Artigo: Perspectivas para crédito privado com retomada da economia

Publicado em: 06/07/2017

Por Marcelo Rodrigues de Farias, gerente de divisão de Análise de Crédito da BB DTVM.

O mercado de títulos de crédito privado experimentou um movimento sem precedentes nos últimos meses: após um longo período de estiagem entre 2015 e 2016, começamos o ano de 2017 com a retomada das emissões corporativas, marcada pela forte demanda. Emissões de ativos de boa qualidade chegaram a ter demanda superior a seis vezes a oferta, com consequente fechamento de spreads.

Analisando as curvas de crédito de debêntures da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), as taxas indicativas de emissões com prazo médio de três anos nos melhores ratings reduziram cerca de 50 pontos-base em relação ao DI, somente nos seis primeiros meses do ano. Já nas escalas menores de rating, num período de 12 meses, chegamos a um fechamento de mais de 150 pontos-base, além da redução do DI observada nesse período.

É bem verdade que os mercados buscam antecipar movimentos e na esteira da melhora das premissas macroeconômicas era de se esperar uma redução nos spreads, contudo uma parte desse movimento se explica pelo excesso de liquidez dos fundos de Investimento .

Vários são os fatores que explicam esse excesso de liquidez: comparando dezembro de 2014 com maio de 2017, o patrimônio líquido da indústria de fundos cresceu 36%, enquanto o estoque de crédito privado caiu em termos nominais no mesmo período. Durante o momento de recessão econômica e recrudescimento do risco, os grandes bancos, tradicionais emissores de letras financeiras, que historicamente respondem por 60% do estoque de crédito privado da indústria de fundos, chamaram liquidez e reduziram significativamente o volume de emissões. Houve também a forte concorrência das LCA e LCI, que retiraram das assets parte do foco de captação dos bancos.

Os emissores corporativos, diante de elevados spreads e da aversão total ao risco de crédito , deixaram de emitir ou recorreram ao crédito bancário como única alternativa para rolagem em cenários de stress. Com excesso de liquidez nas tesourarias, as taxas das letras financeiras foram às mínimas possíveis, e as poucas emissões corporativas que vieram a mercado tiveram prazos menores e taxas elevadas.

Como consequência, a indústria de fundos apresenta hoje os níveis mais baixos de crédito privado na composição do patrimônio líquido, além de muitos vencimentos concentrados no curto prazo. Soma-se a isso as perspectivas concretas de inflação comportada e um ciclo duradouro da Selic abaixo de dois dígitos, o que potencializa o interesse dos Gestores em avançar a alocação no crédito privado para cumprir os mandatos em busca de rentabilidade.

Mas apesar das melhorias observadas no cenário macro, em termos microeconômicos os sinais de recuperação ainda inspiram cautela e há evidências de que o risco de crédito ainda se encontra em patamares não tão confortáveis.

Há um número maior de empresas com ratings com perspectiva de “downgrades” do que de “upgrades”. Em termos de indicadores, a alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) das companhias ainda é elevada e os índices de liquidez, por sua vez, também são baixos em níveis históricos, com elevado volume de dívidas no curto prazo. A geração de caixa para a cobertura do serviço da dívida também é baixa. Em outras palavras, ainda demora um tempo para que as melhorias macroeconômicas se reflitam em aumento do faturamento e melhoria de margens, para que então os indicadores de crédito se estabilizem, com a retomada dos investimentos, ao final.

Ao observarmos os guidances de crédito de pessoa jurídica, verificamos que apontam para uma retomada ainda lenta do apetite ao crédito privado, sem contar a pressão por reduzir a exposição ao risco de crédito para fortalecer a estrutura de capital por conta das regras de Basileia 3. E como que num rescaldo de 2016, grandes corporações retornam ao mercado buscando a renegociação de dívidas e a flexibilização de “covenants” (cláusulas financeiras) que não serão atingidos.

Com a recuperação econômica e a redução das taxas de juros, as empresas naturalmente voltam ao mercado para alongar seu perfil de endividamento. O crescimento do PIB também destrava a retomada das captações destinadas a investimentos. O menor apetite dos bancos na liberação de financiamentos, notadamente às empresas que tenham perfil para se alavancar no Mercado de capitais , traz de volta à indústria de fundos o papel de importância que a mesma deve ter em um mercado financeiro evoluído. O crédito privado volta a ser o caminho natural para a manutenção da rentabilidade adequada dos fundos.

