O mês de março vai chegando ao fim. Mas ainda há tempo para promover reflexões acerca do papel feminino no Banco do Brasil e na AGEBB para fechar o mês do Dia Internacional da Mulher, comemorado anualmente no dia 8. E para isso, a AGEBB traz com exclusividade uma entrevista especial com a paranaense de Maringá, Paula Regina Goto, funcionária do BB há 25 anos e também diretora de Planejamento da Previ e a primeira mulher ocupar a posição de chairwoman no Conselho de Administração da Tupy, multinacional do segmento de bens de capital e indústria de transformação.
Quer mais? Paula também é presidente do Conselho Fiscal da Fundação Banco do Brasil, o coração social do BB, que engaja empresas, sociedade civil e governo em mobilizações com alto poder de impacto e de geração de riqueza social. Embaixadora da diversidade e da Liderança Feminina, é membro do Grupo Mulheres do Brasil e associada da WCD – Women Corporate Directors.
Antes de ingressar na Previ, Paula Goto atuou no BB como gestora em Unidades de Negócios, em Superintendências e na Diretoria de Gestão de Pessoas e Cultura. Nesse bate-papo com a AGEBB, você conhecerá mais sobre a nossa ilustre associada, nipo-brasileira praticante de muay thai e mãe do pequeno Miguel Jun, de 3 anos de idade.
Você hoje é diretora da Previ, preside o Conselho de Administração da Tupy, o Conselho Fiscal da Fundação Banco do Brasil. Como faz para equilibrar o tempo com tantas atividades?
Como tudo na vida precisamos de organização, dedicação e pessoas com quem contar. Ninguém faz nada sozinho. Na Previ, por exemplo, sou diretora, mas tenho uma equipe qualificada e competente, liderada por executivos que me ajudam nas tomadas de decisão e na execução do planejamento e das estratégias.
Os conselhos acabam sendo parte do nosso dia a dia, daquilo que estudamos, acompanhamos e com o que trabalhamos. Nesses fóruns, levamos nossa experiência, trocamos com os que estão lá e trabalhamos as pautas necessárias para resultados positivos para as empresas e para a sociedade, sempre atentos às questões ASGI (Ambientais, Sociais, de Governança e Integridade).
Sabemos também que é LinkedIn Top Business Management Voice. Como é isso para você?
Pois é, ser top voice no LinkedIn é uma grande oportunidade de trazer assuntos tão importantes quanto liderança feminina e diversidade para um número maior de pessoas. Uso a ferramenta para poder expandir horizontes, fazer novas conexões, aprender e trocar conhecimento e experiências com um número maior de pessoas, especialmente àquelas que estão fora da minha “bolha social e profissional”.
Você é a primeira mulher a ocupar a posição de chairwoman no Conselho de Administração da Tupy. Como está sendo encarar esse desafio e como foi lidar com olhares em um ambiente executivo muito masculino?
Não se trata apenas de olhares, quando falamos de um ambiente predominantemente masculino. Questões maiores acabam aparecendo. Quando engravidei, por exemplo, em 2020, já como diretora da Previ, não havia previsão de licença maternidade para membros da direção. O normativo precisou ser alterado e pude deixar esse legado para as próximas diretoras que engravidarem durante o mandato.
Estar no conselho da Tupy é uma grande responsabilidade e ao mesmo tempo uma grande oportunidade de, como “chairwoman”, poder implantar e expandir programas de diversidade. E me refiro não apenas a diversidade de gênero, mas também a de raça, de origem, idade, experiências, entre outras. Estando na Tupy, me sinto representando a luta e o trabalho de muitas de nós. É muita responsabilidade mesmo.
Vemos também que você é embaixadora da diversidade e da Liderança Feminina, além de membro do Grupo Mulheres do Brasil e associada da WCD – Women Corporate Directors. Como avalia a tímida, mas crescente, participação das mulheres em altos cargos nas companhias e na sociedade?
