Bancos reestruturam área de investimentos de olho em grandes fortunas e gestão de patrimônio

Publicado em: 01/07/2024

Após uma década marcada pelo avanço de plataformas independentes no mercado de investimentos, os grandes bancos estão reagindo. Principais agentes desse mercado, os grandes conglomerados querem concentrar as aplicações financeiras dos clientes, em uma agenda que serve para proteger seu espaço e também ampliar a rentabilidade das organizações de forma mais diversificada.

Nos últimos tempos, o mercado de wealth management tem registrado crescimento relevante, evidenciando a busca de investidores por atendimento personalizado de acordo com suas necessidades. A área de wealth dos bancos e plataformas de investimento é aquela que fica responsável pela gestão das aplicações financeiras e também do patrimônio dos clientes mais afluentes. É um público que tem R$ 5 milhões ou mais para investir, e que além de procurar investimentos rentáveis, utiliza os serviços dos bancos para o planejamento sucessório e patrimonial, ou seja, para uma assessoria financeira mais ampla.

Num cenário de fortes incertezas como a atual, marcado por inflação global, taxas de juros elevadas e conflitos geopolíticos, o cuidado com os investimentos – seja para quem tem grandes fortunas ou patrimônio um pouco mais modesto – o planejamento torna-se essencial. É de olho nesse mercado e nessa riqueza, que os grandes bancos estão focados e criando novas estratégias. A partir de hoje o Estadão/Broadcast publica uma série de entrevistas com executivos dessas áreas dos principais bancos do País.

Hoje Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander Brasil concentram 56% da indústria de investimentos no País, de acordo com levantamento do Bank of America (BofA). Desde 2014, o Itaú ganhou mercado e os três concorrentes tiveram relativa estabilidade, enquanto XP Investimentos e BTG Pactual cresceram ao consolidar casas independentes. No período, a indústria de investimentos no Brasil cresceu 11% ao ano, chegando a R$ 15 trilhões em 2023, segundo o BofA.

O avanço de XP e BTG ganhou frentes além dos investimentos pessoais, com essas instituições ofertando produtos e serviços tipicamente bancários, em uma tentativa de tirar dos bancos não apenas a gestão dos investimentos, mas toda a vida financeira dos clientes. Em reação, os bancos investiram na reestruturação de suas áreas de investimentos e reforçaram a assessoria, com profissionais contratados e espalhados pelo País.

Os quatro bancos buscam um mesmo objetivo: aumentar a fatia abocanhada da carteira dos clientes, em especial os de média e alta renda. A disputa é pelos depósitos, dado que boa parte dos recursos é aplicada em ativos como as letras de crédito. A concorrência também ocorre via assessoria, que dá dinheiro por si só e funciona como uma ferramenta poderosa de fidelização do cliente ao banco.

“Diferentemente de outras áreas ou operações de wealth management, a nossa não é criada para captar (clientes) ou recursos para o banco, ou para distribuir produto. Ela é criada para prover assessoria”, afirma o diretor de Wealth Management & Services do Itaú, Carlos Constantini.

A captação é uma vertente importante do esforço dos bancos. Nos últimos dez anos, a poupança caiu de 11% para 7% das aplicações dos clientes, segundo o BofA, o que reduziu uma importante fonte de recursos para o crédito. Apenas nos três últimos anos os instrumentos bancários reagiram, saindo de 19% dos recursos em 2020 para 26% no ano passado.

“Investimentos são matéria-prima importantíssima, não só como uma fonte de receita, mas também no funding para as operações de crédito”, diz o vice-presidente de Wealth do Santander, Carlos André. “À medida que tivermos sucesso na nossa estratégia de investimentos, teremos a capacidade de melhorar linhas de negócio correlatas.”

Composição

Para chegar a mais bolsos e com mais profundidade, os bancos têm explorado a capacidade de venda cruzada em casa. Com bancos de investimento fortes, esses conglomerados assessoram vendas e fusões e estruturam captações de empresas no mercado de capitais. A etapa seguinte é manter os recursos dos donos e sócios dessas companhias aplicados nas áreas de private dos bancos, em uma segunda peça do quebra-cabeça de um banco múltiplo.

“Nos últimos cinco anos, saímos de um nível de recomendação de clientes que têm relacionamento na pessoa jurídica com o banco de 5% para quase 50%”, diz o vice-presidente de Wealth do Bradesco, Guilherme Leal. “Entendemos que ainda tem muito espaço para crescer. Esse é um pilar de que cuidamos com muito carinho.”

Outra vantagem que os bancos enxergam em relação aos novos concorrentes é a presença regional. No Banco do Brasil, a rede de atendimento espalhada pelo País está conjugada à presença no agronegócio, setor que puxa a economia e gera novos bolsões de riqueza no País.

“A atividade de agronegócio exige alguns profissionais além da atividade de investimento convencional. Temos um time de agrônomos que apoiam essa atividade, profissionais distribuídos pelo Brasil para dar suporte técnico ao nosso time de private”, diz o diretor do Private Banking do BB, Guilherme Rossi.

Fonte: Estadão

Procuradoria vai investigar se grandes bancos cerceiam concorrentes menores

Publicado em: 02/02/2024

O subprocurador-geral da República, Luiz Augusto Lima, determinou nesta quinta-feira (31) a abertura de um procedimento administrativo para apurar se os grandes bancos brasileiros têm atrapalhado a operação de concorrentes menores em meio a uma briga sobre o parcelamento sem juros no cartão de crédito.

O que aconteceu

A PGR (Procuradoria-Geral da República) decidiu investigar a Febraban – associação que reúne os grandes bancos – e seus membros por práticas anticoncorrenciais após receber uma queixa de competidores. A Abranet (Associação Brasileira de Internet), que representa empresas de pagamentos como PagSeguro, Stone, PicPay e Mercado Pago, reclamou que a Febraban está caluniando seus membros ao acusá-los de cometer ilegalidades no parcelamento de compras no cartão de crédito.

Os grandes bancos têm pressionado o governo e os reguladores do sistema financeiro a limitar o parcelamento de compras no cartão. A Febraban vem dizendo que o elevado número de parcelas sem juros faz crescer a inadimplência. Além disso, acusa as empresas de pagamento de oferecer um “parcelado pirata”: falar para o consumidor que a compra parcelada no cartão não tem juros mas cobrar os juros de uma maneira disfarçada.

A Abranet diz que a acusação vem da falta de habilidade dos grandes bancos em lidar com a concorrência crescente. Afirma que o serviço que a Febraban chama de “parcelado pirata” é uma “ferramenta tecnológica que permite ao vendedor calcular os valores a receber por suas vendas, de acordo com os diferentes meios de pagamento utilizados, os prazos de pagamento e os custos transacionais envolvidos”. Diz, ainda, que a acusação já foi rechaçada como falsa pelo Congresso Nacional, pelo governo federal, pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) e pela Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor).

A Febraban tem atacado injustamente produtos ofertados por nossos associados, entre eles o Parcelamento Sem Juros no cartão de crédito, por uma razão muito simples: os bancões não sabem como enfrentar a concorrência das novas empresas de tecnologia que passaram a disputar mercado com eles nos últimos anos.

Abranet, em nota

Ao aceitar investigar a reclamação, a PGR disse que considerou “a relevância e a gravidade do tema”. Para o subprocurador Lima, os fatos citados pela Abranet “configuram fatos que atentam contra a ordem econômica e direito do consumidor”.

Fonte: UOL

Sob sombra de Americanas, bancões devem somar R$ 23,4 bi de lucro

Publicado em: 03/02/2023


Os quatro maiores bancos brasileiros de capital aberto devem mostrar lucro somado de R$ 23,411 bilhões no quarto trimestre de 2022, de acordo com a média das estimativas de oito casas (BTG Pactual, Credit Suisse, Bradesco BBI, Citi, Goldman Sachs, Safra, Santander e UBS BB) consultadas pela Coluna. A temporada de resultados começa nesta semana sob a sombra do caso Americanas, e analistas de mercado divergem sobre os possíveis impactos. O BTG Pactual, por exemplo, atualizou estimativas para incluir esse fator. O Credit Suisse, por sua vez, considera mais provável um provisionamento a partir do primeiro trimestre.

Previsão é de avanço de até 41% nos ganhos

O mercado espera que o BB e o Itaú tenham saltos de 41% e de 16% nos lucros, respectivamente, e antevê quedas de 38% e de 32% para Bradesco e Santander. Desde o ano passado, esperava-se que a temporada fosse desigual para os quatro bancos diante das exposições de cada um a pessoas físicas. A crise da Americanas intensificou essa previsão.
Bradesco é maior credor da varejista

Em termos nominais, o Bradesco é o banco com o maior saldo a receber da Americanas, de R$ 4,8 bilhões, enquanto em termos relativos, o Santander Brasil é o mais exposto, com 0,6% de sua carteira ligados à varejista, segundo cálculos da XP Investimentos. Itaú Unibanco e Banco do Brasil têm, respectivamente, R$ 2,8 bilhões e R$ 1,4 bilhão em créditos junto à empresa.

Provisões podem ser feitas já nos balanços do 4º tri

Alguns bancos consideram fazer provisões para os créditos da varejista já nos balanços do quarto trimestre, que começam a ser divulgados na próxima semana. Embora a recuperação judicial da Americanas tenha ocorrido em 2023, as instituições financeiras podem adiantar o provisionamento ao informar um fato subsequente.

O fato subsequente é uma forma de a empresa comunicar um fator relevante, que mude a posição financeira, mas que tenha acontecido após o período a que o balanço se refere. A Americanas teve o pedido de recuperação judicial aprovado no último dia 19, e a lista de credores coloca os bancos como os mais afetados, embora ainda seja alvo de disputa.

O BTG, que já havia calculado estimativas para os balanços dos bancos antes do caso Americanas, refez a conta para considerar que cada um deles fará uma provisão adicional já no fechamento contábil de 2022. A mudança derrubou as previsões em até 30% (caso do Bradesco), mas não mudou a estimativa dos analistas para o lucro do Banco do Brasil.

