Presidente do BB rebate comentários após tentativa de alto reajuste de salário

Publicado em: 23/05/2024

A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, está passando por um mau momento na relação com seus colegas, funcionários do banco. Em mensagens trocadas no canal de comunicação interno da companhia, funcionários tem feito críticas a Tarciana por causa do pedido de reajuste do seu salário em 57% –proposta que foi posteriormente rejeitada.

As mensagens foram obtidas pela colunista Andreza Matais, do UOL. As críticas dos empregados do banco foram feitas no dia 24 de abril, antes mesmo do reajuste ser votado. Porém, Tarciana só veio a responder as mensagens no início deste mês.

“Concordo plenamente que merecemos o mesmo reajuste, por justiça”, escreveu um funcionário. “Que ela ganhe um milhão!! Mas não me deixe ganhando 3 mil!!!”, disse outro.

Um dos comentários que Tarciana respondeu dizia que a presidente podia não votar pelo reajuste, mas seriam “pessoas do convívio dela” que teriam a missão. A presidente rebateu, no dia 7 de maio: “Você acha que eu convivo com os membros do Conselho de Administração?”.

Ainda na mesma conversa, os funcionários continuaram. “Choro de pensar na quantidade de Ourocard [título de capitalização] que vamos ter que vender pra manter isso…”, disse um.

“A conta irá chegar nas agências – corte de verbas, cargos e etc”, escreveu outro. Nesta mensagem, Tarciana perguntou: “Colega, gostaria de saber quantos cortes de verbas e de cargos ocorreram no BB desde o dia 16.01.2023?”. A data refere-se ao dia em que assumiu o comando do banco.

Depois de responder a algumas das críticas, Tarciana postou um longo texto, também no dia 7 de maio. “Aqui quem está escrevendo não é a presidenta do BB, é uma colega que levanta todos os dias há mais de 24 anos e busca entregar o melhor trabalho possível para empresa e para quem está ao redor, por saber que podemos realmente tocar positivamente a vida das pessoas. Para mim nunca se tratou de dinheiro, galguei a minha carreira função por função até chegar aqui”, iniciou.

A presidente disse estar perplexa “com a violência dos comentários”. “Gostaria de fechar dizendo que me sinto violentada, desrespeitada, mas não intimidada”, finalizou.

O reajuste de Tarciana Medeiros foi aprovado no dia 26 de abril, dois dias depois das trocas de mensagens registradas. O aumento foi de 4,62%, saindo de R$ 74.972 para R% 78.435. O reajuste proposto inicialmente elevaria a remuneração de Tarciana para R$ 117.470.

Em nota ao Terra, o BB afirmou que a comunicação interna da empresa “tem como premissa o estímulo ao diálogo entre a empresa e todo o público interno. A valorização da diversidade de opiniões compõe os princípios desse relacionamento, por meio dos canais institucionais da organização, onde os funcionários podem fazer comentários de forma franca e aberta, observando o código de ética e normas de conduta da organização”.

Além disso, afirmou que “o diálogo de representantes do alto escalão da empresa é comum inclusive em outros assuntos, frequentemente interagindo em elogios, sugestões e dúvidas também. Este diálogo reforça um estilo de gestão próximo aos funcionários e apoia processos de inovação na empresa, já que dá voz ativa a funcionários de todos os cantos do país para debater com Unidades Estratégicas da empresa”.

Fonte: Terra

BB quer reajuste de 57% para presidente, e salário pode chegar a R$ 117 mil

Publicado em: 25/04/2024

O Banco do Brasil submeterá para apreciação de seus acionistas na próxima sexta-feira (26), em assembleia geral, um pedido de aumento salarial para a presidente Tarciana Medeiros. Se aprovada, a proposta elevará a remuneração da executiva de R$ 74.972 para R$ 117.470 -o que representa um reajuste de 56,69%.

A defasagem de salários dos membros da diretoria executiva do BB e o desequilíbrio salarial interno são citados como justificativas para a proposta feita pelo conselho de administração do banco -inicialmente divulgada pelo UOL e confirmada pela Folha.

Procurado, o BB disse que a governança do banco “veta que seus estatutários participem de instâncias decisórias da empresa que deliberem por sua própria remuneração”.

“A governança do BB garante que não exista qualquer tipo de conflito de interesses que envolvam a participação de qualquer membro da Diretoria Executiva do BB na definição de seus salários”, disse.

Conforme a proposta do conselho de administração do BB, a ideia é colocar um escalonamento de 30,25% entre a remuneração de um cargo estatutário e outro. Assim, o vice-presidente passaria a receber R$ 90.188 (ante os atuais R$ 67.105) e o diretor, R$ 69.242 (hoje é de R$ 56.873) -ampliando a diferença salarial para os cargos celetistas.

Hoje, um gerente geral em unidade estratégica -maior remuneração CLT do banco público- recebe somente R$ 3.712 mensais a menos do que um diretor. Se a proposta de aumento salarial for aprovada, essa diferença subirá para R$ 16.081.

A proposição foi apresentada em um documento assinado por Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda e presidente do conselho de administração do BB. Segundo o texto, o percentual acumulado do IPCA (índice oficial de inflação) entre 2008 e 2023 foi de 134,1%, enquanto o reajuste acumulado para os cargos de estatutários foi de 81,3% no mesmo período. “Há, portanto, uma defasagem de 52,8% entre o reajuste acumulado e a inflação medida para o período”, afirma.

O documento diz também que a proposta tem como objetivo “reestabelecer o equilíbrio salarial interno e preservar a diretriz da justa remuneração dos administradores estatutários frente às responsabilidades dos cargos assumidos no banco.”

“Além disso, cabe constar que a remuneração fixa dos diretores não foi reajustada entre 2016 e 2022, enquanto a remuneração fixa de todo o funcionalismo do BB, inclusive dos gerentes gerais em unidades estratégicas, foi atualizada conforme estabelecido nos acordos coletivos de trabalho para a categoria, ocasionando em um cenário de desequilíbrio remuneratório entre a maior remuneração de empregado celetista do BB e a dos administradores estatutários”, acrescenta.

De acordo com um interlocutor ligado ao banco público, gestões anteriores já haviam encaminhado propostas para reajuste salarial dos administradores estatutários com base nas mesmas premissas.
Em 2022, por exemplo, a cúpula do BB tentou reajustar o salário do então presidente Fausto Ribeiro. A proposta, contudo, foi rejeitada na assembleia geral dos acionistas.

O desempenho da instituição em 2023 foi outro argumento utilizado por Durigan no encaminhamento do pedido. “Outro motivador do reajuste ora proposto diz respeito ao desempenho do banco em 2023, quando ocupou uma posição de destaque frente a seus principais concorrentes, com um lucro líquido ajustado de R$ 35,6 bilhões e um RSPL [retorno sobre patrimônio líquido] de 21,6%, o melhor entre os bancos nacionais”, diz.

“Tanto que, em #Pública 2023, as ações do BB tiveram uma valorização de 76%, o melhor desempenho dos últimos cinco anos e a maior elevação do ano entre as empresas listadas do segmento financeiro que integram o Ibovespa (bancos, seguros e demais)”, complementa.

Na assembleia, será discutida a fixação do montante global para pagamento de salários e benefícios dos membros da diretoria executiva e do conselho de administração do BB em até R$ 94.478.387 no período de abril de 2024 a março de 2025.

Fonte: Jornal do Comércio

Evolução da tecnologia cada vez mais deve focar nos clientes, diz presidente do BB

Publicado em: 18/04/2024

A maior competitividade nos serviços bancários vista na ultima década no Brasil não gerou muros entre as instituições, mas sim pontes para a complementariedade de tecnologia para atender a um país com necessidades diversas. Essa é uma das avaliações feitas durante o Web Summit Rio, evento global de inovação que acontece na capital fluminense.

Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil, vê que o papel dos bancos tradicionais no cenário de inovação brasileira é de complementaridade e de presença, assim como é o papel de todas as instituições.

“O BB adota a posição de entregar soluções que dialoguem com as necessidades daquele município. Estamos em 93% das cidades e, depois da pandemia, fomos entendendo que precisávamos de soluções que colocassem o banco dentro do Whatsapp. Mas também precisávamos entregar o físico na mesma medida que o cliente precisa”, pontuou.

Glauber Mota, executivo à frente da fintech Revolut no Brasil, concorda que o trabalho das instituições incumbentes e dos novos bancos digitais é de promover a inclusão financeira tanto para quem não tem acesso à internet quanto para quem busca mais rapidez e menores custos em suas transações.

Na visão dos painelistas do evento, a principalidade (ou seja, a instituição financeira priorizada pelo cliente) é construída e se mantém com a agilidade e capacidade da instituição de resolver as demandas do cliente.

Por isso, na visão de Mota, as instituições focadas no digital ainda têm o desafio de escalar soluções que estejam em um só lugar para uso do cliente.

“Com a evolução do banking, a questão que se coloca é, cada vez mais, como o cliente consegue resolver os problemas e cada vez menos de onde ele faz isso. Hoje, na média, são necessários cinco aplicativos para transacionar todas as demandas. Então não se trata só de agilidade, mas de se pensar uma maneira diferente de implementação unificada de estratégias”.

De olho nas experiências mais eficientes dos usuários, o Banco do Brasil diz ter ampliado os investimentos em inteligência artificial e inteligência analítica embarcada nos serviços. Além disso, no mês passado, o BB lançou sua primeira agência “fisical”, que leva para agência de rua todas as soluções digitais.

“A necessidade básica que todo cliente tem é pagar, receber e guardar dinheiro. Na medida que o relacionamento evolui, a necessidade de soluções complexas surge. Inovação que não é focada nas pessoas e não é construída por olhares diversos não compete para agregar peso na briga pela principalidade. Por isso, também, é importante haver diversidade de olhares na construção dos produtos e serviços”, defendeu.

Fonte: Valor Investe

“Nossa principal fortaleza é a rede física”, diz presidente do Banco do Brasil

Publicado em:

A rede física de agências, presente em 93% dos municípios brasileiros, é uma das principais vantagens competitivas do Banco do Brasil, afirmou a sua presidente, Tarciana Medeiros, durante apresentação no Web Summit Rio, nesta terça-feira, 16, no Rio de Janeiro.

“Em um país com dimensões continentais, estar presente nas diversas comunidades e entregando soluções que conversam com a realidade de cada município é um papel importante que bancos tradicionais exercem”, comentou a executiva. “Houve um processo rápido de digitalização dos bancos depois da pandemia. Mas conforme o tempo passou, entendemos que nossa principal fortaleza é a rede física”, acrescentou.

Isso não quer dizer que o Banco do Brasil abra mão das plataformas digitais. A empresa tem hoje 30 milhões de usuários ativos diários em seus canais digitais. “Temos um banco dentro do WhatsApp e um dos aplicativos bancários mais bem avaliados nas lojas de apps. Entendemos que precisamos entregar o físico e o digital na medida exata. Temos que entregar um banco para cada cliente”, disse Medeiros.

Vale destacar que recentemente o Banco do Brasil lançou sua primeira agência “phygital”, chamada Ponto BB Online, localizada no Recife, em Pernambuco. Sua proposta é levar para o físico o que o banco tem de melhor no digital, como Livelo, Shopping BB etc.

Hoje o Banco do Brasil tem 82 milhões de clientes, dos quais cerca de 15 milhões vieram ao longo dos últimos três anos.

Fonte: Invest Talk

Presidente do Banco do Brasil defende foco em evolução tecnológica ‘sem abrir mão das pessoas’

Publicado em: 27/03/2024

A presidente executiva (CEO) do Banco do Brasil (BBAS3), Tarciana Medeiros, avalia que a pandemia exigiu uma aceleração digital nas empresas, com uma rápida necessidade de adequação tecnológica.

No entanto, a executiva do Banco do Brasil defende que é preciso focar nessa evolução, mas junto à atuação humana.

“Depois da pandemia, com a aceleração digital, houve a necessidade de se adequar rapidamente. Mas focamos na evolução tecnológica sem abrir mão das pessoas. Colocamos pessoas a serviço das pessoas”, disse Medeiros, durante painel no South Summit Brazil, em Porto Alegre, no período da manhã desta quinta-feira.

Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração da Magazine Luiza (MGLU3), concorda. “O digital é uma cultura, não uma escolha. Mas temos que estar onde o cliente estiver, e nunca as pessoas foram tão importantes”, afirmou a executiva.

Ela comentou que o cliente se incomoda quando o contato no atendimento digital é apenas com robôs, por exemplo. “O atendimento é um diferencial, seja ele digital ou fisicamente. E o diferencial é a forma como a gente inova.”

Mas a tecnologia é vista como essencial para os negócios das duas empresas. “O Brasil tem o melhor sistema financeiro do mundo, nós vendemos e exportamos tecnologia bancária. No banco, temos alta capacidade de processamento; a cada 9 segundos, pelo menos 10 mil Pix são processados”, conta Medeiros.

Trajano, por sua vez, destaca que a varejista “precisa estar onde o cliente estiver”, inclusive com as lojas físicas. “Vamos continuar tendo loja física, isso não vai acabar, mas vai ter uma nova roupagem”, destacou.

Ainda nesta semana a presidente do Banco do Brasil voltou a negar a possibilidade de interferência do Governo Federal na companhia durante o evento Bloomberg New Voices, na terça (19). A executiva declarou que ‘não vê esse risco’ no momento atual.

“Estou no banco há 24 anos e vi a evolução da governança 24 vezes. O banco tem uma característica diferente, somos uma empresa do sistema financeiro, temos questões de regulação. O mercado financeiro é um mercado muito bem regulado”, declarou a CEO do Banco do Brasil.

Os questionamentos vieram após uma série de estocadas do governo em direção à Petrobras (PETR4) e à Vale (VALE3) nas últimas semanas, e após o presidente Lula (PT) dizer em entrevista ao SBT que “é possível” fazer com que esses bancos públicos baixem as taxas para forçar os rivais privados fazerem o mesmo.

A executiva do BB destacou que é mais simples explicar esse ponto aos investidores locais, ao passo que é necessário reafirmar os resultados do banco para os investidores estrangeiros.

Tarciana Medeiros também declarou que o Banco do Brasil “tem ROE acima de 20% e espera mantê-lo acima de 20%”.

Fonte: Suno

“Diversidade é questão central da nossa gestão”, diz presidente do BB, que recebe prêmio da ONU

Publicado em: 21/03/2024

Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil, está entre os CEOs e empresas que conquistaram o Prêmio Ambição 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas).

Na sua primeira edição, o prêmio reconheceu iniciativas de inclusão étnico-racial e equidade de gênero e foi anunciado na quinta-feira (14) em evento na sede da ONU, em Nova York.

Tarciana foi premiada como CEO de destaque com as iniciativas “Raça é Prioridade” e “Elas Lideram”, que têm como objetivo alcançar a paridade de pessoas negras e de mulheres na liderança, respectivamente, até 2030. “A diversidade é questão central da nossa gestão e temos conquistado importantes resultados tanto para equidade de gênero como para a inclusão da população preta e parda”, diz a CEO.

Desde que assumiu, em janeiro de 2023, a presidenta, como gosta de ser chamada, tem levantado pautas de diversidade e sustentabilidade dentro do banco mais antigo do país, com 215 anos.

Sob sua gestão, o banco estabeleceu metas públicas e concretas em sustentabilidade e inclusão, criou um comitê de diversidade e tornou-se embaixador dos compromissos da ONU. “Essas ações priorizadas na estratégia do BB têm demonstrado impacto positivo para clientes, funcionários, fornecedores e demais parceiros estratégicos, contribuindo para a inclusão financeira e a geração de trabalho e renda.”

Para além do discurso e dos resultados financeiros que vem trazendo, Tarciana Medeiros levou mais mulheres para a diretoria e um executivo negro para liderar a BB Asset Management.

O Banco do Brasil também foi homenageado por suas medidas dedicadas à promoção da igualdade de gênero e inclusão étnico-racial. A instituição está presente na premiação nas categorias “30% de pessoas negras ou indígenas em posição de liderança até 2025” e “Apoio ao empreendedorismo de mulheres através das cadeias de suprimentos e marketing, com implementação de práticas de desenvolvimento empresarial que empoderem as mulheres”.

A primeira edição dos prêmios Ambição 2030 coincide com a (CSW 68), a 68ª Comissão da Situação da Mulher, cujo tema prioritário é alcançar a igualdade de gênero. O evento reúne líderes empresariais, representantes da sociedade civil, autoridades da ONU, entre outras personalidades, em discussões na sede das Nações Unidas até 22 de março.

