“Fusão do BB com banco americano era brincadeira de Paulo Guedes”, diz governo

Publicado em: 29/05/2019

Um vídeo do ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmando que poderia fundir o Banco do Brasil (BB) com o Bank of America (BoFa) – uma das principais instituições financeiras dos Estados Unidos – viralizou nas redes sociais. O discurso, apesar de verdadeiro, foi uma brincadeira que o ministro fez a uma plateia formada por empresários e investidores, segundo o próprio Guedes, o Ministério da Economia e o Banco do Brasil.

A frase foi dita por Guedes na quinta-feira passada (15), em Dallas, nos Estados Unidos, durante a cerimônia de entrega do prêmio “Personalidade do Ano” ao presidente Jair Bolsonaro pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

“Vamos tentar vender a Petrobras, tentar vender o Banco do Brasil. Ou, melhor, tentar fazer uma fusão do Banco do Brasil com o Bank of America. Eles são ótimos no mercado imobiliário e em empréstimos ao agronegócio. Então, vamos juntá-los. Já fizemos isso colocando Boeing e Embraer juntas. Vamos construir empresas transnacionais”, afirmou Guedes, em meio a risos na plateia.

Depois, a jornalistas, incluindo Raphael Sibilla, que cobriu o evento para a Gazeta do Povo, o ministro se explicou e disse que fez a afirmação apenas em tom de brincadeira e que usou uma metáfora para referir às negociações entre a americana Boeing e a brasileira Embraer.

A Boeing anunciou no fim de 2017 intenção de comprar a fabricante brasileira de aviões Embraer. Depois de quase um ano de negociações, elas chegaram em um acordo. Foi criada uma terceira empresa que ficará responsável pela fabricação e venda dos aviões comerciais da Embraer. Essa empresa terá a Boeing como acionista majoritária, com 80% das ações. A Embraer ficará somente com a fabricação e venda de aviões de defesa e jatos executivos.

Procurados pela reportagem, tanto o Ministério da Economia quanto o Banco do Brasil confirmaram que o ministro estava brincando ao falar entre uma associação do Banco do Brasil com o BoFa. O ministério da Economia também negou que esteja sendo avaliada uma fusão ou uma parceria entre os dois bancos nos mesmos moldes do acordo feito entre Embraer e Boeing.

Ministro já havia falado sobre fusão no ano passado

Apesar do tom de brincadeira, não foi a primeira vez que o ministro Paulo Guedes falou sobre uma eventual parceria entre o banco brasileiro e o norte-americano. Logo após a eleição de outubro de 2018, Guedes disse ao site “Poder360” que o Banco do Brasil e o Bank of America poderiam fazer um acordo para operarem juntos e que isso aumentaria a competição do setor bancário brasileiro.

Depois, também ao “Poder360”, Guedes falou que isso era uma ideia para ser discutida no futuro e não estaria necessariamente no plano de governo de Bolsonaro. “É uma ideia para ser discutida, se for o caso, lá no futuro.”

O ministro é amigo de Alexandre Bettamio, presidente do Bank of America para a América Latina, e chegou a convidar o banqueiro para assumir o Banco do Brasil. Bettamio, porém, não pôde aceitar o convite e Rubem Novaes foi nomeado presidente do banco brasileiro.

O Banco do Brasil é uma das principais estatais da União, considerada uma das “joias da coroa”, com valor de mercado de R$ 140 bilhões no início de abril e 108 mil funcionários, segundo dados referentes ao fim de 2018. Além de atuar como banco de varejo, seu diferencial é o atendimento ao setor de agronegócio, sendo responsável pelo Plano Safra.”

Fonte: Gazeta do Povo

Artigo: “Consequências da possível fusão entre Bank of America e BB”

Publicado em: 22/11/2018

Recentemente o futuro ministro da Economia Paulo Guedes referiu a possibilidade de uma “fusão” entre o Bank of America e o Banco do Brasil. A operação teria como um de seus objetivos tornar o sistema financeiro nacional mais competitivo, reduzindo assim a concentração de crédito em algumas instituições financeiras, e, por via indireta, acabando ou ao menos reduzindo privilégios que são concedidos a nichos e setores econômicos específicos. Em outras perspectiva, o Banco do Brasil — que já possui presença, ainda que restrita, em solo americano — poderia aprofundar-se naquele mercado, atendendo, por exemplo, a população com laços latinos.

É importante referir, como já informado pelo próprio ministro (a partir de 2019) que uma fusão seria assunto para o futuro. Aliás, uma fusão ou aquisição são operações de cunho altamente estratégico e com relevante carga jurídico-econômica, e que se estendem por tempo considerável. Para que se possa proceder a operações de tal espécie, uma miríade de regras e procedimentos deve ser cumprida, tais como i) autorização de seus respectivos acionistas; ii) longas negociações preliminares; iii) realização de efetiva due diligence; iv) submissão da operação, dependendo dos valores em jogo e da participação do mercado das partes envolvidas, à autoridades concorrenciais competentes, seja ex ante ou ex post; v) avaliação das demais regras legais e regulatórias incidentes ao caso.