Fonte: Estadão

Fintechs perdem fôlego com alta dos juros e grandes bancos ganham mercado

Publicado em: 05/01/2023


Após anos em que sua capacidade de sobreviver frente à concorrência maior e mais ágil foi questionada, os grandes bancos brasileiros chegam a 2023 com a balança pendendo fortemente para seu lado. Em um mundo de dinheiro mais caro, a diversidade e a solidez dos negócios conta pontos a favor dos conglomerados. Entretanto, não é uma vantagem totalmente assegurada: com o peso de legados tecnológicos e culturais, os desafios das instituições não foram completamente ultrapassados.

O aumento dos juros no Brasil e no mundo fechou a janela do mercado para o capital de risco, que na última década garantiu financiamento quase infinito ao crescimento das fintechs. Para as de maior porte, a possibilidade de vender ações em Bolsa evaporou: a oferta do Nubank, em dezembro de 2021, foi a última a sair.

Ao mesmo tempo, o setor financeiro conseguiu repassar ao custo do crédito o rápido aumento da taxa Selic, o que aumentou as margens dos empréstimos. O efeito colateral foi a maior inadimplência, que elevou as despesas com provisões e obrigou todos os concorrentes a colocarem o pé no freio. Aí começa outra vantagem dos bancos tradicionais: a diversificação de receitas.

“Um banco grande, que tem diferentes produtos e fontes de receitas, acaba sendo menos impactado porque tem mais flexibilidade de alocação e de estratégia”, diz Claudio Gallina, diretor sênior de instituições financeiras da agência de classificação de risco Fitch.

O especialista em serviços financeiros e pagamentos Gueitiro Matsuo Genso, que foi CEO do PicPay e tem passagens por BB e Previ, afirma que entre 2014 e 2021, o crescimento era o grande chamariz do mercado para empresas financeiras, o que atraiu capital para as fintechs. Desde o início do ano passado, a alta dos juros equilibrou as condições.

“Para vencer no digital, precisa ter um ecossistema completo, e os grandes bancos já têm. Também é preciso ser uma empresa de tecnologia”, diz ele. “Os incumbentes fizeram o dever de casa ao longo do tempo para trilhar esse caminho da tecnologia.” Um exemplo é a migração dos sistemas dos bancos para a nuvem, que no caso do Itaú, cuja previsão era a de chegar a metade do total na virada do ano.

Além disso, há pressões de curto prazo, como a da qualidade do crédito e a de uma potencial reforma tributária. A pauta, uma das primeiras que o governo Lula promete abraçar, pode reduzir em 15% os lucros do setor até 2024, segundo cálculo do BTG Pactual. “Estimamos que os grandes bancos sejam os mais impactados em ambos os cenários (para uma possível reforma)”, afirmou a casa.

Novas e velhas receitas

A diversificação dos grandes passa por reproduzir estratégias trazidas ao setor pelos bancos digitais. Neste ano, o Itaú criou um shopping virtual próprio, enveredando em seara que, no Brasil, foi inaugurada pelo Inter, e que também é percorrida por nomes como Next e o Banco do Brasil. A receita vem das comissões sobre cada venda, uma atividade não-bancária, mas que ajuda a “prender” o cliente.

Genso diz que essa estratégia deve se tornar mais comum, à medida que os bancos procuram compensar receitas em queda. Mesmo nas tarifas de conta corrente, que sofreram por conta do Pix tirando tarifas de transferências, porém, os maiores bancos do País ainda conseguem arrecadar cerca de R$ 30 bilhões ao ano, estima. “O consumidor médio não se sente seguro em ficar só no digital, afirma. “Ele aceita pagar uma tarifa que a princípio não entrega valor para ter uma conta em um banco de segurança.”

Nas fintechs, o momento é de busca por eficiência. “Em um mercado que pede rentabilidade maior no curto prazo, é importante provar que conseguimos executar o modelo de negócios”, disse ao Broadcast o CEO do Nubank, David Vélez, no início de dezembro. No terceiro trimestre, a fintech chegou ao equilíbrio financeiro pela primeira vez desde o IPO.

Com discurso semelhante, a Creditas, que ainda tem capital fechado, afirmou no balanço mais recente que continua executando um plano rumo à lucratividade, o que inclui aumentar os juros dos empréstimos. “Uma nova era está emergindo, e nosso setor de tecnologia vai rumo a fazer mais com menos e com prioridade nos fundamentos”, disse a fintech, que teve prejuízo de mais de R$ 800 milhões de janeiro a setembro.

Gallina, da Fitch, afirma que a tendência é de consolidação dos novos competidores. “Passamos por um momento muito similar, para as fintechs, ao dos bancos, no passado, com o Plano Real”, diz ele, lembrando que a queda da inflação fez muitas instituições beijarem a lona. Sobraram as que dependiam menos da indexação, e o setor ficou mais concentrado. Algo semelhante pode acontecer com os concorrentes da nova geração.

Fonte: Estadão

 

Lucro dos grandes bancos salta 32,5% em 2021 e atinge recorde de R$ 81,6 bi

Publicado em: 17/02/2022


Os quatro grandes bancos do país de capital aberto tiveram lucro líquido somado de R$ 81,6 bilhões em 2021, um salto de 32,5% em relação ao ano anterior, segundo levantamento da provedora de informações financeiras Economatica.

Trata-se do melhor resultado nominal (sem considerar a inflação) já registrado pelos grandes bancos com capital aberto na bolsa. O lucro conjunto de 2021 superou inclusive o resultado de 2019 (R$ 81,5 bilhões) – o maior até então.

O levantamento considera os demonstrativos financeiros contábeis disponibilizados pelo Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander desde 2006.

Em valores ajustados pela inflação medida pelo IPCA, porém, o resultado do ano passado foi o quarto maior, atrás do registrado em 2019 (R$ 93,7 bilhões), 2015 (R$ 84,3 bilhões) e 2018 (R$ 82,8 bilhões).

Itaú lidera ganhos

O maior lucro entre os grandes bancos em 2019 foi o do Itaú, que registrou ganhos de R$ 24,98 bilhões, o segundo maior resultado nominal da história de um banco brasileiro de capital aberto, atrás apenas do lucro registrado pelo Itaú em 2019 (R$ 26,5 bilhões).

O Bradesco registrou um lucro líquido R$ 21,9 bilhões no ano passado, uma alta de 32% na comparação com 2020.

O terceiro lugar fica com Banco do Brasil, com ganhos de R$ 19,7 bilhões, com um salto de 55,2%. Por fim, o Santander acumulou R$ 14,98 bilhões no ano passado.

O crescimento do lucro dos bancos em 2021 foi impulsionado pelo avanço das carteiras de créditos, pela redução nas despesas com provisões de crédito e pelo aumento nas receitas de prestação de serviços em meio a um cenário de elevação da taxa básica de juros.

No 4º trimestre, o lucro dos quatro bancos somou R$ 18,5 bilhões, um recuo de 13% na comparação com os R$ 21,3 bilhões do 3° trimestre.

Bancos distribuíram R$ 33,4 bilhões a acionistas

O ano de 2021 também foi de bonança para os acionistas dos quatro bancos. No total, foram distribuídos R$ 33,4 bilhões, em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP).

O valor distribuído em 2021 superou os R$ 29,7 bilhões de 2020, mas ficou abaixo dos R$ 33,4 bilhões de 2019.

O Itaú Unibanco continua sendo o maior banco por ativos no Brasil e na América latina, com R$ 2,16 trilhões, seguido pelo Banco do Brasil com R$ 1,93 bilhão, Bradesco com R$ 1,65 trilhão e Santander com R$ 963 bilhões.

Fonte: Portal G1

Dividendos dos grandes bancos aumentaram 12% em 2021 com lucros em alta

Publicado em:


A bolsa brasileira amargou um ano difícil em 2021. Uma série de turbulências internas e o cenário de pandemia não ajudaram o índice local. Mas os quatro grandes bancos com ações negociadas no mercado foram a boia de salvação de muitos investidores — e eles distribuíram dividendos como ninguém.

Um levantamento feito pela Economatica mostrou que Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander Brasil (SANB11) distribuíram cerca de R$ 33,4 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio em (JCP) 2021.

Esse montante foi impulsionado pelo melhor resultado desses bancos em 15 anos. O levantamento tem como base 2016, tendo em vista que o Santander Brasil só passou a se reportar oficialmente à CVM naquele mesmo ano.

Lucros e dividendos

Quem encabeçou o pódio de ganhos foi o Itaú Unibanco. O maior banco privado brasileiro teve lucro líquido acumulado de R$ 24,9 bilhões em 2021, seguido pelo Bradesco, com R$ 21,9 bilhões, Banco do Brasil, com R$ 19,7 bilhões, e Santander, com R$ 14,9 bilhões.

Entretanto, quem jogou mais aviõezinhos de dinheiro foi o Santander, com a distribuição de R$ 9,99 bilhões em dividendos. Já o segundo lugar vai para o Bradesco (R$ 9,91 bilhões), enquanto as últimas posições ficam para Banco do Brasil (R$ 7,12 bilhões) e, na lanterna, Itaú (R$ 6,39 bilhões).

Bancões: o quarteto fantástico

Os “big four” dos bancos brasileiros ficaram ainda maiores e passaram a valer mais em 2021.

A medalha de ouro continua com o Itaú, com cerca de R$ 240 bilhões em valor de mercado, enquanto o Bradesco fica com a prata por uma diferença de R$ 52 bilhões, valendo R$ 188 bilhões.

O bronze vai para o Santander, valendo R$ 119,5 bilhões. Sem medalhas para levar para casa, o Banco do Brasil fecha a lista com R$ 95,7 bilhões — pouco mais da metade do valor de mercado do Itaú.

