Ranking mostra os melhores bancos digitais e tradicionais; veja vencedores

Publicado em: 27/06/2025

Para um banco ser considerado bom é preciso muito mais do que um bom relacionamento. O Ranking de Experiência Digital 2025, avaliação do setor financeiro em jornada do cliente, inovação e confiança digital, feito pela empresa de tecnologia idwall, mostra isso. No quesito experiência digital, por exemplo, os bancos C6 Bank e Itaú lideram, mas outras instituições se destacam quando outros fatores são considerados.

O estudo que embasa o ranking foi conduzido com metodologia robusta, combinando testes objetivos de usabilidade em ambiente controlado com uma pesquisa quantitativa envolvendo 4.421 usuários de 21 instituições financeiras — sendo 10 bancos tradicionais e 11 digitais.

A análise, que tem índice de confiança de 95%, abrangeu cinco temas principais totalizando 147 pontos de avaliação em processos como onboarding, Pix, investimentos e mudança cadastral.

Experiência;
Segurança;
Portfólio;
Encantamento do cliente;
Acessibilidade.

O onboarding é o período de cadastro do usuário, ou seja, é aquela etapa em que o cliente está criando a conta. Os bancos digitais se distinguem neste quesito, principalmente na etapa de preenchimento de campos, que se mostrou mais ágil entre todas as categorias.

Veja os vencedores:

Categoria jornada geral – Avaliação em onboarding, mudança cadastral, Pix e investimentos:

Bancos Digitais: 1º C6 Bank; 2º Inter e 3º Neon;
Bancos Tradicionais: 1º Itaú; 2º Sicredi e 3º Bradesco.

Categorias Específicas

Melhor onboarding digital: 1º PagBank; 2º Picpay; 3º Mercado Pago;
Melhor relacionamento com o cliente: 1º PicPay;
Encantamento do Cliente: 1º Bradesco;
Instituição que mais evoluiu no ranking: BMG.

Os resultados revelam, segundo o estudo, como as instituições financeiras estão enfrentando o desafio constante de equilibrar segurança digital com uma experiência fluida e satisfatória. “Em um cenário em que quase metade dos encerramentos de conta ocorre por falta de uso, manter a relevância exige mais do que tecnologia — demanda a capacidade de oferecer operações seguras de ponta a ponta sem gerar fricções desnecessárias”, diz o levantamento.

O que cada instituição mostrou de bom?

Segundo o estudo, o C6 Bank, que lidera entre os bancos digitais, se destacou em um cenário em que agilidade na abertura de conta (valorizada por 51,43% dos entrevistados), praticidade no aplicativo e confiança são atributos cada vez mais decisivos para a escolha da instituição.

Já o Itaú, primeiro colocado entre os bancos tradicionais, figura entre os cinco bancos mais utilizados e mais confiáveis, mostrando que reputação e segurança — apontados por 67,69% como os principais motivadores na escolha de um banco — continuam pesando nas decisões dos clientes.

O PicPay, vencedor na categoria de melhor relacionamento com o cliente se destacou pela qualidade no atendimento. Hoje, este é o fator número um na escolha da conta principal, superando até mesmo a reputação da marca, segundo o levantamento.

O Bradesco, que levou a categoria de encantamento, é um dos bancos com maior taxa de uso mensal (62,19%) e forte presença no imaginário dos brasileiros, enquanto o BMG, instituição que mais evoluiu, representa o movimento de ascensão de novos bancos atentos às necessidades de usabilidade, personalização e confiança.

Fonte: Valor Investe

Bancos lideram com folga lista de principais réus em ações consumeristas

Publicado em:

Um levantamento exclusivo feito pela plataforma de inteligência jurídica Jusbrasil, a pedido da revista eletrônica Consultor Jurídico, com dados de cinco Tribunais de Justiça do país, mostra que a imensa maioria das ações consumeristas brasileiras é movida contra os bancos. Eles foram réus em 1,2 milhão de processos distribuídos na primeira instância dos estados de São Paulo, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná e Bahia entre janeiro de 2023 e maio de 2025.

Proporcionalmente, outros setores podem ser mais reclamados, considerando o tamanho da clientela. Mais de 200 milhões de brasileiros têm algum tipo de relacionamento com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e o número de contas bancárias ativas é superior a 1,2 bilhão.

Mas o número bruto dos bancos é muito superior ao de todos os demais setores mapeados. Sem contar a categoria “outros” (620,8 mil processos), que pode englobar empresas de escopos muito distintos, o segundo setor na lista de disputas sobre Direito do Consumidor é o de fundos de investimento e instituições de crédito, com 504,4 mil ações. Na sequência, vêm companhias aéreas (266 mil); distribuidoras de água, energia e saneamento (256,6 mil); e varejistas (220 mil).

O Jusbrasil identificou um total de 4,6 milhões de processos distribuídos nesse período nos cinco estados analisados. O levantamento ainda mostra os temas mais comuns dessas ações: dano moral (dois milhões); dano material (um milhão); cláusulas e práticas abusivas (657,8 mil); rescisão de contrato (288,3 mil); inclusão indevida em cadastro de inadimplentes (233,7 mil); e empréstimo consignado (227,9 mil).

A advogada Fabíola Meira, sócia do escritório Meira Breseghello Advogados, especializado em Direito das Relações de Consumo, destaca que o serviço bancário “historicamente lidera os rankings de litigiosidade”, pois é “um setor essencial, de grande penetração social, com contratos massificados e linguagem técnica frequentemente de difícil compreensão para o consumidor”.

De acordo com ela, é comum que o cliente de banco “não se atente aos riscos envolvidos, às taxas aplicáveis e às condições de pagamento”.

Por outro lado, Fabíola indica também a existência de um número significativo de “ações movidas após contratações voluntárias e regulares, com discussões centradas em cláusulas previamente informadas — evidenciando, muitas vezes, um padrão de litigância abusiva”.

Já Igor Marchetti, advogado do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), ressalta o aumento de golpes e falhas de segurança — algo que atinge não só os bancos, mas também os fundos de investimento. Só no primeiro trimestre de 2025, foram quase 1,9 milhão de tentativas de fraude em bancos e cartões.

Embora a jurisprudência seja consolidada no sentido de que bancos são responsáveis por falhas na prestação do serviço, o advogado observa que a postura dessas instituições financeiras não muda: elas aguardam os casos chegarem ao Judiciário, pois sabem que os valores da condenação não serão impactantes.

“A resistência dos bancos e a dificuldade de resolver administrativamente são os principais motivos desse número bem expressivo.”

Há também o problema histórico do endividamento da população. Segundo Marchetti, os clientes têm dificuldade de renegociar termos dos contratos e acabam prorrogando os prazos pelo dobro ou até triplo do tempo original.

Na sua visão, os bancos têm índices altos de judicialização porque lidam com uma parte sensível da vida das pessoas: o orçamento, que pode afetar até mesmo a alimentação. Outros fatores citados por ele são as taxas de juros excessivas e as cláusulas abusivas.

Por fim, o advogado destaca que a imensa maioria das pessoas tem conta em bancos — muitas vezes, em mais de um. Isso “aumenta a possibilidade de problemas” como fraudes, má prestação de serviços e contratos abusivos.

Demais setores

Sobre os fundos de investimento, Marchetti cita a falta de transparência para o consumidor: “Muitas vezes a pessoa faz um investimento, mas não sabe da rentabilidade, das regras, das condições”.

Algo comum entre as primeiras posições do ranking de judicialização consumerista, segundo ele, é “uma fragilidade regulatória”. Isso ocorre, por exemplo, com os bancos, regulados pelo Banco Central, e com as companhias aéreas, reguladas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

“O consumidor muitas vezes fica à mercê de ter de entrar com um processo para conseguir a resolução do problema. Administrativamente não é viável porque, muitas vezes, as agências ou o próprio Banco Central não agem da forma como seria esperado para o consumidor.”

Os processos contra companhias aéreas geralmente tratam de problemas “clássicos” como cancelamentos de voos, atrasos, mudanças de horários, extravios de bagagem e overbooking (venda de mais passagens do que a real capacidade da aeronave). Marchetti afirma que o número está relacionado a “condutas bastante problemáticas” das empresas.

“Trata-se de um serviço que, por sua natureza, afeta situações envolvendo compromissos e altas expectativas, o que intensifica o grau de insatisfação diante de qualquer falha”, diz Fabíola Meira. “Ainda que muitas regras estejam dispostas nos contratos de transporte e regulamentos da Anac, a baixa compreensão pelo consumidor das condições tarifárias e operacionais gera frustração e questionamentos.”

Ela ainda observa que “listas de passageiros são obtidas por plataformas litigantes, o que acaba gerando o excesso de demandas, ainda que tenha sido prestado suporte ao cliente”.

No caso das concessionárias de serviços públicos essenciais, como água, energia elétrica e saneamento, a advogada explica que as ações geralmente têm origem em “interrupções, cobranças que o consumidor não compreende, erros de leitura e dificuldades de contestação administrativa”.

Marchetti também cita problemas específicos como má qualidade da água, mas ele entende que a maioria dos processos é sobre cobranças indevidas e excessivas, fora da média de consumo: “A pessoa durante 11 meses paga um valor. De repente, no 12º mês, vem um valor quatro vezes maior do que a média. Isso é uma reclamação recorrente”.

Fabíola defende que as empresas tenham canais de atendimento de qualidade, invistam em medidas de contenção para eventos climáticos adversos e escutem a população vulnerável, de forma a melhorar os serviços e diminuir a judicialização.

Por fim, no varejo, os especialistas identificam um aumento causado pela popularização do comércio eletrônico. A advogada lista desafios decorrentes disso: “Maior número de consumidores, fornecedores distintos reunidos em marketplaces, dificuldades logísticas que impactam nos prazos, na devolução, arrependimento ou troca”. A falta de compreensão ou até de acesso a informações por parte dos consumidores também pesa na conta.

De acordo com Marchetti, o crescimento das compras online gera mais “descumprimentos de ofertas, entregas não realizadas, problemas de logística das empresas e vícios dos produtos”. Mas ele ressalta que o número de processos contra esse setor sempre foi “bem expressivo”.

Motivos gerais

Para Fabíola, o elevado volume de demandas judiciais contra os setores que ocupam as primeiras posições do ranking “decorre, em grande parte, de características estruturais de cada segmento, combinadas à vulnerabilidade informacional do consumidor e à própria complexidade da dinâmica de consumo de tais serviços e produtos”.

Já Marchetti destaca a “dificuldade para a resolução extrajudicial por parte dos consumidores”. Segundo ele, muitas vezes os problemas poderiam ser resolvidos fora da Justiça, mas as empresas “consideram que é mais vantajoso aguardar um processo judicial”.

Na opinião do advogado, isso acontece porque nem sempre o consumidor de fato vai judicializar a questão. E, mesmo se judicializar, os valores das condenações costumam ser baixos e indenizações por dano moral muitas vezes são negadas.

“Há um incentivo ao desrespeito”, avalia. “As empresas consideram que as ações judiciais são interessantes porque, no cálculo, fica mais vantajoso resolver o problema daqueles que ingressam com ação do que mudar todo o seu sistema.”

Ele defende uma postura mais incisiva do Judiciário quanto a essas ações consumeristas, “para que esses réus não se tornem estimulados a continuarem sendo réus”. Segundo Marchetti, se as empresas conciliassem com o consumidor e buscassem resolver os problemas administrativamente, o número de ações diminuiria.

No entanto, a atitude delas geralmente é “reativa”. Quando os Procons enviam notificações, as empresas (especialmente as grandes), na prática, adotam uma resposta padrão e não resolvem o problema relatado. Mais tarde, isso é usado como argumento na Justiça pelos consumidores, que podem também alegar desvio produtivo pelo tempo gasto no procedimento administrativo.

Maira Scavuzzi, advogada de Direito Empresarial e do Consumidor, ressalta que os setores mais demandados operam em larga escala e engajam milhões de consumidores, pois “ofertam serviços essenciais ou de alto impacto para a vida cotidiana”.

De acordo com ela, a judicialização é fruto “da massificação e da padronização das relações contratuais, da ineficiência persistente dos canais extrajudiciais de resolução de conflitos e da assimetria informacional que geralmente permeia as interações entre fornecedores e consumidores, marcadas por contratos de adesão, linguagem técnica ou baixa transparência”.

Com isso, o Judiciário se torna a “única via eficaz de reequilíbrio das relações entre a empresa (ou o Estado) e o consumidor”. Os Juizados Especiais, nos quais é possível mover ações sem a assistência de um advogado, facilitaram o acesso à Justiça e permitiram “a absorção desse tipo de demanda”.

“A judicialização massiva nos setores em exame evidencia os dilemas de uma sociedade hipercomplexa, em que as relações de consumo são regidas por lógica algorítmica, o atendimento se desumaniza e o cidadão, ao mesmo tempo em que é empoderado pelo discurso dos direitos, vê-se desamparado pelos meios extrajudiciais de solução de conflitos”, diz Maira. “A demanda judicial surge, então, como reação a um desequilíbrio sistêmico.”

Segundo Fabíola, a judicialização é um reflexo natural, mas não inevitável, da falta de estratégias preventivas eficazes nos setores com alto número de consumidores e contratos de adesão.

Ela sugere algumas medidas para “mitigar esse quadro”. Eis algumas delas: melhoria do atendimento ao consumidor (inclusive após a venda) e dos canais usados para isso; desenvolvimento de programas de integridade e revisão periódica de contratos; adoção de formas de resolução de conflitos, especialmente a plataforma consumidor.gov.br; e uso de mecanismos para identificar “litigiosidade abusiva” e apontá-la ao Judiciário.

Fonte: Consultor Jurídico

Tecnologia e customização transformam relações dos bancos com os clientes

Publicado em: 18/06/2025

A concorrência no setor financeiro tornou a experiência do cliente uma das principais apostas de diferenciação entre os bancos. Na última pesquisa da Febraban, divulgada este mês, customização e inovação foram os dois itens mais relevantes na estratégia das instituições.

O presidente do Bradesco, Marcelo Noronha reforçou a importância da inteligência artificial (IA) e da IA generativa (GenIA) – que cria conteúdos a partir de comandos em linguagem natural – no processo de personalização da experiência bancária e citou a evolução da Bia, a assistente virtual do banco. “Temos investido de maneira brutal no ganho de eficiência, aumentando nossa produtividade para ampliar nossa competitividade no curto e longo prazo. A nova Bia GenIA já atende 24 milhões de correntistas no campo informacional”, disse.

A IA generativa também tem atuado no suporte a negócios, visando a hiperpersonalização, com novos modelos de crédito, de risco e de prevenção à fraude, incrementando a produtividade.

Nesse novo cenário, Noronha acredita em uma combinação de posicionamentos. As transações digitais se somam às redes físicas, com ampliação da segmentação e deslocamento da força de vendas para atender aos clientes de alta renda e às empresas. Outra frente de crescimento é o Bradesco Expresso, solução física e digital criada para identificar estabelecimentos autorizados a atuar como correspondentes bancários. “Temos 39 mil pontos em todas as cidades do Brasil.”

Os investimentos em tecnologia no Santander vêm transformando a relação do banco com os clientes, segundo o presidente Mario Leão. Como exemplo, ele citou a Prospera, iniciativa de microcrédito voltada aos produtores de baixa renda no Norte e Nordeste. “Temos uma carteira de quase R$ 4 bilhões e conseguimos fazer esse negócio, de crédito pequeno, escalar com muita tecnologia. Hoje, com iPads conseguimos estar em regiões onde não temos lojas. Nossos agentes atuam em cada venda apoiando microempresários conectando tecnologia ao fator humano. Em breve, vamos evoluir com GenIA para os canais da Prospera”, disse Leão. O Santander lançará um “superapp”, usando IA generativa para oferecer serviço customizado.

O desafio da Caixa difere dos demais, por suas características específicas como banco público, já que realiza pagamentos de benefícios sociais. Só em maio, seus canais digitais registraram 4,4 bilhões de transações no internet banking, respondendo por 20% a 25% da movimentação de Pix no país. “Temos que ter muito cuidado com a segurança para que essas transações ocorram sem interferências. Estamos blindando nosso sistema com inteligência artificial”, disse Carlos Vieira, presidente da Caixa.

“Conseguimos fazer o negócio de crédito pequeno escalar. Com iPads chegamos onde não temos lojas”, argumenta Mario Leão.

Além disso, o banco está em vias de adotar nova modalidade de financiamento imobiliário, de acordo com Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, em virtude da redução dos investimentos na caderneta de poupança, que financia o setor. A ideia é um novo modelo de funding com captação em mercado.

O BTG Pactual exibe jornada oposta. Sem agências e agora voltado para um público de varejo de alta renda, o banco se valeu da digitalização para construir um novo negócio, já que nasceu com foco no atacado. Os investimentos em IA resultaram em ganhos de produtividade de 75% em atendimento e de 30% em programação. “São números estarrecedores para nós, que temos plataforma relativamente recente”, disse Roberto Sallouti, presidente do BTG Pactual. “Cada cliente é um cliente diferente. Há clientes que conseguimos monetizar o relacionamento com crédito, outros com investimento. A competição vai aumentar. Se não usarmos os dados para nos diferenciarmos, não conseguiremos crescer”, conclui Sallouti.

Fonte: Valor Econômico

Bancos tradicionais são favoritos das MPMEs, mas digitais predominam entre MEIs

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Bancos tradicionais ainda são os favoritos do segmento de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), enquanto bancos digitais e adquirentes (as donas das “maquininhas”) vêm conquistando espaço e já são predominantes entre microempreendedores individuais (MEIs).

Isso é o que aponta a pesquisa “Desafios Financeiros para atender Micro, Pequenas e Médias Empresas”, feita pela consultoria Oliver Wyman e disponibilizada antecipadamente ao Valor.

O levantamento, realizado entre abril e maio deste ano, traz um panorama dos desafios financeiros das MPMEs, e das dificuldades dos bancos tradicionais e fintechs para atender às demandas desse segmento, que representa 26,5% do Produto Interno Bruto (PIB), e foi responsável pela criação de 72% dos empregos formais em 2024, somando 1,2 milhão de novos postos de trabalho.
A pesquisa foi feita com base na consulta de mil MPMEs de todas as regiões do Brasil que estão em atividade há menos de um ano, há cinco anos, ou mais de 10 anos. Foram compilados dados de empresas dos mais diversos setores, como comércio, indústria, agricultura, tecnologia e telecomunicações.

“Micro, pequenas e médias empresas são um segmento de cliente em que os bancos buscam focar, atender bem e pensam em como reter e servir. O estudo serve para personificar os diferentes arquétipos de clientes que estão distribuídos nesse segmento”, diz André Mascarenhas, diretor da prática de capital privado e serviços financeiros da Oliver Wyman.

Quando analisado o porte das MPMEs, a representatividade dos grandes bancos (classificados como S1 pelo Banco Central) é mais alta nas empresas maiores, enquanto os bancos digitais têm forte presença nos empreendedores individuais.

