Banco do Brasil: a dor e a doçura de ser um banco público

Publicado em: 12/05/2023

Todo investidor já tem claro que o maior risco de investir no Banco do Brasil é se tornar “sócio do Governo Federal”, dado que o banco pode ser alvo de interferência política. Mas para o Santander, o mercado está ignorando o lado positivo de um banco público.

Num relatório ousado, o analista Henrique Navarro descreve estes benefícios do BB e argumenta que os riscos de ser uma estatal já não são tão grandes assim. Entre esses benefícios, Navarro destaca a presença física abrangente do BB, um enorme portfólio de crédito no agronegócio, um funding mais barato, a gestão de fundos públicos com taxas atrativas, e o acesso a deals do Governo nas transações de IB.

Segundo o Santander, o BB tem uma capilaridade grande — servindo 97% dos municípios brasileiros — justamente por ser um banco público, o que acaba sendo um diferencial em relação aos players privados.

A mesma lógica se aplica à presença no agronegócio. O BB sempre foi usado como uma ferramenta do Governo para impulsionar o agronegócio – uma atuação histórica que criou um diferencial em relação aos outros players e se traduziu num market share de 52% no setor.

Na parte do funding, o BB tem uma estrutura diversificada e acesso, por exemplo, a depósitos judiciais, que têm uma remuneração baixa e representam 28% do funding do banco. Os depósitos de poupança também são maiores no BB do que nos bancos privados.

Navarro nota ainda que o BB é o gestor de muitos fundos do Governo com taxas de administração atrativas, que geram uma receita estimada de R$ 2,4 bilhões ao ano para o BB. “Entre os fundos, destacamos os fundos públicos setoriais, que representam R$ 180 bilhões em ativos e têm uma taxa de administração média de 1,36% ao ano, para gerir um fundo de renda fixa simples e padrão,” diz o relatório.

No lado dos riscos, o Governo pode tentar usar o BB como instrumento de política monetária — mas o Santander considera que esse risco é baixo. “Nesse sentido, o RI do BB tem destacado o alto padrão de governança trazido com a Lei das Estatais, e que resultou na mudança de cerca de 150 itens no estatuto do banco para incorporar a nova lei,” escreveu o analista.

“Ainda que eventualmente alguma mudança nesse status quo possa acontecer dependendo de decisões do governo, esperamos que os membros independentes do conselho pelo menos alertem sobre qualquer mudança que possa impactar negativamente o banco.”

O Santander disse que incorporou o risco de intervenção política em seu cost of equity – 17% – acima do cost of equity dos bancos privados.
O Santander aumentou sua projeção para o lucro do BB de R$ 35,6 bilhões para R$ 36,8 bi este ano, o topo do guidance dado pela própria companhia, e elevou sua expectativa para o ROE de longo prazo do BB de 16% para 18%.

O preço-alvo para a ação foi de R$ 62 para R$ 75 — um upside potencial de 74% em relação ao preço de tela.

Fonte: Brazil Journal

 

Funcionários reivindicam fortalecimento do BB público na equipe do governo eleito

Publicado em: 02/12/2022

Representantes do funcionalismo do Banco do Brasil entregaram à equipe de transição do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva um documento, em que solicitam o fortalecimento de dois tipos de BB. “Um para competir com o mercado, inclusive regulamentar esse mercado. E, um segundo BB, com atuação nas comunidades distantes, com um orçamento voltado para a área social, para a agricultura familiar, para as micro e pequenas empresas, pro micro empreendedor individual, para as cooperativas de produção”, destacou o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga, em entrevista ao Podcast Associados Previ, uma iniciativa dos diretores e conselheiros eleitos pelos associados da entidade.

“Além de fortalecer o papel do BB como banco público, estamos apresentando no governo de transição um debate sobre o banco que o funcionalismo quer, e como esse banco deve tratar os trabalhadores, com respeito e dignidade, a partir de contratações via concursos, com abertura de mais agências, sempre prezando a sustentabilidade do banco”, pontuou Fukunaga, reforçando que, dentro do grupo de transição, os funcionários do BB contam com auxílio de Marcel Barros, que foi diretor da Previ e hoje é presidente da Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão e dos Beneficiários de Saúde Suplementar de Autogestão (Anapar).

Ao longo da corrida eleitoral, que o reconduz ao Planalto depois de 12 anos, Lula declarou diversas vezes que seu governo irá priorizar o fortalecimento dos bancos públicos. “Esse papel [de indutor do desenvolvimento social e econômico] foi deixado de lado pelo governo Bolsonaro, com olhar privatista sobre o BB, seja com a posse de Rubens Novaes [ex-presidente do banco], até pelas manifestações do ministro da Economia, Paulo Guedes”, destacou Fukunaga, apontado, em seguida, que nos últimos anos a direção do Banco do Brasil passou a priorizar o pagamento de dividendos para acionistas, aumentando taxas de juros e reduzindo da carteira de crédito, para tornar o BB semelhante aos bancos privados.

“Temos que, de fato, mudar o Banco do Brasil como o presidente eleito tem colocado: um banco com um olhar para a agricultura familiar, não só para o agronegócio, um banco que defende as cooperativas de produção, que estão buscando recursos em outras formas de financiamento fora do sistema público”, observou ainda o coordenador da CEBB.

