Rossi conclui acordo e reestrutura dívida com Bradesco e BB

Publicado em: 22/03/2018

SÃO PAULO – A Rossi Residencial informou em comunicado que seu conselho de administração aprovou os termos de acordo de renegociação de dívidas com Bradesco e Banco do Brasil, que, em conjunto, representam um montante de R$ 1,27 bilhão.

A dívida do Bradesco, avaliada em R$ 1,02 bilhão, terá sua maior parte quitada com a entrega de ativos que já eram utilizados como garantia do débito. Do montante, R$ 315 milhões em ativos terão efeito imediato de amortização, mas a empresa estima que o saldo total quitado com ativos possa chegar a R$ 755 milhões. O abatimento remanescente “poderá ser consumado ao longo de 2018, à medida que as transferências de todos esses ativos sejam formalizadas”, afirma o comunicado.

Os cerca de R$ 265 milhões remanescentes terão prazo alongado de pagamento. Serão dois anos de carência para o valor principal e juros. Nos cinco anos seguintes, ou seja, a partir de 2020, o pagamento será escalonado, sendo 5% no primeiro ano e cerca de 55% no sétimo e último ano do contrato.

Com relação ao Banco do Brasil, o saldo de R$ 250 milhões terá aproximadamente 35% abatido com os recebíveis provenientes da venda de imóveis que são atualmente garantia das referidas dívidas. Os 65% de saldo também terão prazo de pagamento estendido. A companhia não detalhou os prazos nesse caso.

Segundo fontes do mercado financeiro que acompanham a companhia, a negociação soluciona cerca de 90% da dívida corporativa da companhia e os termos do Banco do Brasil para quitação do saldo são semelhantes ao do Bradesco.

De acordo com a mesma fonte, a entrega dos ativos utilizados como garantia não deve afetar de maneira significativa o banco de terrenos da companhia.

A avaliação é de que, após a entrega dos ativos, o valor geral de vendas (VGV) do banco de terrenos seja da ordem R$ 4,5 bilhões. No terceiro trimestre de 2017, a parte da Rossi no banco de terrenos era avaliada em R$ 6 bilhões de VGV.

O movimento faz parte do processo de reestruturação da Rossi, anunciado em dezembro do ano passado. Na ocasião, a empresa ainda negociava com os bancos os termos dos acordos.

Após essa virada de página, a empresa pretende retomar de vez os lançamentos, após ficar dois anos e meio sem novos empreendimentos.

A expectativa do mercado é de que a alavancagem, de cerca de oito vezes no terceiro trimestre do ano passado recue para três vezes após a conclusão do acordo.

Fonte: Valor Econômico

Claudia Safatle, do Valor: governo aperta os controles nas estatais

Publicado em: 26/01/2018

Duas resoluções da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União (CGPAR), publicadas hoje, colocam uma trava no crescimento acelerado dos gastos com os planos de saúde das 147 empresas estatais. O percentual dos gastos de saúde com funcionários ativos e inativos na folha de salários do ano passado, acrescido de uma margem de 10% ou o limite máximo de 8% da folha – o que for menor- será o teto para a empresas custearem os planos das companhias estatais por autogestão.

São quatro as modalidades de planos: autogestão por operadora própria (a exemplo da Cassi, do Banco do Brasil), os que são geridos pela área de recursos humanos, os que optam por uma operadora de mercado e os que trabalham com o ressarcimento das despesas. As resoluções vedam a criação de novos planos administrados pelos RH das empresas e limita a lista de dependentes aos cônjuges e filhos, proibindo a inclusão dos pais e outros.

Haverá prazo de 48 meses para que todas migrem para um sistema paritário de contribuição aos planos de saúde, sendo 50% para as empresas e 50% para os funcionários.

Atualmente a média é de 75% para as estatais e de 25% para seus empregados, mas há casos como o dos Correios – empresa em grande dificuldade financeira – que arca com quase 95% dessa despesa com ativos e inativos, o que correspondeu a quase R$ 2 bilhões no ano passado.

Esse é um gasto que cresce de forma “exponencial”, segundo Fernando Soares, secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) do Ministério do Planejamento. Foi de R$ 7,5 bilhões em 2014, R$ 8,4 no período seguinte e de R$ 9,2 bilhões em 2016 para um total de 500 mil funcionários. Considerando que cada um tem dois filhos, os planos beneficiam um universo de 1,5 milhões de pessoas. A folha de pagamento das empresas, em 2016, foi de R$ 92,6 bilhões.