Entre MEIs, o volume de empreendedores com a conta principal em bancos digitais chega a 41%, parcela que chega a 58% quando somadas as adquirentes, enquanto os bancos S1 têm 37%. A situação se inverte nas pequenas e médias, que têm a conta principal em grandes bancos em 68% e 73% dos casos, enquanto bancos digitais representam 17% e 15% delas, respectivamente.

Como principal razão para essa divisão, Mascarenhas destaca a explosão da criação de novos MEIs, que somaram 3 milhões de novas contas só no ano passado.

“O ‘boom’ de novas contas digitais em fintechs e em bancos digitais aconteceu no mesmo período. Então, isso não significa necessariamente que os grandes bancos estão perdendo clientes, por exemplo. Só que os bancos digitais estão sendo capazes de capturar o nascimento de novas contas e estão tendo algum sucesso em manter esse tipo de cliente dentro do seu ecossistema”, afirma.

A longevidade das empresas também é fator fundamental na escolha entre instituições financeiras. Para 50% das empresas com menos de um ano, os bancos digitais são os principais meios de relacionamento e onde possuem conta corrente ativa. Já 65% das empresas com mais de dez anos de atuação têm como principal canal de serviços os bancos tradicionais.

“Uma hipótese que a gente pode trabalhar é que quanto maior a empresa, ela acaba sendo mais antiga, e a sofisticação dos produtos financeiros que elas buscam só existe em um banco maior (…) Uma modalidade de crédito privilegiada, um limite um pouco maior e conseguir renegociar dívidas, por exemplo”, diz.

A pesquisa também mediu a fidelidade do setor de MPMEs e apontou que 97% dos empreendedores têm a conta principal na mesma instituição financeira que usavam no ano passado, e 90% têm como conta de crédito a mesma instituição da conta para movimentação diária. Além disso, 83% têm como principal, para fazer investimentos a mesma instituição que usam para movimentações.

Apesar disso, o levantamento mostrou que pelo menos um terço tem intenção de trocar de banco.

Na conta principal, 33% têm propensão alta ou média para mudar, e os três principais motivos são juros ou custos menores (56%), acesso a crédito ou limite maior (29%) e rentabilidade mais atrativa (26%).

Para as instituições principais na oferta de crédito, há propensão alta ou média de 35% e juros e custos menores (72%) são o fator mais decisivo, seguido por limite maior (37%) e melhores condições de pagamento (17%).

Considerando as instituições de investimentos, 38% têm propensão média ou alta para mudar, e a rentabilidade melhor (51%) é o principal atrativo, junto com custo menor (39%) e melhores condições de investimento (26%).

Na visão do diretor da Oliver Wyman, a predominância da busca por propostas de menor custo e juro se daria por três motivos, um macroeconômico e dois de percepção dos empresários.

“Tem a questão dos juros, porque, querendo ou não, as entidades financeiras precisam remunerar o capital que estão alocando para poder operar. Tem também a noção do empresário de sempre estar buscando uma melhor condição para crédito, rentabilidade e investimentos, o que acho natural, até mesmo do brasileiro. E também tem um fato que a gente escutou por muito tempo, de que instituições financeiras cobravam muitas taxas. Ainda que talvez, no cenário de hoje, isso já não seja mais verdade, já que as grandes instituições pararam de cobrar a maioria das suas taxas”, diz.

De acordo com a pesquisa, capital de giro é a maior necessidade financeira das MPMEs, apontado por 38% delas. Recursos para investimentos foram apontados por 37%. Inovação e experiência do cliente (33%), aquisição de clientes (21%) e redução de dívidas (20%), fecham as cinco principais prioridades. Treinamento de funcionários (10%) e seguros (7%) completam a lista.

Segundo o levantamento, entre as empresas mais jovens (com menos de um ano), o crédito é o principal desafio, apontado por 52% delas, ante 30% das MPMEs com 6 a 10 anos.

Quando avaliado o porte, 49% dos MEIs colocam a obtenção de crédito como principal desafio, índice que vai para 22% nas empresas de médio porte. Recurso para investimentos é o principal desafio entre as empresas do setor de agricultura, com 61% das respostas, o que se repete para 30% das empresas do setor de atividades profissionais ou de comércio consultadas pela Oliver Wyman.

Mais de dois terços (71%) das MPMEs contratam atualmente alguma modalidade de crédito, sendo a antecipação de recebíveis e o crédito rotativo as mais acessadas, ambas com 59% de presença entre os respondentes. Financiamento com garantia (55%), capital de giro (44%), microcrédito (33%), consórcio (28%) e financiamento imobiliário (23%) completam a lista.

O setor de agricultura é o com mais tomadores de crédito, com 84% recorrendo a essa modalidade. Quanto maior o porte, maior a proporção de MPMEs com crédito, variando de 50% entre as MEIs a 84% nas empresas de médio porte. O estudo ressalta que o acesso ao crédito é um desafio importante para as empresas mais jovens, pois apenas 40% das que têm menos de um ano de existência conseguem crédito.

Investimentos e serviços financeiros contratados

De acordo com a Oliver Wyman, 78% das MPMEs possuem investimentos, com poupança e CDBs sendo os produtos mais citados entre os entrevistados, com 63% e 49% de presença respectivamente. Fundos de investimento (40%), tesouro direto (27%), crédito privado (23%) e consórcio (23%) vem na sequência como escolhas citadas.

Há também um total de 38% de empreendedores que têm ações do mercado financeiro como investimento e 32% ficaram na categoria “outros”, que inclui fundos imobiliários, commodities, moedas estrangeiras e criptoativos, por exemplo.

Questionado se o perfil do empreendedor surpreende ao mostrar um apetite maior por investimentos de risco, Mascarenhas diz que a proximidade da pessoa física com a pessoa jurídica em MPMEs explica a opção por ações e também a predominância da poupança como investimento mais citado.

“A gente está falando de um universo de clientes que pode acabar misturando bastante a vida pessoal com a vida financeira (…) Os clientes falam que eles têm uma sobreposição da vida pessoal com a vida de empresário. Ainda que a gente tente deixar claro o tempo todo que é sobre a empresa, eles acabam colocando até as finanças pessoais como as finanças da empresa”, diz o diretor da Oliver Wyman

Além disso, a maturidade da empresa influencia diretamente. Segundo o levantamento, mais de 80% dos empreendimentos com mais de 4 anos de atividade têm algum tipo de investimento, enquanto apenas metade das empresas com 1 ano têm alguma aplicação.

O estudo também aponta que os serviços para receber pagamentos, como adquirência, são essenciais e contratados por mais de 85% das MPMEs. O setor de comércio, em particular, utiliza quase a totalidade dos serviços de adquirência.

Outros serviços financeiros amplamente contratados incluem a emissão de boletos (63%), seguros (61%), serviços fiscais (61%), cartão de crédito corporativo (59%), gestão da folha (52%) e gestão da cobrança (51%).

Fonte: Valor Econômico

Fatia dos 5 grandes bancos no novo consignado privado deve subir a 65%

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O novo consignado privado já acumula R$ 15,850 bilhões concedidos, mas a fatia dos cinco grandes bancos (Itaú, Santander, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa) ainda é relativamente pequena na nova linha, de 45%. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), esse porcentual deve subir nos próximos meses e chegar a 65% em outubro. Além disso, o presidente da entidade, Isaac Sidney, diz que as taxas de juros cobradas no produto vão cair.

Segundo dados divulgados pela Febraban, a taxa média no novo consignado é de 3,58%, mas no cinco grandes bancos é bem menor, de 2,58%. Excluindo os cinco grandes da conta, a média das demais instituições é de 4,43%. “A taxa média dos cinco maiores bancos é quase a metade da taxa média das demais instituições ofertantes. Claramente, dá para concluir que os ofensores do novo crédito consignado não são os maiores bancos, que estão puxando a média geral para baixo.”

O executivo aponta que a taxa cobrada pelos cinco grandes passou de 2,51% em abril para 2,55% em maio e 2,58% agora, em uma curva quase estável. Isso ocorre a despeito do público que tem buscado a nova linha nesses primeiros meses, formado por trabalhadores de empresas menores, com maior rotatividade e renda mais baixa. “Enquanto a participação dos cinco maiores bancos saltou de R$ 2,83 bilhões para R$ 7,31 bilhões em dois meses, a taxa média de juros praticamente se manteve estável, mesmo com um público tomador mais diversificado e que oferece maior risco de crédito.”

A Febraban estima que o novo consignado privado chegará a R$ 31,8 bilhões em outubro, quando a fatia dos cinco grandes deve atingir 65%. De qualquer forma, a entidade afirma que ainda não está nada satisfeita com o atual patamar dos juros praticados no novo consignado e que há um bom potencial de queda das taxas com o amadurecimento do produto.

Segundo a federação, ainda que possa ter havido, em alguns casos, a cobrança de taxas bem elevadas e até mesmo abusivas – prática que a Febraban condena – a nova linha de consignado tem potencial para proporcionar ofertas mais atrativas para que os trabalhadores possam tomar crédito mais barato do que tinham acesso ou para que possam migrar dívidas mais caras, como empréstimos sem garantia, em condições de juros e prazo melhores.

A queda nos juros deve vir de diversos fatores, como a migração do consignado antigo para a nova modalidade; evolução natural dos modelos de risco de créditos das instituições; implementação do processo de portabilidade do novo crédito (que começou no último dia 6); funcionamento de toda a dinâmica operacional do eSocial, que viabilize efetivamente o controle e a averbação da margem consignável; migração automática do contrato de consignação para a nova empresa, no caso de mudança de emprego; e a implementação, a partir de julho, do processo para que possa ser usado 10% do saldo do FGTS como garantia.

“O uso do FGTS como garantia com certeza vai sair em julho, é um processo que estou acompanhando bem de perto. A regulamentação está para sair”, diz Sidney.

A manifestação da Febraban ocorre após a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) apresentar ao Ministério do Trabalho (MTE) um levantamento mostrando que 20.734 funcionários de supermercados tomaram o novo consignado a juros médios de 6,98%.

“Ao contrário do alarmismo da Abras, a Febraban se mantém bastante otimista em relação à evolução da nova linha de consignado, que deverá alcançar um público de enorme amplitude e proporcionará aos trabalhadores taxas significativamente menores do que as que tinham acesso antes de sua implementação”, diz a representante dos bancos.

Ontem, o Ministério da Fazenda divulgou um levantamento apontando que a migração de empréstimos mais caros para o novo consignado é um dos fatores responsáveis pelas taxas mais altas observadas nesses primeiros meses da linha. O estudo analisou dados das 49 instituições financeiras que atuam no programa. Entre as 41 que não faziam consignado privado antes, a taxa média ficou em 4,39%, ante 2,76% nos oito bancos que já trabalhavam com esse produto.

“Em geral, são instituições representadas por financeiras e bancos de menor porte, com perfil histórico de atuação em modalidade de empréstimo pessoal sem garantia, para clientes com maior perfil de risco de crédito, a taxas de juros mais elevadas. A taxa média dessas instituições novatas na modalidade de consignação [4,39%] é substancialmente inferior às taxas das demais operações de empréstimo pessoal sem garantia, com valores superiores a 6% e podendo chegar à faixa dos 15%”, diz a Fazenda.

Fonte: Valor Econômico

Bancos têm queda de 21% em volume nos canais de atendimento ao cliente

Publicado em: 30/03/2025

Os bancos brasileiros tiveram uma queda de 21% no volume de operações nos seus canais de atendimento interno e externo. Segundo levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) com dados de 33 instituições financeiras, no ano passado foram realizados 130 milhões de registros.

De acordo com o relatório, o declínio é, sobretudo, atribuído à crescente eficiência das instituições financeiras em suprir as necessidades dos consumidores, bem como ao aprimoramento na qualidade dos produtos e serviços oferecidos, o que faz com que os clientes resolvam sozinhos suas necessidades, resultando na diminuição da necessidade de atendimento pelos canais dos bancos.

As demandas de atendimento ainda se concentram nos canais telefônicos, representados pela Central de Atendimento ao Consumidor (CAC), pelo Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) e pela Ouvidoria, que, em conjunto, responderam por 88% do total de atendimentos em 2024. Depois vêm os canais digitais (11,4%), Banco Central (0,3%), Procon (0,3%) e consumidor.gov.br (0,2%).

Nos canais digitais, o chat se destaca, representando cerca de 85% dos atendimentos. O “fale conosco” fica com 7,8%, redes sociais com 5,5%, e-mail com 0,2% e outros com 2%.

“Os indicadores de atendimento refletem esforço contínuo dos bancos em atender às demandas e resolver os problemas dos consumidores, na busca de sua satisfação máxima com os serviços bancários”, afirma em nota Isaac Sidney, presidente da Febraban.

“O consumidor de hoje exige mais criatividade, atenção e diligência. Os bancos ampliaram a disponibilidade e acessibilidade dos canais digitais, ajustando a experiência do consumidor aos novos hábitos e preferências”, acrescenta Amaury Oliva, diretor de cidadania financeira e relações com o consumidor da entidade.

Entre os assuntos mais demandados pelos clientes estão cartão de crédito (37%), conta corrente (9%), cartão de crédito consignado (6%) e financiamento de veículos (5%).

Fonte: Valor Econômico

Bancos seguirão cautelosos com crédito em 2025, aponta Fitch

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O mercado de crédito no Brasil deve ter um ritmo de crescimento mais moderado em 2025. A tendência é que os bancos adotem uma postura mais cautelosa, em meio ao cenário de juros altos no País. A avaliação é de Nicole Lazari, diretora associada da área de instituições financeiras da Fitch Ratings, que participou de evento online da agência de classificação de risco nesta quarta-feira (26/3).

“Os bancos estão mais cautelosos e aprenderam com os desafios dos últimos anos, ajustando estratégias para mitigar riscos”, disse Nicole. De acordo com ela, as instituições estão priorizando operações de crédito com garantia e menor nível de risco, a fim de preservar a qualidade dos ativos.
Endividamento

O desemprego, que atingiu a menor taxa da história em 2024 segundo o IBGE, vem contribuindo para sustentar a capacidade de pagamento dos consumidores, afirmou Nicole. Por outro lado, são pontos de atenção o endividamento das famílias – mais de 48% ao final de 2024, conforme o Banco Central (BC) – e o comprometimento de renda com dívidas – que beira os 27%.

No caso das pequenas e médias empresas (PMEs), ela citou que a situação macroeconômica no País exerce uma pressão negativa. “É um segmento que deve continuar enfrentando desafios importantes. Houve um aumento forte nos pedidos de recuperação judicial, que bateram recorde em 2024”, afirmou Nicole.

Para Raphael Nascimento, diretor da área de instituições financeiras da Fitch, é possível resumir 2024 como um ano de forte expansão do resultado operacional dos bancos. “Os maiores bancos conseguiram aumentar a margem financeira líquida pós-provisões e controlaram despesas”, disse.

Segundo Nicole, apesar dos juros elevados, os bancos digitais em geral mantiveram a expansão de suas carteiras de crédito em 2024, num ritmo mais contido. O crescimento foi puxado principalmente pelo crédito não consignado (sem garantia).
Consignado privado

Raphael também citou o novo consignado privado como uma oportunidade para as instituições financeiras. “É uma oportunidade para os bancos crescerem em volume, com menor risco”, afirmou.

A modalidade foi lançada neste mês pelo Governo Federal e entrou em operação em 21/3. Com exceção da Caixa Econômica Federal, nesta fase inicial, os grandes bancos ainda não estão ativos na oferta do produto.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o novo consignado privado já soma mais de R$ 340 milhões em empréstimos. Desde a última sexta-feira (21/3), foram firmados 48.170 contratos, com valor médio de R$ 7.065,14 por trabalhador. As solicitações de crédito, por sua vez, passaram de 8,7 milhões.

Fonte: Finsiders

Bancos reforçam modelo híbrido e não preveem volta total aos escritórios

Publicado em: 10/03/2025

Enquanto nos Estados Unidos grandes bancos pressionam os funcionários para uma volta total aos escritórios, no Brasil o modelo de trabalho que tem predominado nas principais instituições é o híbrido. A maioria opta por três dias por semana no presencial, e o totalmente remoto praticamente desapareceu, sendo reservado somente para uma pequena parcela dos profissionais de tecnologia.

O total de funcionários dos cinco grandes bancos (Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa) caiu 2,6% nos últimos cinco anos, para 406,5 mil. O movimento foi puxado pelo Bradesco, que fechou 2,2 mil agências. Muitos prédios administrativos foram reformados, promovendo ambientes mais abertos e espaços corporativos, e o desafio das instituições agora é balancear as vantagens do home office – que é muito bem visto pelos empregados – com a necessidade de promover a integração e transmitir a cultura da empresa.

Um dos maiores empregadores do Brasil, com 96,2 mil funcionários, o Itaú tem aproximadamente 39% dos colaboradores administrativos no modelo presencial e 61% no híbrido, em que a frequência mínima obrigatória é de oito dias de trabalho presencial no mês, ou seja, cerca de dois dias por semana. “O objetivo é aproveitar o melhor dos dois mundos – a flexibilidade do home office aliada à presença física, que fortalece, por exemplo, a cultura da organização, a integração de novos colaboradores e a colaboração”, diz o banco.

Já no Bradesco, que tem 84 mil funcionários, 22% estão no presencial, 77% no híbrido e apenas 1% no remoto. Dos que estão no híbrido, 56% são o que o banco chama de “não preponderantemente remoto”, ou seja, com mais dias por semana no escritório do que em casa. “Hoje o gestor da área tem um papel muito importante na definição do modelo. Em geral, quando é contratado, o funcionário começa 100% presencial, aí vai tendo uma curva de aprendizagem nos primeiros meses e vai aumentando os dias no remoto”, conta Soraya Bahde, diretora de cultura e talentos no Bradesco.

Segundo ela, como o banco está em um momento intenso de transformação do modelo de negócios e evolução cultural, isso demanda mais encontros. “Temos promovido ao máximo situações para gerar engajamento, conexão, e elas muitas vezes são presenciais.”

O Banco do Brasil é um dos que têm uma visão mais positiva sobre o modelo híbrido. A diretora de recursos humanos, Mariana Dias, diz que o padrão para todos os funcionários administrativos é o híbrido, com três dias em casa e dois no escritório. Agora, o banco está estudando como avançar esse modelo para os funcionários de “agências virtuais”. Desde o ano passado vem sendo feito um piloto com algumas unidades e a ideia este ano é chegar a algo entre 20 e 25 escritórios no híbrido.

“Pesquisas internas demonstram o quanto os funcionários valorizam o híbrido. O NPS (métrica de satisfação) para quem trabalha nesse modelo é de 94, no topo da zona de satisfação. Também fizemos um levantamento sobre o que eles fazem nesse tempo que ganham em casa, e eles dizem que estão aproveitando a família, fazendo exercícios físicos. Ou seja, no médio e longo prazo vamos colher outros benefícios do trabalho remoto que não estão tão evidenciados agora”, diz a executiva.