Ampliação

Outros debates sobre o BB levados para a equipe de transição são a realização de concursos para aumentar o número de funcionários do banco público e a ampliação de agências nas periferias e localidades menos desenvolvidas.

“Nós queremos um banco que trate com respeito e dignidade os funcionários, para que não sejam mais submetidos às metas abusivas. Queremos um banco presente nas periferias e cidades pequenas. Nos últimos anos foram 1.500 agências fechadas e mais de 10 mil postos de trabalho fechados. Na Avenida Paulista, em São Paulo, temos oito agências do BB, todas vazias. Enquanto que em São Miguel Paulista, também na cidade de São Paulo, existe uma única agência do BB, que vive com filas quilométricas. Eu não posso, ainda usando o exemplo de São Miguel, ofertar BrasilPrev ou Ourocap, correndo o risco de descapitalizar as pessoas que mais precisam, mas posso orientar sobre crédito, ofertar crédito mais barato para a linha branca, melhorando a situação deles”, explicou.

Previ

O coordenador da CEBB também comentou as reivindicações que foram apresentadas à Previ durante a campanha salarial deste ano e as propostas que os funcionários estão levando ao governo de transição de Lula. “O CNPC [Conselho Nacional de Previdência Complementar] vem produzindo resoluções que agridem diretamente os associados, verdadeiros donos dos fundos de pensão fechados. Nesse atual governo, inclusive, Paulo Guedes atacou a Previ tentando colocar na gestão da entidade um cara do mercado, mas graças à nossa rápida atuação, não conseguiu”, disse.

Fukunaga destacou ainda que os associados de fundos de pensão fechados não podem perder de vista que defender o sistema público de previdência é também um papel deles. “O governo Bolsonaro, que se encerra agora, tem recusado muitos recursos do INSS”, lembrou completando que “fazer um debate separado”, de um lado o sistema de previdência complementar e de outro do sistema público “não vai resolver” um problema que atinge a todos. “A Previ faz parte do sistema de previdência ‘complementar’, como o próprio nome diz, complementar ao INSS. Então, funcionários do BB têm que entender que todos nós precisamos também de um INSS saudável”, concluiu.

Fonte: Contraf-CUT

 

“BB não pode perder sua vocação como banco público”, alerta especialista

Publicado em: 25/08/2022

Na opinião do historiador José Ricardo Sasseron, especialista em Previdência, ex-presidente da Associação Nacional de Participantes de Fundos de Pensão e de Beneficiários de Planos de Saúde de Autogestão (Anapar) e diretor de Seguridade da Previ, os governos brasileiros deixaram de investir na capacidade do Banco do Brasil como ferramenta de transformação do país.

Por isso, Sasseron e outros bancários da instituição, aposentados e na ativa formaram um Comitê de Luta em Defesa do Banco do Brasil. “Ele surgiu da necessidade de defender o banco como empresa pública porque nos dois últimos governos houve um forte processo de desvalorização do BB, uma destruição do seu papel”, afirma.

Os números falam por si mesmos. Conforme aponta Sasseron, desde o golpe em 2016, mais de 1.400 agências do BB foram fechadas, “principalmente em cidades pequenas e nas periferias”, destaca. Com isso, houve a perda de 23 mil funcionários no mesmo período – um prejuízo não só para os trabalhadores da instituição, mas também para a população. “Há cerca de duas mil cidades sem uma única agência bancária”, informa Sasseron. “Às vezes, o BB é a única agência em um muncípio e ao fechá-la, o governo opta por dificultar a economia dessa localidade, com fortes prejuízos à população”, enfoca o bancário.

Dificuldades na obtenção de crédito para os mais pobres

Ao privilegiar localidades mais abastadas para manter agências, a diretoria do Banco do Brasil, nomeada pelo governo federal, causa um grande problema: ela dificulta o acesso dos mais pobres ao crédito e aos serviços bancários. Na opinião de Sasseron, isso é ainda mais grave quando se trata de uma das principais vocações do BB: o financiamento agrícola.

“O Banco do Brasil vem reduzindo a porcentagem de crédito que dá à agricultura familiar. E, por outro lado, vem aumentando a parcela para o agronegócio”, critica. No mesmo sentido, Sasseron explica: “O agronegócio produz para exportação e a agricultura familiar para alimentação. Com isso, os preços dos alimentos vêm subindo”.

A situação ocorre na contramão da expertise do banco público e da qualificação dos trabalhadores do BB. “O BB sempre teve atuação muito forte na área. Chegou a dominar 70% no crédito agrícola e hoje atinge 50%”, aponta. “A agricultura é imprescindível para o desenvolvimento do País”, explica.

“O Brasil não precisa de mais um Itaú”

“O Brasil não precisa de mais um Itaú ou Bradesco”, afirma Sasseron. “Precisa de um banco com atuação no fomento das pequenas empresas e da agricultura familiar”. Essa necessidade é compartilhada com parte dos funcionários do banco, segundo Sasseron. Com a perda do papel público do BB, o banco viraria apenas mais um banco de varejo, assim como os grandes bancos privados.

A solução para isso, além da mobilização dos empregados e da sociedade, passa pela escolha de um novo governo. “A linha de atuação do banco depende muito da orientação do governo, já que ele nomeia o presidente, os conselheiros e dá a orientação”, explica.