As resoluções são mais um torniquete aprovado pela CGPar – uma espécie de Conselho Monetário (CMN) das estatais – para controlar as despesas do conjunto das empresas federais. Além de definir um teto o gasto com saúde, os dois atos chamam a direção das empresas e o conselho de administração à responsabilidade para que controlem de perto o desempenho da despesa.

Soares disse que em um ano e nove meses de governo Temer o número de empresas caiu de 154 para 147 e houve um enxugamento de 43 mil funcionários, na sua maioria por adesão a programas de demissão voluntária. Ele garantiu que essas vagas ficarão congeladas por tempo indeterminado.

Das sete estatais que saíram do mapa, uma foi privatizadas (Celg), duas incorporadas (BBCor e Telebras Copa), a Downstream foi extinta e a NTS gasoduto, vendida (ambas da Petrobras) e a Carboquímica Catarinense foi fechada. Neste ano, um decreto presidencial autorizou a liquidação da Companhia Docas do Maranhão (Codomar) em um prazo de 180 dias.

Não se trata de questão meramente fiscal, segundo o secretário, de ter que vender ou fechar empresas e fazer caixa para cumprir metas de resultado primário. “Temos que reduzir custos, as estatais têm que gerar resultados, melhorar a produtividade”, observou.

“A orientação do governo é ficar com o que faz sentido para a operação do Estado”, disse Soares. “Estamos olhando empresa por empresa para ver qual a sua finalidade, se há provisão de serviços pelo setor privado ou se ela é necessária para a sociedade”, explicou, acrescentando: “É para reduzir o Estado empresário e aumentar o Estado regulador”.

Algum resultado vem sendo obtido. Em 2015 as estatais realizaram um prejuízo de R$ 32 bilhões. Em 2016, o resultado virou para um lucro de R$ 4,6 bilhões.

Para 2017 ainda não há informações sobre todas as companhias, mas as cinco grandes (Petrobras, BB, Caixa, Eletrobras e BNDES), que respondem por 95% do patrimonio líquido das estatais, apresentaram resultado positivo de R$ 23,2 bilhões até setembro. Isso decorreu da política de desinvestimentos da Petrobras e da BNDESpar, do corte de pessoal com os programas de demissão voluntária e com extinção de empresas. No ano passado houve a venda de R$ 4 bilhões em ativos da BNDESpar. Houve, também, uma melhora na atividade econômica, que ajudou. A carteira de ações da BNDESpar ainda soma R$ 82 bilhões, segundo Soares.

A tarefa da Sest é, ainda, promover a reestruturação da Infraero e dos Correios e implementar, até 30 de junho, o estatuto em cerca de 80 empresas, conforme determina a lei 13.303. conhecida como lei de responsabilidade das estatais. Até agora em torno de 60 companhias federais já se adequaram às normas da legislação. A última anunciada foi a Caixa Econômica Federal, que adotou o estatuto e demitiu nesta semana três vice-presidentes denunciados por corrupção.

A lei cria filtros na escolha de dirigentes das companhias estatais que devem desestimular as indicações políticas que tenham objetivos escusos. Não é o caso de demonizar a política e nem de acreditar que a introdução de pré-requisitos a serem seguidos na escolha de presidentes e vice-presidentes das empresas públicas serão suficientes para varrer a corrupção dessa seara. É bom lembrar que o esquema do “petrolão” foi viabilizado por funcionários técnicos da Petrobras posteriormente adotados por partidos políticos.

O estatuto da Caixa já traz, também, o limite para o banco gastar com plano de saúde dos seus funcionários, fixado em 6,5% da folha de salários de 2017.

Segundo o secretário da Sest, os Correios terão que migrar da prestação de serviços postais para o e-commerce, encomendas e logística, nos moldes da parceria com a empresa aérea Azul. Deverá explorar, também, a venda de produtos financeiros nos seus balcões espalhados por todo o país, tais como seguros e títulos de capitalização.

No caso da Infraero, a empresa aeroportuária está com uma sobra de 4 mil funcionários. As empresas privadas levaram os ativos e a estatal ficou com os funcionários. Estuda-se várias propostas de parceria com o setor privado para reestruturar a Infraero, inclusive com a venda do controle da empresa.

