PDG: BB muda regras do jogo aos “45 do segundo tempo” e revolta bancários

Publicado em: 27/02/2019

O Sindicato recebeu diversas denúncias de que o Banco do Brasil alterou critérios do Programa Extraordinário de Desempenho Gratificado de última hora e sem comunicação prévia, prejudicando parte dos bancários. De acordo com relatos, na véspera do dia 18 de fevereiro, data do pagamento do PDG, diversos funcionários estavam classificados conforme acompanhamento via extrato, mas não receberam a gratificação porque o banco alterou os critérios na véspera, sem comunicação prévia, impossibilitando os funcionários de adequarem-se as regras da premiação.

“O banco anunciou que pagaria o PDG no dia 18. Eu e todos os gerentes de `carteirão´ e de PAA (posto de atendimento) segundo o regulamento seríamos avaliados pelos números da agência. Com a mudança das regras, o banco entendeu que somos responsáveis pela carteira e, portanto, seríamos avaliados por ela. Conclusão: foi todo mundo desclassificado”, diz um gerente de atendimento.

“Segundo as regras, 30% dos assistentes mais bem pontuados receberiam o PDG. Quem não entrasse nessa pontuação e tivesse cumprido o RIV (Receita Interna de Vendas) receberiam percentuais de acordo com uma tabela e mais uma parte em ações. Pois bem, sou assistente em escritório de negócios e não efetuo vendas, portanto, não recebo nada”, relata um assistente de negócios.

O Sindicato cobra do banco esclarecimentos sobre a forma como foi conduzida a mudança de regras no PDG e, para evitar situações similares no futuro, que critérios sejam definidos com antecedência, de forma objetiva e transparente.

“O banco cria um programa, define critérios, faz propaganda de que todos os funcionários serão contemplados, só que de forma totalmente desrespeitosa muda as regras e grande parte dos que seriam gratificados ficam de fora. Sem contar que, com as constantes reestruturações, funcionários com o mesmo cargo, mas em locais distintos, como agências e escritórios digitais, possuem demandas diferentes. Portanto, as regras não podem ser as mesmas”, critica a dirigente do Sindicato e bancária do BB, Ana Beatriz Garbelini.”Exigimos do banco respeito com seus funcionários, ainda que não tenham participação nas regras do programa”, acrescenta.

Já o diretor do Sindicato e membro da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, João Fukunaga, lembra que o atual presidente do BB, Rubens Novaes, chegou a afirmar que o banco teria melhor resultado, com o atual quadro de funcionários, se fosse privatizado.

“Convém lembrar ao presidente Rubens Novaes – que inacreditavelmente conseguiu desvalorizar o excelente resultado do BB em 2018, construído pelos funcionários, afirmando que seria superior caso o banco fosse privado – que os programas próprios de remuneração dos bancos privados são negociados com a representação sindical dos trabalhadores. Diferente do que defende o presidente do BB, o resultado do banco não seria melhor se fosse privado, mas sim se a sua direção respeitasse os trabalhadores que constroem esse resultado”, conclui João.

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

Plano de recuperação da construtora PDG prevê novo aporte de bancos

Publicado em: 13/04/2017

De maior incorporadora do País, a PDG virou um poço de problemas para os credores – majoritariamente bancos – e, principalmente, para seus clientes. Em recuperação judicial desde 22 de fevereiro, no maior processo do gênero no setor imobiliário, a empresa deve apresentar à Justiça até maio seu plano de reestruturação para tentar se reerguer. O desafio maior será concluir os 30 empreendimentos em andamento, 17 dos quais estão paralisados.

Segundo fontes ouvidas pelo Estado, a tarefa não será nada fácil. Com uma dívida total de cerca de R$ 7,8 bilhões – dos quais R$ 6,2 bilhões no processo de recuperação judicial, aprovado pela Justiça em 2 de março, além de cerca de R$ 1,6 bilhão não incluído no processo –, a PDG não tem hoje dinheiro para comprar um tijolo sequer.

Da dívida total, R$ 1 bilhão refere-se a ações de clientes, que somam cerca de 20 mil pessoas – caso do casal Gizele Vieira e Thiago de Oliveira, que desistiu da compra do apartamento após a construtora informar que a obra atrasaria um ano e meio. Eles tiveram de refazer seus planos e hoje engrossam a lista de credores da PDG.

Em um mercado marcado por baixa demanda por imóveis, altos níveis de rescisão de contratos (distratos) e crédito restrito para as próprias incorporadoras, a PDG, que contratou a consultoria RK Partners e o escritório de advocacia E. Munhoz, vai tentar levantar dinheiro novo com os bancos credores, como Bradesco, Itaú, Caixa e Banco do Brasil, para conseguir terminar as obras. A propostatambém prevê a venda de apartamentos em estoque e terrenos para fazer caixa. Procurados, RK e E. Munhoz não comentam.

Recursos

Fontes a par do assunto afirmaram ao Estado que a companhia precisa de pelo menos R$ 500 milhões para terminar as obras. “Há mais possibilidade de os bancos colocarem dinheiro em construções em estágio avançado porque, dessa forma, podem vender os apartamentos ou pegá-los como garantia”, afirmou uma pessoa ligada a um dos credores. “Mas, para as obras que ainda estão no início, a alternativa seria repassar os empreendimentos a outras incorporadoras ou convencer os clientes a bancar o término das obras.” Procurados, os bancos não comentaram.

No mercado, há ceticismo em relação à recuperação plena da empresa, que chegou a ser avaliada em Bolsa em R$ 14 bilhões, em 2010, e hoje vale R$ 103 milhões. Em 2016, a PDG encerrou com prejuízo líquido de R$ 5,43 bilhões. O patrimônio líquido ficou negativo em R$ 3,4 bilhões. Ou seja, o valor das obrigações é superior ao dos ativos.

“A dívida é insustentável. A PDG adotou estratégias erradas: cresceu desordenadamente em regiões que não tinham como ter escala e buscou atender públicos muito diferentes”, disse uma fonte de mercado. Ainda assim, segundo pessoas familiarizadas com o assunto, a recuperação judicial foi o melhor caminho. “Não acredito em risco sistêmico, mas uma falência poderia prejudicar o setor”, disse outra fonte.

Futuro. Vladimir Ranesvsky, presidente da empresa, faz um “mea culpa” e reconhece que a PDG tinha um projeto de atuação nacional com imóveis de vários padrões, para diversos públicos, que não funcionou. Isso vai mudar. “O foco será tornar a PDG uma companhia bem menor, mas rentável e capaz de honrar seus compromissos.”

Hoje presente em nove Estados, o grupo deve focar em poucas capitais, mas não definiu qual será o seu nicho de mercado. Colocar esse plano em prática, porém, ainda depende do aval dos credores.

 

Fonte: Isto É Dinheiro