Os dados foram compilados em 14 de fevereiro deste ano. Em relação ao ano passado, o maior crescimento foi na seguinte ordem: Itaú Unibanco (22,81%), Banco do Brasil (16,26%), Bradesco (9,69%) e Santander (6,31%).

Eficiência operacional

Pelo quarto ano consecutivo, o Santander teve o melhor desempenho no retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, em inglês) no ano passado. O índice mede a eficiência operacional de uma empresa ou atividade.

O ROE foi de 18,87%, seguido pelo Itaú, com 17,29%. Esse resultado inverteu o desempenho aquém do esperado em 2020, quando o maior banco privado brasileiro era o último da lista.

Na terceira posição está o Banco do Brasil, com 15,68% e, por fim, o Bradesco, com 15,16%.

Dessa forma, a mediana do ROE desses quatro bancos foi de 16,49%, 4,42 pontos percentuais superior ao mesmo dado de 2020.

No entanto, o resultado ainda está longe da melhor eficiência histórica do indicador. Em 2007, a mediana atingiu 25,76%, cerca de 9,27 pontos percentuais abaixo do nível atual.

Clientes inadimplentes

Por fim, outra métrica importante para analisar o desempenho dos bancos é o provisionamento de devedores duvidosos (PDD). Em outras palavras, é a previsão de clientes inadimplentes de cada instituição.

O maior PDD entre os grandes bancos é do Banco do Brasil: em 2021, a instituição financeira registrou uma cifra de R$ 18,5 bilhões, um recuo de 28,92% com relação a 2020.

A maior queda na passagem anual foi do Itaú, com recuo de 42,88% na PDD, seguido pelo Bradesco (-38,69%) e Santander (-6,80%).

Houve uma queda de 31,62% no PDD consolidado dos quatro bancos. O valor nominal em 2021 foi de R$ 64,6 bilhões, contra R$ 94,47 bilhões no final de 2020.

Fonte: Seu Dinheiro

Mercado muda e grandes bancos reduzem participação no crédito

Publicado em: 19/11/2021


Os cinco maiores bancos do país perderam participação no mercado de crédito nos últimos anos. Se no fim de 2016 Itaú Unibanco, Banco do Brasil (BB), Bradesco, Caixa e Santander representavam juntos 70,4% do estoque de empréstimos e financiamentos bancários do país, em junho deste ano a fatia somada dessas instituições financeiras era de 67,7%, segundo dados informados ao Banco Central (BC).

Ainda não havia dados da Caixa relativos a setembro deste ano (o balanço foi divulgado hoje). Excluído o banco estatal, a fatia das quatro maiores instituições financeiras listadas em bolsa somava 52,9% no fim do terceiro trimestre — abaixo dos 53,9% vistos em março de 2014, início da série histórica compilada pelo Valor.

De lá para cá, a fatia desse grupo em empréstimos e financiamentos diminuiu, até estabilizar num patamar entre 50% e 52%. Houve uma exceção na primeira metade do ano passado, quando os bancos concederam um volume recorde de crédito e voltaram temporariamente para perto de 54%. O levantamento considera carteira de crédito classificada pelo BC, ou seja, não inclui operações como avais, fianças e títulos privados.

Fonte: Valor Investe

 

Grandes bancos aceleram transformação para atrair clientes jovens

Publicado em: 11/11/2021


Em resposta às mudanças trazidas pela pandemia e com a proximidade da abertura de capital do Nubank, que deve chegar à Bolsa mais valioso que Itaú, Bradesco e Santander, os maiores bancos privados brasileiros aceleraram sua transformação digital. Para não perderem espaço, os bancos tradicionais correm contra o tempo para atrair jovens clientes em seus bancos digitais. O Next, do Bradesco, quer fechar o ano com 10 milhões de correntistas, enquanto o iti, do Itaú, pretende ir além e chegar a 15 milhões.

A distância entre eles é grande, ao menos em número de clientes. Somados, iti, Next e Superdigital (fintech do Santander) tinham 19,6 milhões de clientes no terceiro trimestre deste ano. O Nubank, de acordo com os documentos de sua oferta de ações, somava 48,1 milhões de clientes, 47 milhões deles no Brasil.

A disputa não é apenas por quantidade. O Nubank afirma que a maior parte de seus clientes é jovem e tem menor renda, público que torce o nariz para os bancos tradicionais. O papel das marcas digitais nos conglomerados é justamente o de conquistar essa parcela do público sem cobrar tarifas. Itaú e Bradesco destacaram, por exemplo, que a maior parte dos correntistas de seus “filhotes” não é correntista de suas marcas principais.

“É um desafio grande. É um público jovem, de renda inferior”, afirmou o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, durante teleconferência de resultados da instituição. O Itaú pretende gerar 50% das receitas do banco de varejo pelos canais digitais até 2025. O papel do iti é o de engajar aos produtos do banco um público que hoje não está lá dentro.

Crédito pode ser vantagem dos grandes bancos

Em teleconferência com analistas e investidores estrangeiros na última sexta-feira, 5, o diretor executivo e de relações com investidores do Bradesco, Leandro Miranda, afirmou que a experiência na concessão de crédito, produto em que as fintechs ainda buscam avançar, é uma carta na manga do conglomerado. “Temos concedido mais crédito através de nossos canais digitais do que todo o universo das fintechs”, disse.

Para analistas, os números que os grandes bancos exibem no mundo digital são reflexo de seu protagonismo no sistema financeiro. “Sem dúvida nenhuma, eles são protagonistas, junto com as fintechs, dessa digitalização. A participação analógica garante a eles um lugar na mesa. O que mudou com a digitalização é que a vantagem que os bancos grandes tinham na distribuição, com as agências, tornou-se uma desvantagem”, diz Carlos Macedo, analista associado à Ohmresearch.

Ele considera que o grande desafio das fintechs é ganhar experiência na concessão de crédito, o que inclui o cálculo dos riscos, mas também a assertividade das ofertas, e fazer com que o cliente utilize uma quantidade maior de produtos. “Monetizar o cliente é algo que fintechs ainda têm que fazer de melhor forma. O Nubank e o Inter têm 3, 4 produtos por cliente; o Bradesco e o Itaú, 6, 7.”

O Nubank, apontado como o maior de seu segmento no mundo, escolheu a Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) para fazer sua oferta inicial de ações, em operação que poderá movimentar R$ 22 bilhões (US$ 4 bilhões), de acordo com fontes de mercado.

Segundo cálculos atualmente na mesa, a fintech brasileira poderá chegar valendo quase R$ 400 bilhões (ou US$ 70 bilhões). Se isso ocorrer, o Nubank será mais valioso do que o maior banco da América Latina, o Itaú Unibanco, atualmente avaliado em R$ 221 bilhões na B3, e o Bradesco (R$ 182 bilhões) combinados. A previsão é de que a oferta na Bolsa de Nova York ocorra em dezembro.

Esses dados fizeram com que os executivos dos grandes bancos privados fossem questionados sobre a avaliação do mercado ao setor. De janeiro a setembro, a fintech teve prejuízo de US$ 99,1 milhões, o equivalente a R$ 547,3 milhões. No mesmo período, o Itaú teve lucro de R$ 19,720 bilhões; o Bradesco, de R$ 19,602 bilhões; e o Santander, de R$ 12,466 bilhões.

Maluhy, do Itaú, não citou diretamente o Nubank, mas considerou que nos bancos de grande porte, como o que comanda, o lucro é resultado de múltiplas atividades, enquanto nas fintechs, a carteira de produtos e serviços ainda é menor.

Miranda, CFO do Bradesco, afirmou que espera que essa diferença de avaliação diminua ao longo do tempo. “O mercado sempre tem a resposta, mas à medida que ficamos mais e mais digitais e emprestamos mais que toda a indústria, incluindo o Nubank, deveríamos ter múltiplos muito mais altos”, disse. Uma das evidências desse avanço digital é que, no Bradesco, enquanto as transações feitas pelo celular saltaram 92% este ano, as realizadas nas agências caíram 70%.

Desconexão entre avaliação e lucratividade

Neste ano, o Índice Financeiro da B3 caiu 18%, mais que o Ibovespa, que perdeu cerca de 12%, em uma mistura de temores com as contas públicas nacionais e a concorrência que os grandes bancos devem enfrentar à frente.

No entanto, analistas do setor acreditam que essa queda seja exagerada. “Ainda vemos uma desconexão entre lucratividade e avaliação de mercado, mesmo com o recente desempenho da ação”, comentaram Marcelo Telles, Daniel Vaz e Bruna Amorim, do Credit Suisse, a respeito do Itaú.

Os analistas do banco suíço consideraram ainda que o mercado precisa dar mais atenção ao progresso do iti, em especial ao compará-lo ao Nubank. “Agora, com os depósitos pagando 100% do CDI e ofertas gratuitas de cartão de crédito aos usuários, muito similares às ofertas do Nubank, o iti está expandindo sua base rapidamente”, escreveram.

Fonte: Estadão

 

ROE de grandes bancos cai pela metade em 15 anos e pode piorar

Publicado em: 20/05/2021


Mesmo diante da reversão nas provisões para inadimplência e dos lucros bilionários no primeiro trimestre, o desempenho das ações dos grandes bancos segue sofrível em 2021. Analistas avaliam que as razões por trás da queda dos papéis são estruturais e não passageiras, com os mais pessimistas dizendo que os altos retornos dos “bancões” ficaram para trás e uma nova era se inicia no setor financeiro: a era da competição.

À exceção das ações do Bradesco (BBDC4) – que subiram 1,35% em 2021, mas abaixo dos 2,4% do Ibovespa (IBOV) – os papéis dos outros três grandes bancos listados na Bolsa acumulam queda de janeiro até agora: Banco do Brasil (BBAS3) tem baixa de 18,05% no ano, Itaú (ITUB4) registra queda de 7,01% e Santander (SANB11) acumula perda de 9,84%.

O oligopólio dos cinco maiores bancos do país – os quatro citados e a Caixa, que não é listada – está sofrendo abalos com a disrupção no mercado financeiro provocada pelo crescimento das fintechs.

