Artigo: “Os grandes bancos e suas tarifas abusivas”, por Celso Ming

Publicado em: 15/10/2021

Celso Ming*

O forte crescimento das fintechs explica-se não apenas pela sua maior agilidade em relação aos bancões tradicionais, mas, principalmente, porque não cobram tarifas ou cobram menos por serviços prestados.

Alguns desses bancos vêm alardeando pela TV e pelas redes sociais agressivas mensagens de marketing em que procuram atrair correntistas, com base no fato de que não são predadores como as instituições tradicionais. Seu objetivo não é apenas atrair os mais jovens, mas, também, a população sub-bancarizada e desbancarizada, que corresponde a 21% da população (34 milhões de brasileiros), de acordo com os últimos dados do Instituto Locomotiva.

Um estudo recente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) mostrou que, ao longo da pandemia, os bancos tradicionais brasileiros “abusaram” dos reajustes de tarifas. O levantamento, realizado entre junho de 2020 e julho de 2021, revelou que os reajustes das tarifas avulsas ficaram acima da inflação do período, que foi de 8,35%. O campeão desses abusos é o Banco do Brasil que na compra de moeda estrangeira no cheque viagem aplicou uma correção de 213%. Bradesco, Itaú Unibanco, Santander Brasil e Caixa Econômica Federal seguem nesse ranking.

Os canais digitais mantêm-se em crescimento. Em 2020, realizaram cerca de 67% dos 103,5 bilhões de transações bancárias realizadas no Brasil, de acordo com dados da Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban), a entidade que defende os interesses dos bancos.

Importante nome no segmento dos bancos digitais, o Inter alcançou a marca de 14 milhões de clientes no terceiro trimestre deste ano, crescimento de 94% sobre o mesmo período de 2020, como mostra sua prévia operacional. Agora prepara o lançamento de suas ações na bolsa especializada em empresas de alta tecnologia, a Nasdaq, dos Estados Unidos. O Nubank, outra fintech bem-sucedida, já tem mais de 40 milhões de clientes. Levantou aporte de US$ 1,15 bilhão neste ano – se tornando o maior da história na América Latina, e também se prepara para abrir capital nos Estados Unidos.

São casos que dão uma ideia de quanto esses banquinhos começam a incomodar os pesados, lentos e caros bancos convencionais.

Mas o desenvolvimento das fintechs não se explica apenas pela sua força em tecnologia. Como observa a advogada tributarista e sócia-fundadora do Junqueira le Advogados, Lavinia Junqueira, uma junção de oportunidades, tanto regulatórias como tributárias, as vem incentivando. Elas pagam menos tributos do que outras instituições reguladas. “Aproveitaram a vantagem de se criar do zero, com base em um modelo menos burocratizado. Mas os grandes conglomerados financeiros começam a reagir a essas novidades.”

Até recentemente, os bancos se concentraram na sua tarefa de reduzir custos e aumentar os lucros. Entre março de 2020 até agosto de 2021, fecharam 2.138 agências (dados do Banco Central), demitiram mais de 10 mil bancários (dados do Caged) e empurraram para o próprio correntista grande parte das tarefas antes executadas por funcionários. Mas agora cuidam de se equipar.

No último ano, o orçamento em tecnologia do setor bancário avançou 7% na comparação anual, totalizando R$ 25,7 bilhões, como mostra pesquisa da Febraban. Inteligência artificial e segurança cibernética foram as prioridades destacadas pelas instituições.

A disputa tem mexido na estrutura e no modelo de negócios do setor e contribuído para melhor relacionamento e comunicação entre os atores em temas como investimentos e educação financeira. “Essa relação de trazer as pessoas para perto do banco e mostrar a maneira mais eficiente de gerir o dinheiro é o legado desta competição no mercado financeiro”, avalia Luiz Gomes, head da aceleradora de startups Overdrives.

E esse movimento tende a acelerar com a implementação do open banking, sistema que permite o compartilhamento de dados dos clientes entre instituições financeiras, aposta Renata Ramalhosa, CEO da consultoria Beta-i. “Os bancos vão enfrentar esse fenômeno com grandes investimentos em inovação e tecnologia. A revolução digital em curso continuará a alavancar a concorrência.”