Dessa forma, com a manutenção do governo Bolsonaro, por exemplo, o que os bancários esperam é que o banco continue sendo privatizado aos pedaços e que sua função social não tenha peso algum. Já com a eleição de um governo progressista, os participantes do comitê têm esperança de que as coisas mudem.

Contudo, o período eleitoral é apenas parte da solução. “O comitê vai continuar existindo depois das eleições porque se elegermos um governo como o atual, o BB seguirá sob ataque. A eleição de Bolsonaro pode significar de fato a privatização. Já num governo progressista, o banco pode exercer um papel fundamental na economia e nós manteremos o comitê e para cobrar de um próximo governo que mude a orientação e compra seu papel social”, finaliza.

Fonte: Portal Recontaaí

 

Banco do Nordeste supera R$ 20 bi em operações de crédito no 1º semestre

Publicado em: 07/07/2021

O primeiro semestre do ano configurou um período recorde em investimentos para o Banco do Nordeste, que registrou R$ 20,3 bilhões aplicados na economia regional. Os números correspondem a créditos que beneficiam empreendedores e empreendimentos de todos os portes situados na área de atuação do Banco e superam em 11,3% aqueles relativos ao mesmo período do ano passado, quando o BNB contratou R$ 18,2 bilhões.

O Banco do Nordeste é operador exclusivo do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e soma R$ 12,5 bilhões do funding aplicados de janeiro a junho deste ano, em mais de 320 mil operações. Já as contratações com micro e pequenas empresas registraram R$ 1,7 bilhão, valor correspondente a 10,9 mil operações.

“Atuamos conscientes do nosso papel de fomento à economia regional e os números traduzem o empenho do Banco na sua missão de oferecer o crédito e se doar de maneira íntegra e integral ao desenvolvimento da nossa região”, afirma o presidente do Banco, Romildo Carneiro Rolim.

Microcrédito

Com o Crediamigo e o Agroamigo, seus programas de microfinança urbana e rural, o Banco do Nordeste investiu mais de R$ 8 bilhões de janeiro a junho de 2021. Somente com o Crediamigo, contratou R$ 6,4 bilhões, o que traduz incremento de R$ 30,06% em relação ao mesmo período de 2020. Foram 2,2 milhões de operações com microempreendedores urbanos apenas no semestre. Nesse período, ganharam destaque as implantações da assinatura digital de contratos e da função Pix para pagamento, transferência e recebimento no APP Crediamigo, além do lançamento do Crediamigo Delas, produto destinado a financiar investimento e capital de giro para mulheres empreendedoras que atuam nos setores formal e informal da economia.

Já no campo, com o Agroamigo, o BNB soma R$ 1,6 bilhão investido em 299,8 mil operações, 28,5% a mais em termos de valores em relação a 2020. Os números traduzem benefícios em crédito a agricultores familiares que possuem Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), a DAP, ativa. No período, o destaque foi o lançamento do AgroamigoNet, estratégia de financiamento de kits de conectividade rural, visando impulsionar a inclusão digital dos agricultores familiares, e o WhatsApp Agroamigo (85 – 9 9965-0300), solução que padroniza e qualifica o atendimento remoto aos produtores.

Fonte: Associação dos Funcionários Aposentados do Banco do Nordeste do Brasil

 

Banco do Brasil e Bradesco tentam superar crise com vai e vem do banco público

Publicado em: 28/05/2021

Os sócios Bradesco e Banco do Brasil tentam aparar arestas e superar a crise sem precedentes desencadeada pelas constantes mudanças no comando do banco público no governo de Jair Bolsonaro que, na semana passada, levaram à inesperada saída do presidente da Cielo, apurou o Broadcast. Amarrada por vários ‘elos’ no setor de pagamentos, a sociedade passou a enfrentar mais volatilidade por unir um ente privado e outro público, que mudou de posicionamento em relação ao negócio com o embarque da equipe de viés mais liberal do ministro Paulo Guedes. De lá para cá, houve tentativas malsucedidas de desinvestimentos, dentre eles a empresa de maquininhas, e novas trocas de rotas para o negócio.

Bradesco e Banco do Brasil são sócios em sete empresas. Os negócios estão agrupados na holding Elopar, com exceção da Cielo. A sociedade de 26 anos teve início em 1995, no primeiro ano do governo Fernando Henrique Cardoso, justamente com a criação da Cielo, chamada de VisaNet, na época. De lá para cá, os negócios se multiplicaram, principalmente no fim do primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. A justificativa era explorar ganhos de sinergia para ambos os sócios.

A chegada da turma de Guedes, com a promessa de desinvestimentos e redução da máquina pública, colocou a sociedade entre Bradesco e BB na berlinda. O mandato do economista Rubem Novaes, primeiro escalado para tocar o BB na gestão do presidente Jair Bolsonaro, trazia a determinação de venda de ativos como a Cielo, o que gerou custos para estruturar o desmonte sugerido pelo sócio – e cansaço no Bradesco, relatam fontes, na condição de anonimato.

O assunto esteve na pauta da primeira conversa entre o novo presidente do BB, Fausto Ribeiro, com o do Bradesco, Octavio de Lazari. Os dois teriam se encontrado no mês passado, durante passagem do executivo do banco público por São Paulo, diz uma fonte próxima. Um encontro também teria ocorrido com o chairman do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi.