Na Caixa, com seus 83,3 mil funcionários, o trabalho híbrido tem regras de participação pré-definidas em norma interna e definição de diretrizes específicas sob cada vice-presidência. “Sendo assim, cada vice-presidência tem autonomia para avaliar a adoção do trabalho remoto híbrido em suas unidades vinculadas, tendo em vista as especificidades do negócio e/ou processos da área de atuação”, diz o banco.

Segundo a Caixa, como o trabalho remoto é uma modalidade de trabalho que está em constante evolução, variando conforme as estratégias adotadas pela empresa, as políticas e práticas podem mudar de acordo com os objetivos organizacionais e as necessidades de adaptação ao mercado.

Procurado, o Santander, que no total tem 55,6 mil funcionários, informou apenas que a política do banco permite home office duas vezes por semana nas áreas administrativas, salvo exceções como o departamento de tecnologia.

O Nubank tem um dos modelos mais diferentes, com uma semana presencial por trimestre. O banco, que saiu de 2 mil funcionários antes da pandemia para quase 9 mil agora, diz que estudou diversos “benchmarks” e construiu seu modelo de forma a atrair talentos e, ao mesmo tempo, manter a cultura da empresa. “Depois da pandemia, muita gente saiu dos centros urbanos em busca de melhor qualidade de vida. Com esse modelo, conseguimos atrair gente de todos os Estados brasileiros, temos funcionários em 20 países. Nas contratações, nossa taxa de conversão mostra que esse modelo é um grande atrativo”, conta Suzana Kubric, diretora de RH.

Ela relata que, como o time cresceu muito, se quisesse obrigar o retorno de 100% da equipe ao escritório o banco não teria espaço para todo mundo. Mas nenhuma mudança no modelo híbrido está nos planos. “Avaliamos a situação a cada três meses e para nós está funcionamos muito bem. Usamos vários indicadores para medir a produtividade, mas o maior deles são os resultados, as entregas dos times.”

Apesar de não ser obrigatório, o Nubank deixa de 20% a 25% dos espaços disponíveis para quem quiser ir voluntariamente no presencial, fora da sua semana pré-definida. “Alguns times de liderança vão toda semana, tem alguns momentos do ano que estamos mais no escritório. Mas não é mandatório.”

Para os bancos, manter o funcionário no modelo remoto ou no escritório não tem grandes diferenças em termos de custo, mesmo com algumas devoluções de espaços alugados que aconteceram no início da pandemia. Já a produtividade é mais difícil de mensurar, mas a maioria das instituições diz que não há muita diferença. “Acaba que não existem dados muitos confiáveis, então a gente considera mais importante olhar para os resultados gerais, o que está sendo entregue para os clientes, evolução de produtos e mesmo o retorno aos acionistas”, diz Soraya, do Bradesco.

Fonte: Valor Econômico

Bancos aceleram encolhimento da rede física e fecham mais de 800 pontos em 2024

Publicado em: 09/03/2025

Os maiores bancos privados do País aceleraram os fechamentos de agências físicas em 2024, ampliando o encolhimento das redes ao longo da última década. O ritmo foi ampliado diante da migração das transações para os ambientes digitais, mas principalmente pela redução da rentabilidade das operações voltadas a clientes de menor renda, mais atingidas pela competição com bancos digitais e pela inadimplência.

No ano passado, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil encerraram em conjunto 856 agências, após fecharem 679 em 2023. Desde 2014, a rede dos três perdeu mais de 5 mil endereços, número que considera somente agências tradicionais. Se incluídos outros postos de atendimento, a redução é maior.

Os fechamentos em 2024 foram puxados pelo Bradesco. Em reestruturação, o segundo maior banco privado do País tem dito que o segmento de baixa renda precisa de um ajuste na presença física para ser rentável de forma sustentável. “Mesmo assim, a nossa base de clientes cresceu em 2,1 milhões em 2024, e 99% das nossas transações foram feitas pelo digital”, disse o presidente do banco, Marcelo Noronha, em entrevista à imprensa no começo do mês.

O Santander também tem sinalizado uma redução mais forte. “Se extrapolarmos para mais de um ano, em 2025, vamos ter reduzido entre 40% e 50% a nossa rede física em um espaço temporal relativamente curto”, disse o presidente do conglomerado, Mario Leão, em conferência com analistas. No ano passado, o Santander desatrelou as carteiras de clientes das agências.

Ganho a longo prazo

Embora o objetivo dos bancos seja reduzir custos, a redução demora a aparecer. “Os fechamentos têm dois efeitos: trazem custos adicionais, e especificamente no caso do Bradesco, o banco está abrindo escritórios para pequenas e médias empresas e para o Principal (novo segmento de alta renda)”, diz o analista de instituições financeiras do Citi, Gustavo Schroden.

Esse descasamento se reflete nas previsões das instituições para este ano. O Itaú espera um crescimento de despesas de 5,5% a 8,5%, em meio a investimentos no digital. Por outro lado, estima ter obtido um alívio de R$ 2,6 bilhões nas despesas em 2024 graças ao programa de eficiência.

O Bradesco, que também tem acelerado investimentos, projeta alta de 5% a 9% nas despesas em 2025, puxada também pela contratação de milhares de profissionais em tecnologia, que têm salários médios superiores aos dos bancários.

Desde o ano passado, o banco da Cidade de Deus separou R$ 1,013 bilhão para os custos com o fechamento de agências. Os outros bancos não informam o valor gasto na reestruturação da rede, mas têm sinalizado um reforço dos investimentos em tecnologia para dar maior robustez aos canais digitais.

Matheus Guimarães, analista de instituições financeiras da XP, afirma que os dois processos andam juntos porque os bancos precisam ter a capacidade de transferir os serviços das agências para o digital. “Parte dos processos ainda era realizada dentro da agência, como as cobranças. À medida que alguns desses processos são plenamente digitalizados, os bancos ficam mais confiantes para acelerar esse processo de fechamento”, diz.

Digital e físico

O Banco do Brasil foi exceção: no ano passado, manteve a rede física do mesmo tamanho, em uma estabilidade que dura três anos após uma série de fechamentos desde 2014. O banco público afirma que a estrutura física é importante, mas que precisa ser integrada ao digital, e começou a testar um novo modelo de agência, o Ponto BB, que faz essa mistura. Um ponto foi aberto no Recife em 2024, e outro deve ser aberto em Belém neste ano.

“Não dá para imaginar que em um País como o Brasil, todos os clientes se autoatenderão digitalmente, mas também não dá para imaginar que nas regiões, não vai haver clientes que usem o digital”, disse a presidente do BB, Tarciana Medeiros, em entrevista na quinta-feira, 20.

Dos quatro bancos, o BB teve o melhor índice de eficiência em 2024, de 25,6%. O pior foi o do Bradesco, de 52,2%. O indicador mede quanto da receita total é consumido pelas despesas, e, portanto, um número mais baixo indica uma eficiência maior.

No ano passado, o BB investiu R$ 2,2 bilhões em tecnologia e digital, alta de 60% em relação a 2023. Já o Itaú informou que R$ 2,3 bilhões do aumento de despesas em relação ao ano anterior vieram da aplicação de recursos nos negócios e em tecnologia. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) estimou no ano passado que os bancos investiriam R$ 47,4 bilhões em tecnologia, 21% a mais que em 2023.

Fonte: Fonte: Estadão via Contec

Com economia aquecida, grandes bancos expandem crédito em 2024

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Os grandes bancos mais relevantes do país ampliaram a carteira de crédito em 2024 na comparação com o ano anterior. O montante total passou de R$ 5,44 trilhões para R$ 6,12 trilhões. Houve uma alta de 12,5%, segundo levantamento do Poder360 com base nos balanços financeiros das companhias.

Os que mais elevaram o crédito foram o Itaú (+15,5%) e o Banco do Brasil (+15,3%), como mostra o infográfico abaixo:

A carteira de crédito equivale ao somatório de todos os empréstimos realizados em um determinado período. Geralmente é dividida em categorias empresarial e pessoal.

Juntos, os bancos estatais acumularam uma carteira de R$ 3,10 trilhões, com expansão de 12,9% em 2024. Os privados somaram R$ 3,02 trilhões, alta de 12,1%.

São valores e proporções próximas, mas com uma liderança ainda das empresas públicas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende aumentar os financiamentos por meio dos bancos estatais.

ECONOMIA AQUECIDA

Um dos fatores que influenciou a ampliação da carteira de crédito em 2024 foi a economia aquecida no ano. A análise é de Alex Agostini, economista-chefe da agência de risco Austin Rating.

“O ciclo de renovação do crédito é mais curto tanto por parte das famílias como pelas empresas, resultando em um ciclo virtuoso que se retroalimenta”, declarou o especialista ao Poder360.

Ou seja, a recomposição de renda permitiu que os clientes pedissem emprestado e pagassem os encargos com uma velocidade maior.

O PIB (Produto Interno Bruto) do país avançou 3,4% em 2024, acima do que era esperado nas projeções iniciais. Parte do crescimento se explica pelo perfil do governo. O welfare state de quase R$ 400 bilhões por ano com programas sociais e transferências de renda impulsiona os resultados, mas impõe desafios para o ajuste das contas públicas.

A economia aquecida maior que as expectativas trouxe impacto na inflação. O Banco Central iniciou um ciclo de alta nos juros na tentativa de controlar os preços e taxa básica está em 13,25% ao ano. Alex Agostini afirmou que o movimento deve desacelerar a expansão da carteira de crédito em 2025.

“A política monetária contracionista requer mais seletividade das instituições financeiras na oferta de crédito e, consequentemente, no volume operado”, disse.

O Banco Central aperta os juros desde o 2º semestre de 2024. Os efeitos das decisões da autoridade vêm a longo prazo, por isso só devem ser sentidas a partir deste ano.

INADIMPLÊNCIA E LUCRO DOS BANCÕES

As taxas caíram na maioria dos bancos. Isso influenciou na expansão das carteiras de crédito. O Bradesco lidera as quedas na inadimplência acima de 90 dias.

“Os indicadores de inadimplência estavam bem comportados, inclusive com queda. E isso também permite a expansão do crédito, principalmente porque mantém as instituições nos limites de solidez financeira”, declarou Alex Agostini.

Quanto ao lucro líquido, todos os bancos elevaram o indicador. O destaque vai para Santander (+47,8%) e Caixa (+31,9%). Parte do resultado vem da alta no crédito.

Eis os dados:

Fonte: Poder 360

ESG leva bancos brasileiros à máxima histórica em satisfação de clientes

Publicado em: 27/02/2025

Uma pesquisa com mais de 70 mil pessoas realizada pela consultoria SoluCX entre 2020 e 2024 revelou uma transformação profunda na relação entre bancos e clientes no Brasil. O estudo, que avaliou a experiência do cliente como componente das estratégias ESG, mostra que o NPS (Net Promoter Score) médio do setor financeiro saltou de 36,8 para 65,7 no período.

Principal indicador de satisfação e lealdade do setor, o NPS mede a probabilidade de recomendação das instituições financeiras. A metodologia classifica os clientes como promotores (notas 9-10), que são leais e entusiastas; passivos (7-8), satisfeitos mas não engajados; e detratores (0-6), insatisfeitos. O índice final é calculado subtraindo o percentual de detratores do percentual de promotores.

O levantamento combinou análises de clientes com experiência direta nas instituições e percepções gerais sobre as marcas. Segundo o relatório, produzido pela equipe de research do BTG Pactual, do mesmo grupo de controle da EXAME, este avanço reflete como a competição intensa e a facilidade de mudança entre bancos têm impulsionado melhorias em produtos e serviços, fortalecidas pela crescente importância dos critérios ESG.

A nova era digital revoluciona o setor

A análise revelou uma distinção bastante clara entre o desempenho dos bancos digitais e tradicionais. Os digitais mantiveram sua trajetória de crescimento, alcançando NPS médio de 73,1 em 2024. O Nubank liderou o ranking com 75,0 pontos, seguido pelo Banco Inter, que atingiu 74,5 pontos. O PagBank completou o pódio dos digitais com 69,8 pontos, uma leve melhora em relação aos 69,1 de 2023.

Entre os bancos com operações mais tradicionais, o Itaú conquistou a liderança com NPS de 62,4, após perder a primeira posição para o Banco do Brasil em 2023. O BB ficou em segundo lugar com 60,5 pontos, seguido pelo Santander com 59,8.

Ainda que na vice-liderança, o Banco do Brasil foi destaque no estudo. A instituição, que em 2020 registrava o menor NPS do setor (14,6) e chegou a cair para 8,1 em 2021, alcançou notável recuperação em 2024. Uma evolução que demonstra como as instituições tradicionais têm conseguido se adaptar às novas exigências dos clientes.

Da crise à excelência: os motores da evolução

O estudo identificou três períodos distintos que podem explicar por onde caminhou a transformação do setor bancário brasileiro. O primeiro, entre 2020-2021, refletiu os desafios da pandemia, e teve NPS médio estagnado em 36,8.

Contudo, parece ter sido justamente este momento crítico, mas que impulsionou a aceleração digital dos bancos forçando a modernização de sistemas e processos, que o atendimento passou a agradar sobretudo os clientes mais conectados.

O segundo período, de 2021 a 2023, registrou um salto expressivo no índice, de 39,9 para 65,9. Esta fase coincide com o fortalecimento das práticas ESG no setor, quando os bancos passaram a integrar a experiência do cliente como métrica fundamental de seu pilar social.

A possibilidade de portabilidade entre instituições e o poder das redes sociais também pressionaram as instituições a priorizarem a satisfação dos usuários.

O terceiro momento, em 2024, mostra uma estabilização com leve recuo para 65,7, indicando que as mudanças se consolidaram como práticas permanentes. A análise mostra que este patamar elevado de NPS funciona como preditor do crescimento dos negócios: clientes mais satisfeitos não apenas permanecem fiéis, mas atuam como “evangelistas” das marcas, recomendando-as espontaneamente em suas redes.

“A transformação digital e o ESG deixaram de ser apenas tendências para se tornarem imperativos de sobrevivência no setor bancário”, indicou o relatório, apontando que instituições com NPS superior à média do mercado têm registrado crescimento mais acelerado em sua base de clientes.

Quem serão as instituições corajosas?

Em meados do ano passado, outro estudo, o “Banking in 2035” realizado pela Economist Impact com patrocínio da SAS, indicou três possíveis cenários para o setor bancário nos próximos anos, com potencial para impactar diretamente os índices de satisfação dos clientes. Os destaques avalizam muitos dos pontos salientados no relatório da SoluCX e BTG Pactual.

Na frente da Transformação Digital, destacou que bancos tradicionais precisarão se adaptar a um ambiente em que a tecnologia e a confiança são fundamentais. E previu que em 2035, clientes na Europa e EUA farão pagamentos apenas com impressão digital. Adicionalmente, taxas bancárias serão eliminadas e dinheiro físico e cartões de crédito se tornarão obsoletos.

No cenário da Mudança Climática, mostrou que as instituições financeiras exercerão papel central na transição para uma economia de baixo carbono, com aumento da pressão dos investidores por práticas ESG. E bancos que não se adaptarem às exigências ambientais poderão perder competitividade.

Já no cenário de Mundo Fragmentado, a globalização dará lugar a um panorama multipolar, com sistemas financeiros regionais mais fortes. Neste contexto, o sistema SWIFT, que hoje domina as transferências financeiras internacionais funcionando como uma rede global de comunicação entre bancos, perderá o monopólio das transações internacionais e moedas digitais ganharão mais espaço.

“A pergunta é: quão corajosamente os bancos abraçarão as mudanças e uma ética mais ampla para enfrentar a crescente instabilidade econômica, social e ambiental?”, questiona o documento da Economist Impact, destacando que fatalmente as instituições financeiras precisarão se reinventar para o século XXI.Estes cenários futuros reforçam a importância do NPS como métrica essencial para avaliar o sucesso das instituições financeiras em sua jornada de transformação.

À medida que o setor evolui para atender às novas demandas dos clientes e da sociedade, a capacidade de manter altos níveis de satisfação se tornará ainda mais determinante para a sobrevivência e crescimento das instituições no mercado.

Fonte: Exame

BB e Caixa Econômica são os bancos mais procurados pelos brasileiros

Publicado em: 19/02/2025

Uma significativa parcela de brasileiros (46%) indica que certamente ou provavelmente abrirá uma conta bancária no futuro. Esse número é ainda mais alto entre a Classe A, na qual 58% dos indivíduos parecem apostar na diversificação financeira, buscando benefícios adicionais ao manter mais de uma conta corrente na instituição. Os dados são do estudo “O futuro da relação do brasileiro com dinheiro e finanças” , produzido com exclusividade pela Croma Consultoria.

A escolha de onde abrir uma conta bancária pode ser fortemente influenciada por variáveis demográficas e regionais, refletindo preferências distintas entre diferentes grupos da população brasileira. Analisando as intenções de abertura de contas nos próximos dois anos, observam-se diferenças notáveis entre as instituições.

Banco do Brasil (36%) e Caixa Econômica Federal (21%) lideram o ranking de instituições que pretendem abrir conta Pessoa Física. Instituições tradicionais como as líderes do ranking atraem principalmente as classes mais baixas. Bradesco e Nubank foram os mais procurados pelas gerações mais jovens que buscam inovação e conveniência. Itaú é o preferido por clientes de alta renda e que valorizam serviços bancários personalizados (29%).

“A confiança nas instituições financeiras é um fator crucial para a estabilidade e crescimento do setor bancário. No Brasil, essa confiança varia significativamente entre diferentes classes sociais, refletindo disparidades econômicas e influências contextuais que moldam a percepção pública”, explica Edmar Bulla, fundador do Grupo Croma e idealizador do estudo.

O Banco do Brasil é a instituição com a maior porcentagem de intenções de abertura de conta, com 36% dos entrevistados expressando a intenção de abrir uma conta nessa instituição. Entre estes, 48% pertencem às classes D e E. Essa preferência pode ser atribuída à longa história e estabilidade associadas ao Banco do Brasil, que o tornam uma opção atraente para esse público, que pode buscar segurança e confiabilidade em instituições tradicionais.

A Caixa Econômica Federal é amplamente conhecida por seu papel em oferecer serviços bancários acessíveis e por sua associação com programas de assistência social e financiamento habitacional, com 21% de aprovação pelos participantes. Isso faz dela uma escolha atrativa para a classe C, que pode valorizar a acessibilidade e o suporte social oferecido pela instituição.

O Itaú, com 18% das intenções de abertura de contas, é muito atraente para 29% da classe A. Esta classe, com sua capacidade financeira e preferência por serviços personalizados e de alta qualidade, pode se sentir atraída pela reputação e pelo portfólio de serviços oferecidos pelo Itaú. O banco é conhecido por seu atendimento premium e soluções financeiras diversificadas, que se alinham com as expectativas de clientes de alta renda.