De feirante a presidenta

Natural de Campina Grande, na Paraíba, a executiva teve uma trajetória que define como humilde. Foi feirante e professora antes de passar, há mais de 20 anos, no concurso do BB, onde exerceu diversas funções e chegou ao cargo mais alto. Na época, não sonhava conquistar essa cadeira, mas sabia que educação e dedicação poderiam levá-la ao topo, seja lá onde isso fosse. “Prefiro substituir o verbo sonhar por planejar. Claro que no começo, como feirante, não tinha um plano de ser presidente, mas a trajetória de dedicação, estudo e planejamento me fez estar onde estou.”

Tarciana Medeiros leva o mesmo sobrenome da primeira mulher contratada pelo BB – Emma Medeiros, que trabalhou 30 anos no banco, desde 1924.

Fonte: Forbes

Presidente do Banco do Brasil diz que manterá política de dividendos

Publicado em:

A presidente do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), Tarciana Medeiros, assegurou que manterá a política de distribuição de dividendos da empresa. A declaração foi feita na 3ª feira (19.mar.2024), durante evento realizado pela Bloomberg em São Paulo.

Segundo Tarciana, o banco alterou recentemente a política de dividendos e não teria motivo para fazer novas alterações. Em fevereiro, a empresa decidiu aumentar a divisão dos lucros entre os acionistas de 40% para 45%.

“[A política] foi aprovada pelo conselho de administração, que tem cinco representantes do acionista majoritário. Ela já foi aprovada e será mantida”, afirmou, citada pelo jornal Folha de S.Paulo.

O questionamento é feito em um momento de crise na Petrobras (BVMF:PETR4) devido à distribuição de dividendos da estatal. No começo do mês, a petroleira informou que pagaria os 25% de dividendos obrigatórios, mas excluiu os extraordinários.

A decisão abalou o mercado e a empresa perdeu cerca de R$ 55 bilhões em 1 dia. A crise colocou o presidente da estatal, Jean Paul Prates, na corda bamba, mas o governo Lula conseguiu estancar o derretimento e segurou Prates no cargo.

A Petrobras deve passar por mudanças no Conselho de Administração ainda neste mês. O governo deve fazer novas indicações e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve ser contemplado com um aliado na diretoria da estatal: Rafael Dubeux, atual secretário-executivo adjunto da Fazenda.

Fonte: Investing

CEO do BB reafirma que ‘não vê risco de interferência do governo’

Publicado em:

A atual presidente do Banco do Brasil (BBAS3), Tarciana Medeiros, voltou a negar a possibilidade de interferência do Governo Federal na companhia durante o evento Bloomberg New Voices, nesta terça-feira (19). A executiva declarou que ‘não vê esse risco’ no momento atual.

“Estou no banco há 24 anos e vi a evolução da governança 24 vezes. O banco tem uma característica diferente, somos uma empresa do sistema financeiro, temos questões de regulação. O mercado financeiro é um mercado muito bem regulado”, declarou a CEO do Banco do Brasil.

Os questionamentos vieram após uma série de estocadas do governo em direção à Petrobras (PETR4) e à Vale (VALE3) nas últimas semanas, e após o presidente Lula (PT) dizer em entrevista ao SBT que “é possível” fazer com que esses bancos públicos baixem as taxas para forçar os rivais privados fazerem o mesmo.

A executiva do BB destacou que é mais simples explicar esse ponto aos investidores locais, ao passo que é necessário reafirmar os resultados do banco para os investidores estrangeiros.

Tarciana Medeiros também declarou que o BBAS3 “tem ROE acima de 20% e espera mantê-lo acima de 20%”.

CEO do Banco do Brasil reafirma que banco ‘não fará operações não rentáveis’

Durante o evento, a executiva destacou que o banco seguirá conservador em termos de política de concessão de crédito.

As declarações vão em linha com as ‘doses de tranquilidade’ que Tarciana deu recentemente ao mercado, ao destacar, em entrevistas, que o Banco do Brasil não fará operações não rentáveis.

“Não concedemos crédito que dá prejuízo. Não vejo esse risco [de interferência para baratear o crédito]. Não enfrentamos essa questão e temos autonomia de gestão”, declarou Tarciana durante o Bloomberg Voices.

A CEO ainda exemplificou com as operações do consignado do INSS em 2023, em que o banco repassou os cortes da Selic de forma automática.

Ao ser indagada sobre o payout do Banco do Brasil, elevado ainda neste ano, Tarciana se limitou a dizer que o patamar será mantido após o apoio majoritário do Conselho de Administração do banco.

Fonte: Suno

Banco do Brasil conquista prêmio Ambição 2030 da ONU

Publicado em:

O Banco do Brasil e a presidenta Tarciana Medeiros estão entre os premiados na 1ª edição do Prêmio Ambição 2030 da ONU, um reconhecimento às suas iniciativas de inclusão étnico-racial e de equidade de gênero, pelo conjunto de medidas dedicadas pelo BB à promoção da igualdade e inclusão étnico-racial, visando combater o racismo estrutural no país.

O BB está presente na premiação nas categorias “30% de pessoas negras ou indígenas em posição de liderança até 2025” e “Apoio ao empreendedorismo de mulheres através das cadeias de suprimentos e marketing, com implementação de práticas de desenvolvimento empresarial que empoderem as mulheres”. Tarciana foi reconhecida como CEO: “Raça é Prioridade” e “Elas Lideram”. Os vencedores foram anunciados ontem, 14, em evento na sede da ONU, em Nova York.

“Essas ações priorizadas na estratégia do BB têm demonstrado impacto positivo para clientes, funcionários, fornecedores e demais parceiros estratégicos, contribuindo para a inclusão financeira e a geração de trabalho e renda. A diversidade é questão central da nossa gestão e temos conquistado importantes resultados tanto para equidade de gênero como para a inclusão da população preta e parda”, ressalta Tarciana.

Em seu primeiro ano como presidenta do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros avançou com compromissos compromisso pela diversidade e pela sustentabilidade. Sob sua liderança, o banco lançou um programa inovador e estabeleceu um comitê dedicado à promoção da diversidade. Além disso, o BB estabeleceu grandes marcos: assumiu compromissos públicos com metas concretas em sustentabilidade, incluindo objetivos relacionados à equidade de gênero e raça; e o BB tornou-se embaixador de três compromissos junto ao Pacto Global das Nações Unidas, com destaque para os movimentos “Elas Lideram”, visando a igualdade de gênero, e “Raça é Prioridade”, promovendo a representatividade de pessoas negras, indígenas e de outros grupos étnicos sub-representados em cargos de liderança.

Tais iniciativas renderam reconhecimentos significativos tanto nacional quanto internacionalmente, com o Banco do Brasil figurando no topo da lista B3 (iDiversa B3) e sendo novamente reconhecido como o banco mais sustentável do mundo.

Além disso, conduziu o Banco a parcerias com diversas instituições representativas do povo negro na sociedade brasileira, em especial com o Ministério da Igualdade Racial e a Universidade Zumbi dos Palmares, em busca de diálogos do BB com movimentos negros e associações populares para promover ações em torno do tema.

No âmbito da igualdade de gênero, o Banco e Tarciana têm lugar de destaque por incentivarem o aumento da participação de mulheres em cargos de liderança e a criação de programas voltados ao empreendedorismo feminino. Como exemplo, o Mulheres no Topo, programa lançado pelo BB em março de 2023, em apoio ao empreendedorismo de mulheres por meio das cadeias de suprimentos e marketing, com implementação de práticas de desenvolvimento empresarial que empoderem as mulheres. Em uma plataforma específica, concentram-se soluções financeiras, educação empreendedora, estímulo à saúde e segurança, além de eventos relevantes voltados às mulheres empreendedoras.

A primeira edição dos prêmios Ambição 2030 coincide com a 68ª Comissão da Situação da Mulher, cujo tema prioritário é alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas. Este evento reúne líderes empresariais, representantes da sociedade civil, membros da imprensa, autoridades da ONU e governamentais em discussões até 22 de março.

Também no primeiro trimestre deste ano, o Banco do Brasil foi reconhecido como Banco mais sustentável do Mundo pelo ranking Global 100 2024 da Corporate Knigths, Banco Mais Sustentável da América do Sul 2024 pela Capital Finance International (CFI), e das empresas top 5% em sustentabilidade pelo Sustainability Yearbook da S&P Global.

Fonte: Banco do Brasil

Como Tarciana Medeiros liderou o BB a um lucro recorde em 2023

Publicado em: 10/01/2024

Em novembro de 2022, Tarciana Medeiros, então gerente-executiva do Banco do Brasil, foi chamada para uma conversa com o presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. “Falamos sobre minha carreira, das questões salariais, crédito, a gestão do banco, exportação de grãos, linhas de crédito”, conta.

A executiva discorreu tranquilamente por esses assuntos por conta de sua experiência no BB. “Trabalhei na diretoria de empréstimos, na seguridade e na diretoria de clientes. Ganhei uma visão sobre todas as áreas e números do banco, então, já tinha conhecimento.”

Foi só no dia seguinte, quando a paraibana ouviu os rumores de que havia nomes de colegas sendo cotados para a presidência do BB, que percebeu o que havia acontecido naquela reunião. “Foi aí que me dei conta de que eu tinha feito uma entrevista de emprego.”

Em janeiro, Tarciana Paula Gomes Medeiros foi anunciada como a primeira presidenta da instituição em 214 anos, uma das maiores empresas de capital aberto do mundo. Funcionária de carreira, começou como estatutária em uma agência do Banco do Brasil na Bahia há 22 anos.

Duas décadas mais tarde, chega à presidência pulando um degrau na hierarquia – não passou pela vice-presidência. E, nesse primeiro semestre sob sua liderança, mais uma vez o banco conseguiu um resultado recorde: o lucro líquido de R$ 17,3 bilhões está 19,5% acima do total do mesmo período do ano passado.

Para além dos resultados financeiros – sem dúvida, essenciais –, a profissional traz um ar de contemporaneidade para a instituição bicentenária. Negra, nordestina, lésbica e ex-feirante, Tarciana tem a ideia de usar a diversidade como caminho para ampliar negócios.

Uma de suas primeiras iniciativas foi investir mais na comunicação dos produtos do banco para empreendedoras. “Entre as pequenas e microempresas, descobrimos que mais da metade tinha mulheres na estrutura societária e reforçamos a orientação de investimento para elas”, diz. Em poucos meses, aumentou em 20% a tomada de crédito por empresas com liderança feminina. “Para mudar, você só precisa de alguém que tenha essa visão ampliada.”

A amplitude no olhar de Tarciana Medeiros trouxe diversidade também para a alta liderança do banco. “O exemplo arrasta. Quando uma mulher conquista sua autonomia e independência, ela mostra para outras que isso é possível”, ensina.

E assim, arrastou com ela três mulheres para a vice-presidência do BB e um homem preto para a cadeira de CEO do BB Asset Management, uma das maiores gestoras de ativos do mundo. “Essas pessoas já estavam ali, e já estavam prontas. Só precisavam ser vistas.”

Fonte: Forbes

Empreendedores 2023/Finanças: Tarciana Medeiros comanda a revolução no BB

Publicado em: 19/12/2023

A paraibana Tarciana Medeiros, primeira mulher a comandar o Banco do Brasil em mais de dois séculos de história da instituição, já tem um lugar de destaque garantido na galeria de presidentes na sede do banco, em Brasília. Não só por ser mulher, mas porque também é lésbica, nordestina, negra e defensora das causas LGBT. Mesmo que não seja essa sua função, ela tem simbolizado a revolução pela busca da equidade de gênero, respeito e diversidade no mundo corporativo e no alto escalão do funcionalismo público, predominantemente masculino.

Tudo isso com a chancela do ministro Fernando Haddad e do próprio presidente Lula. “O Banco do Brasil tem 200 anos, e nunca se pensou, nem de longe, em ter uma mulher na presidência”, disse Lula, um ano atrás, ao anunciar a nomeação de Tarciana. “E nós vamos provar que uma mulher pode ser melhor do que muitos homens que já dirigiram o banco.” Bingo. Ela é uma das vencedoras do EMPREENDEDORES 2023, na categoria Finanças.

A fala de Lula, evidentemente, tem peso. Mas os números do BB sob comando de Tarciana falam por si:

  • O banco bateu recorde de lucro nos nove primeiros meses do ano. De janeiro a setembro, a instituição contabilizou lucro líquido de R$ 26,1 bilhões, crescimento de 14% em relação ao mesmo período do ano passado.
  • As ações (BBAS3) subiram impressionantes 59,3%, no acumulado do ano, até 13 de dezembro.
  • Em seu primeiro ano à frente do BB, Tarciana promoveu uma intensa diversificação das receitas e controle dos gastos. O retorno sobre patrimônio líquido (RSPL) chegou a 21,3%, o que representa um índice semelhante ao dos bancos privados.

Não por acaso, em 6 de dezembro de 2023 ela foi eleita uma das mulheres mais poderosas do mundo em ranking divulgado pela Forbes, dos Estados Unidos, e foi a única brasileira indicada.

Tudo isso, na visão de Tarciana, é uma retribuição do Banco do Brasil ao País. “Nossa missão é sermos relevantes na vida dos nossos clientes, em todos os momentos, contribuindo para o desenvolvimento do Brasil, somando esforços para construir as bases econômicas que estão garantindo um País próspero e sustentável”, disse Tarciana à DINHEIRO.

Essa missão, segunda ela, foi encarada como desafio por demonstrar que é, sim, possível aliar uma atuação pública com a atuação comercial e estratégia corporativa. “E isso tem dado muito certo. Temos mostrado que essa nossa forma de agir gera mais do que resultados: gera verdadeiro valor para a sociedade, que percebe que a atuação do Banco do Brasil faz a diferença em cada local”, afirmou.

Funcionária de carreira da instituição há 22 anos, a executiva mantém como desafio a busca por bons resultados e superação dos desafios — algo que conhece muito bem.

Tarciana iniciou a vida profissional como feirante e foi professora, antes de entrar no Banco do Brasil, em março de 2000. Ela é formada em administração e pós-graduada em Administração, Negócios e Marketing e em Liderança, Inovação e Gestão.

Em 2002, assumiu seu primeiro cargo de gestão. Nos dez anos seguintes, atuou nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste em agências e superintendências do varejo.

Entre 2013 e 2018, passou pela Superintendência Comercial do BB Seguridade. Durante sua atuação no braço de seguros do grupo, ela desenvolveu modelos estratégicos de indução de vendas, apoiados na coordenação e direcionamento do trabalho das equipes de consultores das empresas da Holding BB Seguros.

Na época, a empresa conseguiu se consolidar como uma das maiores da América Latina no segmento. Em 2018, ao deixar a liderança do BB Seguridade, Tarciana capitaneou os processos de pós-venda a pessoas físicas na diretoria de empréstimos e financiamentos do banco.

Além de consolidar papel social do BB em sintonia com o retorno financeiro, Tarciana definiu como missão de transformar o banco em exemplo. “Vivemos em um País que ainda carrega um machismo. Vivi isso em diversas fases da minha vida e isso segue existindo, quando represento o Banco do Brasil em alguns fóruns, por exemplo. Mas temos avançado muito, com trabalho suado, sabe?”, disse Tarciana.

Por isso, o BB lançou novos compromissos públicos em seu planejamento de sustentabilidade. Entre eles, destaque para um avanço na meta de chegar, até 2025, a pelo menos 30% de mulheres em cargos de liderança.

Sob seu comando, o BB tem promovido eventos sobre diversidade, entre eles Conselhos Consultivos, que reúnem representantes do banco e especialistas da sociedade civil para abordar temas sobre:

  • raça e etnias,
  • gênero,
  • gerações,
  • LGBTQIAPN+,
  • pessoas com deficiência e neurodivergências.

Atualmente, há três mulheres em vice-presidências (Varejo, Negócios Digitais e Corporativa). Pela primeira vez na história, o banco tem no Conselho Diretor 45% de mulheres, 22% de pessoas autodeclaradas negras e dois membros autodeclarados do grupo LGBTQIAPN+.

Fonte: IstoÉ Dinheiro

Presidenta do BB é única brasileira na lista de 100 mulheres mais poderosas do mundo

Publicado em: 07/12/2023

A presidenta do BB, Tarciana Medeiros, ocupa o 24º lugar na lista das 100 mulheres mais poderosas da Forbes. Na lista, constam nomes como a de personalidades influentes como Beyoncé e Oprah. Tarciana é a primeira brasileira a ocupar o ranking. De acordo com a Forbes, a presidenta se destacou pela sua atuação na Assembleia das Nações Unidas, e também ganhou destaque por liderar uma das empresas brasileiras da Forbes Global 2000, lista das empresas de maior capital ativo do mundo.

Tarciana Medeiros divide a lista com Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia e da União Europeia, A presidente do Banco Central Europeu Christine Lagarde e a vice-presidente do Estados Unidos, Kamala Harris. Os critérios para a lista da Forbes são métricas fundamentadas em dinheiro, mídia, impacto e esferas de influência. Sua presença nessa seleta lista ressalta sua influência e liderança exercida globalmente.

