Juiz nega liminar para escritórios digitais do BB na cidade de Bauru

Publicado em: 16/04/2020

Dez dias atrás, o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região ajuizou uma ação civil pública com pedido de antecipação de tutela pleiteando a suspensão das atividades no prédio dos escritórios digitais do Banco do Brasil.

Isso porque o local, além de ser acarpetado e sem janelas, concentra cerca de 170 trabalhadores em apenas dois andares, organizados como num call center, o que aumenta o perigo de contaminação pelo coronavírus.

Assim, o objetivo do Sindicato com o ajuizamento da ação é fazer com que a Justiça obrigue o BB a dar as condições necessárias para os funcionários atuarem remotamente, ou seja, de suas casas.

Ocorre que, na última quinta-feira, dia 9, o juiz Breno Ortiz Tavares Costa, da 1ª Vara do Trabalho de Bauru, indeferiu o pedido de antecipação de tutela.

Ao negar a liminar, o magistrado disse que “a MP nº 926/2020 e a Lei nº 13.979/2020 estabeleceram os serviços bancários como essenciais”, e que, “ademais, […] não possui elementos para averiguar se o serviço prestado pelos empregados do setor ‘Escritório Digital’ pode ser realizado em regime de ‘home office’”.

Diante dessa decisão, o Sindicato ajuizou um mandado de segurança para que o pedido da liminar seja reapreciado, só que, desta vez, pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região.

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de Bauru e Região

Gerentes retratam pressão e cobranças nos escritórios digitais do BB

Publicado em: 15/05/2019


Oferecer facilidade de acesso dos clientes ao gerente de relacionamento, por meio da tecnologia, horário de atendimento ampliado, assessoria financeira de especialistas que podem ser acionados por videoconferência a partir de qualquer local, e muitas outras conveniências e soluções que não dependem do ponto físico. É assim que o BB propagou a criação e o desenvolvimento de seus escritórios digitais por todo o país, especialmente a partir de 2016.

A estratégia de transformação digital permite ao BB entregar mais valor e aprimorar a experiência dos clientes, sem dúvida nenhuma. Mas, para quem atua no banco e acompanha o dia a dia dos escritórios digitais sabe o que os gerentes vivenciam em seu trabalho. À AGEBB chegam informações de que muitos gestores estão convivendo com ameaças constantes de descomissionamento e sofrendo com a cobrança desenfreada por seus superiores para que metas absurdas sejam atingidas.

Alguns relatos de gerentes, que preferem o anonimato, dão conta de que as metas estão sendo definidas sem critérios palpáveis e muito menos foco no cliente, mas sim na rentabilidade do negócio a todo custo. As ameaças de descomissionamento e notas da GDP, segundo a AGEBB, são realidades que caminham juntas diariamente.

Hoje a GDP tem notas de 1 a 7 e quem tira um 4, por exemplo, em qualquer quesito, participa de um plano de ação elaborado em conjunto com o gerente-geral para reverter o conceito, sob a pressão de, em caso negativo, ser descomissionado a qualquer momento. “Ou seja, o clima de terror contra os trabalhadores é total. E isso é inadmissível, pois o gerente é peça chave no relacionamento com o cliente e está apto a fazer seu bom papel”, explica Francisco Vianna Oliveira Junior, presidente da AGEBB.

Encarteiramento de clientes

Outro problema sério é o encarteiramento de clientes de outros Estados. Ocorre que a maioria, para dificultar ainda mais o fato de serem de regiões distantes e geralmente não atenderem o telefone com DDD desconhecido, ainda são idosos e não digitais. “Como querem que os gerentes façam negócios com esse nicho? Enquanto eles são encarteirados, os bons clientes, que geram negócios, fidelizados e que têm margem de contribuição considerável com produtos e serviços, são levados quase que automaticamente para as carteiras Estilo”, afirma Oliveira Junior.

