Presidente do BB muda cúpula do banco e desagrada Palácio do Planalto

Publicado em: 27/11/2020

Uma dança de cadeiras patrocinada pelo novo presidente do Banco do Brasil (BB), André Brandão, na cúpula da instituição desagradou integrantes do governo Jair Bolsonaro pouco mais de dois meses após sua posse no cargo. Fontes do Palácio do Planalto afirmam nos bastidores que está em curso a busca por um nome para substituí-lo.

Apontam como um dos motivos de desentendimento uma planejada abertura de capital (IPO, da sigla em inglês) da Elo, empresa de cartões que o BB tem em sociedade com Bradesco e Caixa Econômica Federal. Outra fonte de atrito, segundo fontes da equipe econômica, seria que Brandão não está cooperando com o processo de desestatização das unidades do banco. Aliados do ministro Paulo Guedes alegam que ele foi colocado neste posto para dar celeridade à venda de ativos e que isso não está acontecendo.

Brandão retirou da direção do banco dois funcionários próximos ao ex-presidente do BB, Rubem Novaes, ligado ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Empossado no último dia 22 de setembro, ele demitiu um amigo de Novaes, nomeado na cota pessoal do presidente da instituição, Alberto Alves, e retirou da vice-presidência de Finanças e Relações com Investidores, Carlos Hamilton Araujo. Ele assumiu a presidência da Cateno, empresa da área de cartões do BB e Bradesco. Postura que se confirma pela recente nomeação de Ângela Beatriz de Assis para a presidência da Brasilprev, braço de seguros e previdência do banco.

Segundo fontes ligadas ao banco, essas duas mudanças deixaram Novaes muito chateado. Carlos Hamilton chegou a ser cotado para assumir o lugar de Novaes, que pediu demissão no fim de julho.

Antes das modificações desta semana, Brandão já tinha utilizado outros nomes da casa no rearranjo dos cargos. Bernardo Rothe, que era presidente do BB Seguridade, foi para a vice-presidência de negócios de atacado. E nomeou Gustavo Fosse, também funcionário do banco há mais de 30 anos, para a vice-presidência de tecnologia.

Vários outros nomes foram sondados para a presidência do banco, o de Brandão, ex-executivo da área internacional do HSBC, foi confirmado em agosto. Mas ele só tomou posse após uma transição de quase dois meses.

Fontes ligadas ao BB disseram não acreditar na substituição de Brandão e que há tentativa de criar tumulto.

Fonte: O Globo

Governo pressiona bancos públicos para reduzirem juros

Publicado em: 26/12/2016

A equipe econômica e o Palácio do Planalto começam a pressionar os bancos públicos a iniciar um processo de redução das taxas de juros e fomentar a concorrência com os concorrentes privados. A avaliação é que esse movimento será respaldado pela queda dos juros básicos da economia, principalmente a partir de 2017, quando o Banco Central aumentar o ritmo dos cortes.

Além disso, o governo acredita que os bancos terão os custos reduzidos com ações que serão divulgadas hoje pelo BC, como a desburocratização na obrigatoriedade de cumprimento do depósito compulsório – dinheiro que os bancos são obrigados a deixar no BC remunerado à taxa Selic.

O uso de bancos públicos para ajudar na política econômica recebeu muitas críticas nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, quando Banco do Brasil e Caixa financiaram o aumento do consumo e capitanearam uma queda forçada nas taxas de juros. Uma das consequências dessa estratégia foi o aumento da inadimplência dessas instituições, principalmente na Caixa.

Mas, segundo fontes da área econômica, a redução das taxas de juros que será feita pelos bancos oficiais se diferenciará da que ocorreu em 2012, no governo Dilma, porque desta vez o governo não adotará medidas intervencionistas, como obrigar as instituições a tocar programas que a própria área técnica condenava, a exemplo do “Minha Casa Melhor” – linha destinada a financiar móveis para os mutuários do Minha Casa Minha Vida.

Também está descartada a criação de um programa específico como o “Bom Para Todos”, do Banco do Brasil, que promoveu redução de juros em várias linhas para pessoas físicas no sentido de aumentar o consumo das famílias.

Para um integrante da equipe econômica, os bancos oficiais precisam resolver a equação entre proteger os balanços – ainda mais neste momento em que o Tesouro Nacional não tem como aportar recursos – e evitar que a “seletividade” em ofertar crédito e as altas taxas cobradas prejudiquem ainda mais a retomada da economia e, consequentemente, o próprio setor.

Para o governo, a pressão é importante para obrigar esse movimento e os bancos públicos não podem se furtar a esse papel. “É bom os bancos privados ficarem espertos porque vamos para o jogo”, disse uma fonte do governo.

Balanço
Mas, segundo Roberto Troster, sócio da Troster & Associados, esse tipo de pressão no passado recente aumentou a inadimplência dos bancos oficiais e obrigou as instituições a adotar medidas para limpar o balanço, como a venda de carteiras de crédito podre. “No curto prazo, você dá um gás, mas a conta vem lá na frente”, afirma. “A rentabilidade do sistema está caindo e a margem dos (bancos) estatais está baixa.”

O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, diz que a taxa Selic caiu um pouco, mas o spread cobrado pelos bancos aumentou. “Isso mostra que os bancos não estão querendo emprestar. Nem para reestruturar dívida”, diz.

A Caixa já repassou o corte de 0,25 ponto porcentual da Selic para as taxas dos financiamentos à casa própria e deve acelerar o movimento acompanhando o BC. O Banco do Brasil é mais resistente. O presidente do BB, Paulo Caffarelli, disse, na sua primeira entrevista, ao Estado, que procura aumentar a rentabilidade do banco para patamar semelhante ao dos privados.

De acordo com dados do BC, os bancos públicos não têm as taxas mais baratas em algumas linhas. O Santander, por exemplo, tem os juros mais baixos no financiamento de veículos (1,85%) e crédito pessoal sem desconto na folha de pagamento (4,25%), segundo informações do dia 29/11 a 05/12.

Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,governo-faz-pressao-para-que-bancos-publicos-reduzam-taxas-de-juros,10000095545