Fonte: Portal Making Off

Lucro dos grandes bancos deve melhorar no 4º tri, mas o ‘anoitecer’ preocupa

Publicado em: 04/02/2025

A temporada de balanços dos grandes bancos brasileiros relativa ao quarto trimestre de 2024 deve mostrar o que os analistas estão chamando de “os últimos raios do pôr do sol”. Isso quer dizer que os números de outubro a dezembro serão positivos, com lucro e carteira em alta e inadimplência estável. Entretanto, mais importante que o resultado em si será observar as projeções que serão feitas pelas instituições financeiras e o que seus principais executivos dirão a respeito de 2025 nas teleconferências. Com a taxa Selic em alta, o crédito deve perder fôlego em 2025 e as preocupações com a situação fiscal são uma grande nuvem no horizonte.

Juntos, Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Santander devem mostrar lucro de R$ 29,363 bilhões no quarto trimestre, o que representa alta de 1% em relação aos três meses imediatamente anteriores e de 22,7% frente ao mesmo período de 2023, de acordo com a média das projeções de dez casas colhidas pelo Valor. Em 2024 como um todo, o lucro deve somar R$ 112,4 bilhões, com expansão de 16%.

Em um relatório intitulado “Os últimos raios do pôr-do-sol”, o Itaú BBA diz que, apesar dos números positivos do quarto trimestre, o que vai importar mais é a visão dos bancos para este ano. Segundo os analistas, o lucro combinado dos quatro grandes ainda deve subir em torno de 10% em 2025, mas o crescimento deve ficar concentrado no primeiro semestre, e dar um “guidance” (projeção) para o ano inteiro será um desafio.

“Isso é uma tarefa desafiadora [dar o guidance], dado o cenário volátil e cada vez pior. Indicadores macroeconômicos piores (juros, inflação) aumentam os obstáculos ao crédito, o que tende a reduzir o apetite por novas concessões. Esperamos que isso se reflita nos comentários dos executivos e nos guidances, com uma perspectiva de crescimento moderado da carteira (abaixo de 10%) e margem financeira estável”, diz o Itaú BBA.

O Bradesco BBI também afirma que a atenção dos investidores estará voltada para o guidance de 2025 e chama atenção para a adoção do novo padrão contábil, baseado no IFRS 9, que pode afetar as provisões feitas pelas instituições financeiras. “Notavelmente, acreditamos que os bancos incorporarão um cenário macroeconômico mais desafiador para 2025, o que pode se traduzir em um crescimento mais lento da carteira neste ano. Além disso, como os bancos enfrentarão os impactos esperados do IFRS 9, acreditamos que alguns poderão ter maiores demandas por provisões em 2025.”

Na avaliação do Bank of America, a carteira de crédito dos grandes bancos deve crescer 9% neste ano, mas a expansão da margem financeira líquida deve superar esse ritmo, apoiada pela margem com clientes – por causa de juros mais altos – e parcialmente compensada por uma margem com mercado menor. “Também esperamos que a qualidade dos ativos se deteriore e que o custo do risco aumente. Por fim, acreditamos que as receitas de tarifas devem acompanhar o crescimento das despesas operacionais”, afirmam analistas do banco americano em relatório.

Para Bernardo Guttmann, chefe do setor financeiro da área de análise da XP, olhando apenas a “foto” dos números de crédito divulgados pelo Banco Central para dezembro, não há nenhuma sinal de desaceleração nas carteiras. Porém, segundo ele, as conversas com os executivos dos bancos nas últimas semanas mostram, sim, uma postura mais cautelosa. “Ficou bem claro que o sentimento dos bancos em relação à economia começa a se alinhar mais com o dos mercados financeiros, com a visão mais pessimista da Faria Lima”, afirma.

Para Guttmann, nenhum setor se destaca em termos de provável piora da inadimplência, com exceção do agronegócio, onde a expectativa é que o número de recuperações judiciais atinja um pico em fevereiro ou março.

A XP lembra que, além das provisões, o IFRS 9 também vai provocar uma série de reclassificações. Itens que antes eram contabilizados como receita de tarifas vão para a margem financeira, como é o caso da taxa cobrada pelos bancos para avaliação de imóvel quando é feito um financiamento habitacional. Por outro lado, alguns gastos contabilizados como despesa administrativa, a exemplo dos encargos com cobranças de dívidas, agora vão para a linha de provisões para devedores duvidosos. Já os gastos com correspondentes bancários, os “pastinhas”, antes eram pagos integralmente no início da operação, e agora serão diluídos ao longo do contrato. “Isso vai mudar algumas linhas do balanço e dificultar a comparação com períodos anteriores”, afirma o analista Matheus Guimarães.

Outro fator que pode ter algum efeito nos balanços dos bancos no quarto trimestre, especialmente nos de algumas instituições de médio porte, é o consignado para beneficiários do INSS. Instituições como Banco do Brasil, Itaú, Santander, Pan, BMG, Mercantil e Banrisul suspenderam, no fim do ano passado, a oferta dessa linha via correspondente bancário porque a operação ficou incompatível com os custos diante do teto de 1,66% ao mês nas taxas de juros.

Em janeiro, o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) elevou o teto para 1,80%, nível que os bancos dizem que ainda não é suficiente. A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) chegou a acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a competência do CNPS e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), vinculados ao Ministério da Previdência, para fixar o limite de juros.

Nas perspectivas para os bancos individualmente, a projeção dos analistas é que o Itaú deverá ter lucro recorde de R$ 10,831 bilhões no trimestre. Também é esperado que a instituição divulgue um dividendo extraordinário que pode chegar a quase R$ 20 bilhões.

Para os analistas da Genial, os destaques do Itaú no período devem ser expansão da carteira de crédito, acompanhando o ritmo dos trimestres anteriores e fechando com crescimento de 12,5%, no topo do guidance; aumento da margem financeira, embora em um ritmo menor que a carteira; e controle das despesas com provisões, refletindo estabilidade na qualidade dos ativos e inadimplência. “É o melhor do pelotão, com um ROE [retorno sobre o patrimônio líquido] de 23% em 2025”, dizem os analistas da casa.

O BB é o único que pode ter queda trimestral no lucro, embora pequena (-0,2%). Na visão do Citi, a margem financeira deve se mostrar resiliente, mas não se prevê uma reversão no momento complicado do agro. “Esperamos que a carteira cresça 11% em 2024, com as pressões persistentes sobre o provisionamento levemente aliviadas por resultados sólidos de tesouraria. Esperamos que a inadimplência do segmento de agronegócio permaneça alta quando comparada aos níveis históricos, embora a margem com clientes deva continuar avançando em um ritmo sólido.”

A previsão para o Bradesco é de continuidade em sua trajetória de recuperação, com o lucro saltando 84,5% ante o quarto trimestre de 2023, quando o balanço foi penalizado por maiores provisões e o banco passou por uma troca de comando (Marcelo Noronha substituiu Octavio de Lazari Jr. no cargo de CEO). Segundo analistas do Santander, a margem com clientes deve melhorar e a qualidade dos ativos, permanecer sob controle, mas a margem com mercado pode ser um fator negativo. Para eles, essa linha somará R$ 312 milhões no quarto trimestre, “devido à forte volatilidade da curva de juros e à falta de de instrumentos de hedge para amenizar esse impacto”. Com as projeções para a Selic em 2025, já há analistas vendo resultado zero para a margem com mercado do Bradesco neste ano.

Já o Santander deve registrar lucro de R$ 3,702 bilhões, com a margem financeira crescendo em linha com a carteira e a receita de tarifas novamente como um destaque positivo, em meio aos esforços do banco para engajar clientes e aumentar o “cross-sell” (vendas de mais produtos). “Enquanto isso, esperamos que as despesas operacionais cresçam em um nível semelhante ao do terceiro trimestre, mas abaixo da inflação em uma base anual. Também esperamos que a alíquota efetiva de imposto continue a aumentar, para 16%, embora ainda provavelmente abaixo de níveis sustentáveis”, afirma o Goldman Sachs.

O Nubank, que não faz parte da soma de resultados feito pelo Valor, deve ter lucro de aproximadamente US$ 565 milhões (cerca de R$ 3,2 bilhões no câmbio de sexta-feira). Para os analistas, o banco pode ser afetado pela variação cambial e os números do quarto trimestre serão um bom indicador sobre o apetite da fintech para este ano diante de um cenário macroeconômico mais difícil. “Vemos um 2025 desafiador para o Nubank. Os empréstimos sem garantia no Brasil podem desacelerar se as condições de crédito se deteriorarem devido à inflação e às taxas de juros mais altas, além da correlação com maiores índices de inadimplência. Embora o Nubank esteja ganhando participação de mercado em empréstimos garantidos, acreditamos que o retorno desses produtos para o banco ainda é pouco atraente”, diz o Citi.

Fonte: Valor Econômico

Grandes bancos fecharam quase 1,8 mil pontos de atendimento em 2024

Publicado em: 23/01/2025

Os cinco grandes bancos brasileiros (Itaú, Banco do Brasil, Caixa, Bradesco e Santander) fecharam 1.774 pontos de atendimento — agências e postos — em 2024, segundo apontaram em relatório os analistas do UBS BB. O grande destaque ficou com o Bradesco, que eliminou 1.358 unidades.

“Acreditamos que a tendência de queda no número de pontos deve continuar a ajudar os bancos incumbentes a reduzir a lacuna de eficiência em relação aos novos entrantes”, dizem os analistas.

O número de agências bancárias no Brasil atingiu um pico em março de 2015, com 23.154 unidades. Desde então, vem caindo de maneira praticamente ininterrupta até os dias de hoje. Atualmente são 16.573 agências, com queda de 28,4%, ou 6.581 unidades desde então.

Além das agências, existem atualmente no país 11.537 postos de atendimento (PAs) físicos. Em março de 2015, eram 10.474, ou seja, houve uma alta de 1.063 (ou 10,1%).

Os PAs são estruturas mais simples, subordinados a uma agência, e que não contam, por exemplo, com serviços como câmbio, operações de tesouraria, fundos de investimentos para clientes qualificados, entre outros. Além disso, muitos não são abertos ao público geral, são pontos de atendimento dentro de determinadas empresas, repartições públicas, universidades etc, destinados única e exclusivamente aos membros daquela instituição.

Muitas agências são transformadas em PAs, que, por ter uma estrutura menor — como não lidam com numerário, não precisam de cofre, porta giratória, entre outrs itens — exigem gastos bem inferiores.

Fonte: Valor Econômico

Após mobilizações, BB chama movimento sindical para reunião

Publicado em: 19/01/2025

Logo após o Dia Nacional de Luta no Banco do Brasil nesta quinta-feira, 16 de janeiro, com atos em todo o país, a Diretoria de Gestão da Cultura e de Pessoas (Dipes) convidou a Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB) para uma reunião nesta semana.

Na reunião, será debatida a proposta de reestruturação do banco, que desrespeita os acordos feitos com o movimento sindical durante a Campanha Nacional de 2024 e deixa os caixas sem alternativas viáveis de realocação.

“Essa reunião é necessária, pois essa reestruturação fere o que foi acordado com o movimento sindical, trazendo insegurança quanto ao cumprimento do que foi negociado. Já apuramos vários problemas e arbitrariedades de administradores na condução do processo”, destacou Rogério Tavares, funcionário do BB e diretor do Sindicato.

As demandas apresentadas por bancárias e bancários da base do Sindicato serão levadas para a reunião, com a cobrança de que o banco cumpra os acordos estabelecidos.

Fonte: Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região

Citi tem uma previsão para os bancos brasileiros em 2025

Publicado em:

O Citi prevê que 2025 será um ano desafiador para os bancos brasileiros. A combinação de condições macroeconômicas mais “difíceis” e um ciclo de crédito estendido, segundo o banco, induz a revisões negativas para os lucros das empresas.

No caso do Bradesco (BBDC3;BBDC4), o banco reduziu em 9% a estimativa do lucro líquido de 2025, para R$ 21,3 bilhões. Para o Banco do Brasil (BBAS3), a previsão é alta de 5% no ano, para R$ 40,7 bilhões. Para o Nubank (ROXO34), embora as estimativas tenham permanecido inalteradas, o Citi continua 11% abaixo do consenso, em US$ 2,5 bilhões.

O Itaú Unibanco (ITUB4) e o BTG Pactual (BPAC11) são as top picks (preferidas) do banco. Em relação ao Itaú, o Citi espera uma exposição limitada ao ciclo de aumento de juros, devido aos seus clientes de renda mais alta e a menor sensibilidade no tesouro. Já sobre o BTG, o banco espera que siga entregando melhorias moderadas de retorno sobre o capital (ROE), por meio de seu fluxo de receita diversificado.

“O ciclo do aumento de juros não afeta apenas as taxas de inadimplência no Brasil, mas também os resultados do tesouro para alguns bancos”, resumem os analistas Gustavo Schroden, Arnon Shirazi e Brian Flores.

A recomendação permanece neutra para o Banco do Brasil, Bradesco e Santander (SANB11), com respectivos preços-alvo de R$ 26, R$ 12,70 e R$ 26. O Citi reitera compra para BTG Pactual e Itaú, com preço-alvo de R$ 40 para ambos. E para o Nu, a recomendação é de venda, com preço-alvo de US$ 11.

Fonte: E-Investidor

Feriados 2025: confira as datas em que bancos não terão expediente

Publicado em: 10/01/2025

O ano de 2025 terá 13 feriados nacionais em que não haverá expediente bancário, de acordo com cronograma divulgado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

O funcionamento segue a Resolução n.º 4.880 do Conselho Monetário Nacional, que desconsidera sábados, domingos e feriados nacionais, incluindo a segunda e terça-feira de Carnaval no calendário de funcionamento das instituições financeiras.

O primeiro feriado do ano ocorreu em 1º de janeiro e outros quatro serão no sábado ou domingo, quando já não há atendimento presencial nas agências.

Segundo a Febraban, na Quarta-Feira de Cinzas (05/03), o início do expediente será às 12h, no horário local, com encerramento previsto no horário normal de fechamento das agências.

Nas localidades em que as agências fecham normalmente antes das 15h, o início do expediente bancário será antecipado, de modo a garantir o mínimo de 3 horas de atendimento presencial ao público.

Confira os feriados em que não haverá expediente bancário em 2025

Confraternização Universal – 1º de janeiro (quarta-feira)
Carnaval – 3 e 4 de março (segunda e terça-feira)
Sexta-feira da Paixão – 18 de abril (sexta-feira)
Tiradentes – 21 de abril (segunda-feira)
Dia do Trabalhador – 1º de maio (quinta-feira)
Corpus Christi – 19 de junho (quinta-feira)
Independência do Brasil – 7 de setembro (domingo)
Nossa Senhora de Aparecida – 12 de outubro (domingo)
Finados – 2 de outubro (domingo)
Proclamação da República – 15 de novembro (sábado)
Consciência Negra – 20 de novembro (quinta-feira)
Natal – 25 de dezembro (quinta-feira)

As compensações bancárias não serão efetivadas nessas datas, incluindo transferências TED. Somente o Pix funcionará normalmente.

Contas de consumo, como água, energia e telefone com vencimento nos dias em que não há compensação bancária poderão ser pagas, sem acréscimo, no dia útil seguinte.

Normalmente tributos já vêm com datas ajustadas ao calendário de feriados nacionais, estaduais e municipais. No entanto, é preciso checar para, caso necessário, seja feito o pagamento antecipado, evitando a incidência de juros e multa.

Internet banking, mobile banking e caixas eletrônicos podem ser utilizados para pagamento de contas, checagem de saldo e extrato e transferências, também irão funcionar normalmente nas datas sem expediente.

Boletos bancários de clientes cadastrados como sacados eletrônicos podem ser pagos via DDA (Débito Direto Autorizado).

Fonte: CNN Brasil

Metade dos brasileiros prefere cartões de bancos digitais

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Nos últimos anos, o mercado financeiro brasileiro passou por uma significativa transformação digital, com um número crescente de brasileiros migrando para bancos digitais. Uma pesquisa da Akamai Technologies, em parceria com a Cantarino Brasileiro, mostrou mais sobre como, atualmente, hábitos e comportamentos dos clientes de instituições financeiras no Brasil mudaram.

O levantamento revela que os bancos digitais se tornaram a principal escolha dos entrevistados, com 48% afirmando que seu último cartão de pagamento foi emitido por essas instituições. A popularidade das fintechs e o crescimento das soluções de pagamento digital estão alterando a dinâmica do mercado financeiro, desafiando as instituições tradicionais. Embora seja comum entre os brasileiros possuir múltiplos cartões, a maioria dos respondentes concentra suas transações em um único cartão, considerado o “principal” de sua carteira.

Os benefícios oferecidos pelos bancos, tanto tradicionais quanto digitais, também impactam as escolhas dos brasileiros. O cashback se destaca como a opção mais atrativa, mencionada por 40% dos participantes. Em seguida, vêm os programas de pontos (25%) e descontos em lojas (24%). Essa preferência pelo retorno em dinheiro imediato sugere uma mudança no perfil do cliente, que busca benefícios tangíveis e rápidos alinhados com sua rotina de compras cada vez mais digitalizada.
Transações Bancárias

O estudo mostra que o cartão de débito continua sendo o preferido, com 83% dos entrevistados indicando seu uso regular. Os cartões de crédito são utilizados por 74% dos respondentes, enquanto os cartões virtuais estão ganhando popularidade, sendo considerados a solução mais segura para transações online. Essa categoria é valorizada por suas características de validade temporária e maior proteção contra fraudes.

“Estamos vendo uma mudança significativa no comportamento do consumidor brasileiro, que está mais seletivo e engajado em buscar soluções financeiras mais práticas e seguras”, comentou Claudio Baumann, diretor geral LATAM da Akamai Technologies.
O Papel das instituições tradicionais

Apesar da crescente preferência pelos bancos digitais, as instituições tradicionais ainda desempenham um papel relevante no mercado. O estudo aponta que 38% dos últimos cartões emitidos foram de bancos tradicionais. No entanto, apenas 7% dos brasileiros possuem cartões de lojas de varejo, o que representa uma grande oportunidade de crescimento para esse setor.

“Essa lacuna no mercado pode ser explorada pelas grandes redes para fortalecer suas ofertas e fidelizar seus consumidores”, observa Baumann. A pesquisa também revela que 42% dos respondentes consideram o limite de crédito como o principal critério na escolha de um cartão.
Futuro

O estudo conclui que há uma mudança fundamental no mercado financeiro brasileiro, onde os consumidores buscam praticidade, segurança e benefícios diretos nas escolhas bancárias. A ascensão dos bancos digitais e o crescente uso de soluções para evitar fraudes evidenciam um consumidor mais consciente e seletivo.

Para as instituições financeiras, isso representa desafios e grandes oportunidades para inovar e adaptar suas ofertas. “Em um cenário de inflação elevada e dificuldades econômicas, a flexibilidade financeira se tornou essencial para o consumidor”, finaliza Baumann. As estratégias que focarem em segurança, conveniência e benefícios diretos serão as mais eficazes para conquistar e fidelizar os brasileiros nos próximos anos.