Tarciana é a primeira mulher negra a presidir o BB. Em seu perfil no Linkedin, ela comemorou o reconhecimento: “Ele vem das entregas de todos os colegas do BB, que levam proximidade e relevância para a vida das pessoas em todos os momentos. De volta ao dia da minha posse, gente: eu não sou apenas a representante do meu time. Sou o seu espelho. Vamos nos orgulhar juntos! É o meu nome na lista, mas foi o trabalho de todos nós que me colocou ali”, escreveu. Além disso, ela ainda comentou que o reconhecimento é simbólico, mas que é importante. “Fala de representatividades, inspira outras mulheres, e mostra que nós podemos e queremos ocupar todos os topos, sejam eles quais forem. Mas ninguém entra em uma lista de uma revista de negócios sem resultados consistentes. E isso demonstra que a abertura à diversidade, às diferentes formas de pensar e construir soluções, tem garantido retorno aos nossos acionistas e um banco cada vez mais próximo da sociedade.”

Confira a lista da Forbes aqui.

Fonte: Banco do Brasil

Tarciana Medeiros vem promovendo diversidade no banco mais antigo do país

Publicado em: 23/11/2023

A primeira mulher a ser presidenta, como gosta de ser chamada, do Banco do Brasil em 215 anos de instituição, é negra, nordestina, lésbica e ex-feirante. Para além dos bons resultados financeiros, Tarciana Medeiros está levantando bandeiras importantes dentro da instituição, como a da diversidade, da tolerância e da equidade de gênero. Nesse Dia da Consciência Negra, trazemos uma entrevista exclusiva com uma executiva negra que está trazendo pautas contemporâneas para dentro do banco mais antigo do país.

Forbes: Queria começar com você nos contando como é ocupar esse lugar de poder como uma mulher negra, lésbica, nordestina, ex-feirante. Qual é o sentimento?

Tarciana Medeiros: É um misto de sentimentos. O principal é o de responsabilidade. E não é responsabilidade no sentido ruim, de obrigação. Mas, sim, de saber que eu sou responsável por mudar vidas de outras pessoas. Quando eu penso nessa responsabilidade, ela vem acompanhada de felicidade, de gratidão e de paixão. Eu sempre fui muito apaixonada pelo banco, pelo que eu faço e por estar junto com as pessoas. Mas também é uma doação diária.

F: Qual é o tamanho dessa doação?

TM : Tem sido, ultimamente, a parte mais importante da vida. Não tem como ser diferente, né? Senão eu não consigo fazer o que precisa ser feito. E tem muito pra ser feito. É um lugar de muita importância e de muito poder. E, quando você se percebe nesse lugar, tomando decisões que mudam milhares de vidas… Eu diria milhões de vidas, até. Enfim, nesse lugar eu não posso pensar que não vou ter tempo para fazer isso ou aquilo, não posso faltar em determinado compromisso. Porque a minha presença ali vai fazer uma diferença enorme. É uma responsabilidade que eu quero assumir.

F: Onde você vê essa diferença?

TM: Vou te dar um exemplo que eu vivi durante a pandemia, quando estava trabalhando na diretoria de empréstimos e financiamentos. Todo mundo ficou em isolamento social. Nos pequenos municípios, quando se percebeu que era necessário fechar escolas, fechar a prefeitura, vimos que as operações de crédito não seriam pagas na data. Porque as pessoas não estavam trabalhando, não tinha dinheiro circulando. Então, a gente precisou prorrogar essas operações. Foi uma decisão da diretoria e em uma tarde a gente conseguiu comunicar para o país inteiro com os gerentes entrando em contato com os clientes. Em uma semana o Banco do Brasil conseguiu prorrogar as operações de crédito do país todo. E sem essa capilaridade do BB, a gente não teria conseguido fazer tão rápido. São 80 milhões de clientes Então, a gente tem um poder de informar muito grande. E de formar também.

F: E como você se relaciona com essa responsabilidade?

TM: Quando eu tomei posse como presidenta do banco é que a minha ficha caiu. De que eu sou a única mulher na presidência de um grande banco. Quando eu fui ver Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Santander… eu falei, ‘poxa, eu sou a única’. Mas quantas ‘únicas’ nós temos em outros segmentos? E foi aí que eu pedi pra gente fazer um estudo no banco, para olhar como estava o desenvolvimento de mulheres empreendedoras. E aí nós lançamos uma plataforma chamada “Mulheres no Topo” para cuidar de inclusão. Observamos que a quantidade de empreendedoras que são clientes do banco, ou de empresas [micro e pequenas] que têm na estrutura societária mulheres, são metade das empresas. Em mais de 30%, elas são sócias majoritárias. E aí percebemos que elas não conheciam linhas de crédito para seus negócios. Então nós criamos a plataforma com essas informações. O que é que aconteceu? Nove meses depois, aumentou em 20% a tomada de crédito de empresas, micro e pequenas, lideradas por mulheres.

F: Você esteve na parada do Orgulho LGBT, lançando um cartão da diversidade. Quais são as bandeiras que você levanta com seu trabalho?

TM : A gente patrocinou a feira de diversidade, porque esse é um assunto importante para o BB, lançamos o cartão. Somos diversos. E também a equidade de gênero, sem dúvida. O banco é uma empresa bicentenária que, pela primeira vez em 215 anos, tem uma presidente mulher. E eu levei esse cuidado para a formação do conselho diretor. Pela primeira vez também nós temos três mulheres vice-presidentas. Mas por que nunca teve, alguém pode perguntar? Porque nunca foi dada oportunidade. Elas estavam lá. No dia em que eu fui buscar a vp de negócios digitais e tecnologia , que é a Marisa Reghini, eu não contei pra ninguém. E eu ouvi de vários colegas “Poxa, Tarci, quem vai ser vice-presidente de tecnologia? Ninguém cogitava o nome dela. E ela estava lá, pronta, com uma carreira maravilhosa, respeitadíssima no mercado, já numa função de alta liderança, com todas as certificações do banco que possibilitavam esse cargo. Ela só precisava ser vista O mesmo foi com a Carla Nesi, que é a vice-presidente de varejo. Teve uma carreira brilhante, foi minha diretora e tinha acabado de se aposentar. Então há essa miopia, essa dificuldade de enxergar que a mulher está lá, está pronta e só precisa da oportunidade.

F:Você trouxe também um homem negro para a presidência de uma das empresas da holding… Foi intencional?

TM: O Denísio [Liberato, presidente da BB Asset Management] foi uma escolha nossa. Do nosso conselho diretor. Ele já era diretor de participação da Previ, nosso fundo de pensão. E o Banco do Brasil tem uma coisa interessante. Tudo que você fala sobre o Banco do Brasil ou é o maior do mundo, ou é o maior da América Latina, ou é um dos maiores do mundo. Sempre assim. A Previ é o maior fundo de pensão da América Latina e está entre os maiores do mundo. Logo, o Denísio tem toda a formação necessária para ocupar essa cadeira. A BB Asset é uma empresa de participações. E hoje ele é o único negro da América Latina que faz parte do PRI [Principles of Responsible Investment, iniciativa global apoiada pela ONU}. Quando você olha a formação dos CEOs das demais assets do Brasil e da América Latina, a formação do Denísio tem um dos níveis mais altos. Então o Denísio também estava pronto, apenas aguardando uma oportunidade.

F: E as suas outras paixões? Como é que ficaram diante dessa dedicação intensa? Você tem uma companheira, não tem?

TM: Tenho, por quem sou apaixonada também. Por isso tenho tentado organizar minha agenda de trabalho para que caiba entre segunda e sexta, que é pra eu estar com as minhas paixões de casa aos sábados e domingos. E tenho sido disciplinada nisso. Então, se eu tenho algum compromisso profissional no final de semana, as minhas paixões de casa vão junto. Minhas filhas, meu filho e a Dani, minha companheira, me acompanham. A Yasmin é minha filha, tem 22 anos, a Ruth é uma prima que eu crio desde os 12 anos, hoje tem 30. E o Davi é filho da Dani, minha companheira, e tem 9 anos.

F: E o que você faz nesses dias em família?

TM: Eu gosto de cozinhar, de ir pra festa também. Vou com as meninas aos shows. A gente assiste dança juntas, vai pro cinema. Uma coisa que eu não deixei de fazer é ir à feira aos domingos de manhã. Então eu vou na feira com as meninas fazer compras e comer pastel.

F: E você foi feirante. Esse passeio traz lembranças?

TM: Sim. Eu fui feirante dos 10 aos 14 anos com a minha família na Paraíba. Vendia fruta, verdura… Durante uma época, meu pai comprava também umas coisas pra gente vender: umas peneiras de peneirar farinha que a gente chamava de aropemba. Vendia ralador de milho…

Fonte: Forbes

Artigo: Reflexões e compromisso com a pluralidade do Brasil

Publicado em:

Tarciana Medeiros*

Quando alguém me pergunta o que é o Banco do Brasil, costumo dizer que nós somos um banco que é retrato da sociedade brasileira – uma sociedade em transformação, com avanços a celebrar, mas que ainda tem um longo caminho a percorrer para abraçar a diversidade que nos molda.

E é neste cenário que, para mim, mulher negra, datas como o Dia da Consciência Negra se mostram fundamentais – porque não há forma de avançarmos de verdade sem antes refletir, dialogar e agir para criar um Brasil capaz de atingir sua máxima potência no futuro.

É uma data para pensar a História também, e encarar um sentimento profundo e duradouro de injustiça.

Por séculos, os negros, roubados de suas terras e vendidos aos navios mercantes, como tão bem cantou Bob Marley, foram obrigados a mover uma economia nefasta que levava produtos consumidos no mundo todo. O próprio continente foi espoliado dentro das fronteiras de seus países, em um processo colonial que perdurou até o século XX.

Daí, as raízes dos negros subjugados diretamente pela escravidão e depois explorados em sistemas que lhes negava a autonomia como cidadãos com acesso mínimo a melhores condições de vida

As sequelas desse capítulo perverso da história mundial, que atingiu as comunidades negras e seus descendentes, ainda esperam novas medidas estruturais de todas as esferas sociais que tenham a capacidade de enfrentar e transformar esse triste cenário.

O mundo tem se debruçado sobre isso, com o fortalecimento de entidades globais para o combate às injustiças que cometeu contra as pessoas negras ao longo da história.

No Brasil, não poderia ser diferente. O debate proposto por lideranças negras, das mais diversas origens e campos sociais, sobre uma herança escravocrata e colonial ganha força. Ele demonstra a urgência com que precisamos avançar no combate ao racismo estrutural na comunidade global. Por mais complexa que seja, a questão precisa ser enfrentada. E a hora é agora.

O BB é uma instituição secular, que já passou por diversas organizações e composições societárias. Como sistema empresarial, já ressurgimos algumas vezes ao longo da história do nosso país. Com o passar do tempo, fomos evoluindo nas medidas de combate ao racismo estrutural, culminando neste ano com a atuação ainda mais intensa com práticas de estímulo à igualdade racial com maior efetividade.

Sinto um imenso orgulho de poder dizer que o Banco do Brasil está de fato se posicionando para ser mais plural, mais consciente de sua força negra e de todas as etnias e grupos. Porque nosso olhar não pode apenas reconhecer as legislações e obrigações formais, mas também precisa agir de maneira proativa para impulsionar, valorizar e empoderar a participação de pessoas negras na sociedade como um todo.

Nosso compromisso é, e continuará sendo, o de implementar medidas que promovam uma nova realidade para as comunidades negras. O BB também se alinha a um movimento amplo de conscientização sobre a necessidade do envolvimento de toda a sociedade na busca pela aceleração de ações e iniciativas de combate ao racismo, em todas as suas formas, e de promoção da igualdade racial. Juntos podemos fazer muito mais.

Avançamos. Mas nossos avanços não nos limitam a aprofundar o conhecimento e encarar a real história das versões anteriores da Empresa.

Entendemos que, direta ou indiretamente, toda a sociedade brasileira deveria pedir desculpas ao povo negro por aquele momento triste da nossa história. Neste contexto, o Banco do Brasil de hoje pede perdão ao povo negro pelas suas versões predecessoras e trabalha intensamente para enfrentar o racismo estrutural no país. O reconhecimento desse passado é indispensável para melhor compreender as origens e as injustiças que a economia colonial da época perpetrou.

Mas o que define nosso compromisso com o combate à desigualdade étnico-racial é o fato de o BB ser uma instituição da atualidade, que, como as demais instituições públicas e privadas, tem o dever de desenvolver ações no âmbito de uma sociedade que guarda sequelas da escravidão.

O Banco do Brasil seguirá somando esforços no acolhimento à diversidade e na promoção de ações inclusivas, contribuindo assim para o desenvolvimento social e econômico em nossa sociedade. Para nós, Raça é prioridade, sim!
Como parte desse olhar estratégico para o tema, anunciamos um conjunto de novas medidas em prol da igualdade e inclusão étnico-racial e do combate ao racismo estrutural no país, com impactos positivos para clientes, funcionários, fornecedores e demais parceiros estratégicos da empresa. Elas se somam a outros compromissos e iniciativas do Banco nessa direção e estão disponíveis para consulta na área de imprensa do site do BB.

Aliás, para que toda a sociedade tome conhecimento do conjunto de iniciativas em equidade e inclusão em andamento no BB, criamos uma página em nosso site dedicada ao tema bb.com.br/diversidade.

Estamos comprometidos com a missão de sermos um Banco para tudo que o brasileiro imaginar, e não há como fazer isso sem trabalharmos por um Brasil consciente de suas potencialidades, de suas diferenças, de suas riquezas. Porque só assim, com a união de todas as nossas forças, podemos verdadeiramente alcançar um futuro mais brilhante e equitativo.

Digo isso com a força da ancestralidade das milhares de pessoas pretas e pardas, de norte a sul do país, que trazem para o BB, todos os dias, as riquezas de nossas culturas, expressões e crenças.

Gosto de dizer que nosso banco é diverso, em um país diverso. Essa é a nossa substância. E é com essa substância que seguiremos trabalhando incansavelmente para implementar iniciativas que melhorem a qualidade de vida de todos os brasileiros, considerando todas as individualidades e coletividades identitárias de raça, etnia ou grupo social.

*É presidente do Banco do Brasil

Fonte: Banco do Brasil

Presidente Tarciana passa por cirurgia e fica até 3 semanas afastada

Publicado em: 09/11/2023

O Banco do Brasil informou nesta segunda-feira, 6 de novembro, por meio de nota, que a presidente Tarciana Medeiros passou por um procedimento cirúrgico eletivo, de baixa complexidade, durante a manhã.

De acordo com a instituição, a cirurgia foi bem-sucedida e Tarciana Medeiros já está em recuperação.

“Por recomendação médica, Tarciana ficará afastada de suas atividades profissionais por até três semanas”, acrescentou a nota. “Nesse período, Felipe Prince, vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos, ocupará o cargo de presidente interinamente.”

Fonte: UOL

Nos 215 anos do BB, presidente do banco destaca concessão de crédito e políticas de diversidade

Publicado em: 19/10/2023

Nesta quinta-feira, 12, data em que o Banco do Brasil completa 215 anos, a presidente do banco, Tarciana Medeiros, foi às redes sociais para celebrar e fez um balanço sobre a atuação da instituição no primeiro semestre deste ano, período em que ela assumiu o banco. Entre janeiro e junho, o BB concedeu alguma linha de crédito ou de financiamento a 4,2 milhões de pessoas.

“Quem me conhece sabe que eu tenho alguns pequenos mantras diários. Um deles é: dar crédito é acreditar nas pessoas. E no BB, nós acreditamos nos brasileiros”, disse ela, em texto publicado no Linkedin. Ainda de acordo com a executiva, foram concedidos R$ 48 bilhões para mais de 180 mil micro e pequenas e empresas, alta de 22% na comparação com o primeiro semestre do ano passado. O segmento é um dos focos da gestão de Medeiros.

No texto, a presidente do BB afirma ainda que foram R$ 17 bilhões em empréstimos para mulheres empreendedoras, um crescimento 20% em um ano. Funcionária do banco desde 2000, Tarciana Medeiros é a primeira mulher a comandá-lo em seus dois séculos de existência.

O BB foi criado em 1808, quando a Família Real portuguesa mudou-se para o Brasil. Além de ser o mais antigo banco em operação no País, é considerado um dos mais antigos ainda em operação no mundo.

Nesta quinta, a presidente do banco destacou ainda os R$ 13,3 bilhões em financiamentos ao setor público nos primeiro seis meses de 2023, além das concessões de R$ 75 bilhões para o agro, segmento em que o banco é líder. Nele, o crescimento foi de 15% em relação ao mesmo intervalo de 2022.