Os dados de market share (participação de mercado) no segmento de crédito mostram que, em 2017, os cinco bancões dominavam 83,4% do mercado no país (excluindo instituições não bancárias). A participação caiu para 82,2% em 2018 e 80,7% em 2019. No ano passado, a queda se acentuou e o share dos cinco maiores bancos ficou em 75%, a menor participação da série histórica do Banco Central, iniciada em 2015.

Para João Luiz Braga, sócio-fundador da gestora Encore, a razão por trás do aumento da competição é a regulação do setor.

“O setor financeiro sempre foi muito regulado, tanto que vários bancos estrangeiros que estavam aqui, como Citi, Bank Boston e HSBC, ou foram comprados ou saíram e a regulação pode ter sido o motivo. Mas hoje o BC está promovendo uma arbitragem regulatória e regulando menos as startups que os bancões. Assim, mesmo um player pequeno consegue, bem ou mal, competir com um gigante e virar um ‘Maverick’ que transforma o mercado”, disse em live da FEA-USP, mediada pelo InfoMoney.

Braga acrescenta que essa competição só tende a se intensificar com a implementação do Open Banking, conjunto de regras que, na prática, prevê que as instituições financeiras devem compartilhar sua vasta base de dados, se assim desejar o correntista. Agora dono dos seus dados, o cliente poderá apresentar seu histórico a outras instituições para escolher a que melhor lhe atende.

Além da regulação mais favorável, a abundância de recursos também favorece o surgimento e fortalecimento das startups, conforme destacou Florian Bartunek, sócio-fundador da Constellation, que também participou da live mediada pelo InfoMoney. “Tem muito dinheiro barato disponível. Antigamente, essas startups não sobreviviam muito tempo porque não tinham muito dinheiro. Hoje elas conseguem sempre ser financiadas e com isso crescer.”

Na esteira da mudança regulatória e dos recursos fartos, vem a mudança do cliente. “Antes se pagava taxa em tudo, mas agora é conta sem taxa, cartão sem taxa…Então mudou a cabeça do cliente. Ele não quer só não pagar taxa, ele ainda quer cashback, quer receber o dinheiro de volta, é cruel a situação [dos grandes bancos]”, diz Bartunek.

O sócio da Constellation cita ainda outro fator que explica o avanço das fintechs: a queda da taxa básica de juros. Quando a Selic estava acima de dois dígitos, os bancos cobravam taxas de 2% ou 3% em fundos e o investidor não percebia. Com os juros na casa dos 3% ao ano, as altas taxas ficam mais aparentes e os bancos faturam menos. “Hoje o cliente consegue comparar tudo. E uma das grandes prioridades do BC hoje é a transparência para o cliente – e isso está promovendo a competição.”

Elevar a competição é uma das prioridades da atual gestão do Banco Central, sob comando de Roberto Campos Neto. Para isso, o BC criou a chamada Agenda BC#, que é baseada em cinco pilares: competitividade, inclusão, transparência, educação e sustentabilidade. Foi no âmbito dessa agenda que foram criados o Pix e o Open Banking, que completará sua implementação em dezembro.

Mais competição, retornos menores

O título usado por um relatório recentemente divulgado pela XP resume bem o cenário atual: “Setor financeiro, um grande mercado em disrupção”. No texto, analistas afirmam que a competição está chegando e um dos principais motivos para isso são as menores barreiras de entrada para novos entrantes por causa da tecnologia.

Segundo a XP, antes dos aplicativos de celular, os bancos tinham diversas vantagens, como: menor custo de captação e mais retorno com o acesso a milhões de clientes de varejo, dispostos a pagar taxas altas; menor inadimplência devido a décadas de armazenamento de dados de clientes; receita diversificada por meio de milhares de agências e funcionários que distribuíam diversos produtos a milhões de clientes; e alavancagem operacional após várias fusões e aquisições. “Esses fatores contribuíram para entrantes estrangeiros não conseguirem ganhar escala e competir com bancos locais.”

No entanto, diz a XP, agora as instituições conseguem ganhar escala com menos gastos com o uso da tecnologia. “Via celular, o Nubank alcançou clientes em todas as 5.570 cidades brasileiras, ganhou acesso a captação mais barata e capacidade de distribuição de seus produtos para mais de 30 milhões de clientes […]. Da mesma forma, o Inter atingiu um custo de captação de 49% do CDI em 2020 com apenas 2 mil funcionários e sem agências (ante 100% do CDI do Banco do Brasil com 92 mil funcionários e 4,4 mil agências)”, diz.

Em live no Instagram do InfoMoney, Paulo Weickert, analista da Apex Capital, diz que “tudo leva a crer que a competição vai ficar cada vez maior e a fatia de mercado que os grandes bancos ainda têm vai ser cada vez mais disputada”. “Os bancões vão continuar a existir, vão ser empresas muito saudáveis e rentáveis, com nível de retorno ainda bom, mas abaixo do que é hoje“, afirma.

O analista da Apex acredita que o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) dos bancos, hoje em 18,5% no caso do Itaú e 18,7% no caso do Bradesco, deve cair para cerca de 12% nos próximos anos. “Há opções melhores do que bancos para investir neste momento. Quem não investe hoje nos grandes bancos, vai encontrar em outras empresas e setores melhores oportunidades de investimentos”, opina.

O gráfico abaixo mostra que os altos retornos dos bancões estão ficando para trás. O ROE, indicador preferido dos analistas para medir a saúde financeira dos bancos, apresenta um declínio forte de 2006 até agora. Do pico de 26,98% em 2007, a mediana do ROE dos quatro maiores bancos de capital aberto caiu praticamente pela metade, para 13,73%, conforme mostra o levantamento abaixo da Economatica.

Menos rentáveis, mas ainda fortes

Os temores sobre a competição das startups apareceram em diversos comentários de analistas sobre os resultados de bancos no primeiro trimestre (veja qual banco se saiu melhor).

Ao comentar os balanços dos quatro maiores bancos de capital aberto, o Morgan Stanley citou riscos em comum às ações de todos eles: o desemprego e a recessão econômica e seus efeitos na inadimplência; o aumento das taxas cobradas de clientes; a alta exposição à volatilidade causada pelo déficit fiscal e pela inflação; e, por fim, a disrupção das fintechs.

Um dos pontos elogiados pela XP no balanço do Bradesco foram os cortes de custos, justamente por reduzir a distância do banco para as fintechs em termos de eficiência. “O Bradesco apresentou redução de custos de 5% na comparação anual […]. As despesas parecem estar caindo em todos os lugares, de pessoal a despesas administrativas específicas, e vemos isso como um movimento necessário com tanta concorrência vindo dos bancos digitais mais leves e empresas de varejo.”

Mas, mesmo com o cenário mais desafiador, é claro que ainda há espaço para os grandes bancos no mercado brasileiro.

Marcel Campos, analista de setor bancário da XP, que também participou da live no Instagram do InfoMoney, lembrou que as empresas ainda estão muito ligadas aos grandes bancos. principalmente por causa do crédito e pela necessidade de um atendimento mais focado, que cubra necessidades mais complexas, enquanto as fintechs focam mais em pessoas físicas.

“A rentabilidade pode cair no longo prazo, mas a influência dos grandes bancos vai continuar grande entre empresas. As fintechs padronizam o atendimento com o uso de algoritmos para ganhar escala, o que funciona mais fácil com pessoas físicas do que jurídicas. As empresas precisam de atendimento mais personalizado e de um volume maior de crédito, o que só encontram nos grandes bancos”, diz Campos.

Braga, da Encore, afirma que as receitas dos bancões se dividem, de forma geral, em: um terço crédito, um terço prestação de serviços, como cartão de crédito, e um terço seguros. “A parte que tem bastante disrupção é a prestação de serviços, em seguros vejo acontecendo menos, já que ainda é vantajoso ter seguro dentro de banco, mas a parte de crédito, essa vamos ver como vai ficar com o Open Banking”, diz.

Ele diz que operar no mercado de crédito no Brasil é complexo, até mesmo para os players tradicionais. “O Itaú, um banco brilhante na execução, já errou – e bastante – no início dos anos 2010, tanto em pequenas empresas quanto em crédito para veículos. Então, o pessoal vai ‘camelar’ um pouco mais, mas com a arbitragem regulatória e o Open Banking eu não vejo cenário bom para bancões, não“, afirma o sócio da Encore.

Florian Bartunek diz ainda que outro desafio dos novos entrantes é o receio que os brasileiros ainda têm de migrar seus recursos de bancos tradicionais para instituições mais novas. “Os bancos são bons, grandes, têm fortaleza no crédito, então concordo com o Braga que não vai ser fácil [para as fintechs]. Mas que o jogo mudou, claramente mudou.”

É hora de sair de bancos?

Apesar dos desafios estruturais e da queda nos ROEs, analistas afirmam que não é o caso de descartar o investimento em bancos.

Conforme explica Marcel Campos, o fato de as operações dos bancos serem menos rentáveis hoje não significa que eles vão gerar menos retorno aos acionistas. “É preciso sempre ver fundamento e preço. Se a rentabilidade cair 10% de maneira perpétua, por exemplo, mas o preço cair de maneira mais drástica, a ação pode se tornar ainda melhor. Uma coisa é a operação do banco e outra o investimento na ação. Mesmo uma empresa ruim pode trazer bons retornos aos acionistas”, diz.

Campos também ressalta que apesar de os quatro grandes bancos estarem imersos no mesmo contexto, há nuances entre eles, já que suas operações se diferenciam e o comportamento das ações também. Dentre os bancões, a XP tem recomendação de compra para Banco do Brasil, com preço-alvo de R$ 43, e Bradesco, com preço-alvo de R$ 27.

No caso do BB, o analista diz que a ação está muito descontada, negociando a um múltiplo de 0,6 vez o preço sobre o patrimônio. “A queda do ROE pode até piorar mais à frente, mas hoje a ação negocia com 40% de desconto sobre o seu patrimônio líquido, está muito descontada”, afirma o analista da XP.