Para além disso, uma vez concretizada a operação, a questão de integração entre back, middle e front office e respectivas controles e políticas internas, a migração e a avaliação de sistemas operacionais e de infra estrutura existentes seriam pontos importantes dentro do cálculo de efetiva possibilidade da operação. Desta forma, os denominados custos de transação para efetivação de tal parceria devem ser mensurados da melhor forma possível, sob pena de, em uma análise de custo e benefício, a operação ser simplesmente vetada ou, pior ainda, abortada.

Algumas estruturas seriam relativamente mais simples, tais como uma Joint Venture (forma que já foi muito aplicada, baseada na criação de um veículo específico para compartilhamento de risco, mas que vem perdendo apelo devido a questões regulatórias, especialmente na Europa), ou um Aliance Agreement (um acordo de cunho mais operacional do que comercial, ainda que preveja a troca de informações relativas a sistemas, melhores práticas e inclusive de acolhimento de carteira de clientes, a fim de que se proceda, normalmente a título experimental, todo o processo de avaliação e concessão de crédito).

A menção a fusão, aliás, pode sinalizar e ter algumas outras motivações e potenciais consequências não explicitamente abordadas tais como i) o incremento e ou facilitação da participação de capital estrangeiro em instituições financeiras nacionais; ii) eventual fusão entre Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (visando eficiência operacional e harmonização entre estas duas instituições); iii) legislação mais contundente em relação a ações repetitivas e à cobrança de juros altos que fazem com que sejamos um dos líderes mundiais neste tema.

No contexto da revolução digital em que vivemos, a fintech, que basicamente é a utilização de inovações como inteligência artificial, automação, uso de algoritmos, big data, data mining, internet of things, smart contracts no campo financeiro, concretizada por startups que se especializam em determinados nichos, especialmente na virtualização, transparência, velocidade e eficiência de formas de pagamento, também pode ser explorada. Em realidade, o Brasil possui uma infra estrutura de TI importante, fruto de nossa hiperinflação na década de 1980.

No contexto americano (e chinês), também o bigtech, ou seja corporações tão grandes que praticamente não necessitam de fonte externa para sua capitalização (Amazon e Ali Baba, por exemplo) tem papel importante na reinvenção do sistema financeiro. A troca de experiência e o aprendizado em ferramentas como sistemas de análise de crédito, sistema de avaliação e mitigação de risco, formas alternativas de pagamentos, cripto moedas, controles internos, compliance regulatória, proteção de dados pessoais e segurança das redes virtuais internas ou externas (cybersecurity) são importantes tópicos a serem explorados. A indústria financeira não vai morrer por completo, mas deve se adaptar, sob pena de perder importante participação no atual mercado para novos entrantes.

Nesta toada, a interação entre as instituições mencionadas poderia causar um spill over effect, causando verdadeiro race to the top entre os demais concorrentes, aprimorando assim a tecnologia e especialmente o atendimento aos clientes dos bancos nacionais, que hoje cobram taxas de juros altíssimas (o famoso spread bancário). Evidente que tal tipo de parceria pode acrescentar e melhorar a concorrência entre bancos, mas pequenas e médias instituições financeiras também devem ter papel relevante.

O fato é que por volta de 75% do crédito fornecido por bancos no Brasil concentram-se nas mãos de 5 instituições financeiras (ItauUnibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal e BNDES). A alegação de sistema bancário de alto risco para justificar a taxa de juros não é elemento tão decisivo, pois o Brasil sempre teve maiores requerimentos de capital do que aqueles previstos pelas regulações de Basiléia.

Importante realçar que uma fusão ou aquisição não seria a panaceia para o problema do fornecimento de crédito e muito menos para o sistema financeiro com um todo. Sabe-se muito bem que não existem soluções mágicas (one size fits all solution) para problemas complexos. A própria fintech pode ser contaminada por algoritmos e inteligência artificial desvirtuados (biased). Evidente que sinergias serão criadas, mas o sistema financeiro não pode ficar segmentado. Todos os nichos e setores devem ser atendidos, a fim de que os atores de pequeno e médio porte não sejam simplesmente engolidos, causando assim falhas de mercado.

Por fim, nunca é demais esquecer que as perspectivas concorrenciais entre EUA e Brasil diferem. Enquanto aquele aceita em geral a eficiência industrial (ou de serviços) ocasionada por operações de fusão e aquisição (economias de escala), este tem como um de seus pilares — a exemplo da Europa – o bem estar dos consumidores. Nesta perspectiva, o caminho do meio seria a mais eficiente solução (um Pareto Superior, provavelmente) para o Sistema Financeiro Nacional. Trata-se de caminho longo árido, mas totalmente válido para que enfim possamos desenvolver a economia brasileira de modo mais consistente, aumentando sua participação mundial.