Medeiros também mencionou os R$ 8 bilhões que o BB captou em acordos para investimentos em frentes sustentáveis, após a viagem de uma comitiva do comitê executivo do banco a Nova York em setembro. “Fomos até Nova Iorque, a cidade de tantos protagonismos, para colocar o BB de vez sob os holofotes do mundo como um líder global em práticas e negócios sustentáveis”, disse.

Diversidade

A presidente do BB também tratou do tema da diversidade, que é uma das bandeiras de sua gestão. Destacou que o conselho diretor do banco tem 45% de mulheres, 22% de pessoas autodeclaradas negras e dois membros autodeclarados da comunidade LGBTQIAPN+ – ela e o vice presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores, Geovanne Tobias.

Medeiros mencionou ainda outras iniciativas, como a assinatura de um protocolo de intenções com o Ministério da Igualdade Racial, em julho, voltado a ações direcionadas à superação da discriminação racial, além da inclusão e da valorização de mulheres negras.

Em agosto, o banco se tornou embaixador de movimentos do Pacto Global da ONU no Brasil relacionados à igualdade racial, de gênero e ao trabalho decente. Também assumiu o compromisso de chegar a 30% de pretos, pardos, indígenas e outras etnias sub-representadas em cargos de liderança até 2025.

Por fim, a presidente do banco público fez menção ao inquérito civil público do Ministério Público Federal que investiga a atuação do banco no período da escravidão no Brasil, durante o século XIX. “Os debates sobre a escravidão, para serem efetivos e ganharem a dimensão merecida, precisam envolver todos os atores que estão comprometidos com a mudança no presente, devendo as instituições atuais compartilhar iniciativas que contribuam para a construção de um país com cada vez mais justiça social”, escreveu Medeiros.

Fonte: Época Negócios

Tarciana, do BB, está na lista dos 500 mais influentes da América Latina

Publicado em: 21/09/2023


Acontecimentos marcantes deste ano, como o avanço da inteligência artificial generativa e a procura por conteúdos relacionados à saúde e bem-estar, ajudaram a definir as personalidades mais influentes da América Latina, de acordo com a lista da agência de notícias Bloomberg Línea. Em paralelo a isso, o cenário de juros altos no mundo foi propício para bancos e fintechs que estavam abertos à inovação.

A terceira edição do ranking destaca as 500 Pessoas Mais Influentes da América Latina, e visa reconhecer o trabalho de quem foi inspiração para os latino-americanos. Dentre os 500, 179 brasileiros e estrangeiros que atuam no Brasil integram a lista, o maior número entre todos os países da região.

Em relação às edições anteriores, destaca-se Alexandre Bettamio. O executivo foi nomeado em junho como co-head global de Investment Banking do Bank of America, e se tornou o primeiro brasileiro a atuar no cargo entre os maiores bancos do mundo.

Alexandre Saigh, CEO do Pátria Investimentos, e Tarciana Medeiros, CEO do Banco do Brasil, também são novas personalidades que entraram na listagem.

No setor do varejo, destaca-se Davide Marcovitch, da LVMH, holding que controla marcas como Givenchy, Dior e Louis Vuitton. Há ainda Felipe Feistler, o diretor-geral no Brasil da Shein.

Personalidades que atuam em empresas que visam promover igualdade entre as minorias como Adriana Barbosa, da plataforma PretaHub, aceleradora do empreendedorismo negro no país, Andrea Schwarz, fundadora da iigual, que atua para incluir pessoas com deficiência no mercado de trabalho, e Edu Lyra, da Gerando Falcões, também compõem a lista

Saúde e tecnologia

Na área de saúde, destaca-se Isabella Wanderley, vice-presidente corporativa e gerente geral da Novo Nordisk, a fabricante do medicamento Ozempic.

Já no setor da tecnologia, aparecem nomes como Márcio Aguiar, diretor da Nvidia para América Latina, e Lidiane Jones, que atua na liderança global do Slack, controlada pela Salesforce.

Esportes e entretenimento

A listagem traz personalidades do ramo da beleza, mídia e esportes, como é o caso da cantora Anitta, da empresária e blogueira Bruna Tavares e da tenista Bia Haddad, uma das atletas brasileiras de maior destaque no esporte individual e que chegou ao top 10 do ranking mundial do tênis neste ano. Também estão inclusos o youtuber Casimiro e os apresentadores do podcast PodPah, Igão e Mítico.

Fonte: Época Negócios

 

Luiza Trajano e presidente do BB vão debater sustentabilidade na ONU

Publicado em: 11/09/2023


O Pacto Global da ONU no Brasil fará, em 14 e 15 de setembro, o evento SDGs in Brazil, na sede das Nações Unidas, em Nova York.

A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, a empresária Luiza Trajano e outros convidados serão entrevistados no segundo dia do evento por Gabriela Prioli, Maju Coutinho e Maria Clara.

O grande debate será sobre o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) por meio de iniciativas de empresas, além de outros temas ligados à Agenda 2030, como direitos humanos, meio ambiente e governança.

Sob a gestão de Tarciana Medeiros, o Banco do Brasil quer se tornar protagonista mundial em práticas e negócios sustentáveis no sistema financeiro.

A presidente da instituição aproveitará a atenção e o fluxo global em torno da Assembleia Geral da ONU para discutir parcerias e captação de recursos com investidores externos e organismos multilaterais para a preservação da Amazônia.

Em sua fala às entrevistadoras no dia 15, Tarciana compartilhará práticas de sua gestão no BB, como a entrada no índice iDiversa da B3.

Fonte: Veja

Tarciana: 1º passo foi dado com saída de 2,5 mi de pessoas do cadastro negativo

Publicado em: 25/07/2023


A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, disse em uma rede social que a retirada de 2,5 milhões de brasileiros de cadastros negativos de crédito foi um primeiro passo importante do Desenrola para reduzir o endividamento da população. Ela mencionou, ainda, a renegociação de R$ 1 bilhão em dívidas de 75 mil clientes do banco na primeira semana do programa de renegociação de dívidas do governo federal.

“O primeiro passo já foi dado com a retirada de 2,5 milhões de brasileiros com dívidas de até R$ 100 que tiveram seus nomes excluídos de cadastros negativos”, afirmou ela, em postagem no Linkedin. “Com isso, caso não tenham outras pendências financeiras, poderão voltar a fazer um empréstimo ou alugar uma nova casa, por exemplo.”

Na primeira fase do Desenrola, lançada na segunda-feira, 17, os bancos puderam “limpar” os nomes de clientes que tenham dívidas de até R$ 100 junto às instituições. As dívidas não são perdoadas, mas caso o cliente não tenha outras restrições de crédito, pode voltar a tomar empréstimos, um dos objetivos do programa.

O atual estágio também permite a renegociação de dívidas de clientes com renda mensal entre dois salários mínimos e R$ 20.000. Clientes de menor renda, da chamada Faixa I, entrarão em uma fase posterior, prevista para setembro, e que também incluirá dívidas contraídas junto a empresas de consumo ou serviços públicos (água, luz e telefone).

No texto, Medeiros cita dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) que apontam que 78,3% das famílias brasileiras têm dívidas em atraso. Também menciona dados da Serasa que mostram que 72 milhões de pessoas estão negativadas.

De acordo com ela, além de tirar as pessoas do endividamento, é necessário estimular a educação financeira, para que o consumo de crédito aconteça de forma responsável. “Estamos utilizando nossos canais de comunicação para enviar alertas e dicas sobre o uso responsável do crédito, de forma a conscientizar a sociedade”, diz a executiva.

Fonte: Exame

 

Conselho de diversidade do Banco do Brasil se reúne pela 1ª vez

Publicado em: 10/07/2023


A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, realizou, no domingo (9/7), a primeira reunião do Conselho Consultivo de Diversidade, Equidade e Inclusão, formado por um grupo de conselheiros externos voluntários. O encontro acontece no mesmo dia em que é realizada a 24° Parada do Orgulho de Brasília.

Segundo o banco, o encontro abordou causas LGBTQIAPN+ com representantes da sociedade, especialistas de mercado e referências no tema em questão, que estão dispostos a compartilhar experiências, tendências, boas práticas, anseios, conhecimento.

Esses indivíduos não são fixos e são escolhidos por se destacarem em seus segmentos sociais. O mandato também não é remunerado, de acordo o Banco do Brasil.

Tarciana Medeiros ressalta que a iniciativa foi tomada porque, em uma sociedade em profunda transformação, o banco busca melhorar a satisfação e a experiência de todos os seus públicos de relacionamento. Tarciana é a primeira mulher a assumir o cargo na história da instituição financeira.

Ela tomou posse em cerimônia com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Também estavam presentes a primeira-dama, Janja, e a ministra da Cultura, Margareth Menezes.

Programa de Diversidade

A primeira reunião do Conselho Consultivo de Diversidade, Equidade e Inclusão faz parte do cronograma do Programa de Diversidade, lançado pelo Banco do Brasil em março de 2023, com a construção de uma estrutura de governança dedicada ao tema na empresa.

O programa contempla, além da temática LGBTQIAPN+, questões relacionadas a gênero, geração, raça/etnias, pessoas com deficiência e neurodivergentes, com a dimensão transversal geográfica-cultural em todos os grupamentos.

A escolha das causas LGBTQIAPN+ como assunto da primeira reunião temática do Conselho Consultivo de Diversidade do BB soma-se a uma série de ações afirmativas relacionadas ao Dia Internacional do Orgulho LGBT, celebrado em 28 de junho.

Fonte: Metrópoles

Após voltar ao armário sob Bolsonaro, BB retoma diversidade e estreia na Parada LGBT+

Publicado em: 12/06/2023


A mudança de gestão do Banco do Brasil, com o terceiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deu nova cara ao comando do banco, com quatro mulheres, uma delas na presidência do BB. Mas a diversidade vai além do que se observa à primeira vista. Dois dos membros da cúpula do banco são abertamente LGBT+: a própria presidente, Tarciana Medeiros, e o vice-presidente de Finanças, Marco Geovanne Tobias, ambos funcionários de carreira da instituição.

O banco público quer mostrar, para dentro e para fora, que voltou a se abrir à diversidade, após a pressão sofrida contra o tema durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), em um setor já pouco diverso.

No domingo, 11, pela primeira vez, o BB terá sua marca na Parada do Orgulho LGBT+, em São Paulo. Na quinta-feira, 8, a presidente do banco esteve na Feira da Diversidade, na capital paulista, na qual o banco montou um espaço. Há ainda uma versão do cartão Ourocard com a bandeira do movimento, que pode ser solicitada por qualquer cliente. O Ourocard Orgulho é um cartão de crédito em que possível o titular usar o nome social. O plástico será estampado com as cores da bandeira do arco-íris.

Não é coincidência que os movimentos aconteçam com a troca de governo. Nos bastidores, sob anonimato, funcionários do banco afirmam que programas afirmativos criados na última década e intensificados na gestão de Paulo Caffarelli (2016-2018) foram paralisados durante o governo Bolsonaro, em especial na gestão de Rubem Novaes (2019-2020).

Logo no primeiro ano, em 2019, a guinada veio a público por meio de uma crise: o Planalto não gostou e o banco teve de cancelar uma propaganda que exaltava a diversidade. À época, o diretor responsável foi afastado.

“Quando você fala em 84 milhões de pessoas (clientes), não são todas brancas, cis, hétero”, disse Tobias à Coluna. “A marca precisa refletir isso na comunicação, e também para dentro, porque quando eu falo de 86 mil funcionários, é a mesma coisa.” Ele afirma que, ao retornar ao BB, em 2023, descobriu que os funcionários continuavam organizados para falar de diversidade dentro do banco, com grupos de WhatsApp, mesmo sem o respaldo oficial.

Um dos primeiros passos de Tarciana Medeiros à frente do banco foi criar um comitê estratégico de diversidade, de mesmo peso hierárquico que o de crédito, por exemplo, para auxiliar a ascensão interna de mulheres, pessoas pretas, LGBT+ ou com deficiência, por exemplo.

“Até determinado nível hierárquico da empresa, temos participação substancial das mulheres. Só que de determinado patamar em diante, isso não acontece”, disse ela à reportagem em maio, afirmando que o banco também tem olhado para a questão em outras empresas com as quais tem relacionamento.

“Criamos esta instância de governança para dar uma sinalização à organização de que esta orientação veio para ficar, e tentar reconstruir essas pontes”, afirmou Tobias, que trabalhou no BB entre 1987 e 2010, e ajudou a estruturar programas de diversidade em sua passagem pelo Bank of America, entre 2015 e 2022.

Política e negócio

O sociólogo e professor de comunicação da ESPM Gabriel Rossi afirma que o posicionamento do BB deixa claro ao público que o governo Lula tem visão progressista, no campo oposto ao bolsonarismo, mas tem um fundamento de negócio. “Esse (LGBT+) é um mercado que nenhum banco pode abandonar”, disse.

Segundo ele, bancos tradicionais, como o Itaú, têm se movimentado para falar com esta faixa da sociedade, mas ainda estão atrasados em relação às fintechs, que nasceram empunhando a bandeira da diversidade.

Para Rossi, as empresas não podem mais fugir de temas sociais relevantes porque os clientes cobram posicionamentos, mas o discurso precisa estar alinhado à prática dentro de casa. “Talvez na parte da comunicação haja alguns esforços interessantes, mas a grande questão é se a cultura interna corresponde, se essas pessoas têm voz ativa e se há ações afirmativas”, disse.

Tobias afirma que, apesar de a pauta ESG estar em alta, questões de raça e gênero ainda passam longe das prioridades dos investidores. “Mas entendemos que, ao trabalhar isso (diversidade), teremos consequências em termos de produtividade, de rentabilidade e de crescimento de negócios, que eles vão perceber.” ESG é a sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governanças.

Tobias ecoa a visão de Tarciana, que defende que a diversidade dá lucro, e que isso se provará ao longo do tempo.

Ele admitiu que nem todos os clientes podem aprovar o posicionamento, diante da polarização que o assunto gera. Afirmou, por outro lado, que é preciso dar o primeiro passo, a despeito dos riscos. “Vamos ter de aprender em pleno voo, vai ser a primeira vez na história que o banco estará na Parada”, disse. “Eu mesmo, como gay, demorei muitos anos para ter coragem de participar de uma Parada Gay.”

Setor é visto como pouco diverso

Na visão do sócio fundador e gestor da Fama Investimentos e especialista em ESG, Fabio Alperowitch, o setor financeiro carrega uma cultura corporativa que ainda favorece a ascensão de homens brancos a cargos de liderança, e que explica o desinteresse pela diversidade. “O mercado financeiro tem um componente cultural do poder do homem branco, hétero, conservador, e isso se manifesta de diversas formas”, afirma. “O investidor é o setor financeiro, portanto, não cobra algo que não é importante para ele.”

Se depender da gestão atual do BB, o banco vai continuar levantando a bandeira da diversidade no sistema financeiro. Segundo Tobias, as iniciativas lançadas no mês do Orgulho LGBT+ deste ano devem ser aprofundadas nos próximos. Há a intenção, por exemplo, de reverter parte das receitas com o cartão alusivo à causa para instituições que trabalham no acolhimento de pessoas trans.

“Vai ser a primeira iniciativa LGBT (primeiro produto declaradamente alusivo à questão do orgulho) do banco. É acima de tudo um posicionamento da marca, é uma resposta para o nosso público interno que espera a reconstrução dessas pontes, mas vamos testar o mercado”, afirma. “Não é algo só de comunicação. Assim como vamos à feira do agronegócio, queremos estar nesses outros segmentos que muitas vezes estão à margem.”

Fonte: Estadão

BB: presidente quer banco sem mudanças bruscas, mas evitando os ‘erros do passado’

Publicado em: 25/05/2023


Em meio à desconfiança do mercado com mudanças realizadas em outras estatais, a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, afirma que o “BB não atua em mudanças bruscas de rota”. Há 23 anos no banco e primeira mulher a presidi-lo em 214 anos de história, Tarciana diz que não há orientações para que o banco mude a estratégia e que as conversas com o governo e a equipe econômica têm sempre como diretriz que o BB siga suas vocações – o agro entre elas – de forma sustentável e responsável.

Em outras estatais, como a Petrobras, alterações têm gerado dúvidas no mercado. Tarciana não comenta sobre a petroleira, mas ressalta que o BB tem disciplina de estratégia e que isso pode ser visto, na prática, nos resultados, como no primeiro balanço de sua gestão. O BB teve o maior lucro entre os grandes bancos e manteve a inadimplência controlada. A instituição espera manter números robustos nos próximos trimestres.

“Há uma preocupação grande em não se repetir erros do passado, em não se fazer de novo algo que já foi feito e deu errado, e um direcionamento de fazer tudo o que for possível, dentro da governança do banco”, afirma Tarciana em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast.

