PF investiga grupo suspeito de fraudes bancárias na internet

Publicado em: 22/03/2018

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira a Operação Código Reverso, que investiga um grupo acusado de cometer fraudes bancárias pela internet. O prejuízo causado é de 10 milhões de reais em nove meses, de acordo com os agentes.

Segundo a PF, o grupo fazia uso de programas maliciosos, burlando os mecanismos de segurança dos bancos, para acessar remotamente os computadores das vítimas e realizar transações bancárias eletrônicas fraudulentas como pagamentos, transferências e compras pela internet. Os hackers mantinham conexões internacionais, inclusive com cibercriminosos do leste europeu.

Ainda segundo a polícia, os membros da organização têm alto padrão de vida e utilizavam empresas de fachada para movimentar e ocultar os valores obtidos por meio das atividades criminosas. Parte dos desvios foi investido em moedas virtuais como o bitcoin – o que configuraria crime de lavagem de dinheiro.

A operação desta quarta-feira buscava cumprir nesta manhã 43 mandatos judiciais – sete de prisão preventiva, um de prisão temporária, onze de intimação e 24 de busca e apreensão. Ainda foi decretado o bloqueio das contas bancários dos investigados e a indisponibilidade de bens móveis e imóveis. A investigação está sendo realizada nos estados de Tocantins, São Paulo, Goiás e Pernambuco.

Além dos presos, outras pessoas suspeitas de participação nas fraudes foram intimidas a prestar esclarecimentos, inclusive empresários que procuravam os criminosos para obter vantagem competitiva no mercado e prejudicar a livre concorrência, de acordo com a PF. A investigação aponta que essas pessoas recebiam descontos de aproximadamente 50% para quitar os impostos, pagar contas e realizar compras por meio de pagamentos feitos pelos criminosos – causando prejuízo a milhares de contas bancárias de diversas instituições.

Se considerados culpados, os acusados podem receber uma pena de mais de 30 anos de prisão. Eles devem responder pelos crimes de associação criminosa, falsificação de documento público e uso de documento falso, furto qualificado e lavagem de capitais.

Durante a operação, a Polícia Federal trabalhou em conjunto com a equipe de prevenção de fraudes dos bancos Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander.

Versão das empresas
O Itaú informou que a cooperação com a operação da PF é uma das inúmeras iniciativas para combater cibercrimes, fraudes bancárias pela internet e lavagem de dinheiro. “A instituição informa ainda que apoia o acordo entre Febraban e Polícia Federal, para cooperação ao combate à fraude eletrônica, e que está à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos”.

O Banco do Brasil também afirmou que participa de várias iniciativas para garantir a segurança bancária. “Entre elas o Projeto Tentáculos, acordo firmado entre a Federação Brasileira de Bancos e a Polícia Federal para combate a fraudes e crimes eletrônicos”.

A Caixa Econômica Federal disse que informações sobre eventos criminosos são repassadas às autoridades. “Informa ainda que mantém contato permanente com a Polícia Federal, prestando irrestrita colaboração nas investigações, procedimento que continuará sendo adotado pelo banco”.

O Bradesco informou que não vai comentar sobre a operação.

Fonte: Veja

PF detecta fraude em 90% de contratos agrícolas do BB alvos da Operação Turbocred

Publicado em: 01/11/2017

Ao menos 90% dos contratos de financiamentos agrícolas concedidos pelo Banco do Brasil e que são investigados pela Operação Turbocred da Polícia Federal (PF), no valor total de R$ 59 milhões, foram fraudados entre 2013 e 2015.

A informação foi confirmada pelo delegado Victor Hugo Alves, da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor), em coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (31), em Ribeirão Preto (SP).

Em nota, o BB informou que colabora com as investigações e que quaisquer informações adicionais podem ser obtidas com a autoridade policial.

Um gerente regional e dois ex-superintendentes do BB estão entre os investigados, além de servidores, ex-funcionários e pessoas que atuavam como “laranjas”, ou seja, tinham os nomes usados para obtenção dos empréstimos.

Ao todo, 39 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta terça-feira em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Espírito Santo e Goiás, durante a segunda fase da Operação Turbocred. Fraudes semelhantes já foram identificadas em Goiás e no Ceará. Destes, 33 foram na região de Ribeirão Preto.

Segundo o balanço parcial da Polícia Federal, dos 162 contratos analisados – 149 de financiamentos agrícolas e 13 de outras modalidades -, houve desvios em pelo menos 145.

“A documentação e os contratos que estavam sob suspeição foram encaminhados à perícia da Polícia Federal para que fossem analisados. Esses contratos somam R$ 59 milhões e os peritos constataram que em 90% deles há fraudes”, diz o delegado.

Deflagrada em maio do ano passado, a Turbocred é um desdobramento da Operação Golden Boy, que prendeu cinco pessoas, entre elas dois ex-gerentes do BB, em dezembro de 2015, em Guará (SP) e Franca (SP). Ambos foram soltos quatro meses depois.

Na época, a PF informou que as fraudes desviaram R$ 35 milhões dos cofres públicos. Agora, segundo o delegado, uma auditoria independente do BB identificou prejuízo de R$ 44 milhões. Os contratos eram firmados, principalmente, nas agências em Morro Agudo (SP), Guará e Franca.

“Depois da primeira fase da Operação Turbocred, houve uma alteração nos procedimentos do Banco Central para aprovação desse tipo de financiamento. Os peritos constataram que, mesmo assim, houve descumprimento das normativas”, explica Alves.

O esquema

Alves afirma que os suspeitos tinham três maneiras de fraudar os contratos de financiamentos agrícolas. Uma delas era solicitar crédito para custear atividades agrícolas que nunca existiram, ou imóveis próprios, só que arrendados a terceiros.

“A segunda modalidade era o financiamento também para custear atividades agrícolas inexistentes, mas imóveis de terceiros de boa-fé. Nesse caso, a pessoa não tem o imóvel rural e não tem o arrendamento, mas falsifica, frauda o contrato de arrendamento”, diz.

Além disso, a PF também identificou empréstimos destinados a propriedades rurais que não tinham capacidade de suportar todos os investimentos agrícolas que constavam no contrato.

“É interessante destacar que, em alguns casos, houve o pagamento de vantagens ilícitas, ou seja, propina, para o funcionário do Banco do Brasil liberar esse empréstimo. A organização é bem estruturada, cada pessoa tem sua função.”, completa.

Alves afirma, porém, que a PF ainda não identificou a origem do esquema ilícito, ou seja, se a fraude foi planejada por servidores do BB e então oferecida a terceiros, ou se um suposto cliente propôs aos servidores do banco.

“A gente está iniciando um mutirão de oitivas entre hoje [terça] e quarta-feira, e dezenas de pessoas devem ser ouvidas. O fato é que foi comprovado que, em alguns casos, havia conluio entre funcionários e clientes na obtenção desses empréstimos para financiamento de produções fictícias”, conclui.

Fonte: G1