Já em relação ao Bradesco, Campos justifica a recomendação de compra citando que as receitas de varejo de pessoa física e de crédito do banco têm se mostrado resilientes, e que um terço do lucro líquido banco é proveniente do braço de seguros, segmento que, segundo o analista, vem crescendo e tem potencial de avançar ainda mais.

A recomendação da XP, porém, é neutra para Santander (preço-alvo de R$ 32) já que os analistas enxergam que o banco vem provisionando pouco e isso pode ser um risco à frente com aumento da inadimplência. E também é neutra para o Itaú (preço-alvo de R$ 29) que, segundo a XP, tem apresentado queda na receita de itens importantes, como renda de tarifas e margem com clientes, o que torna o banco menos atraente frente aos pares, sobretudo considerando o ambiente mais competitivo.

Braga, da Encore, diz que a gestora não investe em nenhum dos quatro bancos hoje, mas tampouco riscou os bancos da lista de “ações compráveis”. “Em determinado nível de preço pode ser um bom investimento, mas é preciso notar que existe uma dinâmica diferente para as ações de grandes bancos com o cenário mais desafiador daqui para a frente.”

Ele acrescenta que a gestora está inclusive discutindo neste momento se deve incluir algum banco na carteira. “Estamos incorporando o cenário mais desafiador para ver se faz sentido. Não deixamos de olhar para bancão, longe disso. É preciso olhar o preço, afinal esses bancos não vão acabar agora, de forma alguma”, diz o sócio da Encore.

Em relatório publicado em janeiro, ao reduzir as recomendações de Itaú e Santander de compra para neutra – que se juntaram à recomendação já neutra para o BB -, o Bradesco BBI disse que apesar da expectativa de melhora dos lucros, incertezas de longo prazo podem afastar os investidores dos papéis.

“Incertezas provavelmente crescentes devem fazer com que os investidores fiquem cada vez mais céticos sobre as próximas mensagens a serem transmitidas pela indústria, e levantam preocupações sobre a sustentabilidade dos resultados daqui para frente, uma vez que desafios de longo prazo permanecem no radar (por exemplo, novos concorrentes, evolução do Pix, open banking)”, disse o BBI.

Hoje, o BBI tem os seguintes preços-alvos para os bancos: R$ 44 para o Banco do Brasil, R$ 33 para o Itaú e R$ 44 para o Santander.

Mais otimista, o Credit Suisse só não tem recomendação de compra para o BB entre os quatro maiores bancos, por causa dos riscos de interferência política. No início do ano, o banco suíço afirmou que o ano deve ser de ganhos para os bancos com o aumento da Selic, com o crescimento de 7% a 8% no crédito e o forte controle de custos, fatores que devem conduzir os bancos a um “ciclo de crescimento de ganhos de vários anos”.

O Credit tem preço-alvo de R$ 30,91 para o Bradesco, R$ 39 para o Itaú e R$ 53 para o Santander. Para o Banco do Brasil, cuja recomendação é neutra, o preço-alvo é de R$ 38.

Outra instituição a reforçar um cenário geral mais otimista para os bancos brasileiros foi o Bank of America, que elevou o preço-alvo para as ações do setor após os resultados do primeiro trimestre e prevê alta dos lucros dos grandes bancos, em média, de 33% em 2021, de 12% em 2022 e de 13% em 2023.

“Após o lucro líquido dos bancos superar as estimativas no primeiro trimestre do ano, revisamos as estimativas de lucro para 2021 em 5% para cima e em 4% para 2022 e atualizamos nossos preços-alvos, que agora sugerem 23% de alta em relação aos preços atuais, em média. Nossas novas estimativas refletem previsões de margem financeira mais altas e menores provisões para devedores duvidosos”, apontam.

O BofA destaca que o setor apresentou um desempenho abaixo do Ibovespa no acumulado do ano (de queda de 9% ante alta de 2% do benchmark do índice), colocando os múltiplos do setor de preço sobre o lucro (P/L) para abaixo da média histórica. Para os analistas, o ambiente de alta de taxa de juros e reabertura da economia sustentará lucros mais altos na segunda metade do ano, o que deve sustentar o desempenho das ações.

Eles também preveem que o retorno sobre o patrimônio liquido (ROE) do setor melhorará de 14,7% em 2020 para 17,4% em 2021, embora ainda abaixo dos 20,1% de 2019.

Os analistas do banco possuem recomendação de compra para Banco do Brasil, com preço-alvo sendo elevado de R$ 41 para R$ 43 (potencial de valorização de 36% frente o fechamento da véspera), para Bradesco, com preço-alvo mantido em R$ 31 (com upside de 24% para os ativos PN) e para o Itaú, com preço-alvo indo de R$ 32 para R$ 34 (upside de 17%). Já para o Santander Brasil, a recomendação é neutra, com preço-alvo sendo elevado de R$ 45 de R$ 46 (ou potencial de valorização de 16%), por conta de um valuation mais esticado e um balanço patrimonial mais fraco na comparação com os seus pares.

As recomendações de corretoras e bancos, compiladas pela Refinitiv, mostram que as ações do Bradesco são as preferidas dos analistas de longe. Santander é a ação menos indicada e aparece com mais recomendações neutras e de venda do que compra, refletindo o pessimismo com os papéis e os riscos do baixo provisionamento.

Banco do Brasil tem um número considerável de recomendações neutras e de venda, mas é também a ação com maior potencial de alta, já que suas cotações têm sofrido com os riscos de interferência política. E o Itaú aparece praticamente com o mesmo número de recomendações de compra e neutra do BB, mas com menor potencial de alta.

E as fintechs?

O ambiente mais competitivo também se reflete no mercado de capitais. O investidor tem mais opções para diversificar sua carteira de ações do setor financeiro com a chegada das fintechs na Bolsa.

“As fintechs têm aprendido cada vez mais o comportamento dos seus clientes para, no longo prazo, expandir sua carteira de crédito, seus produtos de investimentos e o cashback. As que acertarem vão ganhar dinheiro no longo prazo”, diz Weickert, que afirma que a posição da Apex no setor financeiro hoje está concentrada em ações de fintechs.

Em relatório divulgado sobre fintechs no último dia 10, o Bank of America traduz em números o ritmo de expansão dessas empresas. No texto, o banco destaca que os apps de fintechs somaram 20 milhões de downloads só em abril e dobraram a base de usuários ativos em relação a abril de 2020.

“Downloads permaneceram fortes em abril, ajudados por esforços de marketing, maior oferta de produtos e políticas de permanência em casa e restrições. […] Os downloads de todos os bancos tradicionais desaceleraram, principalmente o Caixa Tem, que continuou perdendo engajamento, sugerindo que grande parte de sua base baixada de 70 milhões (construída em um único ano) dependia fortemente da ajuda emergencial do governo”, diz o BofA.

Fonte: Infomoney

 

Transferências para grandes bancos encolhem 38% nos últimos três anos

Publicado em: 25/03/2021


Quase todos os pagamentos (99%) até dezembro de 2017 (incluindo pessoas físicas e jurídicas) se concentravam nos cinco maiores bancos brasileiros (Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa), segundo levantamento feito pela plataforma de automação de pagamentos da Transfeera. Ao fim de dezembro de 2020 essa parcela passou a representar 61% das transferências, uma queda de 38,4% em três anos.

A queda de participação dos bancos tradicionais é decorrente do crescimento dos bancos digitais, especialmente do Nubank, que em dezembro do ano passado representou 15% do total de pagamentos realizados por meio da Transfeera.

Levando em consideração apenas as transferências para pessoas físicas, os grandes bancos representavam 55% dos pagamentos no fim de 2020, bem menos que os 80% três anos antes.

Nas transferências entre pessoas físicas, o Banco do Brasil foi o que mais sofreu. Em dezembro de 2017, 33% dos pagamentos realizados pela Transfeera tinham como destino o banco estatal e três anos depois essa parcela caiu para 10%.

O Bradesco segue em uma trajetória estável, recebendo cerca de 14% dos pagamentos realizados no fim de 2020 e o Nubank ficou com 18% das transferências entre pessoas físicas.

Para Carlos Augusto de Oliveira, diretor de tecnologia da associação brasileira de bancos (ABBC), a realidade constatada no ambiente de pagamentos da Transfeera “demonstra uma tendência clara de utilização crescente desses ‘neo-bancos’ ao escolherem de forma crescente estas instituições digitais como plataforma para recebimento do seu fluxo financeiro, o que significa uma opção de uso prioritário no seu dia-a-dia”.

Nas transferências para contas de pessoas jurídicas, o banco que mais sofreu com perda de clientes é a Caixa Econômica Federal. Em dezembro de 2017 ela representava 24% dos pagamentos e no mesmo mês do ano passado foi apenas 6%. Do outro lado, o Banco Inter hoje representa 10% das transferências recebidas.

A participação do Nubank é menos expressiva em contas empresariais e representavam 7% do total de pagamentos. Segundo a Transfeera, a parcela pequena é sinal de que as contas de pessoas jurídicas no Nubank têm como foco empreendedores individuais.

“Mecanismos de liquidação digital e instantâneas e ecossistemas de compartilhamento e integração, trazidas pelo Pix e open banking tendem a pressionar ainda mais os bancos tradicionais, obrigando-os a acelerar a agenda de transformação ao mesmo tempo que acirra a competição com fintechs com estruturas mais leves e ágeis por definição”, afirma o diretor da ABBC.

O estudo analisou um montante de 3,2 milhões de transferências bancárias, realizadas entre abril de 2017 e dezembro de 2020 na plataforma de automação de pagamentos da Transfeera. Do total de transferências, 2,3 milhões (73%) tiveram como destino pessoas físicas e 861 mil (27%) pessoas jurídicas.