Vale lembrar, segundo o presidente da AGEBB, que o gerente exclusivo é multicanal, utiliza do telefone com handset, celular, chat ao e-mail para contatar os clientes da carteira e buscar negócios para o cumprimento das metas, fator que gera um grande estresse. “Todos esses problemas têm contribuído, e muito, para levar uma quantidade significativa de gerentes exclusivos a desenvolverem problemas de saúde física e mental. É preciso repensar em algumas ações e, principalmente, oferecer condições e ferramentas adequadas para eles possam fazer seu bom trabalho, de forma tranquila, disciplina e organizada”, destaca Oliveira Junior.

Fonte: AGEBB

Banco do Brasil apresenta ampliação dos escritórios digitais

Publicado em: 21/03/2019


O Banco do Brasil apresentou, na terça-feira (19), os detalhes da ampliação dos escritórios digitais para mais de cem novas praças, sendo basicamente no interior e regiões metropolitanas, em reunião com os representantes dos trabalhadores.

O banco informou sobre o processo de migração de carteiras para os novos prefixos, o que inclui a mudança de localidade para muitos funcionários.

Os sindicatos solicitaram informações sobre como está acontecendo o processo de nomeação e posse e impacto para os funcionários.

C.E-7-768x492

O banco informou que somente no primeiro dia, mais de 80% dos funcionários envolvidos já haviam feito a opção de migração de prefixos e que o processo está tranquilo até o momento, e que os problemas que surgirem nas bases sejam reportados para tentativa de solução.

Foram apresentadas as tabelas de migração de carteiras, bem como a lista das praças envolvidas.

Condições de trabalho

Os sindicatos apresentaram as reclamações dos funcionários em relação ao clima organização e a piora das condições de trabalho nos escritórios digitais. Foram apresentadas reclamações quanto ao grande número de clientes por carteira, bem como a pressão em relação às metas e ameaças de descomissionamento.

Também foram relatados os problemas detectados nas plataformas PJ, que tem dificultado a execução dos serviços de forma satisfatória.

Descomissionamentos

Os sindicatos apontaram a deterioração das condições de trabalho atrelada ao grande número de descomissionamentos, o que cria uma sensação de insegurança muito grande para bancárias e bancários.

Foi citada a manifestação dos funcionários em São Paulo em frente à Gepes, com participação de mais de 100 funcionários de escritórios digitais.

Um dos itens apontados pelos funcionários dos escritórios digitais é que a distância das Superintendências, na nova configuração, tem ocasionado cobranças mais exageradas e aumento das ameaças de descomissionamento, trazendo uma relação distante e descompromissada com o clima e saúde dos funcionários, por parte dos novos superintendentes nacionais.

PDG

Os representantes dos funcionários cobraram do BB atenção e retorno aos bancários e bancárias quanto aos pedidos de revisão do pagamento de PDG, pois tem chegado reclamações que os critérios são revisados sem comunicação prévia.

O Banco informou que tem procurado dar retorno aos funcionários.

A Contraf-CUT mais uma vez cobrou do Banco que haja negociação e contratação do PDG em acordo, algo que já acontece com diversos bancos, o que dá mais segurança sobre o modelo e regras utilizadas.

Para Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, a preocupação principal em todo processo de mudança de prefixos é com a mobilidade e garantia dos cargos dos funcionários. “Estamos fazendo o acompanhamento das movimentações agora e continuaremos o monitoramento das condições de trabalho nessas unidades.”

Fonte: Contraf-CUT

Vendidos como sonho, escritórios digitais do BB são verdadeiro pesadelo

Publicado em: 06/09/2017


Inicialmente apresentados como um sonho, uma forma de melhorar a qualidade do trabalho e de vida do bancário, os escritórios digitais do Banco do Brasil na verdade são um grande pesadelo para os trabalhadores do banco público. Desde o fim de 2016, o BB tem intensificado a criação das unidades digitais. Um modelo que no início era focado apenas no segmento Estilo, hoje abrange os segmentos de pessoa física, com migração de diversos clientes para as plataformas digitais do banco.

“Inicialmente, os bancários se empolgaram com o discurso do banco sobre os escritórios digitais e houve uma aceitação pelos trabalhadores deste novo modelo de atendimento. Mas o sonho durou pouco. Virou pesadelo. Não faltam cobranças abusivas por metas e as condições de trabalho são péssimas”, relata o dirigente do Sindicato e bancário do BB Renato Carneiro.