Fonte: E-Commerce Brasil

Após fase ‘pé no chão’, BB voltará ao ataque com aposta em cartão de crédito em 2025

Publicado em: 23/11/2024

Com o maior crescimento de carteira entre os grandes bancos de capital aberto, o Banco do Brasil (BBAS3) quer continuar crescendo no ano que vem. O banco vê espaço para avançar em linhas de margem maior, que também apresentam riscos mais altos, mas a exemplo dos pares Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4), vai começar pelos clientes que estão dentro de casa, e que têm relação bancária abaixo do potencial.

O centro dessa virada de chave deve ser o cartão de crédito, produto em que o BB tem crescido pouco nos últimos dois anos. No terceiro trimestre, a alta foi de 0,8% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 54,806 bilhões, um crescimento muito inferior ao da carteira de pessoas físicas (+7,9%).

Foi uma escolha estratégica: após a pandemia da covid-19, a inadimplência do produto disparou, com piora concentrada em clientes adquiridos através de canais digitais e que não tinham relacionamento anterior com o BB. É um perfil parecido com o visto nos outros bancos incumbentes, mas o BB parou as concessões antes e levou mais tempo para retomar o ritmo.

“Onde estamos para trás? Principalmente em cartões de crédito, o crescimento em cartões é um dos nossos focos principais para 2025”, disse o vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do banco, Geovanne Tobias, a jornalistas nesta quinta.

Para o BB, ampliar a carteira em cartões tem efeito em duas linhas de receita, a das margens com clientes e a das rendas de cartão, onde entram a arrecadação com anuidades e com tarifas de intercâmbio, repassadas pelas maquininhas aos bancos a cada pagamento com um cartão. Aumentar a carteira amplia a “massa” de transações, o que aumenta essa receita, que não exige alocação de capital.

A presidente do banco, Tarciana Medeiros, disse na coletiva que essa perspectiva de avanço também inclui os impactos do fechamento de capital da Cielo, realizado neste ano. “Faz parte de uma estratégia mais completa, mais robusta”, afirmou a executiva. Segundo ela, o BB não vê mais o cartão como um produto isolado, e sim como parte da relação com os clientes de forma ampla.

A revisão da carteira passou por uma reavaliação dos contratos de emissão mantidos pelo BB com varejistas, empresas aéreas e outros parceiros. Um dos marcos foi o fim do contrato com a Ame, da Americanas, acordado entre as partes e antecipado pela Coluna do Broadcast. “Esse produto tem uma rentabilidade associada pequena para o banco”, disse o vice de Controles Internos e Gestão de Riscos, Felipe Prince.

De olho nas margens

Assim como os rivais, o BB tem buscado ampliar uma forma de ampliar a margem com clientes sem aumentar de forma relevante o custo do crédito. É uma fórmula permanente para os bancos, mas que ganha maior peso em um cenário de alta dos juros, que compromete a capacidade de pagamento dos clientes ao ampliar o custo do serviço da dívida.

Por isso, a composição de carteira deve manter papel relevante para o crédito consignado, com busca de maior espaço na linha destinada a empregados do setor privado. “A gente tem condições de continuar crescendo perto de 10% para o ano que vem e mantendo o controle dessa inadimplência na pessoa física estável”, disse Tobias na teleconferência com analistas.

No terceiro trimestre, o BB teve R$ 20,8 bilhões em margem com clientes, aumento de cerca de 1% em um ano, dada a concentração da carteira em linhas de menor risco. “A margem com clientes foi sequencialmente mais forte (+5% em um trimestre) devido ao melhor mix de captação”, afirmou a equipe liderada por Tito Labarta, do Goldman Sachs.

Na margem com mercado, o banco observou um crescimento de 64,5% em um ano, para R$ 5,1 bilhões, mas viu arrefecerem em termos trimestrais as contribuições do Patagonia, banco que controla na Argentina. O “vilão” foi a marcação a mercado negativa de títulos da carteira da instituição, diante da volatilidade da economia do país vizinho.

Fonte: Infomoney

Bancos avançam, mas ainda tiram ‘nota baixa’ em diretrizes climáticas

Publicado em: 08/11/2024

Os maiores bancos brasileiros desenvolvem uma série de iniciativas socioambientais em favor da transição climática, mas as ações implementadas ainda estão longe de ser suficientes dado o peso que desempenham na economia e a urgência do tema, segundo um estudo do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) feito em parceria com organizações ambientalistas e do terceiro setor.

De acordo com o relatório, cuja metodologia é contestada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os bancos avançaram em temas operacionais, como igualdade de gênero, proteção ao consumidor, remuneração e inclusão financeira. Por outro lado, ainda precisam ampliar escopo em políticas setoriais, com ações voltadas à gestão de investimentos próprios e de terceiros — com compromissos relacionados ao enfrentamento às mudanças climáticas — e criação de política de redução de uso de agrotóxico no financiamento da agropecuária.

No estudo, com base nos compromissos públicos assumidos pelas oito maiores instituições financeiras do país com notas que vão de 0 (bancos que não pontuam em nenhum dos temas, elementos e categorias) a 10 (pontuam em todos), os bancos brasileiros tiraram nota 3,3 em práticas para combater as mudanças climáticas, uma queda em relação à edição anterior, quando a média geral ficou em 3,8.

Em alguns temas, os bancos apresentaram novas políticas, como em relação ao tema de armas e mudanças climáticas, que subiram de posição no ranking. As notas na média geral ainda assim caíram porque, com a mudança da metodologia, é preciso que em temas onde os bancos pontuavam automaticamente pela legislação brasileira, as instituições tenham diretrizes próprias.

“O que a gente observa é que em temas operacionais, mais relacionados à atividade interna dos próprios bancos, como proteção ao consumidor, remuneração e inclusão financeira, eles costumam ter uma nota melhor. Tem evoluído em relação às políticas que estão públicas, como avalia a metodologia”, pontua. No entanto, o mesmo não acontece nas políticas setoriais, como armas e alimentação, aponta Julia Catão Dias, coordenadora do programa de consumo sustentável do Idec. “No tema de alimentos, por exemplo, nenhum banco tem política de redução de uso de agrotóxico no financiamento da agropecuária”, finaliza.

Além disso, segundo o relatório, enquanto os compromissos em relação ao fornecimento de crédito tendem a ser mais rigorosos em relação às questões climáticas, as carteiras de investimento (investimentos próprios e de terceiros) seguem o caminho contrário e falham em critérios rigorosos.

Os dados são da 10ª edição do Guia dos Bancos Responsáveis, realizado pelo Idec em parceria com o Conectas Direitos Humanos, Instituto Sou da Paz, Oxfam Brasil e Proteção Animal Mundial, todas entidades da organização civil. É utilizada uma metodologia elaborada pela Fair Finance International (FFI), rede de entidades civis que atua pela transformação dos sistemas financeiros globais, e pela Profundo, consultoria de sustentabilidade sediada nos Países Baixos.

O estudo analisou documentos públicos do Banco do Brasil, BNDES, Bradesco, BTG Pactual, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco, Safra e Santander Brasil que, juntos, segundo o levantamento, concentram 71,7% dos ativos do sistema bancário no país.

Foram avaliados 18 temas socioambientais e climáticos tanto em relação à operação interna do banco, quanto para quatro categorias de serviços financeiros: créditos corporativos, financiamento de projetos, gestão de recursos próprios e gestão de recursos de terceiros.

Temas transversais: bem-estar animal, mudanças climáticas, corrupção, igualdade de gênero, direitos humanos, direitos trabalhistas, meio Ambiente e impostos;

Temas setoriais: armas, alimentos, florestas, mineração, óleo e gás, geração de energia;

Temas operacionais: proteção ao consumidor, inclusão financeira, remuneração e transparência e prestação de contas.

Segundo o relatório, apenas 33% dos elementos avaliados foram encontrados nos documentos públicos das instituições. Além disso, das oito instituições avaliadas, o Banco do Brasil foi o único que melhorou de nota em relação à edição anterior. Isso se deve, aponta o estudo, pela mudança na metodologia aplicada, com a retirada de pontos automáticos nos temas em que o Brasil possui legislação. Isso não significa que as instituições tenham reduzido os seus compromissos, mas que falham em detalhar diretrizes, que, “embora estejam previstas em lei, deveriam ser reforçadas em suas políticas”, diz o relatório.

“Para elementos que existem na legislação do país, se tem garantia de que a legislação é cumprida, o banco poderia pontuar automaticamente e esses pontos eram aplicados até então. Em um contexto que não tem a garantia de que a lei é cumprida, como a gente entende que é o caso do Brasil em alguns temas, a gente não concede o ponto e espera que o banco explicite na política que aquele é um direito que ele garante. São compromissos explicitamente assumidos”, diz Catão.

Sonia Consiglio, especialista em sustentabilidade e SDG Pioneer pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), pondera que há dois impactos com a mudança: as notas caem já que, havendo medida regulatória no país, as instituições não criam diretrizes próprias sobre determinados temas porque obedecem à legislação. Por outro lado, diz ela, eleva o padrão.

“Terem tirado coisas que já são regulatórias, de ‘eu vou pontuar porque é obrigação do banco fazer’ é uma definição interessante porque você está subindo a régua, como ‘eu quero que você vá além da legislação”, destaca.,

Consiglio, que tem uma vasta atuação em ESG em bancos, ressalta, porém, que, apesar do resultado da pesquisa, as instituições brasileiras já possuem uma atuação de ponta sobre o tema e que os bancos reconhecem “a responsabilidade como um agente que concede financiamento e que é corresponsável pelo crédito fornecido”. Além disso, pondera que “existem desafios mundiais que podem frear um avanço mais rápido sobre as pautas”.

“Não é assim só os bancos. Não estamos em um momento favorável para isso. Eu acho que o compromisso existe. O mais importante na minha opinião é definir o objetivo final. Se a gente concorda com o objetivo”, afirma

Segundo o relatório, um dos temas impactados pela retirada dos pontos de legislação foi o meio ambiente, o que mostra que os bancos “não possuem políticas próprias sobre questões importantes relacionadas à natureza”. O tema caiu da 5ª para a 8ª posição. Contrário a isso, porém, foi a primeira vez que uma instituição pontuou no tema de bem-estar animal, que foi pontuado pela primeira vez no estudo pelo BTG Pactual, comenta Catão. “É um tema que quase nenhum banco tem política ou, se tem, não é publicizado”.

Desinvestimento em setores críticos

Em relação ao “desinvestimento” em setores críticos, como mineração, exploração de carvão mineral, térmico, petróleo e gás, mesmo que quase todos os bancos tenham tido redução nas notas sobre o tema, a maioria têm adotado medidas de desinvestimento no setor de combustíveis fósseis, que possui impactos ao meio ambiente e à saúde humana respiratória com emissões de gases poluentes em suas queimas, de acordo com o relatório.

O estudo também aponta que a chamada estratégia de phase-out, ou eliminação progressiva, ainda não é adotada pelo Safra, BTG e Caixa. As outras instituições possuem políticas de exclusão e estratégias de phase out gradual. Para Catão, é preciso que os bancos apresentem um plano de transição “de fato comprometido com o desfinanciamento de determinados setores”.

Por outro lado, a maior parte das instituições avaliadas aplicam essas políticas apenas para seus financiamentos, com exceção do Banco do Brasil e do Itaú, que aplicam políticas restritivas para seus investimentos próprios no setor de carvão mineral e térmico, aponta o documento.

Nesse sentido, Consiglio pondera que é preciso ampliar a análise para um contexto mundial para entender o resultado, uma vez que a geopolítica influencia diretamente o avanço de questões relacionadas ao meio ambiente. Um exemplo disso é o impacto em combustíveis e fontes de energia, que foram fortemente impactados por conflitos mundiais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia. “Isso mexeu com fonte de energia no mundo porque teve que acionar mais termelétrica, então ficou em stand by [o tema]. Existem contextos mais ou menos favoráveis a essa agenda”, pontua.

A especialista também pondera que o desinvestimento deve ser feito com foco na transição, já que uma mudança abrupta pode gerar problemas econômicos e sociais.

“Ninguém dorme e acorda sustentável. Seria irresponsável virar um botão e falar ‘não uso mais petróleo’. Você pararia o mundo. Tem que olhar em uma lógica de transição. Se você desinveste de um setor crítico do dia para noite ou sem construir com essa empresa um caminho, pode causar uma crise social porque essa empresa emprega pessoas, tem fornecedores pequenos e médios que dependem dela. O desinvestimento tem que estar dentro de uma estratégia responsável de construção deste caminho”, ressalta.

Mudanças climáticas

Em relação às mudanças climáticas foram avaliadas a pegada de carbono dos bancos e a capacidade de seus portfólios se adequarem ao cenário de 1,5°C, estratégias de transição para uma economia de baixo carbono, incluindo a substituição de combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis.

O tema também analisa se as instituições incentivam as empresas que investem e financiam a medir, divulgar e reduzir suas emissões, além de examinar a sua capacidade de eliminar gradualmente o financiamento e os investimentos em atividades que geram emissões inaceitavelmente altas de Gases de Efeito Estufa (GEE)

Neste tópico, segundo o estudo, quase todos os bancos não disponibilizam informações sobre as suas emissões absolutas de gases do efeito estufa relacionadas a seu portfólio de financiamento e investimento, seja que resultam de atividades sob o controle do banco ou empresa, causadas pelo uso de energia e compra dos bancos e empresas ou emissões ligadas à cadeia de valor do banco ou empresa financiada.

Salvaguarda climática

Em relação ao monitoramento de riscos em relação aos investimentos e financiamentos, chamado de salvaguarda climática, os bancos ainda pecam em relação à gestão de ativos próprios e de terceiros, segundo a pesquisa. Os bancos devem, segundo Catão, realizar uma avaliação rigorosa dos riscos para as pessoas e para as natureza antes de optar por investir em um determinado projeto.

Pelo fato de os bancos viabilizarem projetos de pessoas físicas e jurídicas, explica Consiglio, há uma importância “estrutural” dessa análise para as próprias instituições, que são consideradas “corresponsáveis”. “Quando ele concede o crédito para uma instituição, se não observar se vai ter impacto ambiental e social e depois tem, ele é corresponsável por isso”, comenta.

Nesse aspecto, o relatório aponta que há alguns compromissos relacionados ao enfrentamento às mudanças climáticas para as políticas de crédito e financiamento de projetos, mas, quando relacionado às carteiras de investimento, os mesmos compromissos “são praticamente inexistentes”.

Segundo Consiglio, porém, a evolução das ações — tanto em relação a esse, como aos outros temas do estudo — necessitam de tempo. “Por ser uma agenda de transformação de modelo de mundo, que passa a considerar meio ambiente e pessoas no econômico, a mudança não será feita rapidamente, sem idas e vindas”, diz a especialista, pontuando que a sensação sempre será de estar atrasado, frente à urgência do tema e da situação global.

“Tudo que a gente fizer nessa agenda [climática], ela é em menor velocidade e menor intensidade. A gente já está perdendo nessa corrida. É importante reconhecer isso porque temos a noção da urgência”, ressalta a especialista.

O que dizem os bancos

A metodologia da pesquisa é criticada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e pelos bancos associados. Em nota conjunta enviada ao Valor, a entidade e as instituições discordam dos resultados e dizem que “foram apresentadas várias sugestões para o aperfeiçoamento da metodologia, as quais, convenientemente, não foram incorporadas ao estudo”. Além disso, apontam que o desempenho no estudo “não reflete os avanços, as políticas e iniciativas dos bancos voltadas à responsabilidade social, ambiental e climática”, ressaltando que o setor foi pioneiro na questão e que possui regras e diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), Banco Central (BC), sistema de autorregulação setorial do país e Febraban.

“Os bancos também estabelecem protocolos para a gestão dos riscos socioambientais e critérios para a concessão de crédito. “Seja por meio de suas Políticas de Responsabilidade Social, Ambiental e Climática, seja por meio dos mecanismos de autorregulação setorial, segundo os quais os bancos se comprometem, de forma voluntária, a seguir padrões ainda mais elevados de conduta e são periodicamente supervisionados, podendo sofrer punição em caso de descumprimento”, destaca a nota.

Além disso, diz a entidade, desde 2015 os bancos medem os fluxos de financiamento do sistema bancário, por atividades econômicas, a partir de critérios socioambientais com a Taxonomia Verde da Febraban. Por fim, ressalta que os bancos também estão “alinhados aos compromissos globais de mitigação dos riscos socioambientais e climáticos, e são reconhecidos em diversos rankings e índices de mercado em sustentabilidade nacionais e internacionais”.

A Caixa, em comunicado enviado ao Valor, afirma que adota critérios sociais, ambientais e climáticos nos financiamentos de projetos, com base nos “Princípios do Equador” e nos “Padrões de Desempenho da International Finance Corporation”. Para setores cujas atividades são passíveis de licenciamento ambiental, o banco informou que possui regras específicas que são condicionantes para a concessão de crédito, como comprovação da regularidade ambiental e observância à legislação do setor.

Além disso, a instituição ressalta que “avalia os riscos sociais, ambientais e climáticos em seus relacionamentos e define sobre o fornecimento ou não de crédito, financiamento ou relacionamento com empresas, pessoas e fornecedores, de acordo com os riscos identificados”. Por fim, o banco reiterou que mantém uma contínua melhoria de processos e de governança, “utilizando-se também da análise emitida pelas entidades da sociedade de modo a fortalecer o seu papel no desenvolvimento sustentável do país”.

Já o BNDES, que se manteve no primeiro lugar, mas apresentou recuo em relação à edição anterior, informou, em nota, que a instituição “ocupa há muitos anos a primeira posição no ranking do IDEC de bancos responsáveis” e que, nesta edição, “a pesquisa utilizou metodologia mais restritiva, que derrubou a média da nota dos outros bancos, enquanto a do BNDES se manteve praticamente inalterada, posicionando-se na primeira colocação entre todas as instituições”. O banco também ressaltou que “acompanha a constante evolução do tema e atua dentro das melhores práticas internacionais de sustentabilidade”.

Procurados pelo Valor, os bancos Safra, BTG, Bradesco, Itaú e Banco do Brasil informaram que não comentarão o resultado da pesquisa e que seguem a posição da Febraban em relação ao estudo. O Santander não respondeu ao Valor e o espaço segue aberto.

Fonte: Valor Econômico

O que esperar dos balanços dos bancos no terceiro trimestre?

Publicado em: 01/11/2024

A temporada dos balanços do terceiro trimestre já começou, mas desde o dia 29 de outubro que o noticiário corporativo começa a esquentar para valer. É que o Santander (SANB11) dá o pontapé inicial nas divulgações dos grandes bancos brasileiros. E a estrela do show deve ser a saúde da carteira de crédito das instituições.

Ainda é cedo para entender o quanto o aumento da Selic, feita em meados de setembro, irá afetar o Santander, Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11), mas o mercado espera que seja possível antecipar o impacto dos juros altos em suas carteiras de crédito.