Fonte: Valor Investe

 

Sob pressão das techs, grandes bancos remanejam estrutura para focar no cliente

Publicado em: 04/12/2020


Os grandes bancos estão repaginando suas estruturas para dar um maior foco na satisfação do cliente, o que pode – se a promessa for cumprida – representar o início do fim da era da venda somente pela geração de resultados. A mudança de postura vem em meio à pressão da concorrência com empresas que têm a tecnologia na veia, como fintechs e bigtechs. A chegada das rivais e as novas gerações colocaram os lucros crescentes e os gordos retornos em xeque, acendendo um alerta: o que trouxe os bancos tradicionais até aqui não os garantirá no futuro.

Na semana passada, o Itaú Unibanco anunciou, em evento fechado para funcionários, uma série de ajustes futuros que fará em sua rede de varejo, considerando a satisfação do cliente em várias frentes, apurou o Broadcast. As mudanças estão em estudo há cerca de dois anos e começam a ser implementadas em 2021, de forma gradual. A defesa do Itaú é de que não se move um banco de mais de R$ 2 trilhões em ativos, o maior da América Latina, do dia para a noite.

São várias ações que formam o que o banco chamou de ‘Visão Cliente’, diz um executivo, na condição de anonimato. Algumas já estão em curso como, por exemplo, a reestruturação das agências físicas. Além de menos numerosas – o banco reduziu sua rede em mais de 500 pontos de 2019 para cá -, elas estão, aos poucos, ganhando uma outra cara. O novo desenho tem como foco melhorar a experiência do cliente nesses ambientes, seja ele acostumado com a estrutura ‘de tijolos’ ou virtual.

“Os bancos começam a repensar seus modelos de negócio sob a ótica de ganhar eficiência. Os bancos de varejo tem uma rede bastante ampla. Isso precisa ser revisto para que o banco continue rentável e eficiente”, diz o diretor sênior de instituições financeiras da Fitch Ratings para América Latina, Claudio Gallina.

Dentre as mudanças previstas no Itaú, o programa de remuneração dos gerentes das agências deve ser revisto. O cálculo hoje é feito por pontos acumulados ao longo do mês conforme a venda de produtos financeiros – e as metas estabelecidas. A ideia do Itaú é, conforme duas fontes, incluir na conta também a satisfação dos clientes – hoje, elogio não rende nada para os gerentes. O programa também será rebatizado. O famoso ‘Agir’ dará lugar ao ‘Gera’.

Outro avanço tem relação com um atendimento mais omnichannel, ou multicanal, unindo os mundos físico e digital. Antes, os clientes eram divididos entre um e outro. A saída aqui foi criar o cliente ‘figital’, garantindo-lhe um melhor atendimento, independente de onde esteja, seja na agência física ou no aplicativo, por exemplo.

Para o analista da Genial Investimentos, Eduardo Nishio, a mudança com um olhar mais atento ao cliente é urgente para os grandes bancos. “Do ponto de vista do cliente, precisam melhorar a experiência. Tem muita competição vindo. As novas gerações não estão aderentes aos bancos antigos”, avalia.

Nesse sentido, o novo presidente do Banco do Brasil, André Brandão, decidiu criar uma nova unidade voltada à satisfação do cliente. A instituição já tinha áreas com esse foco, mas o executivo, que assumiu o comando do BB em setembro, viu a necessidade de um reforço.

“Não é só falar da experiência do cliente com uma forma simples… Eu particularmente acredito nisso. Não é a única, mas uma das boas formas de competirmos com a indústria, e com a indústria nova, que tem chegado, as fintechs, é melhorar a experiência do cliente”, enfatizou Brandão, a investidores e analistas, durante a divulgação de resultados do BB do terceiro trimestre.

Para ele, a melhora da experiência do cliente passa pela atitude dos funcionários do banco, que são quem interage com os clientes, e ainda o digital. Para tocar a nova unidade, Brandão nomeou uma mulher, a gerente executiva Emanuelle Oliveira, da diretoria de tecnologia, que se reportará diretamente a ele. Além de independente, ela relatará quais são as reais dores dos clientes dentro do conglomerado. Será uma espécie de ‘cão de guarda’ do bom atendimento.

O foco do BB não é olhar apenas de dentro para fora. O banco também quer mapear boas práticas que estão sendo adotadas no mercado para fazer uma lição de casa quando o assunto é satisfação do cliente. Segundo Brandão, estão previstas ainda mudanças na área de produtos com essa mesma visão, e também com o objetivo de ganhar sinergias entre o banco de atacado e de varejo, que devem começar a aparecer a partir do ano que vem.

“A intenção aqui é muito simples, é essa proximidade com a diretoria, o vice-presidente, a gente poder dissecar qualquer problema que tenha que ser dissecado e trabalhar com ele de uma forma com muita celeridade”, disse Brandão, na divulgação de resultados.

Além da unidade de satisfação do cliente, o novo presidente do BB também fez mudanças na ouvidoria externa, que passou a se reportar diretamente a ele. Aqui, o desafio é melhorar como se monitora a satisfação e a fidelidade dos clientes do banco, atacando diretamente na fonte. A área funcionaria como um porta-voz dos correntistas.

O mesmo movimento já foi feito pelo atual presidente do Itaú, Candido Bracher. Criada em 2005, a ouvidoria do banco está sob sua alçada desde o início do ano passado. O movimento foi um marco gestão de Bracher. No comando do Itaú desde maio de 2017, o executivo considera mais importante manter os insatisfeitos por perto, ainda que seja um trabalho mais árduo, e sempre pregou o mantra de “centralidade no cliente”.

Ele completa 62 anos nesta semana, idade limite para o presidir o banco. Será substituído pelo vice-presidente de finanças do Itaú, Milton Maluhy, em fevereiro de 2021.

Procurados, Itaú e BB não comentaram.

Fonte: Estadão

2020: o ano de transição dos grandes bancos para um 2021 muito melhor

Publicado em: 19/02/2020


A temporada de resultados com os últimos dados de 2019 começa para valer com os grandes bancos. Após a divulgação no último dia 29 do balanço do Santander Brasil (SANB11) – com números mistos, com o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) acima de 21%, mas com analistas avaliando a qualidade de crédito um pouco pior – o próximo a divulgar resultado é o Bradesco (BBDC3;BBDC4), no dia 5.

Mas já é possível traçar expectativas para o setor nos próximos anos. Segundo aponta relatório recente do Credit Suisse, se 2019 foi desafiador, 2020 não deve ser diferente.

Mesmo em meio às expectativas positivas para a economia, com a expectativa de aceleração no crescimento e com o crédito como proporção do PIB próximo dos níveis mais baixos desde 2012, o que deve favorecer o ciclo de crescimento do crédito, o resultado final do balanço de bancos ainda não deverá se refletir totalmente nos resultados deste ano, conforme destacaram os analistas Marcelo Telles, Otavio Tanganelli e Alonso Garcia.

A expectativa é de um crescimento do lucro modesto, de 2,6% em relação a 2019. Além disso, o ROE dos quatro grandes teve uma revisão para baixo pelo Credit de 300 pontos-base para 2020, indo para 18,75%.

Em 2020, avaliam, haverá duas grandes forças opostas atuando. No lado positivo, a margem financeira deve se beneficiar com um longo crescimento de dois dígitos, do melhor portfólio da carteira e maiores ganhos da gestão de ativos e passivos em decorrência da Selic mais baixa. Além disso, as taxas de serviços devem acelerar, com os volumes compensando a maior pressão de preços, enquanto os bancos devem evoluir nos esforços de corte de custos (aliás, um dos pontos destacados como positivos para o balanço dos últimos três meses era justamente o efeito do corte de custos nos balanços).

Já do lado negativo, o Credit Suisse lista a reprecificação da carteira de crédito baseado em juros fixos, os efeitos da elevação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de 15% para 20% e a exposição à América Latina (e aos seus problemas), que devem atrapalhar os números de alguns bancos.

Neste cenário, os que não devem ser tão afetado são os que souberem controlar custos e se manter competitivos em meio à maior competição com fintechs e bancos médios.

Porém, após um 2020 de transição, os analistas do banco têm uma visão bem mais positiva para 2021, com aceleração das margens financeiras impulsionando o crescimento de lucro para taxas de duplo dígito (10% em 2021 e 11,6% em 2022).

“Acreditamos que a gestão de custos continuará sendo um aspecto crucial para os grandes bancos, e necessário para (i) compensar o crescimento de receitas mais modestas em 2020, (i) ter relação receita/despesas positivas nos próximos anos e (iii) manter um posicionamento positivo versus fintechs e bancos médios”, avaliam os analistas do banco.

Olhando para os papéis do setor, os analistas destacaram os valuations atrativos, uma vez que os preços atuais representam uma queda de 3 pontos-base do ROE. Neste cenário, Banco do Brasil e Bradesco aparecem como os top picks do banco, com preços-alvos respectivos de R$ 72 e T$ 46. Em seguida, estão o Itaú com recomendação outperform (equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 44 e o Santander Brasil, com preço-alvo de R$ 54. Assim, mesmo com o corte nas projeções para o ano, há boas perspectivas para quem estiver em vista investimentos a prazos mais longos.

Fonte: Infomoney

Grandes bancos do país travam guerra silenciosa por clientes

Publicado em: 29/01/2020


As instituições financeiras travam uma guerra silenciosa pelo cliente na área de crédito imobiliário no Brasil. Entre os cinco maiores bancos do País – Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander –, nenhum deles aceitou abrir ao Estadão seus números mais recentes sobre portabilidade de crédito. Esses dados são considerados “estratégicos” pelas instituições, ainda mais neste momento em que o mercado de crédito habitacional está se abrindo.

Em 2015, o total de crédito imobiliário que migrou para outra instituição somou apenas R$ 68,93 milhões, considerando todos os bancos do País. No ano passado, até o mês de novembro, essa conta já era de R$ 1,46 bilhão. Os números ilustram somente o início da guerra pelo cliente, em um mercado que possui hoje estoque total de R$ 630 bilhões, considerando o financiamento para pessoas físicas.

