BB e UBS fecham acordo para sociedade em banco de investimentos e corretora

Publicado em: 06/11/2019

O Banco do Brasil e o suíço UBS selaram o casamento que marca a criação de um negócio em conjunto na área de banco de investimentos e corretora de valores na América do Sul. No acordo, o banco suíço entrará com sua plataforma operacional de banco de investimento e de corretora e o BB dará o direito de acesso exclusivo aos clientes para a originação de negócios como operações de fusões e aquisições e a coordenação de ofertas de ações e títulos de dívida a investidores no mercado de capitais.

O empreendimento, que ainda precisa de aprovação regulatória, operará no Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. Os suíços vão controlar a sociedade com 50,01% do capital. O Banco do Brasil terá os 49,99% restantes. O BB já conta com uma área de banco de investimentos, mas não tinha uma corretora própria.

Trata-se de um mercado promissor, ainda mais no atual cenário de juros baixos. De janeiro a setembro, as captações de recursos pelas empresas brasileiras no mercado de capitais doméstico atingiram R$ 269 bilhões em 2019, alta de 42% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Anbima.

O UBS terá uma participação controladora de 50,01% do capital total e o Banco do Brasil, o maior banco do país em ativos, ficará com o restante. Haverá apenas ações ordinárias. Dar o controle ao UBS, com sede em Zurique, significa que a sociedade não terá de cumprir algumas das restrições das empresas estatais no Brasil, como limites ao tamanho dos bônus ou contratação somente por meio de concurso público.

Os clientes do banco brasileiro se beneficiarão com o alcance global do trading do UBS e de seu banco de investimento, assim como de sua área de pesquisa, enquanto seu parceiro com sede em Zurique terá acesso aos clientes corporativos e fluxos de transações do Banco do Brasil. O UBS contribuirá com sua plataforma de banco de investimento no Brasil e na Argentina, bem como com sua corretora dedicada a clientes institucionais no Brasil, disseram as empresas.

O banco de investimento do Banco do Brasil também dará ao UBS um caminho de entrada no crescente mercado local de renda fixa, no qual o banco brasileiro é o quinto colocado no ranking de liderança em emissões primárias, segundo a Anbima, a associação do mercado de capitais. O banco teve receita de R$ 462 milhões no primeiro semestre do ano com comissões do mercado de capitais, 11% a mais que no ano passado, segundo seu comunicado de resultados.

O acordo permitirá que o UBS “atenda melhor nossos clientes na América Latina e no mundo”, disse Sergio P. Ermotti, presidente, no comunicado. Rubem Novaes, CEO do Banco do Brasil, disse que o acordo aumentará a capacidade do banco de fornecer “produtos sofisticados a nossos clientes”.

O Banco do Brasil e o UBS nomearão três conselheiros cada um para a sociedade, sendo que o presidente do conselho será indicado pelo Banco do Brasil. O UBS nomeará o vice-presidente do conselho e o presidente executivo. O Banco do Brasil também selecionará um diretor comercial para supervisionar o relacionamento entre seus clientes, executivos da área corporativa do banco e o novo banco de investimentos. A estrutura será incorporada ao balanço do UBS no Brasil, sob o comando da presidente Sylvia Coutinho.

Corretora

O Banco do Brasil, maior gestor de ativos de terceiros no país, não possui corretora própria para negociar títulos, ações ou derivativos, usando os serviços dos outros bancos nessas operações. Agora, todo esse fluxo irá para a joint-venture. O banco com sede em Brasília possuía R$ 1 trilhão em ativos de terceiros sob gestão em setembro, segundo a Anbima, a associação de mercados de capitais do país. A corretora do UBS, que era número 1 no mercado de trading de ações no Brasil desde 2014, está em segundo lugar este ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O Banco do Brasil tem uma carteira de empréstimos de R$ 686,6 bilhões em junho. O crédito para grandes corporações representava cerca de R$ 154 bilhões. O banco estatal ajudará a joint-venture a obter negócios de banco de investimento que exijam crédito, como empréstimos-ponte para aquisições ou liderança na emissão de títulos locais de renda fixa, mercados que estão crescendo este ano.

O UBS ocupa a quarta posição em assessoria para fusões no Brasil este ano, até 4 de novembro, e a décima primeira no ranking de liderança em emissão de ações, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O banco com sede em Zurique não participa do mercado local de títulos.

A corretora do UBS perdeu sua posição número 1 no mercado de trading de ações no Brasil este ano para a XP Investimentos SA, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O XP movimentou R$ 894,8 bilhões este ano até 4 de novembro, enquanto o UBS ficou em segundo com R$ 672,8 bilhões. A XP também possui as corretoras Clear e Rico, que adicionam R$ 219,9 bilhões ao total.

A corretora do UBS, que não opera no mercado de varejo no Brasil, é líder no mercado de trading de baixa latência feito por meio de computadores, dominado por investidores estrangeiros. O banco também tem uma forte presença no mercado de derivativos.

Fonte: Seu Dinheiro

BB avalia parceria com estrangeiros para criar corretora de investimentos

Publicado em: 24/10/2018

O Banco do Brasil negocia uma possível joint venture (JV) com bancos estrangeiros para a criação de uma corretora de investimentos. De acordo com fontes ouvidas pela coluna do Broadcast, do jornal O Estado de S. Paulo, a instituição vem analisando as possibilidades de reforçar a área de mercado de capitais e também de separaro banco de investimentos do restante da operação. Entre os parceiros cotados, estão o suíço UBS e os americanos Citibank e Goldman Sachs. As negociações com o UBS foram reveladas no domingo (21) pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

A estatal nunca teve uma corretora de valores mobiliários – seus concorrentes Bradesco e Itaú Unibanco mantêm operações independentes das suas demais áreas de atuação. A parceria com um banco estrangeiro na área de investimentos ajudaria o BB a reforçar sua posição no setor. Além disso, com um sócio estrangeiro, a oferta de fundos internacionais pode ser ampliada.

Essa iniciativa esbarra, no entanto, em questões burocráticas, como a possibilidade de usar uma estrutura de cargos e salários diferente da adotada no BB, o que exigiria aval do Tribunal de Contas da União (TCU). A ideia da atual gestão do BB era fortificar a estrutura de mercado de capitais do banco até dezembro, já que o novo presidente da República irá nomear a alta cúpula de empresas estatais. No entanto, as fontes afirmaram que nenhum movimento será feito antes do novo governo assumir em janeiro. Procurado, o BB não comentou o assunto. UBS, Goldman e Citi também não se manifestaram.

Fonte: Lexis Nexis