Para os analistas do Bank of America, a expectativa é que os bancos entreguem números robustos — com uma média de crescimento de 14% no comparativo anual. O impulso deve vir principalmente da melhora das margens financeiras (NIIs) e uma estabilidade na qualidade das carteiras de crédito.

Apesar disso, há perguntas a serem respondidas diante da nova realidade que precifica uma Selic perto dos 13% ao ano em 2025 e todos os bancos devem — em maior ou menor grau — aumentar as suas provisões contra calotes. Para o BofA, é preciso olhar de perto a evolução das margens diante dos juros altos, o aumento da inadimplência rural — após um trimestre marcado por diversos pedidos de recuperação judicial no setor agropecuário — e a velocidade do oferecimento de crédito.

O Itaú BBA vê todos os grandes bancos em posição para apresentarem números positivos, apesar das dúvidas com relação a linhas de crédito específicas.

Confira as principais projeções para o setor bancário:

Santander (SANB11)

Para o BofA, o Santander deve ser a instituição com o melhor múltiplo de crescimento anual, mas com desaceleração da carteira de crédito, principalmente nas linhas voltadas para grandes empresas.

A Genial Investimentos acredita que a melhora na rentabilidade deve ter um ritmo mais lento do que os vistos nos trimestres anteriores. Já a carteira de crédito deve seguir com um crescimento cauteloso, uma postura adotada diante do cenário de juros mais altos.

“Acreditamos que o Santander deve acelerar a concessão de crédito em produtos de maiores spreads, como cartões, PMEs e Financeira, especialmente após o processo de limpeza da carteira de crédito realizado nos últimos trimestres”, apontam os analistas da Genial.

Consenso de mercado:

Receita líquida: R$ 20,52 bilhões

Lucro líquido: R$ 3,5 bilhões


Bradesco (BBDC4)

Após uma série de resultados decepcionantes, os analistas estão atentos aos sinais de recuperação da lucratividade do Bradesco e a abordagem cautelosa da instituição ao seu mix de crédito.

Enquanto o BofA vê o Santander como melhor candidato no comparativo anual, o Bradesco deve se destacar na base trimestral com uma “melhora gradual” da receita, ainda que as receitas de tarifas e as despesas se manterão em um ritmo semelhante ao do trimestre anterior. Para a Genial, já é possível ver avanços no plano estratégico do banco para a retomada do crescimento e rentabilidade.

“Acreditamos que o processo de reestruturação do banco levará tempo, e que a maior parte dos resultados positivos será capturado em 2025 e 2026. Para o próximo ano, projetamos um lucro líquido de R$ 23,77 bilhões”, explicam.

Uma das principais surpresas positivas pode ser a reversão das provisões feitas no início de 2023 no caso das Americanas. No caso do Bradesco, o total é de R$ 4,8 bilhões. “Dado o momento de reestruturação do Bradesco, esperamos que o valor revertido seja utilizado para a realização de provisões de crédito adicionais”, apontam os analistas da Genial.

Consenso de mercado:

Receita líquida: R$ 30,9 bilhões

Lucro líquido: R$ 5,06 bilhões
Banco do Brasil (BBSA3)

Apesar dos números robustos nos últimos trimestres, o Banco do Brasil está sob uma sombra indesejada no terceiro trimestre — líder em linhas de crédito rural, o BB está pressionado pelo grande número de pedidos de recuperação judicial no agronegócio, afetando a carteira e a qualidade dos empréstimos

O Plano Safra, linha de financiamento para a atividade agrícola, foi adiado para o início de setembro e só deve começar a mostrar resultados no quarto trimestre. Além disso, dados de crédito do Banco Central mostram uma piora na inadimplência no segmento agro.

Com os problemas do agronegócio, os olhares estarão voltados para o volume de provisões que o banco fará para se prevenir de calotes expressivos em suas linhas rurais de crédito.

Consenso de mercado:

Receita líquida: R$ 36,3 bilhões

Lucro líquido: R$ 9,3 bilhões


Itaú (ITUB4)

Para o Itaú, a expectativa é que os resultados apresentem as mesmas características dos últimos trimestres — um crescimento robusto, com margens saudáveis e inadimplência sob controle.

Segundo os analistas do JP Morgan, o banco pode ser considerado uma escolha defensiva dentro do setor bancário.

Consenso de mercado:

Receita líquida: R$ 42,2 bilhões

Lucro líquido: R$ 10,3 bilhões

Fonte: Forbes

Lucro dos grandes bancos deve crescer para R$ 28,4 bilhões no 3º trimestre

Publicado em: 29/10/2024

Os grandes bancos brasileiros deverão ter um resultado positivo no terceiro trimestre, ainda sem impacto de fatores que começam a despontar no horizonte. Embora a situação atual ainda seja bastante tranquila, com crédito crescendo em ritmo forte e inadimplência estável, a perspectiva vem se tornando mais incerta nas últimas semanas. Adiante estarão o efeito do novo ciclo de alta de juros – que deverá afetar sobretudo o segmento de pequenas e médias empresas (PMEs), em que os bancos vinham mostrando mais apetite -, um possível aumento no nível de calotes e a desaceleração do PIB prevista para o próximo ano.

Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Santander deverão apresentar um lucro consolidado de R$ 28,428 bilhões de julho a setembro, de acordo com a média de oito casas coletada pelo Valor. Isso representa alta de 3,1% no trimestre e de 13,1% em um ano. A temporada começa no dia 29, com Santander, que deve continuar mostrando uma recuperação nos resultados, assim como Bradesco. Itaú tende a seguir registrando recordes, mas BB, que vinha páreo a páreo com o rival privado, deve ficar um pouco para trás. O banco público tem sido mais afetado pelas dificuldades do agronegócio.

Para Carlos Daltozo, diretor de research da consultoria Eleven, o cenário atual para os bancos reflete uma combinação de fatores, tanto de oferta quanto de demanda. Enquanto o desempenho do crédito tem sido melhor do que o esperado, o atual ciclo de aumento da Selic não era previsto no início do ano. De qualquer forma, ele aponta que os bancos entram nesse novo ciclo de aperto monetário mais “leves”, ou seja, com carteiras mais saudáveis, já que fizeram um movimento de redução de risco nos últimos trimestres. “No ciclo anterior [2021 e 2022] os bancos estavam vivendo um momento de alta da inadimplência, mas desta vez eles estão muito mais leves. A questão é como vão se comportar agora com essa alta de juros.”

Na visão dos analistas do Bank of America, o momento é de lucros robustos para os bancos, mas com alguns sinais de alerta. Enquanto a margem com clientes deve continuar crescendo em um bom ritmo e a inadimplência tende a permanecer estável, o cenário de juros mais elevado pode afetar a margem com mercado, o índice de calotes pode subir no segmento rural e será preciso avaliar o apetite dos bancos em meio a um cenário macroeconômico mais incerto.

“Os mercados de capitais devem refletir condições adversas; o segmento de pagamentos terá crescimento sólido de TPV [volumes processados]; e nas seguradoras os índices de sinistralidade devem ficar estáveis”, resume o BofA. A XP tem uma visão semelhante, embora um pouco mais otimista. “No geral, esperamos um conjunto de resultados sólidos para os bancos. Como resultado de uma originação sólida e de um mix mais favorável, estimamos melhorias na margem com cliente, enquanto a margem com mercado pode apresentar volatilidade devido às novas expectativas de taxas de juros.”

Conforme o Valor mostrou na semana passada, a inadimplência em pessoa física, com recursos livres, segue acima dos níveis pré-pandemia. Os dados indicam que isso pode ser reflexo do aumento da fatia da baixa renda na carteira de crédito dos bancos e de mudanças no mix desse portfólio, com presença maior do cartão de crédito, considerada uma linha mais arriscada. Em estudo recente, o Itaú BBA aponta que o impacto de alterações na Selic costuma acontecer com uma defasagem de seis meses. E que o atual ciclo de alta levaria a uma inadimplência entre 0,5 e 1,0 ponto percentual maior ao fim de 2025, partindo de 7,0% agora nesse segmento.

Um ponto que pode chamar atenção nos balanços é o eventual impacto na inadimplência dos gastos de consumidores com apostas esportivas, as “bets”. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chegou a indicar que há sinais iniciais de impacto, especialmente na baixa renda, e o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, foi bastante vocal sobre a necessidade de se bloquear o uso do cartão de crédito nessas apostas. Um estudo divulgado pelo BC afirmou que as bets receberam R$ 3 bilhões de beneficiários do Bolsa Família em agosto, mas depois a validade dos dados foi questionada.

O Santander CIB chegou a fazer um estudo para analisar potenciais impactos das bets, sobretudo para o Nubank, que tem clientes de renda mais baixa e que usam muito o cartão. “Nós acreditamos que o risco é que parte material do Pix crédito esteja relacionado às apostas, o que resultaria em um risco de crédito extremamente elevado”, disseram os analistas. Na sequência, o Nubank revelou mais detalhes e rebateu essa tese. O banco afirmou que acompanha de perto seus modelos de crédito para garantir que permaneçam bem calibrados diante do crescimento das apostas on-line. “Registramos menos de 1% do nosso volume financeiro de Pix e Pix Parcelado sendo destinado às maiores empresas do setor.”

No crédito corporativo, os analistas dizem que há novos casos de empresas com problemas, como Agrogalaxy, por exemplo, mas que eles não devem ter impacto significativo nos resultados dos bancos. Há também a possibilidade de que alguns bancos revertam parte das provisões feitas para Americanas, após a implementação do plano de recuperação da companhia, que contou com desconto nas dívidas e aporte dos acionistas. Entretanto, esse não é um consenso nos relatórios do “sell-side”.

O Santander, que abre a temporada de balanços, deve ter lucro de R$ 3,473 bilhões no terceiro trimestre, com a maior alta anual, de 27,3%. Para os analistas da Genial, a trajetória de melhora na rentabilidade deve continuar, mas de forma mais gradual. Para eles, no crédito, o banco deve priorizar rentabilidade, em detrimento de crescimento. “Esperamos uma dinâmica mais arrefecida nas carteiras de atacado e consignado, que juntas representam aproximadamente 40% da carteira total, devido à pressão do teto de taxa no consignado e ao aumento da concorrência no segmento de atacado.”

Bradesco, com lucro de R$ 5,219 bilhões, terá o maior crescimento trimestral, de 8,5%. Na avaliação do Goldman Sachs, o retorno sobre o patrimônio deve subir 0,8 ponto percentual, para 12,6%. “Os resultados devem ser positivamente impactados pela forte margem financeira e a contribuição do setor de seguros no trimestre, enquanto as despesas operacionais devem permanecer sob controle.”

O grande foco da temporada deve estar no BB, que pode sofrer com o agronegócio. Quando foi feita a divulgação dos resultados do segundo trimestre, o banco avaliou que, com a entrada do novo Plano Safra, a inadimplência no setor tenderia a melhorar. Mas, no mês passado, o vice-presidente financeiro, Geovanne Tobias, admitiu que esse processo está um pouco mais demorado do que o esperado. “Essa regularização está mais lenta, houve um atraso na janela hidrológica, temos uma seca histórica. Temos feito um esforço de regularização, mas é fato que o agro está trazendo hoje uma inadimplência maior do que vimos nos últimos anos.” Com um lucro de R$ 9,470 bilhões, o BB deve ter a única queda no trimestre, de 0,4%.

Já o Itaú deve ter novos números inéditos de lucro, com R$ 10,423 bilhões. Nesse caso, o foco dos investidores é se haverá um anúncio de dividendo extraordinário, que o banco já indicou que deve acontecer em algum momento. Nesta semana, informou que exercerá a opção de resgate das notas subordinadas Nível 2 emitidas em 2019, no valor de US$ 750 milhões. O impacto no capital deve ser de 0,3 ponto percentual. “Esperamos mais um trimestre de resultados sólidos, com lucro líquido recorrente aumentando 15% em um ano, apoiado por sólida geração de receitas, despesas controladas e qualidade estável de ativos. […] Mantemos nossa recomendação de ‘compra’, uma vez que a rentabilidade, o capital e as capacidades de execução acima dos seus pares justificam uma avaliação premium”, diz o BofA.

Fonte: Valor Econômico

Brasileiros terão 6 meses para sacar dinheiro esquecido nos bancos

Publicado em: 18/10/2024

Pessoas físicas e empresas que perderam o prazo para sacar os R$ 8,6 bilhões de recursos esquecidos nas instituições financeiras ainda terão 6 meses para reclamar os valores. O limite era até 4ª feira (16.out.2024). As informações para requerer o dinheiro estarão em edital que será publicado pelo Ministério da Fazenda.

O SVR (Sistema de Valores a Receber) é um serviço do BC (Banco Central), no qual é possível consultar se empresas, mesmo aquelas que foram encerradas, e pessoas físicas, inclusive falecidas, têm dinheiro esquecido em algum banco, consórcio ou outra instituição e, caso tenha, saber como solicitar o valor. De acordo com a Lei 2.313 de 1954, caso os recursos não sejam requeridos no prazo de 25 anos, poderão ser incorporados à União.

O governo declara que isso não representa um confisco. No caso dos valores informados atualmente no SVR do Banco Central, os recursos não sacados serão transferidos para a conta única do Tesouro Nacional. A ação tem o objetivo de atender à lei que compensa a prorrogação da desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia e de 156 municípios, aprovada em setembro pelo Congresso Nacional.

De acordo com o Ministério da Fazenda, o novo edital trará a relação dos valores recolhidos, a instituição onde estão esquecidos, a natureza do depósito, a agência e o número da conta.
Prazo de 30 dias

Será estabelecido, então, prazo de 30 dias, contado da data da publicação do edital, para que os respectivos titulares contestem o recolhimento dos recursos. O interessado precisa acionar as instituições financeiras para reaver o dinheiro esquecido.

As pessoas e as empresas ainda terão 6 meses para requerer judicialmente o reconhecimento do direito aos valores. O prazo também se inicia depois da publicação do edital pela Fazenda. Depois disso, os valores serão recolhidos pela União.

O Banco Central e o Ministério da Fazenda ainda não divulgaram balanço de quanto faltou ser resgatado dos R$ 8,6 bilhões que estavam disponíveis até 4ª feira (16.out). Desse total, R$ 6,62 bilhões referem-se a valores não retirados por pessoas físicas e R$ 1,97 bilhão por empresas.

Depois de ficar fora do ar por quase 1 ano, o SVR foi reaberto em março de 2023, com novas fontes de recursos, um novo sistema de agendamento e a possibilidade de resgate de valores de pessoas falecidas. Até agosto de 2024, o BC promoveu a devolução de R$ 8 bilhões, de um total de R$ 16,6 bilhões postos à disposição pelas instituições financeiras.

Fonte: Poder 360

Bancos digitais estão “engolindo” os tradicionais

Publicado em: 12/10/2024

No universo financeiro brasileiro, o papel dos bancos tradicionais, como Banco do Brasil, Bradesco e Itaú, sempre foi destacado. Eles fazem parte da trajetória de muitas conquistas, como a compra da casa própria ou o financiamento de um carro. No entanto, com a ascensão dos bancos digitais, uma grande questão emerge: a era dos bancos físicos está chegando ao fim? Esta pergunta ganha relevância à medida que as fintechs, como Nubank e Inter, capturam cada vez mais a atenção dos consumidores.

Os bancos digitais oferecem facilidades que mudam o comportamento do consumidor, que naturalmente prefere conveniência e agilidade a filas intermináveis e processos burocráticos. Em 2023, o Banco do Brasil, por exemplo, perdeu quase 3 milhões de clientes para bancos digitais. Um dado que reforça uma tendência crescente: os brasileiros estão migrando em massa para as plataformas digitais financeiras.

O que os bancos digitais oferecem que os bancos físicos não conseguem?

E essa migração para os bancos digitais tem motivo. Hoje, 64% dos brasileiros preferem utilizar os serviços digitais em vez dos bancos tradicionais. O principal motivo é a experiência simplificada e sem taxas abusivas, algo que os bancos digitais oferecem. Apps como Nubank, Inter e C6 Bank conquistam aqueles que buscam descomplicar suas vidas financeiras, sem as restrições de horário e as idas frequentes às agências.

A aposta dos bancos digitais é na simplicidade e acessibilidade. Sem a necessidade de uma estrutura física gigantesca e cara, eles conseguem cortar esses custos e transferir esses benefícios diretamente para os clientes. Isso significa, muitas vezes, menos taxas ou até mesmo isenção total de tarifas. A experiência de usuário é outro diferencial crucial. Abrir uma conta pode ser feito em minutos, pelo celular, sem sair de casa. Cartões de crédito podem ser solicitados pelo aplicativo e usados antes mesmo de chegar o cartão físico.

Os bancos tradicionais vão fechar as portas?

Com a popularidade explosiva dos bancos digitais, uma questão pertinente surge: será que o futuro dos bancos tradicionais é o fechamento? Embora seja difícil prever com precisão, é inegável que os bancos físicos precisam se reinventar. Grandes instituições como Itaú e Bradesco já estão investindo no digital, com lançamentos como o Iti e o Next, respectivamente. Contudo, muitos clientes ainda veem essas iniciativas como extensões dos serviços físicos ao invés de uma inovação genuína.
O desafio dos bancos tradicionais para se manterem relevantes

Um dos principais desafios dos bancos físicos é adaptar seus negócios à nova era digital. Manter uma rede extensa de agências é caro e, num cenário onde agilidade é prioridade para os consumidores, esse modelo parece cada vez mais ultrapassado. Reclamações sobre burocracia e lentidão são frequentes. A resistência interna à mudança é outro obstáculo. Funcionários acostumados aos métodos antigos têm dificuldades em adotar novas tecnologias, atrasando a modernização necessária.

Por outro lado, os bancos digitais seguem crescendo e inovando. Exemplo disso é o Nubank que, em 2023, registrou um lucro surpreendente de 1 bilhão de dólares, demonstrando que a aposta no digital é lucrativa e sustentável. Com novos recursos a todo momento, eles seguem evoluindo suas ofertas e atraindo mais clientes.

Fonte: Terra

Bancos pagam R$ 9,2 milhões por executivo e propõem perda real para categoria

Publicado em: 25/08/2024

Após mais de dois meses de Campanha e nove rodadas de negociação, a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) propôs, nesta quarta-feira 21, perda salarial de 0,57% para os trabalhadores. Considerando a projeção para data-base 1º de setembro, 3,96%, a proposta para o reajuste dos bancários 2024 foi de 85% do INPC, equivalente a 3,37%, o que significa perda salarial de 0,57%. O índice foi rejeitado na mesa de negociação.