A Caixa Econômica Federal, que abarca a maior fatia do crédito imobiliário no Brasil, afirma que tem como prioridade a concessão de novos financiamentos, mas também oferece a portabilidade aos interessados. Quando o cliente solicita a mudança da Caixa para outro banco, a estatal analisa a situação específica.

Bradesco, Santander e Banco do Brasil também afirmaram, por meio de assessoria de imprensa, que avaliam “caso a caso” a situação de quem deseja migrar seu financiamento para outro banco. De forma geral, a intenção é sempre reter o cliente que procura a concorrência.

Neste cenário, instituições menores também lutam para conquistar uma fatia maior do mercado. O Banco de Brasília (BRB), que hoje tem atuação concentrada no Distrito Federal, registrou crescimento de 368% do crédito imobiliário ao longo de 2019. “Tivemos 228 contratos de portabilidade apenas no segundo semestre de 2019”, disse o presidente do banco, Paulo Henrique Costa. “Hoje, a distribuição está quase meio a meio, entre novos contratos e contratos de portabilidade”.

De acordo com Costa, o crédito imobiliário é estratégico. “Entendemos que o crédito imobiliário é um produto especial, que traz um relacionamento de longo prazo. Ele permite ampliar o relacionamento com o banco e o consumo de outros produtos”, afirma.

Para os próximos meses, a meta do BRB é lançar novos produtos, como os contratos prefixados e indexados ao IPCA, inclusive para quem deseja fazer a portabilidade para o banco.

Fonte: Federação dos Bancários de Santa Catarina

Grandes bancos vão fechar mais de 1,2 mil agências até o final de 2020

Publicado em: 12/11/2019


Bradesco, Itaú e Banco do Brasil vão fechar cerca de 1.200 agências até o final de 2020, em um esforço que atribuem à transformação da demanda dos clientes. A medida, acompanhada de PDVs (programas de demissão voluntária), serve para reduzir custos em um período em que as receitas dos bancos podem ser afetadas pela queda dos juros às taxas mínimas históricas.

Os grandes bancos começam a manifestar, também, preocupação com a concorrência das fintechs (empresas que usam tecnologia para oferecer serviços financeiros) e começam a ajustar suas gigantescas estruturas e custos a essa nova realidade. Assim, a diminuição da presença física dos três maiores bancos do país vem acompanhada de volumes mais altos de despesas e investimentos mais fortes em tecnologia da informação e nos canais digitais.

O fechamento de agências é puxado pelos dois maiores bancos privados do país, que deixarão de atender em 800 pontos entre este e o próximo ano. O Banco do Brasil, que não tem uma projeção específica sobre o fechamento de agências, já encerrou 417 instalações apenas neste ano.

Até o terceiro trimestre deste ano, Bradesco, Itaú e Banco do Brasil já fecharam 749 agências em comparação a um ano atrás.
Essa redução foi mais visível no BB, que diminuiu em 11% suas estruturas tradicionais no período, para 3.684 agências. Já o número de instalações que considera digitais e especializadas ficou praticamente estável.

Bradesco e Itaú, por sua vez, diminuíram em 1,8% e 5,7%, respectivamente, o número de agências físicas disponíveis aos seus clientes no período. Entre os grandes que têm ações negociadas em Bolsa, apenas o Santander seguiu na contramão e teve uma alta de 1,8% no número de instalações.

Em termos gerais, agências especializadas são voltadas para o atendimento de segmentos específicos, como o corporativo de pequeno ou grande porte. Já as digitais são agências físicas com horário de atendimento ampliado, mais atendimento pessoal, mas também com ferramentas e serviços automatizados. Também têm permitem o contato com o gerente da conta ou com especialistas de investimentos por videoconferência, por exemplo.

Para Vitor França, economista do SCPC Boa Vista (Serviço Central de Proteção ao Crédito), não são todas as regiões do país que conseguem receber bem essas mudanças. Ele diz que, ao cruzar informações de renda e acesso à internet com o fechamento de instalações, é possível notar que esse movimento acontece de forma intensa em áreas mais ricas.

“Muita gente de regiões com menor acesso à internet ou renda mais baixa ainda são extremamente dependentes de agências físicas. O limite para o encerramento de agências é exatamente o fato de que essas instituições são grandes e chegam a lugares que essas novas concorrentes não chegam”, acrescenta.

De acordo com o diretor sênior de instituições financeiras da Fitch Ratings, Claudio Gallina, mesmo que o ambiente das fintechs ainda seja algo relativamente novo no sistema financeiro, já é possível ver impactos em alguns segmentos –como o de maquininhas de cartões e meios de pagamentos–, bem como um esforço significativo dos grandes bancos em não ficar para trás.

“Apesar de vermos reduções de agências e de pessoal, também observamos altos investimentos em TI [tecnologia da informação] e gastos decorrentes de toda essa movimentação. Há aquisições de novas companhias tecnológicas, aportes de dinheiro para modernização de sistemas e os custos recorrentes da decisão de enxugamento das estruturas”, afirma Gallina.

No Itaú, as despesas com pessoal cresceram 4,2%, em parte por causa do PDV avberto no meio do ano. No Bradesco, que iniciou o PDV em agosto, a alta foi de 12,9%.

Fonte: Folha

O que esperar para o lucro dos grandes bancos no segundo trimestre?

Publicado em: 24/07/2019


Aumento da concorrência com as fintechs, juros baixos, economia em ritmo lento… tudo parece conspirar contra o resultado dos grandes bancos brasileiros. Mas se você é acionista de Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco ou Santander Brasil, não se preocupe. Os lucros bilionários estão garantidos.

O resultado combinado dos quatro maiores bancos de capital aberto deve atingir R$ 20,9 bilhões no segundo trimestre, de acordo com a média das projeções dos analistas compiladas pela Bloomberg. Trata-se de um avanço de 17,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

As estimativas dos analistas também indicam que os grandes bancos privados – Itaú, Bradesco e Santander – fecharão mais um trimestre com rentabilidade acima dos 20%. Isso significa mais de três vezes o CDI – conhece aplicação melhor?

A temporada de divulgação dos resultados dos bancões começa na terça-feira, dia 23, com o Santander. O Bradesco publica o balanço dois dias depois. Na segunda-feira seguinte, dia 29, será a vez do Itaú. Quem fecha a temporada é o Banco do Brasil, que divulga os resultados no dia 8 de agosto.

De olho no crédito

Olhando apenas para o lucrão esperado pelos analistas, pode parecer mais um filme repetido como aqueles da sessão da tarde. Mas essa história pode reservar surpresas. Uma parte dos investidores segue desconfiada da capacidade de os grandes bancos navegarem em mares cada vez mais revoltos.

Embora os bancos tenham mostrado em mais de uma ocasião que são capazes de lucrar em qualquer cenário, a queda da taxa de juros para os menores níveis históricos representa um novo teste para as instituições.

Eu costumo dizer que, se quiserem sustentar os lucros em alta, os bancos precisam voltar a ser bancos. Isso quer dizer que dependem cada vez mais de sua atividade principal, ou seja, a concessão de financiamentos.

O problema é que abrir as torneiras do crédito remando contra a maré da economia é bem mais difícil. Mas essas preocupações diminuíram depois da divulgação dos dados mais recentes do mercado de crédito pelo Banco Central e que mostram uma retomada dos financiamentos.

Entre os bancões, o primeiro a perceber que tinha espaço para crescer e lucrar mais pisando no acelerador do crédito foi o Santander. Sob a gestão de Sérgio Rial, o banco espanhol saiu da lanterna para o segundo lugar em rentabilidade, atrás apenas do Itaú.

Quem sai na frente tem seus benefícios, mas a grande dúvida do mercado agora é saber se o banco espanhol conseguirá manter o ritmo agora que Itaú e Bradesco entraram para valer no páreo.

As pequenas que incomodam

Se a competição fosse restrita aos grandes bancos, provavelmente o mercado não veria muito problema. Mas o avanço da tecnologia permitiu a entrada na arena de uma série de novas empresas, as chamadas fintechs.

Uma amostra do poder de fogo das novas concorrentes está acontecendo neste momento no mercado de maquininhas de cartões. A Cielo, controlada por Banco do Brasil e Bradesco, já perdeu mais da metade do valor na bolsa depois do ataque de empresas como PagSeguro e Stone.

Em meio à guerra de preços que tomou conta desse setor, o Itaú deu um passo além ao zerar a taxa de juros cobrada dos lojistas para antecipar os recursos das vendas realizadas pela Rede, a sua empresa de maquininhas.

Essa estratégia, é claro, teve custos e levou o maior banco privado brasileiro a diminuir suas projeções de receita com tarifas e serviços e também de margem financeira, linha na qual os bancos contabilizam as receitas com crédito.

Apertem os cintos

O corte nas estimativas só não provocou estrago nas ações do Itaú na bolsa porque o banco anunciou em conjunto um plano de corte de custos para compensar a perda esperada nas receitas.

O controle de custos também foi o principal destaque nos números do Banco do Brasil nos três primeiros meses do ano. A expectativa dos analistas é que o BB mantenha a disciplina nos custos no balanço do segundo trimestre.

O Banco do Brasil segue bem atrás dos concorrentes privados no crédito. Mas como ainda contava com um estoque de financiamentos concedidos a taxas abaixo de mercado – da época da fatídica “cruzada” da ex-presidente Dilma Rousseff contra os juros altos – conseguiu melhorar seus resultados com a renovação dessas linhas em condições mais favoráveis (para o banco, é claro).

Ainda do lado das despesas, vale a pena ficar de olho em como vão ficar as provisões dos bancos para calotes. Nos anos de crise, essa foi a linha que mais drenou resultados das instituições, em meio ao aumento da inadimplência e da quebra de grandes empresas.

