BB diz que fará os esclarecimentos ao TCU sobre interferências em auditoria

Publicado em: 15/10/2020

Nesta quarta-feira (14/10), o Banco do Brasil divulgou comunicado ao mercado informando que foi notificado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e que prestará esclarecimentos ao órgão sobre possíveis irregularidades na área de Auditoria Interna do BB. No comunicado, assinado pelo Gerente Geral de Relações com Investidores e Sustentabilidade, Daniel Alves Maria, o BB diz que “foi notificado pelo TCU, em 13.10.20, e que apresentará os esclarecimentos necessários perante aquele Tribunal de Contas”. A ANABB segue acompanhando as investigações.

No processo, o TCU apura uma representação do Ministério Público (MP) que aponta indícios de irregularidades na gestão do Banco do Brasil, com relação a ações propensas a fragilizar as estruturas de controle e de governança do BB, em especial, a Auditoria Interna e o Comitê de Auditoria.

A Comissão de Valores Imobiliários (CVM) já havia questionado o BB no início do mês sobre uma reportagem veiculada pela CNN Brasil. Na notícia, a emissora afirmava que o MP teria encaminhado ao TCU uma representação solicitando apuração de fatos sobre a gestão do BB quando era presidido pelo economista Rubem Novaes. A investigação também apontava supostas interferências em nomeações na Previ.

Em resposta à CVM, o BB afirmou que a Auditoria permanece em pleno funcionamento e que o Banco possui Comitê de Auditoria e uma Unidade de Auditoria Interna, ambas ligadas diretamente ao Conselho de Administração e com autonomia para desempenhar suas funções com total independência.

A ANABB acompanha os fatos e o desenrolar das providências a serem tomadas pelos órgãos de controle (TCU, CGU). E como de costume, adotará as medidas cabíveis para preservar os funcionários e a integridade do BB.

Fonte: Agência ANABB

Empresas contestam BB no Tribunal de Contas da União

Publicado em: 18/07/2018

A Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito (Aserc) protocolou uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) na qual contesta um procedimento do Banco do Brasil e uma licitação da empresa Cobra Tecnologia, subsidiária da instituição – cujo nome fantasia é Banco do Brasil Tecnologia e Serviço (BBTS). O documento foi registrado na Corte em 3 de julho e está sob relatoria do ministro José Múcio.

A entidade pede ao TCU que declare a nulidade a um procedimento do Banco do Brasil que repassou a carteira de cobranças para subsidiária. A Aserc requereu também a nulidade de um edital de licitação eletrônica publicado pela Cobra Tecnologia.

Em resposta ao Estadão (veja abaixo), o Banco do Brasil é taxativo. “Não houve nenhuma irregularidade. Ao utilizar sua subsidiária integral, a BBTS, o BB espera redução de R$ 400 milhões por ano em despesas com recuperação de crédito.”

Ao TCU, a associação questiona o repasse das atividades de telemarketing e cobrança extrajudicial feitos pelo Banco do Brasil à Cobra ‘por meio de um único contrato administrativo’.

A entidade narra à Corte que a cobrança era terceirizada a 117 empresas ‘há mais de vinte anos, mediante processos de credenciamento’.

“(O) Banco do Brasil SA, está repassando, mediante dispensa de licitação, a uma de suas subsidiárias (Cobra Tecnologia), uma atividade que, anteriormente, era realizada, de forma eficiente, por 117 empresas, as quais, além de ampla qualificação técnica, recebiam apenas na condição de sucesso (materializada a cobrança). E mais: eram submetidas, previamente, a um rígido processo de credenciamento e, de forma posterior, de controle (por meio de avaliação de metas)”, relata a Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito.

De acordo com a entidade, em 4 de maio deste ano, o Banco do Brasil revogou o edital 2017/0019, que credenciava pessoas jurídicas ‘para a prestação de serviços relativos à cobrança extrajudicial de créditos’. Na ocasião, nota da Diretoria de Reestruturação de Ativos Operacionais (Dirao), da instituição financeira, apontou ‘razões de interesse público decorrente de fato superveniente’.

“Com a contratação da BBTS, ora proposta, há a previsão de redução das despesas com comissionamento em aproximadamente 25% (média atual de R$ 320 milhões ano), pois no caso de Acordos/Renegociações, a BBTS seria remunerada apenas pelos contratados em seu próprio canal. Nesta lógica, a estimativa de despesas é de R$ 240 milhões anos, totalizando R$ 960 milhões no período de até 4 anos considerados os atuais patamares de performance de geração de Caixa”, informou a Dirao, em outra nota, na época.