Dentre os temas debatidos, conforme fontes, os sócios teriam conversado sobre a crise na relação e os gastos gerados com a avaliação dos ativos devido à vontade do BB de se desfazer da sociedade e sair das empresas. Espécie de ‘shake hands’, acerto entre os sócios, o encontro serviu de pontapé para a reformatação da parceria.

Sócios devem desistir de venda da Cielo

Diante de uma relação desgastada, Bradesco e BB tentam, agora, iniciar um novo ciclo, relatam fontes próximas aos sócios. A ideia de vender a Cielo, que chegou a atrair interessados para a fatia do banco público, por exemplo, foi descartada. Agora, o negócio voltou a ser visto como essencial para o BB, segundo essas fontes. O mesmo vale para os demais ativos, que devem ser mantidos na sociedade com o Bradesco. A prioridade, dizem, é explorar maiores ganhos dos negócios já selados.

A notícia de que a Alelo, de benefícios, vai atuar começar a atuar n setor adquirência, deixando a irmã Cielo de lado, porém, deu esperanças ao mercado quanto à possível separação dos sócios. Como consequência, a líder das maquininhas viu seu valor aumentar em R$ 1 bilhão na bolsa, para R$ 11,4 bilhões. Fontes próximas aos sócios reforçam: a chance de uma separação e desinvestir a Cielo no curto prazo é tipo ‘zero’.

O desgaste entre os sócios Bradesco e BB ficou claro com o pedido de renúncia do presidente da Cielo, Paulo Caffarelli, na semana passada. O executivo, que construiu carreira no BB e foi secretário da Fazenda na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, não era visto como um aliado do Planalto e vice-versa. Diante de várias tentativas para removê-lo do cargo, conforme revelou o Broadcast, ele pediu para sair, evidenciando ainda mais a pressão política do governo Bolsonaro sobre as empresas estatais.

Apesar da ânsia do Centrão pelo cargo, foi escolhido o vice-presidente da Cielo, Gustavo Sousa, para suceder Caffarelli. A indicação vem a reboque de uma tentativa do governo Bolsonaro, sob as mãos do PP, presidido por Ciro Nogueira, de emplacar o presidente do Desenvolve-SP, Nelson de Souza, para a adquirente. Seu nome, porém, foi rechaçado pelo Bradesco, cujo mandato é barrar qualquer indicação política nas empresas em sociedade com o BB, de acordo com fontes.

“Há um desgaste na relação. Em 25 anos de parceria, nunca o Bradesco recebeu pedido político para absorver alguém. Antes, o Banco do Brasil resolvia isso nas suas empresas”, diz uma fonte próxima aos sócios, que prefere o anonimato.

Sem sucesso na Cielo, outra revela, haver ainda um esforço de colocar Nelson de Souza, que presidiu a Caixa e o Banco do Nordeste, em alguma posição de destaque no BB para agradar ao PP. Em meio a questionamentos sobre indicações políticas para as coligadas do BB, o novo presidente do banco tem dito a aliados que sua gestão vai priorizar perfis técnicos.

Consultoria de recrutamento deve ajudar escolher candidatos

Seu posicionamento, afirma um deles, é fazer processos oficiais para preencher cargos de liderança nas empresas coligadas. Assim, Bradesco e BB consideram fazer uma seleção formal, antes de bater o martelo para o comando definitivo da Cielo, dizem duas fontes. A ideia é contratar uma consultoria internacional de peso como Spencer Stuart ou Korn Ferry para colocar um executivo de “primeira linha” no comando da empresa de maquininhas. O nome de Gustavo Souza, dizem, estará nesse processo, cujo objetivo é identificar um perfil jovem e antenado à tecnologia para capitanear a transformação da Cielo, alvo de forte ataque da concorrência.

“O foco é fortalecer, reconstruir a parceria. Os sócios querem resgatar o que tinham, uma parceria estratégica entre as duas instituições”, diz uma fonte próxima a um deles.

Do lado das indicações de executivos, apesar do desgaste na relação com o Bradesco, o BB tenta retomar os bons tempos, em que ambos não entravam em bolas divididas, e deixar o passado para trás. Como a nova gestão trocou toda a alta cúpula, negocia com o sócio posições para reacomodar executivos que não se aposentaram.

Um deles é o atual presidente da BB Seguridade, Marcio Hamilton. Depois de ter sido preterido para cargos de liderança nas empresas dos sócios, ele deve assumir a cadeira de vice-presidente de finanças (CFO, na sigla em inglês) na bandeira Elo, sociedade de BB, Bradesco e Caixa, de acordo com duas fontes, auxiliando em sua abertura de capital. Outro nome que circula nos bastidores é o do ex-vice-presidente de tecnologia do BB, Gustavo Fosse. Especula-se que ele vá para a Cielo. Falta, ainda, bater o martelo.

Cansado do vai e vem do governo Bolsonaro e os reflexos nos negócios em sociedade com o BB, o Bradesco tem sido taxativo e dito não a quaisquer nomes com sinais de indicação política, afirma uma fonte. “Esse governo decepcionou”, diz.