Um dos temores do mercado é de que os bancos oficiais, como o BB e a Caixa, sejam utilizados para fomentar o crédito no País em momentos menos favoráveis. A presidente do BB afirma, porém, que o banco crescerá neste ano dentro das projeções que forneceu ao mercado, e sem desrespeitar a governança que construiu ao longo dos anos.

Nas conversas com o governo, o BB também tem negociado os próprios interesses. Segundo Tarciana, a instituição mira aumentar sua fatia de recursos no Plano Safra para algo mais condizente com sua participação de mercado no crédito agrícola, de 58%. No Plano Safra 2022/2023, a parcela do banco nos recursos é de 47%.

A seguir os principais trechos da entrevista:

A senhora apresentou seu primeiro resultado, o maior entre os grandes bancos. Qual seu balanço pessoal dos primeiros meses à frente do BB?

O que eu destacaria é a constatação de que é possível conciliar a atuação social com a comercial. Quando conseguimos concatenar a cadeia produtiva, colocar a micro e pequena empresa para fornecer a uma grande cadeia, estamos gerando emprego, renda, desenvolvendo uma empresa, capacitando pessoas.

O que a senhora considera que reflete a visão da sua gestão no primeiro trimestre?

A concessão de crédito de maneira adequada, com responsabilidade, inteligência e em preços adequados. O BB expandiu o crescimento da carteira de crédito no primeiro trimestre calcado na pessoa física, quando o mercado entendeu que não era possível. Eu venho falando do preço por cliente, inteligência analítica a serviço do desenvolvimento econômico. A concessão de crédito conhecendo o cliente, com preço adequado e para o que o cliente precisa foi um diferencial, não só para pessoa física, mas para micro e pequena empresa. Óbvio que sempre vamos aliar a isso os nossos modelos de risco. Emprestamos para 40% mais pessoas que no primeiro trimestre do ano passado. Quando você pulveriza o risco, a chance de ter problemas com inadimplência se reduz de forma considerável. Entregamos a linha de crédito mais adequada, mesmo que não seja a mais rentável para o banco.

Em cartões, o BB está olhando para o público que já conhece. É a estratégia também em outros produtos para pessoa física?

Declaramos ter cerca de 80 milhões de clientes ativos, e o Brasil tem uma população economicamente ativa de 140 milhões de pessoas. Destas, com renda, são cerca de 98 milhões. Ou seja: a população economicamente ativa está no Banco do Brasil. Nosso “mar aberto” é a nossa base de clientes. Quando mudamos a estratégia de cartão, isso ficou muito evidente. Eu não deixei de atuar com o cliente de mar aberto, mas fui atuar com o cliente que eu conheço.

A senhora completou o conselho diretor com o vice-presidente de Agronegócios, e é um conselho totalmente composto por funcionários do banco. Essa fórmula traz resultados no balanço?

Acredito que sim. O banco tem um jeito de existir e fazer as coisas. Isso quer dizer que quem vem de fora não se adapta? Não, quer dizer que quem é da casa entende melhor os preceitos de crescimento do banco. Aquilo que o Marco Geovanne (vice de Gestão Financeira e Relações com Investidores) falou recentemente foi forte: quando ele saiu do banco, há 12 anos, havia muita coisa na estratégia que dizíamos que seria feita e o mercado não acreditava. Hoje, ele voltou, e o que nós dissemos que faríamos, fizemos. O banco não atua em mudanças bruscas de rota. Sempre se tem uma ansiedade: mudou o governo, mudou o presidente do Banco do Brasil, o Banco do Brasil agora vai fazer… Não. O Banco do Brasil não é assim. Essa disciplina de execução de estratégia é uma característica do Banco do Brasil.

Como convencer o mercado? Sempre há um temor de mudança de rota, um desconto na ação com a mudança de governo.

O jeito de convencer o mercado é sendo disciplinado na condução dessa estratégia. Pretendemos adicionar à estratégia essas premissas, de atuação em cadeia, entender os diversos públicos e nichos únicos para atuação específica quando necessário. Talvez nunca consigamos convencer o mercado, mas trazendo resultados do tamanho que o BB é capaz de produzir e respeitando a base de acionistas sem deixar de atender ao acionista majoritário, eu acredito que serão próximos passos que trarão mais confiança. Nesse momento em que o mercado tem sofrido muito e o BB se mantém firme, trimestre após trimestre, trazendo resultados robustos, sem ter de explicar coisas que não sejam as que também afetaram o mercado, essa confiança tende a se elevar.

No trimestre, o BB, assim como a Caixa, cresceu a carteira acima dos pares. Crescer acima da média é um objetivo?

Nosso objetivo é crescer, em 2023, dentro dos índices do guidance (entre 8% e 12% em relação a 2022). O primeiro trimestre foi mais forte porque tínhamos demandas que precisávamos tratar, modelos prontos para ir para a rua. O exemplo do consignado do INSS: desembolsamos R$ 3,1 bilhões. No crédito para micro e pequena empresa, temos muitas empresas saudáveis no País. A concessão de crédito no primeiro trimestre foi muito pulverizada. Vemos um espaço para avançarmos na concessão para o varejo.

A Petrobras anunciou a mudança de política de preços. A senhora disse que o BB não fará nada que não tenha base técnica. Existe espaço para que o banco mude algum tipo de política por orientação do governo?

Não vejo espaço, e nem há esse pedido, em nenhum instante. O diálogo com o governo tem sido presente e muito aberto, e sempre há o cuidado de agir dentro do que é tecnicamente correto, aceitável, e não vá trazer prejuízo para o banco. O presidente da República disse isso em mais de uma oportunidade. Quando eu friso isso, é porque é bom para o governo. Não vou falar da Petrobras, não conheço o amparo técnico da medida mas, no banco, temos essa orientação de trabalhar com o que o banco sabe fazer de melhor: agricultura familiar, agronegócio, é a nossa vocação, somos o banco do agro. Aliado a isso tem a parte de serviços, como a de seguros. Há uma preocupação grande em não se repetir erros do passado, em não se fazer de novo algo que já foi feito e deu errado, e um direcionamento de fazer tudo o que for possível, dentro da governança do banco, respeitando as instâncias decisórias, e nada que não vá trazer resultado aceitável dentro da política de crédito do banco. Em relação ao Banco do Brasil, tenho tido uma autonomia muito grande para fazer a gestão, sem nenhuma ingerência. O que temos conversado com o Ministério da Fazenda são questões técnicas: entender a formação de preço de uma linha de crédito, a estrutura de custos de um produto.

O vice-presidente de Atacado falou sobre conversas com o governo sobre eventual linha de exportação para a Argentina. Em que ponto está a discussão? A Argentina vive uma grande crise e há preocupação no mercado sobre a sustentabilidade de uma possível linha de crédito.

Não há um desenvolvimento de um programa, ou “o Banco do Brasil vai fazer uma linha”. O que tem é: caso se fosse fazer uma linha, quais seriam as questões técnicas necessárias para ficar de pé, para que todo o mercado possa atuar? Um exemplo desse diálogo, que apesar da ansiedade do mercado é um case de sucesso, é o Desenrola. É um programa para reduzir a quantidade de negativados e trazer mais gente para a economia, em que eu percebi uma disposição do governo em ouvir todas as partes, e construir uma solução em que fosse possível todo o mercado atuar. Acho que houve percepção, acertada, de que não é o Banco do Brasil sozinho ou a Caixa sozinha, é o mercado financeiro. O cliente não está inadimplente em um banco só.

O BB está se preparando para começar a operar no Desenrola este ano, se realmente sair?

Por estarmos trabalhando muito forte nossa esteira de cobrança e recuperação de crédito, temos testado muito essa esteira. Quando o programa for lançado, vamos estar prontos para atuar muito forte com ele também.

Como vê o cenário da economia este ano? Há uma perspectiva de que os juros caiam? Continuaremos tendo um cenário desafiador?

Não vou comentar as questões do regulador, mas uma taxa de juros nos patamares atuais em um tempo prolongado torna insustentável a atividade produtiva. Se observarmos a economia de qualquer país que tenha a taxa de juros muito elevada, com o tempo empobrece. Chega a um nível em que é necessário que se retraia a taxa de juros. E eu acredito que as condições para que isso aconteça já estão postas, ou se desenhando. Temos o arcabouço fiscal, que traz mais previsibilidade para as contas do governo. Daqui a pouco temos a reforma tributária. Uma taxa de inflação estável já sinaliza uma estabilidade da economia. Os níveis de empregos e renda têm se mantido. Nosso anseio é que, a partir do segundo semestre, consigamos ter juros caminhando para patamares mais aceitáveis para que consigamos fazer mais e mais negócios.

A eleição de Gabriel Galípolo para a presidência do Conselho de Administração do banco após ele ser indicado para a diretoria do Banco Central foi considerada um movimento um pouco “atípico” no mercado. Por que eleger Galípolo agora?

Nós temos um rito de governança para a eleição dos membros do conselho de administração que passa pela indicação na Assembleia Geral Ordinária do banco. A assembleia tem data para acontecer e a indicação do Gabriel já tinha acontecido, antes de ele ser indicado à diretoria do BC. No dia da reunião do CA, fazemos a eleição formal. O Gabriel foi eleito presidente e a doutora Anelize (Almeida, procuradora-geral da Fazenda Nacional) foi eleita vice-presidente. Então, no caso de o Gabriel assumir no BC, nós não teremos prejuízo de andamento na governança do banco. Depois da sabatina, quando ele for tomar posse no BC, precisaremos fazer uma nova eleição para eleger um vice-presidente.

A doutora Anelize assumiria como presidente do conselho em caso de confirmação do nome de Galípolo ao BC?

Sim, pelos ritos de governança, a vice-presidente passa à presidência.

E já existe indicação do governo sobre quem irá para o conselho nessa vaga que vai se abrir quando Galípolo sair?

Ainda não. Muito provavelmente será o próximo secretário-executivo.

A senhora falou em uma negociação com o governo para uma proporção mais adequada de participação do banco no Plano Safra. Qual seria essa proporção?

O BB tem 58% de mercado. Não há um número de proporção mais adequada, mas, nos planos anteriores, todos os players tiveram incremento no seu valor a distribuir, e o BB manteve. E o que aconteceu logo depois? Precisamos pedir suplementação orçamentária. Está acontecendo agora, saiu uma suplementação de R$ 1,3 bilhão para o banco. Quando falamos de proporção mais adequada, não é só levando em conta o nosso tamanho no mercado, mas nossa capacidade de distribuir. Nós temos operação agro em todos os municípios do Brasil. Para descentralizar, precisamos ter acesso a uma fatia maior desses recursos. Quanto é essa fatia? Estamos conversando, mas o número que tenho levado é o nosso market share, que já foi 68%.

É a meta recuperar dez pontos porcentuais em participação no mercado agro?

É a meta até eu sair da presidência do banco, recuperar parte considerável do market share que foi se perdendo ao longo dos anos.

Dentre as novidades da sua gestão está a criação de um Conselho de Diversidade. Estamos falando de buscar diversidade em lideranças, em outras instâncias? Qual deve ser o efeito prático para o banco?

Percebi que é uma coisa do mercado, não só do banco. Até determinado nível hierárquico da empresa, temos participação substancial das mulheres. Só que, de determinado nível em diante, isso não acontece. Quando olhamos o porcentual de colegas negros e pardos (nas lideranças) versus o porcentual de negros e pardos no corpo da empresa, esse estrato não está refletido. Quando olhamos comunidades LGBT, as questões de raça, de colegas PCDs (pessoas com deficiência), eles não estão inseridos nos cargos de gestão do banco. E começamos a ampliar o olhar, fomos ver com os nossos fornecedores. Aí vimos que tínhamos um gap grande para buscar e que não seria possível nas instâncias de governança que já tínhamos. Percebemos que era necessário criar dentro das instâncias do banco um nível colegiado de decisão para trazer a diversidade de fato para todos os níveis hierárquicos, até o board. E, para isso, o comitê estratégico de diversidade entrou no rito de governança, foi aprovado pelo conselho diretor do BB. Esse conselho tem o mesmo peso de importância do conselho estratégico de crédito. O conselho tem comitês que apoiam o encaminhamento das pautas, e vamos ter comitês regionais. Dentro do comitê, tem alguns capítulos que vamos tratar de forma mais direcionada agora: gênero, gerações, LGBTQIAPN+, raças e etnias e PCDs. Não é porque é bonito, porque está se falando, porque é ESG. É porque a diversidade traz resultados econômicos mais sustentáveis. Quando você constrói uma solução com diversos pontos de vista, sai mais completa. E isso dá dinheiro.

A sra. é uma rara mulher a presidir um banco no Brasil e uma rara autodeclarada pessoa LGBTQIA+ a presidir um banco no Brasil. Por que tão poucas e o que falta para isso se tornar mais comum?

É comum, na escolha de alguém para alguma função, que o comitê que escolhe busque pessoas com as suas características, então, precisamos de diversidade nesses grupos. A escolha do meu nome passou pela diversidade de quem estava pensando. Essa preocupação de montar um conselho diretor mais diverso é trazer esse olhar para que consigamos montar uma diretoria executiva mais diversa. Exemplo disso é que, das 11 vagas recentes na diretoria executiva, 5 foram ocupadas por mulheres. Foi natural. Em duas vagas, foram colegas negros. Falta um olhar mais diverso nos boards das empresas, que têm o poder de realizar escolhas, seleções. Trazendo diversidade para o board, vamos levar isso para os diversos níveis hierárquicos da empresa. Temos um desafio muito grande. E estamos encarando de frente.

Fonte: Estadão

Liderança: por que mulheres são mais especializadas do que os homens?

Publicado em: 05/05/2023


O processo de equidade de gênero ainda permanece lento no Brasil, mas aos poucos as mulheres conquistam espaço nos conselhos das companhias listadas naBolsa de Valores brasileira. Até o momento, a presença feminina corresponde a apenas 14% das cadeiras dos conselhos de administração, fiscal e de diretoria dessas empresas.

No entanto, o que chama atenção é a formação das executivas que chegam a esses postos. De um modo geral, elas costumam ser mais especializadas do que os homens. É o que mostra uma pesquisa da Teva Indices, realizada a pedido do E-Investidor.

De acordo com o estudo, as mulheres que ocupam os altos cargos de liderança possuem um grau de especialização maior do que as dos homens em todos os níveis da educação superior. A diferença é maior em relação entre os executivos com mestrado. Entre os homens, esse nível de formação está presente nos currículos de 44,5% dos membros de conselhos. Já entre as mulheres, esse porcentual salta para 60,2%.

O estudo analisou 4.605 cargos de Conselho de Administração, Conselho Fiscal e de Diretoria de 326 empresas brasileiras listadas na Bolsa de Valores. As companhias em recuperação judicial ou extrajudicial não foram consideradas na análise.

“As empresas enviam os dados para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e conseguimos ler todos esses dados. Ou seja, a metodologia da pesquisa não é de amostra”, diz Thalita Silva, analista de pesquisas quantitativas da Teva Índices

Por que elas são mais especializadas?

A predominância masculina no ambiente corporativo parece exigir das mulheres um esforço além do necessário para ocuparem esses espaços. A especialização é vista como uma alternativa para reforçar e até validar a competência profissional, mesmo quando há uma trajetória em outros níveis de liderança, para exercer os cargos de alto escalão.

“As mulheres acham que estão a quem das características dos cargos de liderança, de um modo geral. Então, sempre ouço algumas mulheres buscando se especializar para chegar a estas posições. Ao contrário dos homens que já se sentem preparados”, afirma Nicole Dyskant, advogada especialista em regulação e compliance de mercado.

Os dados também refletem um movimento que ultrapassa o ambiente do mercado financeiro. Segundo Jacqueline Resch, consultora e sócia-diretora da RESCH RH, em 2017, as mulheres ultrapassaram os homens em níveis de formação de mestrado e de doutorado no Brasil. Logo após a esse movimento, as discussões da agenda ESG ganharam força no país, inclusive, entre as companhias listadas na bolsa de valores.

“Atualmente, há muitas empresas (listadas ou não na B3) que possuem a política de igualdade de gênero. Pedem durante o processo de seleção que o número de candidatas para qualquer cargo seja igual ao dos homens. Isso já é uma demanda”, ressalta Resch.

Mas o reconhecimento da necessidade de que os ambientes profissionais, em especial os corporativos, precisam ser mais diversos não será o grande responsável em quebrar a hegemonia masculina das empresas de capital aberto. O movimento para ganhar força precisa de exemplos de mulheres que ousaram ir além do que o “senso comum” lhe permitia.

No atual momento, o público feminino possui pouco mais de 640 exemplos de profissionais que conseguiram chegar até os conselhos das companhias listadas na bolsa em um universo de 4,6 mil cargos. Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil (BBAS3), faz parte desse grupo de pioneiras e, no caso dela, desfruta um título ainda mais significativo para esse movimento de conquista. Ela é a primeira mulher a ser presidente do Banco do Brasil em 215 anos.