Enquanto isso, para 2024, a previsão é que a remuneração média individual anual da Direção Estatutária dos 4 maiores bancos (Itaú, Santander, BB e Bradesco) chegue a R$ 9,2 milhões por diretor(a), aumento de 8% em relação a 2023. O valor é 115 vezes maior do que a remuneração anual da função de escriturário (salário, 13º, férias, tickets, PLR). Considerando a remuneração média geral anual da categoria, o valor é 46 vezes superior.
Bancos lucraram R$ 54 bilhões no 1º semestre de 2024

Não há justificativa para esse desrespeito com os trabalhadores. O lucro líquido dos maiores bancos no Brasil cresceu 169% acima da inflação, entre 2003 e 2023. Para 2024, há sinalização de melhora nos resultados. Juntos, os quatro maiores bancos, lucraram R$ 53,9 bilhões no primeiro semestre, alta de 13% em relação ao mesmo período de 2023.

Os setores menos lucrativos da economia tiveram aumento real este ano. Segundo levantamento do Dieese, no primeiro semestre de 2024 cerca de 86% das 8.680 negociações coletivas analisadas tiveram reajustes com ganhos acima do INPC com variação real média (acima do INPC) é, no momento, igual a 1,59%.

A categoria bancária reivindica a reposição total da inflação (INPC de 1º de setembro de 2023 a 31 de agosto de 2024) mais aumento real para salários, PLR, VA e VR e demais verbas.

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

Após lucro recorde dos bancos nos balanços do 2º tri, qual deles será o melhor pagador de dividendos?

Publicado em: 09/08/2024

A temporada de balanços do segundo trimestre de 2024 dos grandes bancos, conhecidos por pagar bons dividendos, encerrou com recordes históricos. Segundo levantamento divulgado por Einar Rivero, sócio fundador da Elos Ayta Consultoria, divulgados nesta sexta-feira (9), os lucros de Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander (SANB11) somados foram de R$ 26,8 bilhões. O desempenho superou o recorde anterior de R$ 26,1 bilhões, registrado no segundo trimestre de 2022. Em meio a esse verdadeiro recorde olímpico, o investidor deve se questionar quais empresas devem ficar no pódio das maiores pagadoras de proventos nos próximos trimestres.

Alguns investidores podem verificar o lucro de cada banco e estimar que o melhor pagador de dividendos será o aquele que mais lucrou. Mas isso pode não ser a melhor forma de chegar a essa conclusão. O investidor não deve se ater somente ao lucro: o rendimento em dividendos, conhecido como dividend yield, é um indicador mais preciso.

O DY mostra o rendimento em proventos em relação ao valor da ação do banco e pode indicar ganhos relevantes para quem tem esses papéis na carteira. As duas empresas que saem na frente nesse quesito são Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3).

Na visão de Milton Rabelo, analista da VG Research, os dois bancos apresentaram bons resultados no segundo trimestre de 2024. Como a chance de recessão nos EUA é baixa e não há impactos sobre os negócios das companhias, o analista diz que Itaú e BB devem continuar com essa boa dinâmica de lucros nos próximos trimestres. Já Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) devem continuar apresentando evoluções nos próximos trimestres, retornando gradualmente aos seus históricos de lucro e rentabilidade.

“Os quatros bancos tiveram resultados positivos, caracterizados por evolução na maior parte das linhas, porém o Itaú reportou o resultado mais forte entre eles, com lucro e rentabilidade muito elevados, além de evolução nas taxas de inadimplência e PDDs (Provisão para Devedores Duvidosos). Na conjuntura atual, Santander e, sobretudo, Bradesco parecem ter um potencial maior de evolução de resultados, já que os seus balanços ainda estão detratados”, diz o analista.

Melhor pagador de dividendos: Itaú ganha a medalha de ouro entre analistas

Para a Genial Investimentos, o Itaú também foi a empresa que mais saiu fortalecida da temporada de balanços. Os analistas comentam que a empresa está “na frente do pelotão e com uma performance olímpica”. Os analistas comentam que o trimestre mostrou um desempenho sólido da empresa gerida por Milton Maluhy Filho com melhoras contínuas em processos, tecnologia, modelos de crédito e na gestão de pessoas e cultura.

“Na perspectiva anual, enxergamos tendências construtivas, com receitas totais em expansão 7,7% na base anual, e destaques para margem com mercado, que cresce 31%, e seguros que avançam. Com base nessas expectativas, calculamos que a empresa deve pagar cerca de 7,5% do seu valor de mercado em dividendos do Itaú no acumulado de 2024″, dizem Eduardo Nishio, Wagner Biondo, Felipe Oller e Luis Degaspari.

O BTG calcula que o Itaú deve entregar um pagamento maior: 10,7% do valor de sua ação em dividendos nos próximos 12 meses, entre agosto de 2024 e agosto de 2025. Para o acumulado de 2024, a estimativa é de um dividend yield de 6,1%. Segundo o banco, esses proventos devem vir de um lucro líquido de R$ 40,3 bilhões que o Itaú deve apresentar no segundo semestre.

Já para todo o ano de 2025, a estimativa é de um provento de 6,8% do valor de sua ação. O dinheiro viria de um lucro líquido de R$ 44,5 bilhões. As estimativas de pagamentos de proventos mais altos do Itaú na janela dos próximos 12 meses, segundo o BTG, acontece em meio às expectativas de dividendos extraordinários que o banco deve pagar no balanço do quarto trimestre de 2024, que deve ser divulgado no começo de 2025.

Em entrevista coletiva nesta semana, o CEO do Itaú revelou uma data para o pagamento do dividendo extraordinário. “Vamos anunciar os dividendos extraordinários do Itaú no balanço do quarto trimestre de 2024. Não vamos falar aqui qual será o payout (porcentual do lucro a ser pago em dividendos), pois preferimos olhar as necessidades dos nossos clientes em relação à necessidade de capital. No entanto, vale reforçar que estamos confiantes de que anunciaremos esses dividendos, tudo está saindo conforme planejado”, disse Maluhy Filho.

O banco reportou um índice de capital nível 1 (Basileia III) de 14,6% no segundo trimestre de 2024, alta de 1 ponto porcentual na comparação com o mesmo período do ano passado e outra alta de 0,1 ponto porcentual na comparação com o primeiro trimestre de 2024

O índice de capital, ou Basiléia, é um indicador que reflete o porcentual do capital do banco empregado nos empréstimos realizados pela empresa. Essa medida serve para mitigar os riscos dos bancos e fortalecer a companhia. Analistas da Genial Investimentos apontam que o mínimo gerencial requerido do banco é de 12%. Ou seja, esses 2,6 pontos percentuais excedentes podem virar dividendos.

Em cima dessa expectativas, a VG Research calcula um dividend yield de 7,5% para o Itaú nos próximos 12 meses. A recomendação é de compra do papel. Para o investidor receber esse porcentual de proventos, o ideal seria a compra da ação até a faixa dos R$ 40,60. Passando desse valor, o analista comenta que o papel deixa de estar atrativo para o investidor.

O BTG também tem recomendação de compra para a ação do Itaú com preço-alvo de R$ 41,00 para os próximos 12 meses, potencial alta 21,8% na comparação com o fechamento quinta-feira (8), quando a ação encerrou o pregão a R$ 33,65. “O Itaú pode chegar a uma rentabilidade medida pelo Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE) de 25% nos próximos dois anos depois que normalizar o acumulado de capital. É uma rentabilidade muito alta e, por isso, classificamos o banco como o nosso favorito”, dizem Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura, que assinam o relatório.

Já a Genial recomenda compra com preço-alvo de R$ 40,60, uma alta de 15,6% na comparação com o fechamento de quinta-feira. A corretora também classifica o papel do banco como o seu predileto do setor. O banco deve pagar proventos extraordinários e as ações estão sendo negociadas a preços atrativos, como na métrica do Preço sobre o Lucro (P/L) estimado para 2024, que está em 8 vezes. Para 2025 a estimativa é de 7,2 vezes.

Banco do Brasil fica em segundo lugar entre pagadores de bons dividendos

Os analistas também elogiaram os resultados do Banco do Brasil, mas fizeram alertas sobre as tendências que os números do 2º trimestre indicam. A inadimplência acima de 90 dias cresceu 0,3 ponto porcentual, indo de 2,7% no segundo trimestre de 2023 para 3,0% no segundo trimestre de 2024. Ontem, os executivos do banco justificaram que essa alta do indicador de calotes foi puxada pelo setor do agronegócio. A inadimplência da carteira de crédito do segmento foi de 0,58% no segundo trimestre de 2023 para 1,32% no segundo trimestre de 2024.

Em meio a esse avanço da inadimplência, o banco revisou suas estimativas de Provisão para Devedores Duvidosos (PDD). O dinheiro é utilizado para cobrir o calote de clientes que não estão inadimplentes. A companhia revisou estimativas de suas provisões da faixa dos R$ 27 bilhões aos R$ 30 bilhões para o intervalo de R$ 31 bilhões a R$ 34 bilhões. No segundo trimestre de 2024 do BB, o PDD da empresa ficou em R$ 7,8 bilhões, alta de 8,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. No acumulado do primeiro semestre, o PDD ficou em 16,3 bilhões, avanço de 25,5%.

A Genial Investimentos mostrou preocupação com a inadimplência e revisão do guidance. Os analistas têm dúvidas se o custo de crédito, que veio pior do que o esperado, está forçando o banco a ajustar suas projeções. Mesmo com a preocupação com a alta da inadimplência, e com receio de que os números mostrem um piora sequencial no resultado do Banco do Brasil, analistas da Genial Investimentos calculam que o banco deve pagar 10% do seu valor de mercado em proventos, o que justifica a recomendação de compra.

“Acreditamos que o Banco do Brasil permanece com um preço atraente, negociado abaixo de seu valor patrimonial e com um ROE superior ao seu custo de capital. As ações estão sendo cotadas a múltiplos descontados em relação aos seus pares, com um Preço sobre Lucro (P/L) de 4,0 vezes para 2024 e 3,7 vezes para 2025”, dizem Eduardo Nishio, Wagner Biondo, Luis Degaspari e Felipe Oller, que assinam o relatório.

A Genial tem recomendação de compra para a ação do Banco do Brasil com preço-alvo de R$ 34 para o fim de 2024, uma alta de 29,8% na comparação com o fechamento de quinta-feira (8), quando encerrou o pregão a R$ 26,19. A VG Research acredita que o Banco do Brasil deva entregar bons resultados no ano e cumprir suas estimativas de lucro, que vão de R$ 37 bilhões a R$ 40 bilhões no acumulado de 2024.

“O Banco do Brasil oferece um investimento muito convidativo por aliar robustos pagamentos de proventos, forte geração de lucro e preço muito bom para o investidor”, explica. O especialista tem recomendação de compra e calcula um dividend yield de 10,45% para os próximos 12 meses. O preço máximo para garantir esses dividendos é até a faixa dos R$ 30,60. Acima desse valor, o ideal é o investidor não comprar a ação.

Já o BTG argumenta que a companhia parece estar se enfraquecendo e que o balanço do segundo trimestre do BB pode indicar que a empresa chegou ao ponto máximo e que pode desacelerar. “Já faz algum tempo que não o consideramos o Banco do Brasil em nossa lista de principais escolhas. Sentimos que os investidores começarão a precificar os ganhos máximos e que o papel pode sofrer”, apontam Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura, que assinam o relatório do BTG.

A equipe recomenda compra para o Banco do Brasil por considerar o papel barato em relação aos pares e pela rentabilidade acima dos 20%, o que, para o BTG, pode implicar em dividendos de até 12% entre 2024 e 2025. Os analistas recomendam compra para o Banco do Brasil com preço-alvo de R$ 36,00, uma alta de 37,45%.

Bradesco divide opiniões, mas não é bem visto comp pagador de proventos

O resultado do Bradesco no 2T24 agradou o mercado. A empresa teve um lucro líquido recorrente de R$ 4,7 bilhões no segundo trimestre de 2024, alta de 4,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. Na visão do CEO do banco, Marcelo Noronha, a companhia cresceu em linha com as projeções do mercado, sem colocar o investidor em risco.

Para a Genial Investimentos, os números do Bradesco foram positivos, pela melhora no ciclo de crédito, aumento na receita de juros com clientes e pela continuidade da execução do plano estratégico. A equipe da corretora diz que, embora o resultado não tenha atingido o pleno potencial do banco, o desempenho do segundo trimestre de 2024 sugere uma recuperação gradual e constante, apontando para melhores resultados nos próximos trimestres.

“No trimestre, o Bradesco avançou com a mudança no mix da carteira de crédito, focando na expansão de linhas e produtos com margens mais elevadas, ao mesmo tempo em que manteve a qualidade da carteira. Como resultado, a Margem Financeira com Clientes voltou a crescer na base trimestral, após seis trimestres de contração, marcando um ponto de inflexão nas receitas”, apontam Eduardo Nishio, Wagner Biondo, Luis Degaspari e Felipe Oller, que assinam o relatório.

Os analistas recomendam compra para o Bradesco com preço-alvo de R$ 17,00, uma potencial alta de 19,3% na comparação com o fechamento de quinta-feira (8), quando a ação encerrou o pregão a R$ 14,25. Como a companhia está em reestruturação, a Genial entende que o Bradesco é uma ação de ganho de capital e não para dividendos.

Milton Rabelo, analista da VG Research, compartilha da mesma visão. Ele diz que na perspectiva de médio e longo prazo o investimento nas ações do Bradesco não pode ser ignorado. “É interessante apontar que as ações do Bradesco estão historicamente descontadas e existe um grande potencial de evolução de resultados em função da reestruturação em curso no banco”, comenta Rabelo.

O analista estima que o banco pode ser interessante no ponto de vista de dividendos, mas não um grande destaque. Recomenda compra para a ação e calcula um dividend yield de 7,55% para o papel. E comenta que o investidor deve comprar o ativo até a faixa dos R$ 15,45.

Por outro lado, o BTG tem recomendação neutra para o Bradesco. Os analistas afirmam que o Bradesco tem um caminho difícil e muito longo pela frente e não gostam de tirar grandes conclusões com base em apenas um trimestre. A equipe do BTG estima que o Bradesco deve entregar um dividend yield de 8,4% para 2024 e outro de 8,6% para 2025.

“É fato, no entanto, que este trimestre apresenta um retrato muito melhor do P&L e do Balanço Patrimonial do Bradesco em comparação aos trimestres anteriores. Nossa classificação neutra permanece”, comentam O BTG tem recomendação neutra para o Bradesco (BBDC4) com preço-alvo de R$ 14,00, uma queda de 1,75% na comparação com o fechamento de quinta-feira (8), quando o papel encerrou o pregão a R$ 14,25.

Santander não tem recomendação de compra

Se o Bradesco divide opiniões, o Santander está no consenso da recomendação neutra. BTG, Genial Investimentos e a VG Research não indicam compra para a ação do banco. A companhia um lucro líquido recorrente de R$ 3,3 bilhões no segundo trimestre de 2024. No dia da divulgação do resultado, o CEO do Santander (SANB11), Mário Leão, comentou que não está satisfeito com o preço da ação do banco no mercado. Na visão de Leão, o preço do papel não reflete os resultados do banco.

O BTG concorda e diz que a correção de nas ações deste ano pareça um tanto exagerada, dados os sólidos resultados da companhia. A equipe vê um dado positivo do balanço: a rentabilidade do Santander está crescendo trimestre a trimestre. Por isso a instituição financeira deve melhorar seus números gradativamente.

No segundo trimestre de 2024 do Santander, o banco reportou uma rentabilidade, medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês), de 15,5%. O número apresenta um avanço de 4,3 pontos percentuais em comparação com o mesmo período do ano passado. “Mesmo com esse números positivos, estamos mantendo nossa classificação neutra para Santander à espera de melhores resultados”, explica Eduardo Rosman e sua equipe.

O BTG projeta um dividend yield de 6,3% para o Santander em 2024 e outro de 7,4% para 2025. A recomendação do BTG é neutra com preço-alvo de R$ 30,00, uma alta de 6,08% na comparação com o fechamento de quinta-feira (8), quando a ação terminou o dia cotada a R$ 28,28.

A VG Research também tem recomendação neutra para o Santander. O analista diz que faz mais sentido ter uma recomendação neutra, já que o banco negocia com um prêmio que parece injustificável em relação a alguns dos seus principais concorrentes. O analistas estima que o banco deve pagar 6,25% do seu valor de mercado em dividendos nos próximos 12 meses.

O ideal, seria o investidor comprar a ação abaixo da faixa dos R$ 28,14 para conseguir esses dividendos. Justamente pelo fato do papel ter fechado o último pregão acima desse valor, o melhor para o investidor é não comprar a ação agora. A Genial Investimentos tem a mesma tese, a corretora comenta que o papel não está em um preço atrativo e tem recomendação de manter com preço-alvo de R$ 31,80, crescimento de 12,44% na comparação com o fechamento de quinta-feira (8).
Possível crise nos EUA não preocupa executivos dos bancos

A semana foi conturbada nos mercados acionários. A bolsa japonesa desabou 12% na segunda (5) após temor de recessão nos EUA com dados da economia mais fracos que o esperado e a primeira alta de juros em oito anos, determinada pelo Banco Central do Japão dias antes. As bolsas globais seguiram a tendência e caíram. No entanto, para os executivos dos grandes bancos, a reação do mercado foi exagerada, já que as chances de recessão nos EUA são baixas. Sendo assim, as companhias não veem impactos dessa turbulência nos resultados e dividendos. As empresas, inclusive, vão manter a mesma intensidade de concessão de crédito e dois deles vão aumentar o apetite ao risco.

Para Marcelo Noronha, CEO do Bradesco (BBDC4), a reação dos mercados a uma provável recessão econômica nos EUA como algo absolutamente ‘extremado’. “Havia dúvidas [em relação ao] corte de juros nos EUA, porque a atividade estava colossal. A economia americana está bobando. Eu acho a reação de hoje absolutamente extremada. A gente vai ver o mercado caindo em cadeia, mas vejo a reação como algo exagerado”, disse Noronha na segunda-feira.

Em meio a esse cenário, o banco sinalizou que vai manter o mesmo apetite ao risco, mesmo com a sua margem financeira total abaixo da projeção. A ideia do Bradesco é crescer, melhorar a rentabilidade e entregar valor para o seu acionista, mas tudo isso sem colocar grandes riscos em sua carteira. “Tenho convicção de que vamos entregar o lucro acima do guidance. Numa linha mais arriscada, posso crescer, mas posso ter o custo de provisão mais acima”, relata.

Já na visão do CEO do Itaú (ITUB4), Milton Maluhy Filho, a chance de recessão nos EUA é baixa e, por isso, o banco não deve reduzir o apetite para concessão de empréstimos.

“A chance de recessão na economia americana é baixa. O que a gente vê são ambos os indicadores econômicos em territórios positivos. Por isso, esperamos um crescimento de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA. Naturalmente, no Japão houve um movimento muito específico. No entanto, os EUA possuem uma alavanca poderosa, que é a política monetária, [e por isso] esperamos três cortes de juros de 0,25 ponto porcentual pelo Fed iniciados em setembro”, diz Maluhy Filho.

