BB é multado em quase R$ 8 milhões por não barrar assédio moral

Publicado em: 17/03/2023

O Banco do Brasil foi condenado pela 69ª vara do Trabalho de SP a pagar R$ 7,8 milhões em multa por não ter cumprido integralmente com obrigações determinadas pela mesma vara em 2019. Além disso, deve R$ 272,4 mil por danos morais, após atualização de indenização prevista na primeira condenação.

Segundo o MPT, autor da primeira ação, a empresa agia de forma contrária à lei ao praticar discriminação, fiscalização ostensiva e metas abusivas no ambiente de trabalho. Após observar que a instituição não estava seguindo as ordens judiciais relativas ao processo, o órgão ingressou com uma segunda ação.

O banco alegou, em defesa, que os fatos foram isolados e que adotou uma série de treinamentos e procedimentos para evitar o assédio moral. No entanto, segundo a juíza do Trabalho Patrícia Almeida Ramos, não houve comprovação do combate efetivo.

A magistrada se baseou, entre outros elementos, em relatórios levados aos autos pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, nos quais constatou que as situações quanto ao assédio de trabalhadores persistem.

Fonte: Migalhas

 

Descomissionamentos no Banco do Brasil escondem metas abusivas

Publicado em: 24/10/2022

O Sindicato dos Bancários de São Paulo tem recebido diversas denúncias de descomissionamentos no último trimestre. Embora é conhecido que já há muitos bancários com mais de três avaliações negativas após o fim da emergência em saúde pública por ocasião do Covid-19 (Espin), o problema reside no aumento imparável das metas abusivas e no estilo de má gestão da vice-presidência de Negócios de Varejo do BB para com seus funcionários.

Desde a criação dos escritórios exclusivos, tudo que bancários e Sindicato têm observado são perdas e ataques. Desde a dificuldade de locomoção para o local de trabalho no Cenesp, passando por casos graves de assédio que só foram combatidos pela ação sindical, reestruturação com perda de salário, descomissionamentos, dentre outras retiradas de direitos.

“A única resposta do banco é aumentar a meta! Não há clima organizacional que se mantenha nesse cenário de terror que gera um ciclo vicioso onde ao fim o trabalhador sempre é penalizado. É preciso que o banco tome uma atitude imediatamente para aliviar o sofrimento desses funcionários tão importantes para gerar os lucros enormes que o banco vem obtendo”, afirma Antonio Netto, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.
Negociação garantiu avanços e evitou perdas

A negociação coletiva avançou no tema com a garantia no Acordo Coletivo de Trabalho de cláusulas que determinam a implantação de mesas de discussão sobre as metas, GDP, encarreiramento dos Gerentes e Assistentes. Também, já haviam sido assegurados o não-descomissionamento dos colegas durante os períodos de maior vulnerabilidade por contaminação da Covid-19.

Nas negociações para a renovação do ACT, no âmbito da Campanha Nacional dos Bancários 2022, a direção do banco tentou, de maneira infrutífera, reduzir os cíclos avaliatórios para descomissionamento, rejeitado nas mesas de negociação pelo movimento sindical, o que agravaria muito mais esse problema.

Agora faz-se necessário que essas mesas de negociação sejam instaladas o mais rapidamente possível, a fim de que se implementem melhorias na gestão e se debatam as metas com os trabalhadores, criando um verdadeiro “acordo de trabalho”.

“Entretanto, é nítido que a cúpula da empresa aguarda o fim das eleições presidenciais, no sentido de direcionar os rumos a serem seguidos pelo banco. Neste sentido, é importante que o funcionalismo observe essa situação e esteja mobilizado para que não haja mais reduções de direitos, renda e piora nas condições de trabalho”, avalia Ana Beatriz Garbelini, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e bancária do BB.

“O banco vem trabalhando com uma política de metas abusivas, que crescem exponencialmente a cada semestre, porém, a carteira de clientes não cresce na mesma proporção. E não basta que o gerente cumpra 100%, muitas vezes para ter o reconhecimento adequado é necessário cumprir acima do orçado. É urgente que o banco reveja a política de metas e pare imediatamente de usar o descomissionamento como ferramenta de gestão e assédio”, complementa a dirigente.

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

Cobrança de metas abusivas e discriminação levam Justiça condenar BB em R$ 250 mil

Publicado em: 03/07/2019

Treinamentos, manuais ou cursos sobre ética não bastam para isentar uma empresa de ser condenada por assédio moral. De acordo com a juíza Patricia Almeida Ramos, 69ª Vara do Trabalho de São Paulo, de nada adianta a adoção dessas medidas se não há efetivo combate ao assédio.

O entendimento foi aplicado pela juíza ao condenar o Banco do Brasil e a BB Tecnologia a pagar R$ 250 mil de indenização por danos morais coletivo. Além disso, a juíza determinou que as empresas adotem mudanças nos processos de denúncias internas para que se tornem efetivamente eficazes no combate ao assédio moral.

Na ação, o Ministério Público do Trabalho pedia que as empresas fossem condenadas em R$ 440 milhões pela prática reiterada de assédio moral. Segundo a denúncia, o banco fazia cobrança de metas abusivas e discriminação tanto de gênero, como de empregados terceirizados, além de monitoramento ostensivo do ambiente de trabalho.

Em sua defesa, o banco e sua divisão de tecnologia negaram a existência do assédio moral reiterado. Segundo as empresas, os fatos denunciados ocorreram de forma isolada. Além disso, apontaram a existência de uma série de treinamentos e procedimentos adotados para combater o assédio moral.

No entanto, para a juíza Patricia Almeida Ramos, apesar de demonstrada a existência de uma ouvidoria e um canal de recebimento de denúncias, as empresas não conseguiram comprovar o efetivo combate ao assédio moral.

“Ao contrário do pretendido pelos réus, restou nítido que, à revelia de toda a parte teórica dispendida no âmbito dos empreendimentos, os funcionários e funcionárias permaneceram sufocados – e, em alguns casos, adoentados – em face de técnicas nocivas de gestão que visam a produtividade e o lucro a partir da fixação de metas abusivas, com cobranças exacerbadas de seu cumprimento, falta de urbanidade e tratamento vexatório aos(as) empregados(as), sem contar a inexplicável distinção no tratamento dispendido aos empregados da segunda ré [BB Tecnologia] que atuam nas dependências do primeiro réu [Banco do Brasil]”, afirmou.

Segundo a juíza, a criação de manuais e treinamentos sobre ética deve estar necessariamente aliada à adoção de efetivas políticas comportamentais no contexto da empresa, com fiscalização rigorosa e punição exemplar.

Eventuais lacunas nesse sentido, afirma a juíza, configuram o descumprimento, por parte do empregador, de seu dever geral de proteção e prevenção de riscos aos seus empregados e empregadas, independentemente da existência ou não de culpa.

Assim, a juíza condenou as empresas a pagarem R$ 250 mil de indenização por danos morais coletivos. Além disso, fixou prazo para que as empresas aprimorem a ouvidoria e canais de denúncia. Também determinou que seja feita uma campanha, conforme detalhada na sentença, de prevenção do assédio moral no meio ambiente do trabalho.

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0002079-35.2015.5.02.0069

Fonte: Consultor Jurídico