Os desdobramentos da parceria entre Bradesco e BB têm sido acompanhados de perto por analistas de mercado, que demonstram ceticismo quanto ao futuro do casamento depois da crise instalada pelos liberais. A troca de comando na Cielo só fez jogar lenha na fogueira. “Que a relação está desgastada é fato, mas qual a solução? Essa é a questão”, afirma um deles, na condição de anonimato.

Outro, que também prefere não ser mencionado, questiona a situação da Cateno, empresa que faz a gestão da operação de cartões do BB e que foi comprada pela Cielo. “É um imbróglio”, diz.

Na gestão de Rubem Novaes, a venda da Cateno, feita durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, era considerado um erro. Essa posição também já havia sido defendida por alguns executivos no fechamento do negócio. De lá para cá, porém, a empresa vem perdendo importância com o avanço dos meios de pagamentos e em meio à transformação tecnológica do setor com a chegada do Pix, open banking.

Para a administração atual do BB, de acordo com uma fonte, não faz sentido investir na Cateno. Nesse sentido, conversas de troca de ações da empresa por papéis da Cielo, que chegaram a ocorrer em um passado recente, foram deixadas de lado.

Procurado, o Bradesco afirmou que a parceria com o Banco do Brasil é “uma referência de sucesso”. “Consideramos que o momento requer foco e união para o enfrentamento dos relevantes desafios do mercado”, acrescentou.

Já o BB disse que tem uma “sólida parceria” com o Bradesco, que “sempre resultou em produtos e serviços de alta qualidades para seus clientes e ótimos resultados para os sócios”. “O Banco do Brasil acredita na parceria, certo que ela continuará contribuindo para o fortalecimento das duas instituições, para a geração de negócios sustentáveis e para a melhoria continua da experiência dos clientes”. A Cielo não se manifestou.

Fonte: Estadão

 

Com Temer e Bolsonaro, banco público empresta menos, e privado lidera alta

Publicado em: 20/05/2021

Os bancos privados lideram o crescimento dos empréstimos no país desde 2017, enquanto os bancos públicos comerciais, sem levar em conta os de desenvolvimento (como BNDES), tiveram queda em sua oferta de crédito entre 2016 e 2019, nos governos Temer e Bolsonaro. Nos últimos cinco anos, os bancos públicos só tiveram alta no volume de empréstimos em 2020, ano da pandemia, mas ainda foi bem menor que os privados (12,1% x 20,5% de crescimento). Os dados são do Banco Central (BC).

Em 2019, por exemplo, os bancos privados aumentaram a concessão de empréstimos em 15,3%, enquanto os públicos cortaram em 0,5%. Especialistas afirmam que o encolhimento dos bancos governamentais coincide com a mudança da política econômica do país, que começou na gestão Michel Temer (PMDB) e foi aprofundada com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Em 2015, o saldo total de empréstimos foi de R$ 3,2 trilhões. Desse total, R$ 1,8 trilhão correspondia aos bancos públicos e R$ 1,4 trilhão aos privados. Em 2020, dos R$ 4 trilhões do volume de crédito, os privados somaram R$ 2,2 trilhões, um aumento de 56%, e os públicos mantiveram os mesmos R$ 1,8 trilhão.

Procurado, Temer afirmou que não se manifestaria sobre o assunto. O Ministério da Economia declarou que o esforço de desregulamentação e de inovações no mercado financeiro, com melhora nas regras para concessão de garantias nas operações de crédito, possibilitou que os bancos privados pudessem sustentar a retomada da economia.

Compare a variação percentual de empréstimos em bancos públicos e no gráfico a seguir:


Nos governos petistas, os bancos públicos eram estimulados a conceder empréstimos para impulsionar o crescimento econômico e receberam muito dinheiro da União para fazer isso.

Os economistas que assessoravam os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff acreditavam que o estímulo ao consumo geraria riquezas para o país.

Empréstimos de bancos públicos caíram com aumento dos calotes

Desde 2012, com o aval do governo, os bancos públicos adotaram a política de reduzir os juros dos empréstimos para forçar o setor privado a reduzir as taxas. A estratégia garantiu ao Banco do Brasil e à Caixa as posições de primeiro e segundo maiores bancos no mercado de crédito.

Entretanto, essa política levou ao aumento dos calotes, obrigou os bancos públicos a reduzir a oferta de crédito e aumentar as taxas cobradas a partir de 2015.

Após Dilma, bancos públicos devolveram dinheiro à União

O economista Luis Miguel Santacreu, analista do setor bancário da agência de classificação de risco Austin Rating, declarou que após o impeachment de Dilma Rousseff, os bancos públicos iniciaram a devolução dos aportes de capital feitos pela União. Segundo ele, esse processo levou a uma redução na oferta de crédito.

“Os bancos públicos foram turbinados para crescer e ofertar mais crédito durante os governos do PT. Eles estavam muito alavancados e precisaram devolver dinheiro para o governo. Mas essa realidade mudou a partir de 2020, com a pandemia. Os bancos públicos voltaram a emprestar mais com o empoçamento do crédito no início da pandemia [os bancos privados não estavam liberando dinheiro]”, diz Luis Miguel Santacreu.

Por outro lado, os bancos privados reforçaram a oferta de crédito com garantias para empresas e para as famílias.
Com isso, cresceram na oferta de empréstimos como o consignado, com desconto em folha, e aumentaram a atuação no crédito imobiliário e agrícola, liderados por Caixa e Banco do Brasil respectivamente.