Participação da União no BB cairá para 50,7%

Publicado em: 08/05/2017

A União vai ficar próxima ao limite da participação mínima necessária para manter o controle acionário do Banco do Brasil. O Tesouro determinou na sexta-feira a venda das ações do banco público detidas pelo fundo soberano. A operação, que já havia sido anunciada pelo governo no ano passado, será realizada ao longo dos próximos 24 meses.

Após a negociação, que pode se estender até maio de 2019, a participação da União no capital do BB cairá de 54,4% para 50,73%. O fundo soberano detém 3,67% das ações do banco BB, o equivalente a pouco menos de R$ 3,5 bilhões, com base na cotação de fechamento na bolsa na sexta-feira. Os recursos com a venda vão ajudar no cumprimento da meta de primário pelo governo central, mas ainda não é possível saber se o efeito da medida será mais concentrado neste ano ou em 2018. O Tesouro recomendou que a operação de venda aconteça da forma mais neutra possível para evitar pressões sobre o preço das ações do BB.

A margem da União no controle do banco vem caindo desde 2015, quando a participação passou de 57,9% para 57,7% após o governo se desfazer de uma pequena parcela das ações do fundo soberano para reforçar as contas públicas. A operação, feita na época sem aviso prévio ao mercado, provocou forte oscilação nas ações do BB.

No ano passado, a União perdeu mais 3% do controle do banco. As ações, que foram usadas para capitalizar o Fundo Garantidor da Construção Naval (FGCN), tiveram de ser entregues aos credores da Sete Brasil, fornecedora de sondas da Petrobras que entrou em recuperação judicial. Esses credores tinham operações cobertos pelo fundo naval.

Apesar da queda na participação que ocorrerá nos próximos 24 meses, o risco de o governo perder efetivamente o controle da instituição é pequeno mesmo que eventualmente a participação caia abaixo dos 50%. Isso porque o segundo maior acionista individual é a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do BB, que tem 9,97% do capital da instituição financeira. Outro acionista sobre o qual o governo também possui influência é o FI-FGTS, que também recebeu parte das ações detidas pelo fundo que garantia os empréstimos da Sete Brasil.

A decisão do Tesouro de vender a participação do fundo soberano deverá pressionar a cotação das ações do BB, principalmente na abertura dos mercados nesta segunda-feira. A avaliação de integrantes do governo, porém, é que o movimento será de curtíssimo prazo. A partir do momento que o mercado entender que a operação será feita de forma gradual, a cotação voltará a normalidade, segundo um interlocutor.

A venda das ações do BB deve pôr fim ao fundo soberano brasileiro. Criado em 2008, em um período em que o governo contou com uma folga fiscal, esse bolsão de recursos tinha como objetivo promover investimentos em ativos no país e no exterior. Na prática, no entanto, foi usado apenas para investir em ações de empresas estatais.

Em 2010, o fundo aplicou em papéis da Petrobras no processo de capitalização da empresa. Foi nesse mesmo ano que o fundo comprou ações do BB e teve seu maior valor patrimonial, atingindo R$ 18,764 bilhões. Atualmente, o patrimônio do fundo conta apenas com os papéis do BB e títulos públicos. (colaborou Eduardo Campos)

Fonte: Valor Econômico

Empréstimo ao Rio deve ficar próximo de R$ 3 bi, diz presidente do BB

Publicado em: 16/03/2017

Segundo o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, o empréstimo que banco pode conceder ao Estado do Rio de Janeiro com base na privatização da Cedae deve ficar na casa dos R$ 3 bilhões.

De acordo com Caffarelli, do lado da Assembleia Legislativa do Estado já foi dada autorização para a privatização da empresa de saneamento, falta agora a alteração na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que permitirá o Rio pegar esse empréstimo.

O empréstimo com lastro em receita da privatização da Cedae está entre as medidas de auxílio fiscal estudadas para ajudar o Estado que já decretou calamidade financeira.

Ontem, a Câmara dos Deputados aprovou regime de urgência para a tramitação do projeto de recuperação fiscal, que poderá ser votado diretamente em plenário, sem passar pelas comissões.

Fonte: Valor Econômico