“Quando uma mulher chega no topo abre caminho para que outras também cheguem lá. Sei que não sou a primeira mulher a presidir uma empresa no País, mas sou a primeira mulher a presidir o Banco do Brasil”, afirma Medeiros com orgulho e ciente da sua responsabilidade. “Isso significa que estamos ainda falando de um pioneirismo coletivo das mulheres e que estamos dando os primeiros passos”, acrescenta.

Assim como as outras executivas, o currículo de Medeiros é extenso. Possui bacharel em Administração de Empresas e pós-graduação em Administração, Negócios e Marketing e em Liderança, Inovação e Gestão. Nos seus 20 anos como funcionária do BB, ocupou os cargos de gerente executiva na diretoria de clientes de varejo, assumiu a superintendência executiva comercial da BB Seguros e atuou na diretoria de soluções em empréstimos e financiamentos do banco.

“Mostrei para pessoas próximas a mim que eu era capaz de passar no concurso do banco, há mais de 20 anos. Depois, mostrei que eu daria conta de dar bons resultados em cada espaço que ocupei”, afirmou Medeiros. A trajetória até a presidência foi longa, mas durante o caminho ressaltou o apoio de colegas de profissão que lhe ajudaram a sonhar alto.

Agora, como presidente, esperar fortalecer esse ambiente colaborativo para que outras mulheres tenham a oportunidade de chegarem onde quiserem. “Saber jogar junto faz a diferença”, acrescentou.

A diversidade traz resultados

A diversidade nos ambientes corporativos das empresas listadas na Bolsa já mostrou que pode trazer resultados interessantes. A performance do ETF ELAS 11, formado apenas por companhias com maior representatividade feminina em seus conselhos, é um exemplo desse impacto. No acumulado do ano, ETF apresentou uma desvalorização de 6,5%, enquanto o IBOV recuou 8,7% durante o mesmo período.

As razões para esta diferença estão associadas a percepção de risco mais aguçada das mulheres em relação a dos homens, característica que influencia na entrega de melhores resultado aos acionistas, como mostramos nesta reportagem.

Fonte: E-Investidor

Tarciana Medeiros, do Banco do Brasil: “condições para queda dos juros estão mais presentes”

Publicado em: 02/05/2023


Primeira mulher e primeira negra a comandar o Banco do Brasil (BB) em 214 anos de história, Tarciana Medeiros, 44, faz coro – ainda que de forma moderada – aos apelos do governo e avalia que já há condições para o Banco Central começar a reduzir a taxa básica de juros, hoje em 13,75% ao ano. “Os juros não podem permanecer no patamar atual por muito tempo”, afirmou ao Valor em sua primeira entrevista exclusiva desde que assumiu o comando da instituição financeira, há cem dias, completados nesta quarta-feira. “Uma taxa de juros muito alta inibe a atividade econômica e desacelera a economia.”

A apresentação do arcabouço fiscal “trará avanços na queda sustentável da taxa de juros”, na visão de Medeiros. “A sociedade e as empresas sempre buscaram se adaptar ao patamar da taxa básica, mas esse é um esforço que tem limite e tempo de maturação”, disse.

Indicada ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a executiva é funcionária de carreira do BB, com 23 anos de casa. A executiva destacou a estratégia de sua gestão de apoiar principalmente micro e pequenas empresas (MPEs), e afirmou que não haverá desaceleração de crédito por parte do banco em um momento de preocupação por parte do governo e do mercado. Segundo ela, nos primeiros cem dias deste ano, o Banco do Brasil aumentou em 34% o desembolso de crédito para o segmento (incluindo capital de giro, recebíveis e investimentos). Em toda a carteira de empresas, incluindo o atacado (médias e grandes companhias), a alta foi de 14%, com R$ 48,9 bilhões liberados.

“Neste instante, não me preocupo”, respondeu quando questionada se há uma crise de crédito no país. Apesar disso, a executiva contou que o banco se antecipou e lançou estratégias específicas para renegociações de dívidas – com aumento de 40% nestes primeiros cem dias em relação ao ano passado (o que representa R$ 2,5 bilhões). Ela também disse que não há sobressaltos nos índices de inadimplência, nem mesmo para MPEs e pessoas físicas, áreas de maior preocupação no governo.

Em linha com a visão dos bancos privados, a executiva avaliou que é preciso fazer um estudo do setor de cartão de crédito antes de impor um teto de juros ao rotativo, desejo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Existem discussões mais profundas que precisam ser feitas antes de definições de teto ou não”, ponderou a presidente do BB.

Valor: A senhora é a primeira mulher a comandar o BB e completa cem dias na presidência nesta quarta. O que foi feito até aqui?

Tarciana Medeiros: Tenho cuidado em trabalhar em conglomerado, com todas as empresas [do grupo]. Os objetivos iniciais já foram cumpridos, e destacaria a criação de um comitê estratégico de diversidade, formal e institucional. Temos um comitê de crédito, e agora um de diversidade no mesmo nível de importância. Também houve a inclusão de mais mulheres em cargos de gestão.

Valor: E em termos de resultados?

Medeiros: Houve evoluções. Um exemplo é a agricultura familiar. Nos primeiros cem dias, tivemos crescimento de 36% em relação a 2022, com R$ 4,4 bilhões liberados. É motivo de muita comemoração e celebração mesmo. Tivemos um período com dificuldade no crédito de agricultura familiar, no Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), e os funcionários compraram a estratégia de conciliar a atuação comercial com a social. Estamos trabalhando forte em cadeia produtiva, desde o pequeno produtor até o financiamento da indústria que exporta. E crescemos sem deixar de fazer nenhum grande negócio no agronegócio: liberamos R$ 35 bilhões nos primeiros cem dias no agro, 34% de crescimento em relação ao mesmo trimestre do ano passado.

Valor: A senhora pode dar um exemplo de como é possível conciliar o social com o comercial? A percepção de alguns é a de que existe uma dicotomia…

Medeiros: Temos 2,34 mil unidades do Minha Casa Minha Vida (MCMV) concluídas nestes primeiros meses. É um programa de governo e o BB, um dos operadores. Quando entregamos essas unidades, financiamos, por exemplo, micro e pequenas empresas da região e, junto às prefeituras, a infraestrutura de transporte público. Além disso, temos a aquisição de 2,34 mil novos clientes para o banco. É possível, sim, atuar nas duas faces da economia: cuidar do social e do comercial.

Valor: Como o BB tem trabalhado frente ao atual cenário do crédito no Brasil, uma das principais preocupações da equipe econômica, especialmente para micro e pequenas empresas?

Medeiros: É um segmento que sofreu nos primeiros cem dias, e havia uma expectativa de se o BB pararia de empresar, mas pelo contrário. Crescemos 34% em volume de desembolsos. E tenho feito muita questão de, em todos os negócios que vamos fazer, que observe a mulher nesse contexto. Quando falamos de micro e pequenas empresas, R$ 8,3 bilhões foram para empresas que são dirigidas por mulheres, 36% a mais em relação aos três meses de 2022.

Valor: Há uma crise de crédito no Brasil?

Medeiros: Em relação ao banco, precisa ser levada em consideração uma gestão de capital e de inadimplência de forma muito direcionada. Quero deixar como mantra entregar um banco para cada cliente, e tenho falado em preço por cliente. Existe um piso, um teto de preço para qualquer linha de crédito nas quais podemos atuar. O BB vive um momento em que estamos colhendo o resultado. Não estamos com dificuldade para emprestar, estamos focados na estratégia de hiperpersonalizar a concessão de crédito e na indicação de outros produtos para o cliente. Conseguir ampliar a carteira de crédito nestes cem dias é fruto dessa atuação mais direcionada.

Valor: Mas essa situação direcionada não significa que o banco será mais rigoroso na hora de conceder crédito?

Medeiros: Não necessariamente. Significa que o cliente vai pagar no crédito o preço que diz respeito ao comportamento dele, com o melhor produto.

Valor: Como assim?

Medeiros: Uma microempresa pode buscar um capital de giro, mas, na verdade, ela precisa de investimento. Vamos orientar de maneira adequada, porque a destinação de um recurso de investimento é bem diferente do capital de giro.

Valor: Então não há uma preocupação com o cenário do crédito?

Medeiros: Neste instante, não me preocupo. Estamos dando andamento ao planejamento que nos propusemos para 2023. Pode acontecer para deslocar curva de resultado de um trimestre para o outro, mas nada que vá comprometer o plano.

Valor: Mas apesar de mais controlada do que outros bancos, o BB também apresentou uma alta da inadimplência no último trimestre. Qual cenário a senhora vislumbra para o ano?

Medeiros: Vislumbramos uma manutenção de gestão dessa inadimplência em patamares muito aceitáveis.

Valor: Mas o banco trabalha com algum aumento desses índices, ainda que na margem?

Medeiros: Não tenho informação de fechamento de resultado [do primeiro trimestre de 2023], mas em todos os acompanhamentos que fizemos, não houve nenhum sobressalto em nenhuma linha que mereça uma atenção especial.

Valor: Nem no âmbito de pequenas empresas e pessoas físicas?

Medeiros: Não.

Valor: Então não haverá suspensão ou freio no crédito?

Medeiros: Não é o cenário do Banco do Brasil.

Valor: O governo está desenvolvendo o Desenrola, para renegociar dívidas de até 70 milhões de CPFs negativados. Essa quantidade de pessoas inadimplentes preocupa o banco?

Medeiros: Até que saia o Desenrola, na linha da gestão responsável, não paramos de renegociar dívidas de pessoas físicas e microempresas. Houve uma ampliação de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. Precisamos desse cliente saudável para que ele continue inserido na economia.

Valor: O presidente Lula tem falado muito em crédito direcionado. O BB estuda linhas específicas?

Medeiros: Estamos tratando de microcrédito no âmbito do Pronaf. Já no microcrédito para microempreendedor individual (MEI) estamos conversando com o governo. O Banco do Nordeste, por exemplo, tem expertise muito grande, e o governo quer exportar para os demais players, entre eles o BB.

Valor: A senhora assume o BB após uma gestão que entregou lucros recordes. As projeções deste ano são de manter e até ampliar essa rentabilidade. Isso será possível no cenário atual?

Medeiros: O BB vai dar o resultado do tamanho do banco. A estratégia e o guidance estão dados. Trabalhamos para atender o que já divulgamos a mercado. Para os próximos anos, a tendência é manter os resultados.

Valor: Mas existe uma avaliação na área fiscal do governo e entre especialistas no sentido de que as empresas estatais podem perder lucratividade e, consequentemente, repassar menos dividendos à União…

Medeiros: O banco permanecerá sendo lucrativo aos acionistas , inclusive ao majoritário. Quando olhamos para nossa política de payout [pagamento de dividendos], já há até uma discussão se o BB poderia pagar e elevar o pagamento de dividendos. Nossa estratégia está atrelada à responsabilidade da gestão. Dentro das empresas do grupo, pode até haver uma revisão na política de payout, mas neste instante ainda não é o caso do BB.

Valor: Qual deve ser o papel de um banco como o BB, de economia mista?

Medeiros: Deve competir. Somos um banco, um banco público de economia mista. Mas quando falamos de competição, ela não diz respeito a ganhar do outro em preço. Há uma noção de dar mais resultados, mas às vezes é ser mais sustentável no sistema financeiro. Quando um cliente vem ao BB e também é cliente do Itaú ou do Santander, ele mantém os negócios dele, mas também faz negócios aqui. O banco tem a missão de concorrer com os demais, e um banco do tamanho do nosso ajuda a trazer equilíbrio para esse sistema econômico. O que o cliente espera do BB mudou. É importante ter um player público que concorre no nível que concorremos.

Valor: O que o cliente espera do BB hoje?

Medeiros: Um banco com presença em todo o país: física ou digital. O cliente e o mercado esperam o BB forte no agronegócio, e a sociedade espera uma atenção voltada à agricultura familiar, proporcionando também inclusão financeira de micro e pequenas empresas, além de crédito para o empreendedorismo.

Valor: A sra. também acha que a taxa básica de juros está alta no Brasil, como dizem Lula e outros representantes do governo?

Medeiros: Não só no Brasil, mas em qualquer economia de mercado uma taxa de juros muito alta inibe a atividade econômica e desacelera a economia. Isso não é opinião, mas fato. A sociedade e as empresas sempre buscaram se adaptar ao patamar da taxa básica, mas esse é um esforço que tem limite e tempo de maturação. Os juros não podem permanecer no patamar atual por muito tempo. Acredito que as condições para que a taxa básica caia estão cada vez mais presentes. O mercado recebeu bem o IPCA de março, com indicações claras de desaceleração de preço. O petróleo, com a guerra, sofreu alta, e estamos em um momento de preços mais acomodados. Temos as novas agendas macroeconômicas, com o arcabouço fiscal que, somado à reforma tributária, trará avanços na queda sustentável da taxa de juros. Com base nessas questões, acredito em queda da Selic de forma consistente, para que a gente tenha um nível de juros básicos que estimule investimentos novamente.

Valor: O BC defende o patamar atual, sob o argumento de que uma derrubada da Selic sem credibilidade poderia gerar um efeito ruim no médio/longo prazo…

Medeiros: Não vou comentar questões do regulador nem entrar na seara da discussão do regulador com o governo, mas repito: não é sustentável por muito tempo. Em algumas situações, é necessário para que mantenha o controle da inflação, mas não é sustentável a manutenção dos patamares atuais.

Valor: A governança do banco hoje é mais robusta para evitar eventuais pressões políticas como houve no passado, como uma tentativa do governo de usar bancos públicos para reduzir taxas de juros?

Medeiros: Temos uma estrutura de governança corporativa forte e consolidada. As decisões são colegiadas e muito discutidas, dando conforto.

Valor: E qual a avaliação da sra. sobre o uso dos bancos públicos para reduzir taxas de juros, como feito no passado?

Medeiros: Esse projeto de um banco para cada cliente, com hiperpersonalização na concessão do crédito com base na necessidade, já nos leva a conceder o crédito a juros adequados no perfil de consumo. Um exemplo é o consignado do INSS: o BB já praticava uma das menores taxas do mercado, entendendo risco e capacidade de pagamento do público. Embora houvesse um teto, operávamos em um preço menor porque é uma característica do negócio.

Valor: Mas o que a sra. pensa do uso do banco público para regular preços no restante do sistema financeiro?

Medeiros: De certa forma, quando já empresto em patamar adequado ao cliente, já trabalhamos com essa regulação, colocando esse equilíbrio ao mercado.

Valor: Os bancos públicos podem ser usados para reduzir juros, como em momentos de crise?

Medeiros: A atuação do banco, em momento de crise ou não, é voltada para gestão responsável do nosso capital. Em um momento de crise, nossa gestão adequada de inadimplência, de capital e da carteira de crédito proporciona manter o protagonismo, e os números deste trimestre mostram isso.

Valor: Fernando Haddad quer impor um limite para a taxa de juros ao rotativo do cartão de crédito. Os bancos privados resistem a essa proposta. É preciso estabelecer um teto para essa modalidade?

Medeiros: É preciso estudar o tema. Estamos participando de uma comissão com a Febraban que vai encontrar soluções e realizar uma análise criteriosa. Pode até culminar em um teto, como no cheque especial, mas o sistema de cartão de crédito tem diversos outros aspectos que precisam ser estudados, como o perfil do cliente que está usando rotativo como capital de giro ou como crédito pessoal. Uma camada da população tem acesso ao crédito pelo cartão, mas talvez não seja a linha mais adequada para financiar consumo. Existem discussões mais profundas que precisam ser feitas antes de definição de teto ou não. Não excluo a possibilidade. Se houve um recuo, é porque são muitos aspectos a serem analisados.

Valor: O que falta para preencher a vice-presidência de agronegócios do banco?

Medeiros: Isso seria tratado caso o tema tivesse chegado ao conselho de administração, mas não chegou. Temos alguns direcionamentos no mercado de agro sobre uma mudança no tratamento. Pretendemos conceder crédito cada vez mais verde, como também trabalhar a cadeia do agro sustentável, expandindo a agricultura familiar. Então, há uma discussão das características para a vice-presidência. Não há um nome definido ou direcionado.

Valor: Circula que o governo estaria aguardando mudanças na Lei das Estatais para indicar a ex-senadora Kátia Abreu ao cargo. Seu nome agradaria à senhora?

Medeiros: Não a conheço pessoalmente, mas como ministra da Agricultura. E ela fez um bom trabalho.

Valor: Quais as expectativas para o Plano Safra? A antiga gestão do BB argumentava que, com a entrada da Caixa, perdeu recursos…

Medeiros: As expectativas estão no sentido de que o BB tenha recursos a proporcionalidade de nossa capacidade de entregar. No último Plano Safra, tivemos um valor bem abaixo do possível. Não é reduzir dos demais players, mas entregar o adequado para nós.