Na representação ao TCU, a associação afirma que o objeto do contrato entre Banco do Brasil e Cobra ‘foi descrito de forma obscura’.

A primeira cláusula do acordo cita a realização de ‘estudos estratégicos diversos na prestação de serviços de cobrança extrajudicial de dívidas do Conglomerado BB’ e também de ‘tarefas constantes no Documento nº 1’ – localização do cliente e cobrança administrativa da dívida estão na lista.

“Por meio da leitura do Documento de nº 01 que acompanha o contrato, restou comprovado que a atividade de cobrança extrajudicial do Representado Banco do Brasil SA foi repassada, sem o devido processo de credenciamento, para a Cobra Tecnologia S.A”, aponta a associação.

“O objeto da contratação da Cobra Tecnologia SA – realizada por dispensa – é exatamente o mesmo dos Editais de Credenciamento de nºs 2006/0067, 2017/7419 e 2017/00192 (revogado). Tal fato por si só comprova a violação às regras contidas na Lei das Estatais (13.303/2016), como na Lei de Licitações (Lei de nº 8666/93). Ambas determinam como regra: a contratação mediante o processo de Licitação ou mesmo credenciamento (como ocorria há mais de vinte anos).”

‘Direcionada’. Perante a Corte de Contas, a associação questiona ainda uma licitação da Cobra Tecnologia. Segundo a Aserc, a subsidiária está ‘repassando para uma única empresa (a BS Tecnologia e Serviços Ltda) toda a atividade de cobrança do Banco do Brasil, mediante remuneração fixa’.

“A remuneração, para tanto, será fixa, pouco importando, quanto a empresa contratada vai ou não reaver para os cofres do representado, Banco do Brasil S.A (não há exigência de cumprimento de metas no edital de nº 35-2018-05-15, como havia nos editais de Credenciamento)”, afirma. “A Cobra Tecnologia S.A., por meio do Contrato Administrativo de nº 8550-0668, foi contratada, pelo Banco do Brasil SA, mediante remuneração por sucesso. Sendo assim, quem está assumindo todo o risco do negócio é a subsidiária.”

A Aserc destaca que o edital parece mais ‘de concurso público do que uma concorrência ou leilão eletrônico’ e afirma que a BS Service foi beneficiada no ‘esquema de direcionamento do edital’.

Um dos exemplos citados pelas empresas ao TCU é a contratação de ‘4.662 postos de serviço em três localidades distintas – Rio de Janeiro, Brasília e Salvador’, estabelecida pelo edital. Na licitação revogada, o prazo para início das atividades era de 90 dias. No edital da Cobra Tecnologia, o prazo caiu para cinco dias.

“A empresa que obtiver sucesso no certame deverá procurar estruturas já existentes, em especial, nos moldes já exigidos pela Cobra Tecnologia SA. Neste sentido, quem sai ganhando, novamente, é a BS Tecnologia e Serviços Ltda, que já possui a estrutura montada, justamente, nos três locais indicados”, aponta a representação.

“O objeto do Edital Eletrônico de nº 35-2018-05-15 foi formatado para: (i) tentar justificar a dispensa de licitação em relação à contratação da Cobra Tecnologia S.A; (ii) burlar a impossibilidade de subcontratação da representada Cobra Tecnologia S.A; (iii) encobrir a ausência de qualificação técnica da representada Cobra Tecnologia S.A; (iv) direcionar a licitação em prol da representada BS Tecnologia e Serviços Ltda.”

Ao Tribunal de Contas da União, a associação afirmou ainda que o Banco do Brasil ‘está abandonando um mecanismo eficiente de cobrança para absorver um mecanismo contratual frágil, sem exigências, tendo o pleno conhecimento que a sua nova contratante (Cobra Tecnologia SA) sequer tem o conhecimento do modus operandi da atividade de cobrança’.

“Tal conduta parece econômica ou eficiente? Tal conduta assemelha-se a uma mera conduta de gestão discricionária? Por óbvio que não, pois há interesses escusos. Daí a importância da presente representação”, afirma.

