A situação da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil no processo de recuperação judicial da Rossi Residencial não é das mais confortáveis. Apenas uma pequena fatia da dívida da incorporadora junto aos bancos públicos tem garantias reais, ou seja, com a previsão de entrega de imóveis ou outros ativos, em caso de descumprimento do pagamento.
A Caixa é o maior credor individual da Rossi, com dívida total de R$ 456 milhões. Desse montante, só R$ 88,7 milhões (19,5%) contam com garantias reais. Outros R$ 182,9 milhões são do tipo quirografário (40%), quer dizer, sem garantia. Por fim, há mais R$ 184,8 milhões (40,5%) classificadas como extraconcursais, o que significa que não serão sujeitas ao processo de recuperação. No caso do Banco do Brasil, a dívida total é de R$ 29,4 milhões, sendo a totalidade do tipo quirografária.
Empresa renegociou dívidas bancárias entre 2016 e 2017
A dívida só não é maior porque, nos idos de 2016 e 2017, a Rossi implementou com relativo sucesso um plano de renegociação de dívidas bancárias no total de R$ 1,66 bilhão com Bradesco, Banco do Brasil e Caixa, o que reduziu significativamente seu passivo financeiro.
A Rossi aguarda o deferimento de seu pedido de recuperação pelo juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça de São Paulo. Dentro do processo, a companhia buscará uma solução para pagar dívida de R$ 1,2 bilhão, o que possivelmente envolverá descontos, parcelamentos de longo prazo e dação de ativos – como é comum em processos do gênero. As partes terão 60 dias para apresentar uma minuta do plano de recuperação após o pedido ser deferido pelo juízo.
Recessão, distratos e pandemia prejudicaram a incorporadora
A incorporadora foi vítima da recessão da economia brasileira nos anos de 2014 a 2016, que derrubou as vendas de imóveis e, pior: levou ao cancelamento das vendas já realizadas na planta, obrigando as empresas do setor a devolver aos consumidores o dinheiro que seria empregado na obra. Após a renegociação da dívida bancária em 2017, havia expectativa de recuperação dos negócios, mas a chegada da pandemia foi como uma pá de cal para a empresa. Desde 2013, a Rossi não lança um projeto sequer, trabalhando apenas com a desova dos estoques de imóveis remanescentes.
Nos últimos anos vieram milhares de processos de consumidores por atrasos na entrega de obras e distratos – isso é o que compõe o grosso da dívida. Dentro da recuperação, as dívidas trabalhistas somam R$ 83,8 milhões, e os passivos junto a pequenas empresas são de R$ 16 milhões, de acordo com o documento que traz a lista de credores.