Fundamental é ter crédito, não importa se público ou privado

Qual o impacto para a economia, e o que é melhor para o país: ter mais crédito de bancos públicos ou privados?
Segundo Luis Miguel Santacreu, historicamente, os bancos privados mantêm a dianteira do crescimento total de empréstimos. Essa liderança, afirmou o economista, só foi conquistada pelos bancos públicos quando o governo Dilma Rousseff adotou uma política para estimular a economia e tentar derrubar os juros na marra.

“Independentemente de quem é o líder, o importante é que o governo estimule uma agenda para redução estrutural dos juros, com reformas microeconômicas e com a reforma tributária. O BC tem estimulado a competição com a entrada de novos participantes no mercado, que são as fintechs. Isso é importante, e não se a liderança do crédito é dos públicos ou dos privados”, afirma Santacreu.

Crescimento do crédito em 2021 depende da pandemia

O economista Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do BC, declarou que a retração da oferta de crédito dos bancos públicos a partir de 2016 coincide com a troca de governo. Apesar disso, ele disse que, em períodos de crise econômica, os bancos públicos voltam a ter um papel na oferta de crédito porque os privados tendem a fechar a torneira para analisar a situação.

Segundo Freitas, o crescimento do mercado de crédito em 2020 foi impulsionado por renegociações realizadas ao longo do ano passado, e os bancos públicos foram os primeiros a iniciar a oferta de empréstimos durante a crise.

“As novas operações foram feitas em menor quantidade em 2020, porque os bancos focaram em renegociações e em fazer provisões para perdas [separar mais dinheiro para cobrir eventuais calotes]. Essa estratégia deu certo. Em 2021, os balanços mostram inadimplência controlada e que os clientes estão pagando em dia as renegociações”, declarou.

Segundo Freitas, o ritmo de recuperação da economia e da vacinação determinará o crescimento do crédito em 2021.
Com mais pessoas vacinadas e o fim das restrições de mobilidade, a tendência é de recuperação. Mas uma piora da pandemia pode afetar ainda mais a economia e a oferta de crédito.

“Se a pandemia não for controlada e não tivermos sucesso na vacinação, a crise se prolongará. Com isso, a economia continuará com recuperação lenta e os bancos tendem a ser mais cautelosos na hora de emprestar”, afirmou.

Fonte: UOL

 

Associação de Funcionários reforça importância do BNB público para todo o Nordeste

Publicado em: 20/02/2019

Em reação às recentes declarações do secretário de Desestatização e Desinvestimentos do Governo Federal, Salim Mattar, a Associação dos Funcionários do Banco Do Nordeste (AFBNB), saiu em defesa do banco público, ressaltando sua importância para o desenvolvimento regional do Nordeste. Isso porque, segundo a entidade, Matar revelou intenções de manter e, ainda assim, de forma “magrinha” apenas três estatais – Banco do Brasil, Caixa Econômica e Petrobras. “(Essas intenções) denunciam a falta de conhecimento ou a compreensão distorcida quanto ao papel estratégico que as empresas estatais cumprem no tocante à política de desenvolvimento do País. É o caso do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), por exemplo”, rebateu a Associação, em nota.

A entidade reitera que o banco exerce um protagonismo econômico junto a diferentes setores da economia – agricultura, indústria, comércio, serviços, turismo, infraestrutura etc – sendo o principal braço do Estado, enquanto instituição de fomento na região em que atua. “Sua expertise de quase 67 anos promovendo o desenvolvimento regional o credencia enquanto empresa séria, que, ao contrário de ser ignorada deve ser reconhecida e por isso mesmo, fortalecida”.

Os resultados positivos apresentados pelo banco ao longo dos anos “seriam ainda mais eficazes se houvesse uma política macro de desenvolvimento nacional, com o suporte de um arcabouço institucional, pensado para de fato superar as desigualdades entre as regiões e estimular as potencialidades locais. Era disso que o atual Governo deveria se ocupar!”, assevera a AFBNB”. “Não custa lembrar que órgãos que poderiam construir essa rede foram sucateados e/ou esvaziados de sua missão ao longo do tempo, a exemplo da Sudene, do Dnocs e da Codevasf”, acrescentou a entidade.

Fonte: O Estado do Ceará

Caixa planeja vender 4 ativos nos próximos 12 meses, diz presidente do banco

Publicado em: 06/02/2019

O presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Pedro Guimarães, declarou nesta quarta-feira (30) que pretende vender pelo menos quatro ativos do banco nos próximos 12 meses, dois deles ainda este ano.

O primeiro deve ser a participação no negócio de loterias, cuja operação está mais avançada. Os outros três são as subsidiárias que operam seguros, cartões e gestão de recursos (asset management).

Durante evento do banco Credit Suisse, em São Paulo, Guimarães disse que não pretende vender 100% da participação da Caixa nestes ativos. Ele defendeu que a melhor forma de realizar a venda é via mercado de capitais, seja por meio de IPOs (abertura de capital na bolsa) ou follow on (oferta de ações).

Pagamento de dívidas

A Caixa é uma estatal 100% pública, diferentemente da Petrobras e Banco do Brasil, que negociam ações na bolsa. A venda de suas subsidiárias possibilitaria levantar recursos para pagar uma dívida de R$ 40 bilhões do banco com a União.