O investidor racional precisa estar atento aos sinais de recuperação e poderá contar com a ajuda de Gestores profissionais para realizar uma análise eficiente do crédito , sem cair em armadilhas do “grande demais para quebrar”. Recomenda-se que esta retomada seja feita com cautela, que seja dada atenção especial ao reforço nas estruturas e garantias e, antes de tudo, que seja adequada à relação entre risco e retorno de cada operação.

Fonte: Assessoria de Imprensa do BB

BB está melhor preparado para se adequar a Basileia, diz Moody’s

Publicado em: 23/03/2017

São Paulo – Os esforços do Banco do Brasil para moderar o ritmo de crescimento e reduzir custos colocaram-no em melhor posição para cumprir com padrões de capital de Basileia que entrarão integralmente em vigor até 2019, afirmou a Moody’s em relatório nesta quarta-feira.

Estas melhorias refletiram-se na recente afirmação do rating Ba2 do banco estatal e na revisão da sua perspectiva para estável, de negativa, afirmou a agência.

Mas o BB terá que ser ainda mais conservador na concessão de empréstimos, além de controlar custos e procurar oportunidades para ampliar spreads de crédito e aumentar a receita de taxas, afirmou a Moody’s.

Os comentários vêm após o BB ter anunciado em novembro um amplo pacote de medidas destinado a reduzir custos, incluindo um plano de aposentadoria incentivada que envolveu cerca de 10 mil funcionários e o fechamento ou redução de cerca de 800 agências, na tentativa de elevar sua rentabilidade.

Para a Moody’s, os riscos de ativos continuarão a diminuir à medida que a economia brasileira começa a se recuperar, permitindo uma melhora da carteira do BB de grandes corporações e pequenas e médias empresas, que se enfraqueceu bastante.

“Mas graças à sua decisão de reduzir sua exposição a segmentos de mercado de alto risco no ano passado, as métricas de qualidade de ativos do banco estão mostrando sinais iniciais de melhora, com a formação de empréstimos inadimplentes caindo nos últimos dois trimestres”, disse a Moody’s no relatório.

As provisões para perdas com empréstimos, que subiram para 4,6 por cento da média dos empréstimos em 2016, ante 2,7 por cento dois anos antes, começarão a cair este ano como resultado das melhorias já mencionadas na qualidade dos ativos, disse a agência.

Para cumprir sua meta de capital, o banco terá que manter um ritmo disciplinado de crescimento. O objetivo do BB é manter seu índice de capital principal de nível 1 igual ou superior a 9,5 por cento, próximo do nível atual.

A Moody’s calcula que o banco terá que limitar o crescimento dos chamados ativos de risco a um ritmo anual de 7,1 por cento nos próximos três anos. Este cenário pressupõe que o lucro do siga em elevação nos próximos anos.

As ações do BB fecharam em alta de 3,38 por cento nesta quarta-feira, ante alta de 0,86 por cento do Ibovespa.

 

Fonte: EXAME

Ações do Banco do Brasil devem valorizar em 2017

Publicado em: 26/12/2016

O Santander divulgou um relatório com as perspectivas para os bancos do país em 2017. Os analistas que assinam o relatório, Henrique Navarro, Olavo Arthuzo e Bruno Mendonça, afirmam estarem otimistas com o setor no próximo ano.

O cenário positivo previsto se deve, principalmente, ao processo de impeachment de Dilma Rousseff, a melhoria nos índices de confiança, o ciclo de afrouxamento monetário e resultados favoráveis apresentados pelos bancos no terceiro trimestre deste ano.

“Analisando 2017, mantemos nosso otimismo a respeito dos bancos brasileiros, com a expectativa de possíveis revisões para cima nas projeções de resultados do mercado”, diz o relatório.

Entre os papéis analisados (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Itaúsa) todos tiveram recomendação de compra pelos analistas. Entretanto, a principal recomendação é o Banco do Brasil.

Para o BB, o preço-alvo é das ações é de 37 reais. Hoje, os papéis são comercializados na casa dos 25 reais. A estimativa da valorização das ações do banco se deve ao indicador de retorno sobre o patrimônio, que é apontado como sustentável pelo Santander ficando acima de seu custo de capital próprio, o que elimina a necessidade de capital adicional para cumprir totalmente às exigências mínimas das normas Basileia.

Bradesco
Para o Bradesco, o preço alvo estimado dos papéis é de 40 reais. Atualmente, as ações preferenciais são comercializadas na casa dos 27 reais. Os analistas destacam as perspectivas de crescimento devido a aquisição do HSBC.

Itaú e Itaúsa
Em relação ao Itaú Unibanco, o preço alvo apontado para as ações no próximo ano é de 44 reais. O valor bem acima do preço atual das ações, que é de 32 reais.