Vinicius Diniz Vizzotto é advogado corporativo, mestre em Direito Internacional Econômico pela UFRGS

Fonte: Consultor Jurídico

Paulo Guedes diz que fusão entre BB e Bank of America é “uma ideia para o futuro”

Publicado em: 08/11/2018

Montando suas propostas para o governo de Jair Bolsonaro, o economista Paulo Guedes acredita que o Banco do Brasil e o Bank of America poderiam se fundir ou fazer um acordo para realizarem operações juntos no Brasil e nos Estados Unidos.

As informações são do site Poder360, que explica que o futuro ministro da Economia acredita que a união das duas instituições abriria a porta para o banco norte-americano atuar no Brasil, aumentando assim a competição no setor.

Por outro lado, o Banco do Brasil passaria a ter uma atuação maior no mercado norte-americano, levando sua expertise para lidar com o público latino no país.

A proposta seria, por enquanto, apenas uma ideia, e não há detalhes sobre como funcionaria esta união de negócios. Ao site O Antagonista, Guedes disse que uma eventual fusão dos bancos “é só uma ideia para o futuro”.

Segundo ele, o tema foi levantado em uma conversa informal com o amigo Alexandre Bettamio, presidente do BofA na América Latina. Recentemente ele recusou um convite de Bolsonaro para ser presidente do Banco do Brasil, cargo que ficou com Marcelo Labuto – que segundo o Poder360 não deverá seguir no cargo em 2019.

A ideia de Guedes sobe a fusão parte da premissa do problema de falta de crédito no país. O economista acredita que isso se dá pelo fato dos bancos públicos terem uma grande carteira e serem responsáveis por fornecer dinheiro mais barato para alguns setores. Para ele, uma abertura do mercado poderia mudar radicalmente esta dinâmica.

Fonte: Infomoney

Doria defende privatização gradual da Petrobras e fusão entre Caixa e BB

Publicado em: 14/09/2017

O prefeito de São Paulo, João Doria, defendeu nesta terça-feira, 12 de setembro, uma privatização gradual da Petrobras e uma fusão entre o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, estatais controladas pelo governo federal. Segundo o tucano, as medidas ajudariam a deixar o Estado menos inchado, mais eficiente e reduziriam as chances de corrupção.

“Eu acredito e defendo uma privatização gradual da Petrobras. Ela tem tantos braços e tentáculos que é até difícil de elencar a quantidade de empresas dominadas por ela”, disse Doria, na saída de um evento sobre infraestrutura na América Latina. “Defendo uma gradual desestatização para que não haja prejuízo estratégico ao Brasil ou ao seu corpo funcional, que é bom e sério, mas foi muito afetado pelo assalto ao PT nesses 13 anos.”

Sobre os bancos públicos, o prefeito paulistano afirmou que o ideal seria uma fusão para evitar “a sobreposição e o uso político também”. “Não vejo razão de o Brasil ter dois bancos. Respeitando as duas instituições, podemos avaliar a hipótese de uma fusão sem gerar desemprego, formando um banco de altíssima qualidade, capacitada a atuar desde os programas de financiamento rural e casa própria até os de empréstimo e financiamento ao empreendedorismo”, avaliou. Questionado se essa fusão também poderia acarretar uma privatização dos bancos, Doria disse que, “nesse caso, pode ser uma instituição pública. Mas, ao invés de duas, uma”.

“A declaração do prefeito de São Paulo e pretenso candidato a presidente da República é descabida. O BB é grande, eficiente e rentável, com um ´corpo funcional bom e sério´, como ele próprio reconhece. O que falta é acabar com a ingerência política e proporcionar o adequado reconhecimento ao seu maior bem, sua equipe, que motivada e valorizada vai continuar mantendo-o na posição de maior banco do país em ativos totais”, afirma o presidente da AGEBB, Francisco Vianna de Oliveira Junior, ao comentar a notícia.

Fonte: Estado de Minas

Meirelles evita falar sobre fusão de BB e Caixa: ‘um assunto por vez’

Publicado em: 30/08/2017

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, evitou comentar nesta quinta-feira se o governo tem intenção de estudar a possibilidade de privatizar o Banco do Brasil ou a Caixa Econômica Federal. “Tem que ser tratado um assunto por vez”, disse Meirelles, que participou nesta noite do lançamento da 17ª edição do anuário Valor 1000, que premia as melhores empresas em 25 setores da economia.

“A privatização da Eletrobras é histórica, e acho que não é o momento de discutir outras privatizações. No geral, a minha opinião é favorável a privatizações, mas o país tem que estar preparado para essas ações”, afirmou o ministro.

Perguntado sobre a necessidade de existir, lado a lado, uma agência da Caixa e outra do BB, Meirelles disse que o modelo bancário no Brasil é lucrativo, mas intensivo em agências. Além disso, o foco dos dois bancos públicos é diferente, explicou. “Não há comparação entre o foco e a estrutura da Caixa e do Banco do Brasil”, disse, lembrando que grande parte da atividade do BB é rural, enquanto a caixa é mais focada em depósito e poupança.

Fonte: Credisul