“Penso em fazer um IPO menor. Não vou querer fazer uma operação gigante na bolsa e depois colocar o preço lá embaixo”, disse Guimarães.

Segundo o executivo, a intenção do banco é abrir capital dos ativos não somente na B3, mas também no exterior. “É muito importante para a governança da Caixa que ela seja listada na bolsa de Nova York”, afirmou o presidente do banco.

Ele também declarou que pretende recorrer a mecanismos para atrair pessoas físicas nos IPOs, como uma classe diferenciada para este tipo de investidor. “Temos que atrair o varejo. E que as pessoas possam dizer que compraram uma ação da Caixa”.

Sobre uma possível abertura de capital da própria Caixa Econômica no futuro, Guimarães afirmou que este assunto está fora de discussão e não cabe a ele decidir.

Crédito imobiliário

Sobre a intenção de securitizar as operações de crédito imobiliário, o presidente do banco disse que a meta de R$ 100 bilhões será alcançada em quatro anos com folga. A securitização é uma prática que consiste em agrupar os ativos imobiliários e converte-los em títulos para depois negocia-los no mercado de capitais.

“Eu posso reduzir a carteira de crédito com a securitização e continuar a ser original”, disse Guimarães.

Na parte de produtos, outro objetivo será implantar o segmento de cartão consignado. Segundo Guimarães, a ideia é reforçar a venda do produto nas lotéricas, para alcançar regiões do Brasil sem agências.

Mercado de capitais e seguros

A estratégia de securitizar o crédito faz parte da meta de ampliar a atuação da Caixa no mercado de capitais, explicou Guimarães. Segundo ele, o banco passará a negociar mais produtos financeiros, como fundos imobiliários, letras de crédito imobiliário (LCI) e letras imobiliária garantida (LIG). Também está no radar do banco emitir uma debênture.

A parte de seguros, que hoje é menor que a operação do Banco do Brasil, também será reforçada, além das operações de microcrédito, voltadas para pequenas empresas.

Fonte: Portal G1

Banco público é fundamental para o país, diz economista da Unicamp

Publicado em: 19/10/2017

O relógio ainda não marca 10 horas, mas já há fila do lado de fora da agência da Caixa Econômica Federal. São clientes e usuários que chegaram antes do horário, na tentativa de garantir atendimento e diminuir o tempo de espera. Eles aguardam para receber a pensão ou aposentadoria, pagar a parcela do financiamento habitacional ou utilizar outros serviços disponíveis. Mesmo assim, após a distribuição das senhas, a fila que têm que enfrentar é longa, demorada e cansativa.

Do outro lado do balcão, bancários se desdobram para conseguir atender a todos. Embora existam vários guichês, há poucos funcionários designados para o atendimento pessoal. Além da realização de saques, depósitos, manuseio de envelopes e malotes e pagamento de benefícios, o trabalho inclui a venda de produtos bancários, como seguros, capitalização, previdência e consórcios. No Banco do Brasil, por exemplo, cada funcionário de agência é responsável pelo atendimento médio de 450 contas. Tudo isso sob a pressão das metas a serem cumpridas.

“Essa é a realidade atual, vivida por usuários e funcionários dos bancos públicos brasileiros. Resultado de um processo de desmonte que vem sendo intensificado pelo Governo Temer”, explica Elias Jordão, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região. As medidas desta abordagem destrutiva incluem fechamento de agências, diminuição do número de funcionários – através dos planos de aposentadoria incentivada – e constantes reestruturações, que precarizam o atendimento à população e sobrecarregam os trabalhadores bancários.

Bancos públicos

Segundo dados no Dieese, de janeiro a agosto de 2017, foram fechados 6.845 postos de trabalho na Caixa. Já o Banco do Brasil fechou 563 agências em todo o pais, no primeiro trimestre do ano. “Trata-se de uma estratégia para diminuir o papel destes bancos, criando uma percepção na sociedade de que eles não prestam e não são eficientes. Com isso, abre-se espaço para o velho discurso de que estão operando mal ou perdendo dinheiro e, portanto, devem ser privatizados a médio prazo, eliminando-os da economia nacional”, conclui o presidente do Sindicato.

Lucro X interesse público

Nos últimos anos, a Caixa e o Banco do Brasil foram fundamentais para manter o crescimento do país, investindo do acesso da população aos serviços bancários e na expansão do crédito. Segundo o professor do Instituto de Economia da Unicamp Fernando Nogueira da Costa, os bancos públicos têm papel crucial no acesso popular, ampliando a abertura de contas para trabalhadores formais e informais, e também na capacidade de financiamento produtivo, corrigindo falhas do mercado financeiro, baixando taxas e juros e cumprindo políticas públicas de cunho social.

“Os bancos privados têm como foco a área de investimento e a busca pelo lucro, beneficiando principalmente clientes de alta renda. Já os bancos públicos têm maior fonte de captação na poupança – 38% na Caixa e 20% no Banco do Brasil –, o que beneficia a população de baixa renda, e financiam setores menos lucrativos, como a habitação e a agricultura familiar, entre outros”, resume o professor da Unicamp.