Justamente por não ver esses riscos, o CEO do Itaú comentou que não vê nenhuma razão para mudar o apetite, e não antevê nenhum motivo para mudar a carteira de crédito. “Estamos monitorando a saúde dos clientes, claro que algumas famílias estão com o endividamento (alavancagem) muita alta, e por isso, vamos buscar um crescimento sustentável. No entanto, isso não significa que vamos mudar o apetite”, completa o CEO.

Banco do Brasil e Santander vão aumentar o apetite ao risco

O Banco do Brasil entende que o cenário macroeconômico lá fora pode ser desafiador, mas a companhia está retomando o apetite ao risco para a carteira de crédito da pessoa física. Os novos empréstimos serão feitos fora da linha do consignado, com foco em veículos e cartão de crédito. A empresa vai usar inteligência artificial para mapear o perfil de crédito de cada cliente.

Em meio a essa nova estratégia, o CFO do banco, Geovanne Tobias, disse que o segundo semestre tende a ser desafiador com momentos conturbados. No entanto, o banco está confiante em sua capacidade de manter seu bom pagamento de dividendos.

“O segundo semestre será difícil, já que estamos vivendo momentos turbulentos fora do Brasil. No entanto, não teremos nenhum desarranjo na toada dos nossos negócios e estamos confiantes na nossa capacidade de entregar as projeções (guidance) estabelecidas para 2024. Feito isso, manteremos o pagamento de dividendos conforme o prometido”, aponta Tobias.

O Santander segue praticamente a mesma linha do Banco do Brasil. A companhia gerida por Mario Leão quer elevar a oferta de crédito para pessoas físicas, seja via cartão de crédito ou com empréstimos. A medida, no entanto, será feita com cautela. “Na dúvida, oferecemos 10 dias sem juros e saque ilimitado gratuito. Isso está acontecendo gradativamente, não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona”, comentou Leão.

Ou seja, as empresas do setor não enxergam a possibilidade de uma recessão nos EUA e, por isso, os bancos mantêm suas estimativas de dividendos.

Fonte: E-Investidor/Estadão

Grandes bancos voltam a mostrar apetite a risco e aceleram no crédito

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Os principais bancos brasileiros — Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil — voltam a mostrar disposição para tomar mais risco à medida que concluem os ajustes feitos nos balanços para controlar o aumento da inadimplência no pós-pandemia. As linhas de cartão de crédito e empréstimo pessoal sem garantia — que estão no centro da crise do último ciclo de crédito — cresceram no segundo trimestre, e as instituições financeiras dizem que estão com mais apetite nessas modalidades.

No entanto, deve ser uma retomada mais cautelosa, com aprendizados deixados pelo período de expansão acelerada dos cartões no Brasil e em meio às incertezas sobre o cenário macroeconômico.

A reversão das provisões relacionadas à Americanas é outro fator que pode ajudar numa retomada mais forte do crédito. Isso deve aparecer nos balanços a partir do terceiro trimestre, com o término da reestruturação das dívidas da varejista. As medidas contemplam a conversão de parte dos créditos em ações e o pagamento do restante com deságio. Juntos, os quatro grandes bancos tinham exposição de R$ 12,7 bilhões à empresa. A instituições devem reverter parte do valor provisionado, com impacto positivo nos resultados, e manter outra parte, ajudando a manter o balanço protegido até mesmo pelas expectativas de crescimento da carteira.

Fonte: Valor Investe

Itaú, BB e mais 5 bancos enfrentam 4,4 milhões de processos; dinheiro parado chega a R$ 80 bi

Publicado em: 05/08/2024

Os bancos figuram em 7 das 20 posições de maiores atores envolvidos em processos judiciais e respondem por quase 4,4 milhões de ações, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O montante corresponde a 5% do total de ações pendentes no Judiciário. Juntos, os sete bancos que constam na lista – Caixa, Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco, Santander (SANB11), Itaú, Pan e BMG – têm R$ 80,2 bilhões provisionados para demandas cíveis, trabalhistas e fiscais, de acordo com seus balanços do primeiro trimestre de 2024.

Os bancos figuram em 7 das 20 posições de maiores atores envolvidos em processos judiciais e respondem por quase 4,4 milhões de ações, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O montante corresponde a 5% do total de ações pendentes no Judiciário. Juntos, os sete bancos que constam na lista – Caixa, Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco, Santander (SANB11), Itaú, Pan e BMG – têm R$ 80,2 bilhões provisionados para demandas cíveis, trabalhistas e fiscais, de acordo com seus balanços do primeiro trimestre de 2024.

Em nota, a Caixa afirmou o aumento se deve a uma “corrida na proposição de novas ações” em meio à expectativa de mudança na correção dos saldos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), tema julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em junho. De acordo com o banco, a correção do FGTS é o tema mais frequente das ações, com 1,7 milhões de processos em junho de 2024, ou 57,8% do total.

Veja abaixo o número de ações e os valores provisionados pelos bancos para demandas de natureza cível, trabalhista e fiscal:

Dados do grupo de pesquisa e extensão Acredito, da Universidade de São Paulo (USP), obtidos pelo Broadcast, mostram que o Bradesco (BBDC3; BBDC4) tem a maior taxa de litigiosidade (ações na Justiça), com quase 3 processos para cada 1 mil clientes. Já Original e Nubank (ROXO34) têm os menores índices, com cerca de 0,1 processos a cada 1 mil clientes.

Para os pesquisadores do grupo, o dado demonstra que há espaço para a construção de estratégias e boas práticas que diminuam o número de litígios. Os dados foram levantados pelos pesquisadores Lucas Lopes e Pedro Gregorini com base nos processos do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) de 2023.
Abuso dos bancos na oferta do crédito

Para especialistas, o alto nível de litigiosidade se relaciona, principalmente, com a oferta abusiva de crédito, a falta de resolução das demandas via serviço de atendimento ao consumidor (SAC) e a lacunas na legislação sobre a responsabilidade das instituições financeiras em casos de golpes. “Há uma sobrecarga do Judiciário, que é um serviço público, porque o banco descumpre suas práticas”, avalia Ione Amorim, economista e consultora do programa de Serviços Financeiros do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec).

Amorim observa que, durante a pandemia, aumentou o número de pessoas que passaram a receber crédito não solicitado e foram vítimas de golpes. Ela também destaca a publicidade enganosa na renegociação de contratos no pós-pandemia, que teria induzido os consumidores a acreditar que os bancos fariam a suspensão das parcelas. “Muitos desses consumidores entraram na Justiça depois para questionar as cobranças”, afirma a economista.

Maria Paula Bertran, professora de direito econômico da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP, destaca a figura do correspondente bancário, também conhecido como “pastinha”, como central na oferta abusiva de crédito. Na avaliação da especialista em Direito Econômico, os litígios relacionados a empréstimos não solicitados estão entre os mais comuns no Judiciário.

Os correspondentes bancários são agentes que atuam em nomes de instituições financeiras para facilitar os serviços bancários em áreas com escassez de agências. “De alguma maneira, o crédito acaba sendo vendido no Brasil como se fosse Tupperware ou cosmético. De casa em casa, nas igrejas, na vizinhança, nas escolas, nos bairros”, afirma Beltran.

Ela aponta uma “falta de responsabilidade” dos bancos nos casos de irregularidades na atuação dos correspondentes. “Os bancos são os últimos beneficiários dos correspondentes bancários, que têm um grande estímulo para fazer transações não solicitadas. A formalização dessas transações lhes gera comissões, que geralmente giram em torno de 6% dos valores dos empréstimos.”

Bertran defende o estabelecimento de um limite de oferecimento de crédito por CPF. “É preciso mudar a concepção de que o crédito é sempre bem-vindo e reconhecer que a tomada de crédito é um ato jurídico com consequências que podem ser desastrosas”, avalia a professora. “A gente tem um juízo comum de que o banco não quer inadimplência. De que o banco, naturalmente, não vai emprestar para o mau tomador. Isso é uma meia-verdade, porque a inadimplência controlada é muito mais lucrativa que o pagamento pontual”, complementa a professora.

O papel do Banco Central

Amorim, do Idec, aponta mais duas situações novas que contribuem com o aumento do litígio. Uma delas é a Lei do Superendividamento, de 2021, que prevê a renegociação de dívidas no Judiciário. A outra fica com a popularização dos bancos digitais. “Acaba dificultando a comunicação direta com a instituição”, observa Amorim.

A especialista avalia que o Banco Central (BC) deveria ser mais atuante na fiscalização. “Temos uma carência de monitoramento e supervisão. A fintech atende aos critérios de abertura no mercado, mas também está sujeita ao Código de Defesa do Consumidor, ao Conselho Monetário Nacional (CNM). Mas quem fiscaliza?”, questiona.

De acordo com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça, o setor bancário recebeu mais de 8 milhões de reclamações registradas nas plataformas consumidor.gov.br e ProConsumidor desde 2015. Segundo o órgão, as reclamações abordam ofertas de crédito e cobranças de juros considerados abusivos, “que frequentemente não são resolvidas diretamente pelas instituições financeiras, levando os consumidores a buscar soluções na Justiça“.

“Neste contexto, a Senacon propõe atualizar as regras do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) para que as empresas possam atender melhor os consumidores, reduzindo o número de reclamações tanto administrativas quanto judiciais”, afirmou a secretaria em nota.

O que dizem os bancos

A reportagem procurou as sete instituições financeiras citadas. A Caixa disse que “possui forte política de redução da litigiosidade em seus processos” e que todas as ações envolvendo correção do FGTS devem ser extintas, “uma vez que o julgado [pelo STF] possui efeitos prospectivos, não retroagindo às remunerações já efetuadas”.

O Itaú (ITUB3; ITUB4) afirmou que o volume de ações judiciais contra o banco teve queda de cerca de 50% nos últimos 10 anos, “resultado de medidas como prevenção contra fraudes e golpes, melhorias na oferta e contratação de produtos, maior proximidade com os clientes e melhor tratamento das questões apresentadas por eles”.

O Banco do Brasil disse estar “fortemente empenhado em reduzir a quantidade de processos judiciais, tendo, no último ano, firmado dois convênios de cooperação com o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Tribunal Superior do Trabalho (TST) nesse sentido”.

O banco Pan afirmou que “investe continuamente em soluções para o aperfeiçoamento de suas operações e apoia as ações dedicadas à redução do alto volume de processos que chega ao Poder Judiciário, como as iniciativas para o combate à litigância fraudulenta e as dedicadas à solução consensual de conflitos”.

O Bradesco preferiu não comentar e o Santander e BMG não responderam até a publicação desta reportagem – o espeço, porém, segue aberto a manifestações.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disse em nota que as demandas judiciais “decorrem do elevado número de relações mantidas diariamente com grandes empresas” e ressaltou que o Judiciário também enfrenta “volume excessivo de processos infundados, muitas vezes praticados por meio de fraudes, a chamada litigância predatória, que não encontra respaldo legítimo no direito de ação”.

Fonte: Estadão

Pesquisa mostra dilema entre perda de mercado e manutenção da rentabilidade dos bancos

Publicado em: 18/07/2024

O avanço das plataformas de investimentos, assessorias e fintechs nos últimos anos têm imposto um desafio para os grandes bancos. Por muito tempo acostumados a “jogarem parados”, ganhando dinheiro sem fazer muito esforço para inovar a oferta de serviços, os incumbentes vêm perdendo terreno em diversas frentes que dominavam.

Por conta disso, os bancos vêm trabalhando para recuperar as parcelas de mercado que perderam. Mas um estudo conduzido pela boutique de assessoria financeira Seneca Evercore alerta que o caminho não será fácil, pois envolve quebrar paradigmas estabelecidos há anos.

O estudo analisou essa perda de competitividade por meio da retração que as grandes instituições financeiras tiveram na parte de crédito corporativo. Segundo ele, até 2018, os bancos comerciais no Brasil possuíam uma fatia de mercado acima de 70,6% do financiamento de empresas do País.

Mas o avanço do mercado de capitais, com o crescimento no número de players independentes, reduziu a participação dos incumbentes. Em seis anos, essa parcela caiu para 54,3%, até março deste ano. Essa perda de market share, porém, não fez com que os grandes bancos ajustassem seus spreads para ficarem mais competitivos.

A pesquisa aponta que as instituições financeiras brasileiras apresentam um ganho proporcionalmente maior derivado do spread financeiro sobre os ativos financeiros do que os bancos americanos – 4,4% contra 2,6%, respectivamente. Enquanto o spread no Brasil em março foi de 12,7%, nos Estados Unidos, ele estava em 3,2%.

A grande questão, segundo Daniel Wainstein, sócio da Seneca Evercore, é que os bancos não têm espaço para cortar o spread porque a estrutura de despesas dessas instituições é mais onerosa, exigindo a cobrança de spreads elevados para atingir o mesmo nível de rentabilidade dos bancos americanos.

“Os bancos são pesadíssimos no Brasil”, diz Wainstein. “Eles não conseguem diminuir os spreads porque não terão lucratividade mínima se fizerem isso.”

O estudo aponta que a estrutura de despesas dos bancos brasileiros é superior ao das instituições americanas, de 3,7%, contra 2,9%, respectivamente, quando se pega as despesas administrativas e divide pelos ativos financeiros.

No caso da rentabilidade, embora o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) dos bancos brasileiros seja superior, com uma mediana de 12%, enquanto nos americanos é de 9,5%, quando se leva em conta a taxa básica de juros de cada país, o ROE das instituições brasileiras é de 1,5%. Nos bancos americanos, a mediana é de 4,1%.

Segundo Wainstein, a estrutura de despesa dos bancos brasileiros já foi bem mais pesada, chegando a estar em 7% no início dos anos 2000. Ele diz que os bancos fizeram um bom trabalho nos últimos anos de redução de despesas, com fechamento de agências e reduzir pessoal.

O sócio da Seneca Evercore destaca ainda que os bancos lidam com um índice de inadimplência muito elevado. De acordo com o estudo, os bancos brasileiros provisionam 2,9% em relação a sua carteira de crédito, enquanto os bancos americanos provisionam apenas 0,6%.

“Os bancos brasileiros têm que cobrar juros muito altos para poder comportar o risco e para comportar uma estrutura administrativa pesada”, afirma Wainstein.

Fonte: Neofeed

Bancos reestruturam área de investimentos de olho em grandes fortunas e gestão de patrimônio

Publicado em: 01/07/2024

Após uma década marcada pelo avanço de plataformas independentes no mercado de investimentos, os grandes bancos estão reagindo. Principais agentes desse mercado, os grandes conglomerados querem concentrar as aplicações financeiras dos clientes, em uma agenda que serve para proteger seu espaço e também ampliar a rentabilidade das organizações de forma mais diversificada.

Nos últimos tempos, o mercado de wealth management tem registrado crescimento relevante, evidenciando a busca de investidores por atendimento personalizado de acordo com suas necessidades. A área de wealth dos bancos e plataformas de investimento é aquela que fica responsável pela gestão das aplicações financeiras e também do patrimônio dos clientes mais afluentes. É um público que tem R$ 5 milhões ou mais para investir, e que além de procurar investimentos rentáveis, utiliza os serviços dos bancos para o planejamento sucessório e patrimonial, ou seja, para uma assessoria financeira mais ampla.

Num cenário de fortes incertezas como a atual, marcado por inflação global, taxas de juros elevadas e conflitos geopolíticos, o cuidado com os investimentos – seja para quem tem grandes fortunas ou patrimônio um pouco mais modesto – o planejamento torna-se essencial. É de olho nesse mercado e nessa riqueza, que os grandes bancos estão focados e criando novas estratégias. A partir de hoje o Estadão/Broadcast publica uma série de entrevistas com executivos dessas áreas dos principais bancos do País.

Hoje Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander Brasil concentram 56% da indústria de investimentos no País, de acordo com levantamento do Bank of America (BofA). Desde 2014, o Itaú ganhou mercado e os três concorrentes tiveram relativa estabilidade, enquanto XP Investimentos e BTG Pactual cresceram ao consolidar casas independentes. No período, a indústria de investimentos no Brasil cresceu 11% ao ano, chegando a R$ 15 trilhões em 2023, segundo o BofA.

O avanço de XP e BTG ganhou frentes além dos investimentos pessoais, com essas instituições ofertando produtos e serviços tipicamente bancários, em uma tentativa de tirar dos bancos não apenas a gestão dos investimentos, mas toda a vida financeira dos clientes. Em reação, os bancos investiram na reestruturação de suas áreas de investimentos e reforçaram a assessoria, com profissionais contratados e espalhados pelo País.

Os quatro bancos buscam um mesmo objetivo: aumentar a fatia abocanhada da carteira dos clientes, em especial os de média e alta renda. A disputa é pelos depósitos, dado que boa parte dos recursos é aplicada em ativos como as letras de crédito. A concorrência também ocorre via assessoria, que dá dinheiro por si só e funciona como uma ferramenta poderosa de fidelização do cliente ao banco.

“Diferentemente de outras áreas ou operações de wealth management, a nossa não é criada para captar (clientes) ou recursos para o banco, ou para distribuir produto. Ela é criada para prover assessoria”, afirma o diretor de Wealth Management & Services do Itaú, Carlos Constantini.

A captação é uma vertente importante do esforço dos bancos. Nos últimos dez anos, a poupança caiu de 11% para 7% das aplicações dos clientes, segundo o BofA, o que reduziu uma importante fonte de recursos para o crédito. Apenas nos três últimos anos os instrumentos bancários reagiram, saindo de 19% dos recursos em 2020 para 26% no ano passado.

“Investimentos são matéria-prima importantíssima, não só como uma fonte de receita, mas também no funding para as operações de crédito”, diz o vice-presidente de Wealth do Santander, Carlos André. “À medida que tivermos sucesso na nossa estratégia de investimentos, teremos a capacidade de melhorar linhas de negócio correlatas.”

Composição

Para chegar a mais bolsos e com mais profundidade, os bancos têm explorado a capacidade de venda cruzada em casa. Com bancos de investimento fortes, esses conglomerados assessoram vendas e fusões e estruturam captações de empresas no mercado de capitais. A etapa seguinte é manter os recursos dos donos e sócios dessas companhias aplicados nas áreas de private dos bancos, em uma segunda peça do quebra-cabeça de um banco múltiplo.

“Nos últimos cinco anos, saímos de um nível de recomendação de clientes que têm relacionamento na pessoa jurídica com o banco de 5% para quase 50%”, diz o vice-presidente de Wealth do Bradesco, Guilherme Leal. “Entendemos que ainda tem muito espaço para crescer. Esse é um pilar de que cuidamos com muito carinho.”

Outra vantagem que os bancos enxergam em relação aos novos concorrentes é a presença regional. No Banco do Brasil, a rede de atendimento espalhada pelo País está conjugada à presença no agronegócio, setor que puxa a economia e gera novos bolsões de riqueza no País.

“A atividade de agronegócio exige alguns profissionais além da atividade de investimento convencional. Temos um time de agrônomos que apoiam essa atividade, profissionais distribuídos pelo Brasil para dar suporte técnico ao nosso time de private”, diz o diretor do Private Banking do BB, Guilherme Rossi.

Fonte: Estadão