COM A PALAVRA, O BANCO DO BRASIL

“Não houve nenhuma irregularidade. Ao utilizar sua subsidiária integral, a BBTS, o BB espera redução de R$ 400 milhões por ano em despesas com recuperação de crédito. A BB Tecnologia e Serviços é o nome de fantasia da empresa Cobra Tecnologia S.A, que é uma subsidiária integral do Banco do Brasil. O objeto de sua atuação está definido no estatuto social e prevê a prestação de serviços em diversas funções relacionadas a tecnologia da informação, atividades de suporte bancário (o que inclui cobrança extrajudicial de dívidas), gestão de call center, atuação como correspondente bancário, entre outras. Desde 1998, a BBTS presta serviços de call center ao Banco do Brasil. A partir de fevereiro de 2014, a BBTS passou a atuar também no contato com clientes responsáveis por operações em atraso. Por ser uma subsidiária integral do Banco do Brasil, a contratação da empresa pode ser realizada com dispensa de licitação, conforme previsto na legislação. Lei 13.303/2016, art. 29, Inciso XI: “é dispensável a realização de licitação por empresas públicas e sociedades de economia mista: nas contratações entre empresas públicas ou sociedades de economia mista e suas respectivas subsidiárias, para aquisição ou alienação de bens e prestação ou obtenção de serviços, desde que os preços sejam compatíveis com os praticados no mercado e que o objeto do contrato tenha relação com a atividade da contratada prevista em seu estatuto social.” Além das questões legais, a contratação da BBTS pelo Banco do Brasil observou aspectos de vantajosidade, economicidade e eficiência.”

COM A PALAVRA, A BBTS

“A licitação da BBTS para contratação de serviços de apoio para teleatendimento em operações de Help Desk, Contact Center e Cobrança Extrajudicial foi iniciada em 25/06/2018 e ainda está em andamento. Trata-se de licitação na modalidade pregão eletrônico, dividida em 3 lotes, que contou com participação de 47 licitantes. As empresas que apresentaram as menores ofertas de preço para cada lote seguem agora para a fase de avaliação de propostas e documentação. O processo de licitação segue integralmente a legislação (lei 13.303/16) e orientações de órgãos de controle externos e internos. Nenhuma irregularidade foi identificada até o momento. A empresa BS Service participa de processo licitatório promovido pela BBTS e que ainda não foi concluído, conforme mencionado. A empresa atualmente presta serviços de apoio para teleatendimento à BBTS, tendo sido sua última contratação celebrada em 11/12/2013, após a empresa vencer licitação pública. Os serviços atualmente prestados pela BS Service à BBTS atendem aos requisitos previstos em contrato.”

COM A PALAVRA, A BS SERVICE

A reportagem fez contato por telefone com a empresa BS Service às 15h10 desta sexta-feira, 13, e conversou com um interlocutor que se identificou como Sebastião Rodrigues da Silva. O interlocutor não quis se posicionar naquele momento e nem informar um e-mail para que fosse enviado um pedido de posicionamento. Sebastião Rodrigues da Silva solicitou que a reportagem enviasse uma carta com o pedido de manifestação, mas se recusou a fornecer um endereço.

Nesta segunda-feira, 16, a BS Tecnologia e Serviços enviou um posicionamento à reportagem.

“A BS TECNOLOGIA E SERVIÇOS LTDA possui 18 anos de experiência no mercado e sempre participou de licitações públicas. Também prima pelo princípio da transparência, da qualidade dos serviços prestados, e nunca teve sua idoneidade questionada.”

“A BS participa de licitação que tem como objetivo a contratação de empresa “para fornecimento de postos de serviços para apoio às atividades de Teleatendimento realizadas pela COBRA TECNOLOGIA S.A” e cumpre todas os requisitos exigidos na legislação e no Edital.”

“As afirmações de que a subsidiária está repassando para a BS TECNOLOGIA E SERVIÇOS toda a atividade de cobrança do Banco do Brasil, não são verdadeiras, uma vez que várias empresas participaram do pregão e apenas um lote pode ser arrematado, por empresa.”

“É importante salientar que dos três lotes disponíveis na licitação, a BS arrematou um e dispõe de capacidade e condições técnicas para executar os serviços exigidos.”

Fonte: Estadão Conteúdo

TCU pode fiscalizar parte dos repasses a terceiros da Fundação Banco do Brasil

Publicado em: 13/04/2018

A 2ª turma do STF decidiu nesta terça-feira, 10, sobre a possibilidade do TCU, em procedimento de controle externo, determinar que a Fundação Banco do Brasil observe os princípios que regem a Administração Pública quando repassar recursos a terceiros por meio de convênios.