“O Sindicato tem recebido diversas denúncias sobre a absurda intensidade do trabalho nos escritórios digitais, com um volume gigantesco de ligações, sem contar a falta de ergonomia nestes locais de trabalho. Os bancários permanecem muito tempo sentados, em ambientes com pouca ventilação. O nível de ruído é outra queixa. O mínimo que o BB poderia fazer é respeitar as normas de segurança e saúde no trabalho”, acrescenta a também dirigente do Sindicato e bancária do BB Silvia Muto.

Os dirigentes denunciam ainda que o BB tem ampliado seu investimento no modelo de atendimento digital, inclusive se afastando do seu papel social enquanto banco público, se submetendo a uma lógica exclusivamente de mercado, visando apenas o lucro, assim como fazem os bancos privados.

“Não somos contra a tecnologia, mas ela não pode servir apenas para maximizar os resultados do banco. A tecnologia deve servir às pessoas, bancários e clientes. O BB deve levar em consideração que boa parte da população não está incluída digitalmente. Não pode direcionar todos os investimentos para os escritórios digitais, enquanto fecha agências físicas. Como banco público, o BB deve atender todo o conjunto da população. Quem deve escolher o canal de atendimento é o cliente. Não deve ser imposto pelo banco”, enfatiza Renato.

Reforma trabalhista – De acordo com Silvia, a situação dos trabalhadores nos escritórios digitais do BB, que já é ruim, pode piorar ainda mais em novembro, quando passa a vigorar a reforma trabalhista.

“A reforma precariza ainda mais as relações de trabalho com a possibilidade do trabalho intermitente, da contratação de autônomos, do acordado sobre o legislado. A Campanha Nacional de 2016, após 31 dias de uma greve histórica, garantiu acordo com validade de dois anos, preservando direitos previstos na CCT dos bancários até 31 de agosto de 2018. Não aceitaremos desrespeito a nenhum desses direitos e queremos deixar isso ainda mais acertado em um termo de compromisso, entregue à Fenaban (federação dos bancos), com objetivo de preservar nossos empregos e direitos diante do desmonte trabalhista de Temer”, diz a dirigente.

O BB assumiu o compromisso de discutir a questão dos escritórios digitais e já foi realizada uma primeira mesa temática, mas, de acordo com Silvia e Renato, é necessário aprofundar o debate e buscar soluções concretas para a melhoria das condições de trabalho nestes locais, tendo em vista que os funcionários já apresentam danos à saúde decorrentes da forma como o banco vem aplicando o novo modelo de atendimento.

O Sindicato estuda as medidas judiciais cabíveis em relação às condições de trabalho e ao desrespeito às normas de saúde e segurança nos escritórios digitais. Entre elas, uma denúncia formal junto à Delegacia Regional do Trabalho e Emprego.

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

Bancos demitiram 20 mil profissionais em 2016

Publicado em: 29/06/2017


São Paulo – Se por um lado a tendência pela digitalização no sistema bancário tem reduzido os custos por parte das instituições financeiras, por outro, ela acarreta em uma acelerada redução de postos de trabalho e de pontos fixos de atendimento.

Dados do Banco Central mostram que em dois anos o setor fechou 1.208 agências bancárias, 929 apenas de janeiro a maio deste ano.

Quanto ao emprego, uma filtragem do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) feita nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho indica que no ano passado o setor perdeu mais de 20 mil vagas, número muito superior ao visto nos anos anteriores – 2015 teve saldo negativo de 9.886 vagas; em 2014, menos 5.004 e em 2013, menos 4.329.

O resultado coincide com uma mudança sensível no comportamento dos clientes bancário. De acordo com uma pesquisa feita pela consultoria Deloitte e com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), 57% das transações bancárias em 2016 foram feitas por smartphones, tablets ou computadores.