Em outras palavras, os bancos públicos são essenciais porque há atividades e setores econômicos que os bancos como Itaú, Bradesco e Santander não têm interesse em participar. Assim, o Banco do Brasil e a Caixa são necessários para viabilizar políticas econômicas e sociais em áreas como habitação, saneamento, infraestrutura, educação, esporte, cultura e agricultura. Por isso, essas instituições tornam-se imprescindíveis para o desenvolvimento do país e para aumentar o bem-estar social da população.

Cortes também para agricultura familiar

As medidas de desmonte dos bancos públicos implementadas pelo Governo Temer impactam também a população rural. Um exemplo é o corte de 39% no orçamento destinado ao Pronaf, programa de fortalecimento da agricultura familiar operado pelo Banco do Brasil.

A proposta do governo para 2018 é que o montante destinado ao Pronaf passe de R$ 7,8 bilhões para R$ 4,8 bilhões. Vale lembrar que, segundo dados do último censo agropecuário (2006), apesar da agricultura familiar ocupar apenas 24,3% da área agricultável, produz 70% dos alimentos consumidos e emprega 74,4% dos trabalhadores rurais.

Sete passos

Fonte: Brasil de Fato

Governo planeja anunciar privatização da Caixa no fim do ano

Publicado em: 11/10/2017

O governo Michel Temer estuda incluir a Caixa Econômica Federal (CEF) no pacote de privatizações que já têm Eletrobras, Infraero e Casa da Moeda, entre outras. A informação é do portal especializado em economia Relatório Reservado, que publica uma newsletter diária encaminhada a agentes do mercado financeiro.

Segundo o site, o anúncio oficial deverá ser feito no final do ano, depois da privatização da Eletrobras, junto com outras medidas de reestruturação da máquina pública, além do anúncio de que o programa Bolsa Família será incluído na Constituição Federal. Procurada pela Gazeta do Povo, a assessoria da Caixa não confirmou e nem negou a informação, embora estivesse a par do assunto.

Segundo o Relatório Reservado, a responsabilidade pelo desenho da privatização está nas mãos do presidente da Caixa, Gilberto Occhi. Não fica claro, porém, se a empresa estatal seria vendida em sua totalidade ou apenas uma parte.

De acordo com a reportagem, a “venda da CEFé uma das raras operações capazes de gerar os recursos extraordinários para o equilíbrio das contas públicas, em 2018, um ano em que os calendários fiscal e eleitoral se entrechocam”. O governo vive uma fase de desajuste das contas públicas – o déficit primário deste ano deve chegar a R$ 159 bilhões, mesmo valor previsto para 2018 – e qualquer incremento de receita nesse cenário é mais do que bem vindo.

Um negócios das arábias

Se ocorrer, a privatização da Caixa envolveria número superlativos. O banco estatal tem um patrimônio líquido de R$ 63,6 bilhões e ativos totais na ordem de R$ 1,277 trilhão. No primeiro semestre deste ano, a CEF teve um lucro líquido de R$ 4,073 bilhões, segundo o Banco Central.

O resultado do primeiro semestre é bem superior ao lucro de R$ 2,4 bilhões nos seis primeiros meses do ano passado. Já no primeiro trimestre deste ano, a Caixa havia informado um lucro líquido 81,8% maior em relação ao mesmo período do ano passado, de R$ 1,488 bilhão. A Caixa tem cerca de 80 milhões de clientes e 95 mil funcionários. O Grupo Caixa conta com duas subsidiárias: a Caixa Participações e a Caixa Seguridade.

Além da liderança absoluta na concessão de crédito habitacional no país, a Caixa é responsável pelo pagamento de bilhões de reais em benefícios e programas sociais aos brasileiros – só em 2016 foram pagos R$ 242,1 bilhões. Mais de 355 mil cidadãos recebem no banco o programa Minha Casa Minha Vida, num total de R$ 41,4 bilhões pagos.

A expectativa do governo, segundo o Relatório Reservado, é atrair investidores estrangeiros com a privatização da Caixa, possivelmente chineses.

“Um assunto por vez”

Indagado sobre uma possível privatização da caixa em agosto pelo jornal Valor Econômico, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, desconversou. “Tem que ser tratado um assunto por vez”, disse, por ocasião do lançamento da 17.ª edição do anuário Valor 1000. “A privatização da Eletrobras é histórica, e acho que não é o momento de discutir outras privatizações. No geral, a minha opinião é favorável a privatizações, mas o país tem que estar preparado para essas ações”, afirmou o ministro.

O governo já mostrou disposição publicamente de vender o braço de seguros do banco, a Caixa Seguridade, mas o processo até agora não avançou. O processo mais avançado é a venda da Lotex, a rede de loteria instantânea do banco público, prevista para ocorrer neste ano.

A informação, reproduzida na intranet do Banco do Brasil, caiu como uma bomba entre os bancários. “Isso não trará nenhum benefício para o Brasil e a população”, destaca a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva. “Não podemos aceitar essa lógica de privatização. Não podem fazer isso sem passar pelo Congresso Nacional e chamo todos os brasileiros a resistirem e defenderem a Caixa como empresa pública”, disse.

Procurada pela Gazeta do Povo, a assessoria de comunicação da Caixa informou que já estava a par da notícia e disse que encaminharia uma nota oficial sobre o assunto. Mas, depois, em um segundo contato, informou que a questão seria respondida assim que fosse possível.

Fonte: Gazeta do Povo