O colegiado analisou agravos interpostos em MS no qual o ministro Toffoli, relator, concedeu parcialmente liminar para anular acórdão do Tribunal de Contas (2071/2013) no ponto em que determina à Fundação a adoção de procedimentos formais de controle dos recursos repassados, em caráter de generalidade, a terceiros -, mantida a deliberação apenas quanto aos recursos provenientes do BB ou do Poder Público.

A liminar do ministro faz a seguinte distinção: os recursos da Fundação que têm origem no BB ou no Poder Público podem ser fiscalizados pelo TCU, e quanto aos recursos de outras origens não compete ao TCU fazer a fiscalização, dada a natureza jurídica de entidade privada do BB.

A União argumentou que a Fundação do BB submete-se em quaisquer hipóteses ao princípio da Administração Pública, sustentando a mesma posição do TCU, e que todas as verbas da Fundação se sujeitam ao controle do órgão.

Já a Fundação sustentou que era o caso de anulação integral do acórdão do TCU sobre os repasses do BB por possuírem natureza estritamente privada.

O ministro Toffoli manteve o entendimento externado na decisão monocrática no sentido de que o BB é sociedade de economia mista devendo sua eficiência ser aferida não só pela capacidade de gerar lucros mas de percepção dos interesses públicos que nortearam sua criação.

Para o ministro, não há dúvidas que quanto aos recursos de origem pública há obrigatoriedade de fiscalização pela Corte de Contas quanto da subserviência da entidade aos postulados da Administração Pública, uma vez que se assenta em postulado democrático a conclusão de que, havendo recurso público envolvido, impõe-se que dele se preste contas ao competente órgão público de controle externo.

“Socorre razão a impetrante ao alegar que não necessita submeter-se aos postulados da Administração Pública quando repassar recursos próprios a terceiros por meio de convênios. Entretanto, ressalto que tal necessidade se emerge, a toda evidência, quando se tratar de recursos provenientes do Banco do Brasil, eis que – ao contrário do que afirma a impetrante – são dotados de natureza pública.”

A turma acompanhou o relator, vencido o ministro Fachin apenas no agravo da União.

Fonte: Portal Migalhas

Empréstimos de bancos públicos são alvo do Tribunal de Contas da União

Publicado em: 16/03/2018

Auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) farão uma inspeção em documentos da Caixa, do Banco do Brasil, do BNDES, do Banco Central e do Tesouro Nacional para analisar o histórico de empréstimos concedidos a Estados e municípios sem a garantia da União. Essas transações são consideradas mais arriscadas para as instituições financeiras e são alvo de auditoria da Corte de contas após o jornal O Estado de S. Paulo revelar que a Caixa estava aceitando garantias ilegais nessas operações. A varredura foi autorizada pelo ministro José Múcio Monteiro, relator do processo.

O ministro também determinou que todos os bancos públicos, o BC e o Tesouro se manifestem em até cinco dias sobre o pedido do Ministério Público do TCU para suspender de forma cautelar essas operações, diante do risco para as contas públicas.

O relator quer ouvir todos os interessados antes de decidir, mas, caso a solicitação seja acolhida, será um entrave à intenção do BNDES de conceder empréstimos sem garantia da União para que Estados e municípios possam investir em segurança pública.

A Caixa é o único banco até agora que suspendeu a concessão de empréstimos sem garantia, por determinação de seu Conselho de Administração, presidido pela secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi.

O Banco Central editou no início de fevereiro uma medida para exigir uma reserva maior de capital para fazer frente a esses empréstimos. Na prática, elevou a régua para dificultar a execução desse tipo de operação e mitigar os riscos para as instituições financeiras. Mas a mudança, na visão do MP-TCU, não “valida” as operações passadas.

Procurado, o Banco do Brasil informou que todos os empréstimos concedidos a Estados e municípios “possuem aval do Tesouro ou garantias com níveis de liquidez e de segurança semelhantes, como recebíveis ou aplicações financeiras mantidas em custódia no banco”.

A Caixa informou que ainda não foi notificada oficialmente do pedido do TCU e ressaltou que, quando receber a comunicação, se manifestará no prazo legal. A reportagem também procurou BNDES, Tesouro e Banco Central, mas nenhum retornou até o fechamento da edição.

Fonte: Época Negócios