No Banco do Brasil, por exemplo, os chamados “escritórios digitais” – que atendem virtualmente clientes com maiores movimentações e renda acima de R$ 4 mil – a produtividade dos gerentes aumentou entre 20% a 30%. “Um gerente que tinha uma média de 400 clientes na carteira no atendimento presencial consegue, nesse formato, atender 500, 550”, afirma Simão Luiz Kovalski, diretor da área de clientes do banco. A diferença, segundo o executivo, é que o funcionário conversa com clientes simultaneamente, pelo telefone, e-mail e pelo chat disponível no aplicativo.

Ricardo Humberto Rocha, professor do Insper, explica que o ambiente online proporciona menos “distrações” ao profissional. “Já dei aula para grupo de funcionários da plataforma online que foi um espetáculo. Eu achava que seria ruim porque eles ficam mais distantes e sozinhos no dia-a-dia, mas vi que mesmo em grupo eles são mais rápidos, objetivos e conseguem fazer mais tarefas ao mesmo tempo, porque foram treinados para isso”, afirma.

uem sai na vantagem no meio dessa transição, são os profissionais que conseguem se adaptar. O professor explica que embora a necessidade de adequação não seja algo exclusivo do Brasil, ela fica mais evidente em países que não têm a economia tão consolidada. “Quem não tiver mobilidade, flexibilidade em adaptação, fica distante do mercado de trabalho, principalmente em cenários conturbados. As pessoas precisam ter a mente aberta e se preocuparem com um programa de educação continuada, independente de seu perfil de trabalho”, explica.

Por isso, parte dos próprios bancos opta por investir na qualificação e especialização de seus profissionais. No Itaú, por exemplo, foram investidos R$ 22,3 bilhões no treinamento de colaboradores em 2016. Por sua assessoria de imprensa, o banco afirmou que sua Escola de Negócios foi “totalmente repaginada para incorporar novos temas”. Na UniBB, universidade corporativa do Banco do Brasil, já existem oito cursos voltados para a transformação digital, que oferecem aulas presenciais, vídeo-aulas e treinamentos em serviço.

Apesar de as contas digitais e transações virtuais já serem uma realidade no Brasil, o professor Eduardo Diniz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirma que, devido às mudanças do cenário econômico brasileiro nos últimos anos, ainda não é possível saber o que é realmente resultado dessas transformações.

Diniz explica que não é possível afirmar que exista uma relação direta entre digitalização e desemprego de bancários, já que para os atendimentos virtuais representarem uma produtividade mais alta, é preciso de um grande esforço, porque há também aumento da demanda. “Antigamente quando tinha que ir a agência física, a pessoa ia uma vez por semana. Quando atende no digital, a pessoa procura mais o banco. Portanto, tem que ter também mais gente trabalhando capaz de manter as plataformas funcionando”, afirma. Mesmo assim, o professor também reconhece que profissionais menos qualificados tendem a ser os mais afetados.

O sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região posiciona-se a favor da inclusão da tecnologia no trabalho, mas afirma que “ela não pode ficar a serviço apenas dos banqueiros, com o objetivo de reduzir os custos”. Em nota, a secretária-geral do sindicato, Ivone Silva, afirmou que “é preciso transações seguras, com a redução do valor das taxas para população e melhores condições de trabalho para a categoria”.

Segundo a Febraban, parte da redução de postos de trabalho pode ser explicada por demissões voluntárias, aposentadorias e términos de contrato em que não houve a admissão de outros profissionais no lugar os que foram desligados. A entidade também afirma que uma das explicações para fechamento das agências é o número de fusões e aquisições no setor. A Febraban ainda reconhece que a mudança nas preferências do consumidor moldam o papel das agências.”Isso exige um novo perfil e habilidades dos funcionários, que precisam estar preparados para atender as novas necessidades e questionamentos trazidos pelos clientes”, afirmou em nota.

Dados do Banco Central mostraram um aumento de 3,45% no número de pessoas que usam o sistema bancário em 2016. A explicação, segundo analistas, é justamente a ideia de que a digitalização pode promover um aumento na produtividade dos funcionários responsáveis por atender os correntistas.

Fonte: Exame