“Dentre os bancos, o Itaú tem o ROAE (retorno sobre o patrimônio) histórico mais elevado no Brasil, o qual é uma consequência de sua próspera franquia bancária.”

Já para o holding do Itaú, o Itaúsa, o preço alvo estimado é de 12,60 reais.

“Em nossa opinião, os investidores que buscam 100% de exposição ao Itaú podem começar a reconsiderar suas posições, pois acreditamos que seja possível que o Itaú possa representar uma parte menor da carteira da Itaúsa no longo prazo, o que tornaria a Itaúsa, em termos aproximados, mais um fundo de investimentos que um proxy de investimento do Itaú.”

Fonte: Exame

Com reestruturação, BB pode economizar até R$ 3 bi em folha

Publicado em: 02/12/2016

O presidente do Banco do Brasil (BB), Paulo Caffarelli, afirmou nesta segunda-feira que a reestruturação anunciada ontem à noite pela instituição tem como objetivo prepará-la “para uma nova arena, uma nova realidade”. O banco tem como meta chegar a janeiro de 2019 com 9,5% de capital principal sob Basileia 3, frente aos 9,07% atuais.

As mudanças preveem o fechamento de 402 agências e a transformação de outras 379 em postos de atendimento, além do encerramento de 31 superintendências regionais. Após os ajustes, o número total de postos e agências cairá de 6.998 para 6.851 unidades. O enxugamento da estrutura administrativa significa cortar cerca de 9 mil vagas.

O BB também lançou um plano de aposentadoria antecipada com foco em um universo de 18 mil funcionários que já são beneficiários do INSS ou já cumprem os requisitos para aposentadorias do sistema público ou da Previ – o fundo de pensão dos empregados do BB. Caso haja a adesão integral, o custo chegará a R$ 2,7 bilhões.

O BB propôs pagar 12 salários a quem entrar no plano, podendo chegar a 15 salários dependendo do tempo de casa. Em programa semelhante no ano passado, o incentivo girava em torno de sete salários, lembrou Caffarelli. O período de adesão vai até 9 de dezembro.

“Temos a expectativa de que tenha uma adesão maior do que no ano passado”, disse o executivo, ressaltando se tratar de um convite. “Não estamos demitindo ninguém.”

Caffarelli lembrou que o BB tem um custo de cerca de R$ 3 bilhões em folha de pagamento, superior ao dos concorrentes.

Segundo ele, a economia a ser obtida no plano de aposentadoria depende do número de adesões. Se 5 mil funcionários entrarem no plano, a economia será de R$ 1,183 bilhões. Com 9 mil adesões, vai a R$ 2,130 bilhões. Se os 18 mil funcionários vislumbrados entrarem no programa, o banco economizará R$ 3,048 bilhões.

O executivo afirmou que ainda não tem estimativa de quanto pode economizar com a redução da jornada de trabalho para seis horas por dia para quem quiser adotar esse modelo.

“Ouso dizer que podemos acomodar tudo isso da melhor forma”, disse.

O vice-presidente de finanças e relações com investidores do BB, José Maurício Pereira Coelho, afirmou que o plano de aposentadorias antecipadas não deve ter impacto na Previ. Isso porque, segundo ele, a fundação já trabalha com a possibilidade de o funcionário se aposentar a partir de 50 anos de idade.

Eficiência 

“Quando se compara o resultado ajustado do Banco do Brasil com o dos nossos pares no primeiro semestre, temos um resultado aquém da média dos grandes bancos”, disse Caffarelli, em entrevista a jornalistas.

Segundo o executivo, o desafio é buscar a eficiência operacional por meio de uma série de medidas, incluindo corte de despesas. “Estamos trabalhando nesse sentido sem contar com nenhum tipo de aporte por meio do Tesouro”, afirmou.

Caffarelli disse que é um trabalho estrutural, voltado para dentro do banco. “Se quisermos continuar crescendo, temos que fazer uma adequação de capital.”

Embora o objetivo seja alcançar os 9,5% de capital principal em janeiro de 2019, Caffarelli disse que, em termos prudenciais, é preciso alcançar esse patamar já em julho do ano que vem.

O trabalho para a melhora da rentabilidade também passa pelos canais digitais que, segundo o presidente do banco, são uma forma eficiente de se relacionar com os clientes. Com a ajuda dos meios eletrônicos, afirmou o executivo, o BB tem conseguido um incremento dos negócios e um aumento de até 40% na rentabilidade individual dos clientes que os utilizam.

Fonte: http://www.valor.com.br/financas/4781969/com-aposentadoria-antecipada-bb-pode-economizar-ate-r-3-bi-em-folha