A participação das mulheres ainda é tímida, mas vem crescendo graças às discussões da relevância da diversidade no ambiente corporativo. Sabemos que a alta administração das principais empresas brasileiras ainda é dominada pelos homens e as mulheres que ocupam cargos mais altos costumam estar presentes nos conselhos de administração.
Essa representatividade nos conselhos também é importante para enriquecer o debate e o processo de tomada de decisão nas empresas, mas não é suficiente. Precisamos de mais mulheres em presidências executivas como a Tarciana Medeiros, hoje presidenta do Banco do Brasil.
A diversidade é parte fundamental das boas práticas de governança, que proporcionam mais sustentabilidade aos negócios, geram valor para acionistas, investidores e toda a sociedade.
Para melhoramos essa representatividade, nós que hoje estamos nesses cargos precisamos promover essa inclusão por meio de programas de desenvolvimento e qualificação do público-alvo. É como eu digo sempre: precisamos fortalecer, engajar e preparar a base, para que lá no futuro tenhamos mais possibilidades de assumirmos as oportunidades.
O BB tem uma presidenta que tem buscado muito essa inclusão e a equidade das mulheres na instituição. Tem observado mudanças significativas desde que o banco adotou esse modelo de gestão?
Sim, o trabalho da Tarciana tem sido fundamental. Como primeira mulher a presidir o BB em 214 anos, ela está fazendo história. Para além dos ótimos resultados, ela busca, como deixou claro desde sua posse, uma atuação social responsável. Sabemos que o BB sempre teve um papel de contribuir para o desenvolvimento do Brasil em diversos setores, mas tem feito isso de maneira mais inclusiva.
Internamente, o BB criou, recentemente, o Programa de Diversidade, e incluiu o tema no Comitê de Pessoas, que passou a se chamar Comitê Executivo de Pessoas, Equidade e Diversidade. Levando essa pauta a ser debatida junto com os assuntos considerados prioritários para a instituição.
Além disso, ter esse grande movimento no BB nos empodera a fazer o mesmo na Previ de forma ainda mais veemente. Atualmente, a Previ, que tem seu Comitê Consultivo de Diversidade, Equidade e Inclusão, trabalha, por exemplo, com as metas de chegar ao final de 2025 com 29% de funcionários negros e 37% de funcionárias mulheres em cargos de liderança.
Nos fale um pouco sobre o seu trabalho como mentora dos Programas Liderança Feminina e Líderes do Banco do Futuro do BB. Aliás, nesse contexto, qual a importância da presença de mulheres nas gerências?
Esses programas são fruto de um diagnóstico das dificuldades da ascensão feminina aos cargos de liderança. Poder fazer parte desses projetos é poder contribuir com minha experiência e história para a qualificação de mais mulheres. O trabalho em programas assim é a sororidade na prática. É uma forma de proporcionar a outras mulheres a oportunidade que eu tive. E, espero, que elas façam isso por outras mulheres também.
O papel de mulheres em cargos de gerência é fundamental para a continuidade desse ciclo de inclusão. Uma liderança que busque disseminar o respeito, ampliar a diversidade, promover um ambiente de trabalho verdadeiramente inclusivo, com diferentes experiências, perspectivas e pessoas que se sintam valorizadas, respeitadas e empoderadas. Tudo isso traz um resultado sempre melhor para qualquer empresa.
Paula, na sua trajetória no BB, você foi gestora durante muitos anos e é uma associada da AGEBB. Conte-nos um pouco sobre a importância da associação para os gestores e gestoras.
Além de diretora da Previ, também fui gestora do BB durante muitos anos, tendo atuado nos mais diferentes Estados e unidades de negócios. A AGEBB é uma importante aliada dos gestores e das gestoras, pois promove a união da categoria e nos auxilia com informações relevantes e apoio nas jornadas, fazendo com que nos fortaleçamos cada vez mais e disseminando boas práticas de gestão para uma liderança de alto impacto e para times de alta performance.
Fonte: AGEBB