Valor: A indústria tem defendido um plano safra industrial, com juros subsidiados. Há algum plano para o setor?

Medeiros: Há uma expectativa de crédito para a indústria. Com os acordos que o presidente tem feito pelo mundo, esperamos investimentos para a indústria, e percebemos um movimento do setor tentando buscar crédito no mercado de capitais ou por financiamento direto.

Fonte: Valor Econômico e Inteligência Financeira

 

Forbes divulga os CEOs com melhor reputação no LinkedIn; Tarciana lidera lista

Publicado em: 26/04/2023


A pedido da Forbes Brasil, a CDN analisou o engajamento dos CEOs das Marcas Mais Valiosas do Brasil, segundo o ranking da Interbrand. O estudo inédito avaliou 25 líderes, mostrando que mais da metade deles utiliza a rede de forma estratégica para fortalecer a reputação institucional das companhias que comandam.  A análise também tentou entender como as lideranças utilizam a rede para construção e fortalecimento da reputação individual e institucional, apontando que praticamente metade dos executivos não utiliza o canal em todo o seu potencial.

A liderança do ranking ficou com Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil. O levantamento foi feito a partir de uma metodologia exclusiva desenvolvida pela CDN há 2 anos. O estudo mostra que apenas 52% dos CEOs possuem presença estratégica na rede: 16,6% deles possuem presença A+, considerada como referência, enquanto 36% têm classificação A, considerada como comprometida e efetiva. Enquanto isso, 36% possuem avaliação B (são ativos, porém sem estratégia de conteúdo e relacionamento bem definidas) e 8% ficam nas categorias C e D (iniciantes e inativos, respectivamente).

As notas do ranking foram calculadas utilizando a Matriz de Maturidade Digital, metodologia exclusiva, testada e comprovada da CDN, que analisa a presença e a estratégia dos líderes de forma qualitativa e quantitativa. A Matriz considera mais de 30 critérios e parâmetros nas dimensões presença, estratégia, capital social e reputação de executivos, entregando uma visão holística à análise e trazendo uma avaliação eficaz para a estratégia de líderes e marcas no LinkedIn.

O estudo também mostra que, enquanto 100% dos CEOs utilizam seus perfis pessoais para o fortalecimento reputacional das empresas que representam, apenas 8.7% deles têm foco no desenvolvimento de persona individualizada, direcionada para reputação e construção de líderes inspiradores. Em contrapartida, apenas 43% deles compartilha publicações das páginas oficiais das empresas – uma ação importante para ampliar o alcance dos conteúdos e o poder das mensagens de marca.

A classificação dos conteúdos mais recentes publicados pelos líderes mostra uma predominância de assuntos institucionais, enquanto pautas relevantes para a sociedade, como ESG, não se apresentam como prioridade estratégica. Enquanto 100% dos CEOs publicam conteúdos sobre negócios e 96,5% sobre marca, apenas 56,5% abordam pautas relacionadas com Diversidade & Inclusão, por exemplo. O mesmo acontece com as outras letras da sigla: 47% abordam temas de Sustentabilidade, 60,8% de Responsabilidade Social e apenas 4,35% sobre Governança.

Conheça os 25 CEOs que integram o ranking Marcas Brasileiras Mais Valiosas com melhor reputação no LinkedIn:

1) Tarciana Medeiros – Banco do Brasil (83,50 pontos – 24 mil seguidores)
2) Jean Jereissati – Ambev (80,00 pontos – 128,6 mil seguidores)
3) Roberto Funari – Alpargatas (79,25 pontos – 47 mil seguidores)
4) Fábio Adegas Faccio – Renner (77,75 pontos – 29 mil seguidores)
5) Milton Maluhy Filho – Itaú Unibanco (77,25 pontos – 88 mil seguidores)
6) Marcílio Pousada – RD, dona da Drogasil (72,00 pontos – 21 mil seguidores)
7) Leonardo Linden – Ipiranga (70,25 pontos – 5,7 mil seguidores)
8) Estanislau Bassols – Cielo (69,50 pontos – 9 mil seguidores)
9) Thiago Hering – Hering (69,00 pontos – 19 mil seguidores)
10) Marco Oliveira – Atacadão (66,6 pontos – 24,5 mil seguidores)
11) Roberto Santos – Porto (66,25 pontos – 8,9 mil seguidores)
12) Belmiro de Figueiredo Gomes – Assaí (64,25 pontos – 27,6 mil seguidores)
13) Jean Paul Prates – Petrobras (62,25 pontos – 9,3 mil seguidores)
14) Thiago Maffra – XP Inc. (60,25 pontos – 99,3 mil seguidores)
15) Leonardo Coelho – Americanas (50,00 pontos – 4,2 mil seguidores)
16) David Vélez – Nubank (50,00 pontos – 178 mil seguidores)
17) Fábio Colleti Barbosa – NaturaCo (49,75 pontos – 85,8 mil seguidores)
18) Marcelo Mello – SulAmérica (49,75 pontos – 3,9 mil seguidores)
19) Bruno Lasansky – Localiza (49,50 pontos – 6,6 mil seguidores)
20) Raquel Reis – SulAmérica (49,50 pontos – 14,5 mil seguidores)
21) Christian Gebara – Vivo (43,00 pontos – 24,3 mil seguidores)
22) Alexandre Magnani – PagSeguro (41,50 pontos – 6,7 mil seguidores)
23) José Félix – Claro (36,00 pontos – 4,7 mil seguidores)
24) Frederico Trajano – Magazine Luiza (19,50 pontos)
25) Octavio de Lazari Junior – Bradesco (00,00 – não tem perfil na rede)

CEO do Banco do Brasil diz como constrói reputação

Há mais de duas décadas no BB, Tarciana Medeiros hoje concilia as funções à frente da organização com um milhão de acionistas e 85 mil funcionários com uma presença marcante no LinkedIn e posts para seus 24 mil seguidores.

Em entrevista à Forbes, ela conta como cuida da sua rede e quais as melhores práticas para construir e manter uma marca pessoal forte na plataforma.

Forbes: Quais as suas principais estratégias no LinkedIn?

Eu acredito que as pessoas que acompanham as minhas publicações têm as mesmas expectativas que teriam se me encontrassem para uma conversa olho no olho, frente a frente. É dessa forma que eu gosto de pensar o que publico no perfil.

Mais do que seguir uma estratégia rígida, com um número ideal de postagens ou formatos de publicação, gosto de pensar no que torna essa conversa relevante para as pessoas que acompanham o meu perfil. E isso significa buscar maneiras de me conectar com um público muito diverso.

Você costuma trazer histórias e visões pessoais nos seus posts. De onde vêm as ideias de publicação?

A conexão só pode acontecer com autenticidade e transparência. Sou uma mulher nordestina, fui feirante e professora, sou mãe e cheguei à presidência de uma empresa que eu amo trabalhar. Tudo isso faz parte de quem eu sou, de como penso e de como escrevo as minhas postagens. Isso significa, por exemplo, não me furtar a usar as mesmas gírias e expressões regionais que estão também na minha fala.

É o que também me permite falar, com proximidade, sobre temas que têm ocupado agendas importantes da sociedade civil, como a necessidade de avançarmos em ações que promovam o protagonismo feminino e as mulheres ocupando funções de liderança.

O que você considera mais importante para ter um perfil de sucesso no LinkedIn?

Eu destaco um ponto muito importante para o fortalecimento da relevância do perfil, que é o engajamento orgânico dos funcionários do BB. Temos trabalhado muito para incentivar uma cultura organizacional que promova o orgulho de pertencimento, o protagonismo, a capacidade inovadora e o justo reconhecimento pelos resultados alcançados. Isso faz com que muitos funcionários atuem como verdadeiros embaixadores da marca, aumentando o alcance e a visibilidade de publicações, tanto no meu perfil pessoal quanto em canais institucionais do BB.

Como usar a rede para fortalecer a empresa em que você atua?

Geramos valor para a sociedade e isso também é percebido pelo público que está no LinkedIn, já que lá falamos sobre ações concretas que realizamos para levar desenvolvimento às diversas regiões brasileiras. Acreditamos que não adianta apenas ser visto e reconhecido como uma marca importante. É preciso se conectar com as pessoas através do diálogo. E é por isso que cultivo, ali no perfil, uma linguagem leve, com meu jeito de ser e que comunica também o jeito do Banco de realizar negócios relevantes com nossos clientes.

Fonte: Forbes com AAPBB

Primeira mulher presidente do Banco do Brasil promete inovações

Publicado em: 06/03/2023


Bacharel em administração de empresas e pós-graduada em administração, negócios e marketing e em liderança, inovação e gestão, aos 45 anos Tarciana Paula Gomes Medeiros é a primeira mulher a comandar o Banco do Brasil. Natural de Campina Grande, na Paraíba, onde, na adolescência, trabalhou como feirante e depois ingressou no magistério, antes de ser aprovada em concurso da instituição, Tarciana tem trajetória de destaque no BB, liderando projetos de prospecção e automação de convênios para concessão de crédito, além de criar estratégias para o agronegócio.

Em entrevista exclusiva ao caderno Trabalho&Formação do Correio, ela fala sobre sua trajetória e sobre os desafios a serem enfrentados nos próximos quatro anos. “A missão que assumo é extremamente relevante e desafiadora. E a melhor forma de honrar isso é assumindo o compromisso de continuar a entregar resultados sustentáveis para os nossos acionistas e ser relevante na vida das pessoas, em todos os momentos, contribuindo para o desenvolvimento do Brasil”, diz. Segundo ela, a ordem é apoiar o empreendedorismo feminino para as micro e pequenas empreendedoras e mulheres do campo.

A mulher ainda ocupa pouco espaço no protagonismo de empresas e também na política. Na sua opinião, como será possível ampliar esse avanço, o que é preciso para que elas sejam devidamente reconhecidas e respeitadas?

Quando as pessoas me cumprimentam, dizendo “oi, Tarci, tudo bem?”, costumo responder “o que não está bem, vai ficar”. Acredito que é justamente isso. Temos que reconhecer os problemas, mas focar nas soluções. E é isso que estamos fazendo. Vou falar sobre o Banco do Brasil como exemplo. Pela primeira vez, em 214 anos de história, o Banco do Brasil é presidido por uma mulher. E, pela primeira vez, temos quatro mulheres no Conselho Diretor: eu e minhas três colegas, Ana Cristina Garcia, vice-presidente Corporativo; Carla Nesi, vice-presidente de Negócios de Varejo, e Marisa Reghini, vice-presidente de Negócios Digitais e Tecnologia. Acredito que o exemplo arrasta. Uma das formas de ampliar e valorizar a participação feminina na nossa sociedade é exatamente liderar pelo exemplo. E acredito que estamos num bom caminho. Claro, o primeiro passo é o reconhecimento de que é necessário olhar para as barreiras às vezes invisíveis sobre essa questão.

Como você enfrentou essas barreiras invisíveis?

Falo aqui dos vieses inconscientes, com um olhar de preconceito que às vezes afeta a todos. E por isso é tão importante ter a diversidade em debate, para que o diálogo ajude a quebrar preconceitos e abrir horizontes sobre este assunto. Por exemplo, minha essência profissional passa por ter tido a oportunidade de crescimento e aprendizagem com tantos colegas aqui no Banco do Brasil, que foram mentoras e mentores na minha carreira. A missão que assumo, ao ser a primeira mulher a presidir o BB, é extremamente relevante e desafiadora. Tenho plena consciência disso. E a melhor forma de honrar isso é assumindo o compromisso de continuar a entregar resultados sustentáveis para os nossos acionistas e ser relevante na vida das pessoas, em todos os momentos, contribuindo para o desenvolvimento do Brasil. Somos a primeira instituição bancária do país e, ao longo de nossa história, participamos ativamente do desenvolvimento econômico e social do Brasil. Nosso objetivo é trabalhar para que os cargos de gestão do BB possam ser ocupados por pessoas que refletem e representam melhor a realidade social do Brasil.

Queremos ter cada vez mais diversidade nos cargos de gestão. O próprio Banco do Brasil reflete muito do nosso país e ele é muito diverso”

A presença e ascensão feminina no BB, de acordo com a própria instituição, foram construídas ao longo dos anos e com constantes quebras de paradigmas em favor das mulheres. Como primeira mulher a presidir a instituição, o que pretende fazer para ampliar e valorizar a participação delas na instituição?

No BB, a equiparação salarial já existe. Somos uma empresa de vanguarda e que é exemplo em diversas ações de gestão de pessoas. Isso, pra nós, é o básico e já fazemos há décadas. O que buscamos é uma equidade de condições para que as mulheres possam superar vieses inconscientes, por exemplo, para que possam impulsionar suas carreiras. Queremos ter cada vez mais diversidade nos cargos de gestão. O próprio Banco do Brasil reflete muito do nosso país e ele é muito diverso, feito por pessoas com muita qualidade técnica e com diversidade em experiências de vida. Isso traz uma riqueza que faz com que a instituição seja pioneira, referência em diversas áreas, já que é essa diversidade que nos impulsiona a desenvolver soluções inovadoras para atender a sociedade. Temos quebrado paradigmas diariamente e conquistado muito, mas sabemos que há muito que avançar.

E a questão da diversidade, da pluralidade, como será tratada em sua gestão?

Reconhecemos que o tema da diversidade ainda precisa evoluir tanto na sociedade como na estrutura da organização. Este é o primeiro passo: o reconhecimento. Aqui, no BB, esse avanço será feito com base em muito diálogo, escuta ativa e entendimento da realidade de cada segmento do corpo funcional. E não vamos ficar apenas no aspecto simbólico da minha nomeação. Estamos construindo um diagnóstico preciso, estruturado. E já temos adotado medidas concretas para diversificar, ainda mais, os times e as lideranças. Nomeamos, pela primeira vez na história do BB, três vice-presidentes mulheres. Isso é muito emblemático e é uma das formas de irmos liderando pelo exemplo e enriquecendo o debate de ideias, a proposição de soluções e a tomada de decisões. Vamos escalar esses movimentos de valorização da diversidade, já que ela gera resultados ainda mais eficientes e sustentáveis. O Banco do Brasil vai vivenciar a diversidade plena, na prática!

Você iniciou sua vida profissional como feirante e foi professora no interior da Paraíba antes de ingressar no Banco do Brasil. Foi um período difícil? O que mais a marcou naquela época e em sua trajetória até chegar à presidência do BB?

Sou mulher nordestina, paraibana, mãe. Quando fui indicada para ser a primeira presidenta do BB voltei exatamente para as minhas raízes, aquilo que me forma como pessoa e como profissional. E, agora, presidenta do BB. A primeira coisa que fiz foi ligar pra ‘Mainha’ e ‘Titia’. Ainda estava no saguão do hotel, onde foi feito o anúncio da minha indicação. Liguei para dizer a elas o quanto foram e são importantes na minha vida. No evento da minha posse, por exemplo, em 16 de janeiro, no Centro Cultural Banco do Brasil, aqui em Brasília, também fiz questão de agradecer o apoio da minha família. Foi com ela que aprendi que sem educação não somos nada e que estudar tem poder libertador. Desde os tempos de feirante, Mainha me ensinou a não ter vergonha de trabalhar, que qualquer trabalho é nobre. E minha titia me ensinou a ter uma consciência cidadã, que ajudasse a quebrar padrões, sem nunca deixarmos de lado nossas raízes, nossos valores éticos.

Uma das formas de ampliar e valorizar a participação feminina na nossa sociedade é exatamente liderar pelo exemplo. E acredito que estamos num bom caminho. O primeiro passo é o reconhecimento de que é necessário olhar para as barreiras às vezes invisíveis sobre essa questão.”

Os desafios sempre foram grandes, mas sempre busquei jogar foco muito maior em meus anseios, sempre fui de olhar muito mais para as soluções do que ficar lamentando sobre os problemas. Não estou, com isso, romantizando as dificuldades, mas exaltando uma forma de viver a vida, já que é a gente que pode fazer algo por nós mesmos. Ainda que não seja necessário estar sozinha nessa caminhada, mas pelo contrário: valorizo muito minha família, meus amigos e cada profissional que atuou ao meu lado como verdadeiros professores. Da mesma forma, agradeço também aos 85 mil colegas, funcionários do BB, pelo acolhimento carinhoso com que receberam a minha indicação. Eu me sinto extremamente honrada pela oportunidade de liderar esse time, como funcionária de carreira que sou, e sabendo que podemos gerar resultados sustentáveis, que levem desenvolvimento para todas as regiões do Brasil.

O Banco do Brasil vai criar ou aprimorar algum tipo de serviço que beneficie e incentive mulheres empreendedoras em sua gestão?