Depois da queda nos índices de atrasos com a recuperação da economia, os bancos enfrentam uma nova dor de cabeça com a recuperação judicial da Odebrecht. A conta do calote da empresa deve aparecer nos balanços que começam a ser divulgados a partir da semana que vem. Mas as projeções para os lucros no segundo trimestre mostram que os bancos conseguirão digerir bem as perdas esperadas com os empréstimos concedidos ao grupo.

Fonte: Seu Dinheiro

BC divulga proposta que prevê concorrência a grandes bancos e juros menores

Publicado em: 24/04/2019


O Banco Central divulgou os detalhes da proposta para implementação do open banking no Brasil, conforme antecipado pelo UOL na semana passada. O sistema tem como objetivo promover a competição dentro do sistema financeiro e reduzir a concentração nos grandes bancos. A expectativa do BC é que o modelo de open banking comece a funcionar a partir do segundo semestre de 2020.

O open banking permitirá, por exemplo, que as fintechs (empresas de tecnologia que prestam serviços financeiros) acessem os dados de clientes de grandes bancos, mediante autorização prévia do consumidor, para oferecer diversos serviços e produtos, como empréstimos com juros mais baixos.

“Em linha com a recém-aprovada Lei de Proteção de Dados Pessoais, o open banking parte do princípio de que os dados bancários pertencem aos clientes e não às instituições financeiras. Dessa forma, desde que autorizadas pelo correntista, as instituições financeiras compartilharão dados, produtos e serviços com outras instituições, por meio de abertura e integração de plataformas e infraestruturas de tecnologia, de forma segura, ágil e conveniente”, informou o Banco Central.

A proposta e outros atos normativos necessários à ativação do sistema, bem como seu cronograma de instalação, serão submetidos à consulta pública no segundo semestre. A proposta prevê que serão compartilhados os seguintes dados e serviços, gradualmente, nesta ordem:

1 – produtos e serviços oferecidos pelas instituições participantes (localização de pontos de atendimento, características de produtos, termos e condições contratuais e custos financeiros, entre outros);
2 – dados cadastrais dos clientes (nome, número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF, filiação, endereço, entre outros);
3 – dados transacionais dos clientes (dados relativos a contas de depósito, a operações de crédito, a demais produtos e serviços contratados pelos clientes, entre outros); e
4 – serviços de pagamento (inicialização de pagamento, transferências de fundos, pagamentos de produtos e serviços, entre outros).

Tudo num único aplicativo

O open banking permitirá, por exemplo, que os clientes visualizem em um único aplicativo o extrato consolidado de todas as suas contas bancárias e investimentos.

Também será possível, pelo mesmo aplicativo, realizar uma transferência de recursos ou realizar um pagamento, sem a necessidade de acessar diretamente o site ou app do banco, ou ficar trocando de um banco para outro.

Brasil seguirá tendência mundial

O open banking já está em pleno funcionamento na Comunidade Europeia desde o ano passado. Segundo o Banco Central, a tendência é que outros grandes mercados financeiros mundiais adotem o sistema.

“O tema tem-se destacado mundialmente no contexto das inovações introduzidas no mercado financeiro. Reguladores de algumas jurisdições identificaram a necessidade de intervenção regulatória para disciplinar o assunto, de forma a assegurar o alcance de seus objetivos específicos. Nesse contexto, o Banco Central do Brasil vem acompanhando as discussões internacionais e as iniciativas locais”, informou o órgão regulador em nota.

Bancos definirão questões práticas

O Banco Central informou ainda que estimulará os bancos a promover uma autorregulação para definição do padrão tecnológico e de procedimentos operacionais, que envolvem questões de segurança e proteção dos dados e de integração entre os diferentes sistemas usados pelos bancos.

Fonte: Uol

Grandes bancos lucram 12,7% mais no 3º tri com maior apetite por crédito

Publicado em: 12/11/2018


O resultado financeiro dos grandes bancos brasileiros de capital aberto no terceiro trimestre trouxe uma sinalização importante quanto ao crescimento do crédito no próximo ano. Com números em linha com as projeções do mercado, essas instituições esperam não só emprestar mais em 2019, como algumas estão dispostas a elevarem seu apetite por risco diante da expectativa de melhora do ambiente macroeconômico, o que também pode servir de impulso para as receitas com tarifas e prestação de serviços.

Juntos, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Itaú Unibanco apresentaram lucro líquido de 18,435 bilhões de reaus de julho a setembro, expansão de 12,7 por cento em relação à cifra de 16,358 bilhões de reais registrada um ano antes.

O resultado apresentou leve aceleração, uma vez que, no segundo trimestre, o crescimento anual foi de 12,30 por cento. Com eventos extraordinários, o resultado foi de 17,470 bilhões de reais, 28,5 por cento maior, considerando a mesma base de comparação.

Novamente, a redução dos gastos com calotes motivou os ganhos no período, mas a aceleração do crescimento das carteiras de crédito chamou a atenção. A maior expansão de empréstimos no terceiro trimestre, tanto no comparativo trimestral como no anual, foi vista no Santander (3,4 por cento e 13,1 por cento), seguido por Itaú (2,1 por cento e 10,6 por cento), Bradesco (1,5 por cento e 7,5 por cento) e BB (0,1 por cento e 1,4 por cento).

O presidente do BB, Marcelo Labuto, garantiu que o banco vai encostar nos pares privados também do lado do crédito em 2019. A instituição pode, conforme ele, ser mais agressiva e competitiva na concessão de crédito, mas sem mudar seu apetite de risco.

“Já temos condições de equiparar o crescimento do crédito ao dos pares privados”, disse Labuto, em coletiva de imprensa, no período da manhã desta sexta.

O BB foi mais penalizado que seus pares durante a crise, uma vez que carregava empréstimos mais pesados e de longo prazo. Por isso, tem tido mais desafios para acelerar o ritmo da expansão de sua carteira. Enquanto isso, Bradesco e Itaú admitiram, pela primeira vez, que podem aumentar o apetite por risco.

Fonte: Exame.com

Lucro de grandes bancos cresce 21%

Publicado em: 02/03/2018


Depois de amargarem uma rara queda no lucro em 2016, os grandes bancos brasileiros retomaram a rotina de resultados em alta. Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil lucraram R$ 64,9 bilhões no ano passado, alta de 21%. Para este ano, a projeção é de um avanço da ordem 10% nos resultados, mas o número pode ser ainda melhor, dependendo do desempenho do crédito.

O resultado dos bancos em 2017 impressiona não só pelo contexto de atividade econômica ainda fraca como pelo fato de ter ocorrido em meio ao ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic). As margens até refletiram o juro menor, mas a queda nas despesas de provisão contra calotes mais do que compensou esse efeito nos balanços de 2017.
Para analistas, a retomada do crédito e a continuidade da queda da inadimplência devem garantir mais um ano de lucros em alta. A expectativa é de um resultado combinado de R$ 71,4 bilhões dos quatro bancos, considerando o ponto médio das estimativas divulgadas pelas instituições e cálculos de analistas.

A maioria das empresas não financeiras não divulgou o balanço anual. Mas a comparação com base nos 12 meses encerrados em setembro mostra que o lucro contábil dos quatro bancos, de R$ 54 bilhões, ficou pouco abaixo dos R$ 55,3 bilhões registrados por 260 companhias abertas no mesmo período, segundo cálculos do Valor Data. A rentabilidade média, calculada com o patrimônio em fim de período, das instituições foi de 13,9%, contra 4,5% das empresas não financeiras – nesse grupo de companhias, há casos de prejuízos, o que afeta o resultado consolidado.
Os grandes bancos conseguiram melhorar os resultados mesmo sem avançar em seu principal negócio: a concessão de crédito. O saldo de financiamentos registrou queda de 1,3% em relação a 2016 – o segundo ano consecutivo de retração. Essa tendência, porém, começou a se reverter nos últimos três meses do ano. Entre setembro e dezembro, a carteira dos grandes bancos registrou uma expansão de 1,9%. Para 2018, Itaú e Bradesco projetam um crescimento de até 7% nos financiamentos, no melhor cenário, em 2018.

“O crédito voltou a reagir, principalmente no último trimestre do ano passado, após o processo doloroso de recessão”, afirmou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, em teleconferência após a divulgação do balanço, o último dele no comando da instituição.

Os bancos também esperam mais uma redução no chamado custo do crédito, que inclui as despesas de provisão contra calotes. No Itaú, os gastos devem variar entre R$ 12 bilhões e R$ 16 bilhões, o que pode representar uma queda de até 33%. Em 2016, no auge da crise, as provisões custaram R$ 25,5 bilhões ao maior banco privado brasileiro.
Para compensar a queda dos juros, os bancos esperam crescer em linhas de crédito com mais spread, como as voltadas a pessoas físicas e pequenas e médias empresas. O Santander deu início a esse movimento primeiro e foi o único entre os grandes bancos a registrar aumento no saldo de financiamentos no ano passado.

A unidade brasileira do banco espanhol teve o melhor o resultado da história no país em 2017 e também chegou perto de cumprir uma velha promessa: atingiu uma rentabilidade de 16,9%, mais próxima dos principais concorrentes privados. O Bradesco registrou no ano passado um retorno de 18,1% e o Itaú, de 21,8%. A questão, agora, é saber se o Santander conseguirá manter o ritmo de crescimento. “Não é um processo linear. O importante é manter a direção correta”, disse a jornalistas o presidente do banco, Sergio Rial.

A melhora da rentabilidade também é um objetivo declarado do Banco do Brasil e da gestão de Paulo Caffarelli. Em 2017, a rentabilidade do BB foi de 12,3%, contra 8,8% no ano anterior. Apesar da alta, Caffarelli, afirmou que ainda não está contente com o número, que segue bem abaixo dos concorrentes privados.

Com o negócio de crédito ainda em ritmo lento, os bancos procuraram faturar em outras linhas, como a cobrança de tarifas de conta corrente e gestão de fundos. A receita com serviços de BB, Itaú, Bradesco e Santander somou R$ 111,5 bilhões, alta de 7,2% em relação a 2016.

Fonte: Valor Econômico