mais modestos

O volume de dividendos e de juros sobre capital próprio distribuídos no ano de 2020 dos quatro bancos é de R$ 29,7 bilhões, 48,69% inferior ao do ano de 2019.

O Bradesco teve a maior queda, de 91,93% com relação ao ano de 2019, seguido pelo Itaú (com baixa de 53,88%) e pelo BB (queda de 14,75%). O Santander foi o único banco que registrou crescimento de 45,66% de distribuição de proventos na passagem entre 2019 e 2020.

Nominalmente, o Itaí pagou o maior valor (R$ 12,0 bilhões), seguido pelo Santander (R$ 10,2 bilhões), Banco do Brasil (R$ 6,07 bilhões) e Bradesco (R$ 1,43 bilhão).

PDD e valor de mercado

Em meio à situação da pandemia, a provisão para devedores duvidosos consolidada no ano de 2020 foi de R$ 94,4 bilhões, valor 22,57% superior ao do ano de 2019.

O Itaú teve o maior crescimento de PDD, de 34,97% (R$ 26,7 bilhões), deixando para trás o Banco do Brasil, que era o banco com maior PDD entre 2013 e 2019. O Bradesco viu sua provisão aumentar 34,42% e somar R$ 25,164 bilhões, enquanto a do BB subiu 16,06% e totalizou R$ 26.077 bilhões. O Santander teve a menor alta nas provisões, de 2,55%, a R$ 16,4 bilhões, ainda que tenha sido a maior PDD da história da instituição financeira, assim como a do Bradesco e do Itaú.

Somente o Banco do Brasil não atingiu o maior valor de PDD no período analisado. O seu PDD de 2020 foi o segundo maior, ficando atrás do valor de 2016, quando o banco registrou R$ 28,65 bilhões em provisões.

O valor de mercado dos bancos brasileiros até o fechamento de 12 de fevereiro de 2021 totalizou R$ 716 bilhões, demonstrando queda de 24,78% com relação a dezembro de 2019. No ano de 2020, a queda foi de 16,37% e em 2021 até 12 de fevereiro foi de 10,06%.

O Banco do Brasil, com baixa de 36,05%, teve a maior queda percentual de valor de mercado entre dezembro de 2019 e 12 de fevereiro de 2021. O Bradesco teve queda de 25,46% e o Itaú teve desvalorização de 23,32%, sendo seguido pelo Santander, com baixa de 17,15%.

Fonte: Infomoney