Com toda certeza. Temos avançado muito em apoiar nossos clientes para atender em suas necessidades. Entendemos que a valorização da mulher na sociedade passa por diversos aspectos, incluindo sua segurança financeira. Além das questões de gestão de pessoas e do diagnóstico que estamos construindo, também estamos com avanços no nosso relacionamento com o público feminino que faz negócios conosco. Há uma quebra de paradigma diária. Como disse, temos vivenciado no BB uma quebra diária de paradigmas com a capacidade dos funcionários de atuar com colaboração para gerar resultados consistentes e sustentáveis. E atuar com nossas clientes é também uma frente importante nesse quesito.

Haverá atenção especial para o público feminino nesse contexto?

Nossos pilares de atuação com clientes mulheres passam por ofertar soluções financeiras adequadas, apoiar com educação empreendedora, ofertar benefícios e promoções que se encontram no app do BB para as mulheres, além de ações corporativas para apoiar o empreendedorismo feminino, seja para as micro e pequenas empreendedoras, seja para as mulheres do campo, por exemplo, além de atuar com mulheres investidoras. São mais de 1,9 milhão de mulheres que investem cerca de R$ 290 bilhões conosco. Nas soluções financeiras para MPE [Micro e Pequeno Negócio], temos nossa conta Pessoa Jurídica com ofertas especiais em capital de giro, cobrança, recebíveis. Enfim, um portfólio completo que cada cliente pode consultar suas condições específicas no app ou com nossos funcionários. Temos avançado bastante. E vai ficar ainda melhor. Tenho como mantra dessa gestão disponibilizar um Banco do Brasil para cada cliente, ou seja, atuar de forma hiperpersonalizada, com base em análise de dados e com soluções adequadas a cada cliente, de acordo com seus perfis e comportamentos. Faremos o mesmo com o público feminino, valorizando a autonomia financeira das mulheres. É isso que gera empoderamento e faz crescer a representatividade da mulher brasileira na sociedade. Precisamos muito disso.

Fonte: Correio Braziliense

 

Presidenta do BB e ministra Anielle Franco realizam palestras em João Pessoa

Publicado em: 03/03/2023


A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco e a presidente do Banco do Brasil, a paraibana Tarciana Medeiros, participam em João Pessoa, na próxima segunda-feira, 6 de março, do lançamento do Programa de Formação de Lideranças Femininas – Empodera TRT-13, evento promovido pelo Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba (13ª Região).

Na capital, o lançamento será a partir das 8h30 no auditório do Fórum Maximiano Figueiredo e contará com palestras de Anielle Franco, no formato telepresencial, e da primeira mulher a presidir o BB, Tarciana Medeiros, que participará presencialmente.

O lançamento contará com uma roda de conversa que abordará o tema “A mulher na contemporaneidade: qual o meu lugar?”. Participarão do momento a secretária de estado da Mulher e da Diversidade Humana, Lídia Moura; a juíza do trabalho da 13ª Região, Rosivânia Pereira Gomes; a reitora do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), Mary Roberta Meira Marinho e a copresidenta da Central Única das Favelas (Cufa) nacional, Kalyne Lima. O grupo cultural As Calungas, constituído apenas por mulheres, fará uma apresentação.

Já no dia 8 de março, em Campina Grande, será a vez do Fórum Irineu Joffily sediar o evento alusivo ao Dia Internacional da Mulher, a partir das 9h. Além da apresentação cultural do grupo Baque Mulher Campina Grande, o momento contará com o lançamento do livro “Anayde Beiriz – a última confidência”, com a presença da autora Valeska Asfóra.

Em Campina Grande, a programação terá ainda uma roda de conversa com a participação da pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPB, Mayara Gomes da Silva; da presidenta da Associação das Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande, Chirlene dos Santos Brito; da mestra em Serviço Social e vereadora Jô Oliveira; e a pró-reitora de Planejamento da UEPB, Pollyana Xavier França.

O Empodera TRT-13 tem o objetivo de buscar a igualdade de gênero nos cargos de gestão e assessoramento do tribunal e de fomentar políticas de estímulo à liderança para mulheres em situação de vulnerabilidade social. Também tem o intuito de promover ações mobilizadoras voltadas ao público externo feminino, a exemplo de movimentos sociais, organizações da sociedade civil e órgãos governamentais.

Dados do Observatório da Diversidade e Igualdade de Oportunidades no Trabalho, desenvolvido pela OIT em parceria com o MPT, apontam que, em João Pessoa, 57,7% dos cargos de direção são ocupados por homens, enquanto as mulheres ocupam 42,3%. Em Campina Grande 58,6% são homens e 41,4% mulheres.

O evento é tanto para o público interno quanto o externo e as inscrições podem ser realizadas aqui (público interno) e aqui (público externo).

Fonte: F5 Online

Tarciana assume comando do BB com compromisso de entregar resultados relevantes para acionistas do BB

Publicado em: 17/01/2023


A nova presidente do Banco do Brasil (BBAS3), Tarciana Medeiros, reforçou nesta segunda-feira, 16 de janeiro, o compromisso de entregar “resultados relevantes” para os acionistas do banco e destacou que a instituição “somará esforços” com a equipe econômica do governo.

“Agradeço aos 85 mil colegas do banco pelo acolhimento caloroso à minha indicação. Minha indicação significa o reconhecimento à competência técnica e ao comprometimento deste time. Me sinto honrada pela oportunidade de liderá-lo como funcionária de carreira que sou. A melhor forma de agradecer é assumir o compromisso de continuar a entregar resultados relevantes para os acionistas e contribuir para o desenvolvimento do País”, afirmou, em cerimônia de posse no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB).

Em cerimônia de posse no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), Tarciana agradeceu a indicação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Somaremos esforços com Haddad para construir um país próspero e sustentável. Queremos ser uma empresa que promove desenvolvimento da sociedade de forma eficiente”, completou.

Ela destacou que as mulheres ocupam cada vez mais espaço na instituição e a diversidade no quadro de funcionários do banco. Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participam do evento a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo.

Transparência e diálogo

Tarciana Medeiros citou a excelência dos modelos de governança da instituição e suas subsidiárias, coligadas e companhias nas quais o BB tem participação. “Minha gestão será marcada pela transparência e pelo diálogo franco e aberto”, prometeu.

A nova presidente do banco destacou ações para o desenvolvimento de melhores soluções e produtos em áreas como seguros, previdência, consórcios, meio de pagamentos, mercados de capitais, entre outros. “Nos sentiremos realizados de ter participado da transformação do País em nação que valoriza o povo. Essa transformação do País vai levar a menos desigualdade e mais oportunidades para todos”, completou.

Em relação à diversidade, Tarciana Medeiros disse que a gestão será marcada não apenas pela multiplicidade na composição da equipe como será caracterizada pela liberdade no debate de ideias. “Construiremos um diagnóstico preciso. Adotaremos medidas concretas para diversificar ainda mais os times e as lideranças. Enriquecendo o debate de ideias, a proposição de soluções e a tomada de decisões”, disse.

Pequeno e médio produtor

Ao discursar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou a importância da escolha da primeira mulher a comandar o Banco do Brasil. Ele pediu que a instituição, a principal concessora de crédito agrícola no país, dedique mais atenção para o pequeno e o médio produtor rural.

“Desejo um Banco do Brasil muito forte, com muita gente depositando dinheiro. E quero mostrar uma coisa que eu dizia em 2003 e vou dizer agora: o pobre, neste país, não é o problema. Ele é a solução na medida em que ele é incluído na economia. E nós vamos, outra vez, incluir o povo pobre na economia e queremos que o Banco do Brasil cumpra com sua parte”, declarou Lula.

Além de Lula e da primeira-dama, Janja Lula da Silva, compareceram à cerimônia a ministra de Gestão e Inovação, Esther Dweck, e assessores da equipe econômica. Também prestigiaram a posse os ministros do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho; da Cultura, Margareth Menezes; e da Igualdade Racial, Anielle Franco.

Carreira de 22 anos no banco

Primeira mulher a presidir a instituição, Tarciana é funcionária do BB há 22 anos e, antes da indicação para a presidência, era gerente executiva na área de Clientes e Soluções para Pessoas Físicas. Ela é formada em Administração de Empresas e pós-graduada em Administração, Negócios e Marketing; em Liderança, Inovação e Gestão; MBA em BI e Analytics em curso, além de possuir formação do Banco do Brasil para atuação em cargos de alta gestão executiva.

Fonte: Infomoney com Agência Brasil

Primeira mulher a comandar BB é competente, mas terá ano de desafios

Publicado em: 06/01/2023


A primeira mulher que presidirá o Banco do Brasil tem ampla experiência no conglomerado, mas enfrentará o desafio de sair de um cargo de gerência para o comando do BB, um salto considerável, dado de forma bem sucedida pelo atual presidente, Fausto Ribeiro. Fontes consultadas pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) afirmam que Tarciana Medeiros, indicada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o posto, é competente, mas que terá de ganhar a experiência necessária para um cargo estatutário.

Tarciana Medeiros é bacharel em Administração de Empresas e pós-graduada em Administração, Negócios e Marketing e em Liderança, Inovação e Gestão. Ela tem 44 anos, é paraibana e está há 22 anos no BB. Desde 2021, é executiva na Diretoria de Clientes PF e MPE, na Gerência Executiva de Ciclos de Relacionamento com Clientes, onde é responsável pelo B-Commerce do Banco do Brasil.

O nome da nova presidente foi bem aceito nos corredores da organização, diante da expectativa de que ela impulsione a agenda de diversidade na instituição. Ela é a primeira mulher a assumir a presidência do banco em seus 214 anos de história, uma lacuna que a Caixa, “irmã” do BB, já havia preenchido. Além disso, ela também é nordestina e tem ascendência negra, fatores que têm sido destacados internamente, ao comentar a escolha.

Em relação ao seu perfil técnico, fontes ressaltam seu conhecimento na área de varejo, coração do BB, mas ressaltam o grande trabalho que terá à frente na presidência, que tem de zelar pelo banco todo. Atualmente no cargo de gerente executiva, Medeiros tem passagens pela área de pessoa física, seguros e atendimento ao cliente. “Ela vai apanhar um pouco pela questão de falta de casca estatutária, mas o banco abraça quando o presidente é um dos nossos”, diz uma fonte, na condição de anonimato.

Outra fonte, também sob anonimato, afirma que Medeiros é uma profissional séria, mas que terá de percorrer um caminho importante ao ocupar o posto. “Vai precisar de um colegiado experiente para acelerar sua prontidão”, diz essa fonte, que considera que Medeiros tende a fazer grandes mudanças nas vice-presidências diante da mudança de governo, mas apenas mexidas pontuais nas diretorias.

Segundo um executivo, nos corredores do BB, especula-se que todas as vice-presidências serão trocadas, o que essa fonte considera “uma pena” diante da descontinuidade de gestão. Ele afirma que Medeiros atende a critérios técnicos, mas que terá de formar uma equipe competente para ajudá-la a tocar o banco.

“É igual ao que aconteceu no BNDES. O (Aloizio) Mercadante (futuro presidente do BNDES) não é desse mercado, então ele chamou pessoas que são”, comenta. Um dos diretores que Mercadante levará ao banco de fomento é Alexandre Abreu, ex-presidente do BB e do Banco Original. Será determinante a escolha de seus vice-presidentes, afirma uma fonte próxima ao banco. “Se ela se fechar com bons executivos, vai deslanchar”, afirma. Um dos nomes cotados para subir à alta cúpula do banco é o da diretora de empréstimos do BB, Daniela Avelar de Gonçalves, bastante próxima à Medeiros.

Fontes destacam ainda que nos últimos dias, Medeiros teve encontros com Carla Nesi, hoje assessora do presidente do banco, Fausto Ribeiro, Paula Sayão, diretora de marketing, e Rodrigo Vasconcelos, gerente geral de Analytics do banco. Para além da questão técnica, fontes ouvidas pelo Broadcast dizem que Medeiros se relaciona bem profissionalmente.

“Nas interações que tive com ela à época em que eu presidia o banco, pude constatar que se trata de uma profissional extremamente qualificada e competente, além de ser um excelente ser humano”, disse o ex-presidente do BB, Paulo Caffarelli, ao Broadcast.

As reações no mercado

Com a mudança de governo, o começo de ano foi mais movimentado do que o de costume para a Bolsa brasileira, com os investidores repercutindo de forma extremada (tanto para baixo quanto para cima) as primeiras sinalizações do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Apenas nesta semana, as falas iniciais do governo levaram a um grande temor do mercado e a uma queda de 5% do Ibovespa em apenas dois pregões, de segunda e terça, sendo que o discurso mais atenuado fizeram com que o índice tivesse fortes ganhos nas duas sessões seguintes.

Os temores com as estatais neste cenário conturbado ganham ainda mais força, com papéis como de Petrobras (PETR3;PETR4) e do Banco do Brasil (BBAS3) caindo 9% (papéis PETR4) e 6%, respectivamente, para depois recuperarem nas duas sessões seguintes, ainda que acumulando baixas na semana (de 2,6% e 1,3% até o final da tarde de quinta). No caso dessas duas empresas, os investidores também acompanham de perto a mudança na gestão das companhias. A estatal de petróleo tem ganhado mais destaque no mercado, mas o BB também é monitorado de perto com os analistas.

Tarciana Medeiros: nome bem recebido

“Vemos como positivo para o Banco do Brasil o anúncio de Tarciana Medeiros como nova CEO. A longa e renomada experiência no banco (incluindo diversas áreas do segmento de banco de varejo e seguros) combinada com suas qualificações em tecnologia e análise de dados devem levar o banco a manter seus investimentos em inovação e tecnologia, bem como sustentar sua eficiência operacional”, avaliou a XP.

O Bradesco BBI apontou que a decisão é relativamente positiva, pois a executiva tem muita experiência no banco, passando por diferentes divisões ao longo de seus 22 anos como funcionária. O Goldman Sachs também aponta que ela será a primeira CEO mulher do Banco do Brasil e com mais de 20 anos de trabalho no banco, o que deve garantir a continuidade após últimos trimestres de forte desempenho da instituição financeira estatal.

Assim, Goldman, XP e Bradesco BBI seguem com recomendação equivalente à compra para os ativos.

Apesar da recomendação de compra, a XP destacou em dezembro preferência pelo Itaú (ITUB4) no setor, apontando que questões políticas relacionadas a empresas estatais podem continuar a prejudicar o Banco do Brasil e impedir um desempenho mais forte das ações no curto prazo.

Já numa leitura positiva, avalia que, embora ainda estejam pendentes novos anúncios relacionados às operações do banco, os resultados da instituição financeira estatal devem continuar fortes no próximo ano e vê seu valuation como atraente (3,5 vezes o preço em relação ao lucro esperado para 2023), o que justifica a visão positiva.

O Bradesco BBI, por sua vez, acredita que Tarciana enfrentará o desafio de manter o ROE (Retorno sobre o patrimônio líquido) do banco em cerca de 20%, em linha com seus pares privados com uma política de crédito disciplinada e controle de custos.

Os temores são de expansão da carteira de crédito em cenário de juros altos e inadimplência em alta, apesar de analistas verem o cenário mais arriscado para outras financeiras estatais, como a Caixa Econômica Federal. Por sinal, um eventual perdão das dívidas de famílias de baixa renda que contrataram o empréstimo consignado do Auxílio Brasil deve ser discutido em conjunto com a Caixa Econômica Federal, um dos principais operadores da política, segundo disse à Folha o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron. Ele não descarta que o próprio banco tenha de arcar com os prejuízos, caso a inadimplência dispare em meio a dificuldades de beneficiários em pagar as prestações.

O BBI vê que a Caixa deva ser mesmo o principal banco a enfrentar qualquer impacto dessa medida, visto que poucos bancos se dispuseram a oferecer essa linha de crédito consignado, mas também nota que ainda não está claro como o programa será implementado e financiado. “Portanto, precisamos aguardar mais informações sobre o modelo a ser adotado”, afirma.

Para os analistas do Goldman, o banco está mais bem protegido contra grandes mudanças em sua estratégia do que no passado devido às melhorias em sua governança corporativa.

O Goldman reforça que as ações estão listadas no Novo Mercado da B3, o mais alto padrão de governança corporativa. Isso inclui apenas ações ordinárias, com direito a voto, independentemente do acionista. Além disso, quatro em cada oito conselheiros são independentes, sendo dois representantes de acionistas minoritários. O estatuto também prevê que o CEO deva ter pelo menos 10 anos de experiência ocupando um cargo de alto escalão no setor público ou privado ou quatro anos como membro do conselho ou função similar.

Enquanto isso, outras medidas no radar, como o projeto de lei institui teto no rotativo e programa de renegociação de dívidas podem ter impacto geral no mercado (incluindo o BB), assuntos estes que são monitorados de perto pelos investidores. (Com informações de Reuters e Estadão Conteúdo)

Fonte: Investing