Mas fortes investimentos em tecnologia e em segurança digital, uma das grandes vulnerabilidades dos grandes bancos, não os levarão a aumentar seu número de correntistas se, também, não cuidarem da redução de seu pacote tão escorchante de tarifas. /COM PABLO SANTANA

*É comentarista de economia

 

Bancos brasileiros elevam tarifas acima da inflação, aponta pesquisa do IDEC

Publicado em: 24/07/2019

Os maiores bancos do Brasil aplicaram reajuste médio de 14% nas tarifas de serviços nos últimos dois anos, subindo quase o dobro da inflação no mesmo período (7,45%). Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que realizou o estudo com as cinco principais instituições financeiras do País (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander), há reajustes de até 89%, como é o caso do serviço de pagamento de conta no cartão de crédito do Banco do Brasil. Além desse, serviços básicos, como o serviço de saque, no caso do banco Itaú, registrou aumento de 22%.

De acordo com a economista do Idec Ione Amorim, não há motivos explícitos para alta de reajustes. Na realidade, com aumento da oferta bancária a partir do crescimento dos bancos digitais, conhecidos como fintechs, que oferecem taxas menores – em alguns casos, taxa zero -, os serviços dos bancos tradicionais deveriam sinalizar uma redução no preço, indica Ione. O que se viu, porém, foi o contrário.

Por exemplo, os serviços de DOC (transferência de até R$ 4.999,99 de um banco para outro) e TED (transferência a partir de R$ 5 mil de um banco para outro), que são operações caras nos bancos tradicionais – custam entre R$ 10,00 e R$ 20,00 – têm isenção tarifária na maioria dessas operações nos bancos digitais. “Se esses novatos estão dando os serviços com gratuidade, nos bancos tradicionais, esse serviço deveria ser tão caro? Haveria possibilidade de rever esses custos”, diz Ione. “Se não houvesse o crescimento das fintechs, que deu mais concorrência ao setor, o aumento poderia ser ainda maior”, acrescenta a economista do Idec.

O processo de redução da carga operacional no setor bancário brasileiro, que já cortou mais de 2 mil postos de trabalho entre janeiro e maio deste ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), também indica que as tarifas pagas pelo consumidor final deveriam ser menores.

Também há, segundo Ione, um investimento considerável, em tecnologia por parte das instituições financeiras tradicionais no País, o que deveria fazer reduzir as despesas bancárias de maneira geral.

Na pesquisa do Idec, entre os 20 principais serviços bancários mais utilizados pelos consumidores, também demonstra-se aumentos acima do esperado. Com exceção do Itaú, que reajustou apenas sete das 20 tarifas (35% do total) acima da inflação, todos os outros bancos tiveram mais da metade dos seus serviços reajustados acima da inflação. Nesse caso, foram encontrados reajustes entre 10% e 89%.

Os indicadores, segundo a economista do Idec, explicitam tarifas abusivas e que, de certa forma, influenciam no aumento da inadimplência no Brasil, onde já se encontram mais de 60 milhões de brasileiros, de acordo com dados da Serasa Experian.

Fonte: Jornal do Comércio

Isenção de tarifas e anuidade de cartão de crédito para aposentados

Publicado em: 01/02/2017

Os aposentados pelo Economus têm direito à isenção na anuidade dos cartões de crédito Ourocard do BB e no pacote de tarifas da conta corrente em que são creditados os benefícios. Essa medida faz parte do Programa Integração, cuja extensão dos benefícios para os ex-funcionários aposentados originários do Banco Nossa Caixa foi negociada entre as diretorias do BB e Economus. As isenções estão em vigor desde o mês de novembro e para oferecer comodidade ao participante elas foram aplicadas de forma automática, sem a necessidade de nenhuma ação por parte do aposentado.

Alguns participantes foram indevidamente tarifados nos meses de novembro e dezembro. Nesses casos, o estorno deveria ocorrer automaticamente no decorrer do mês de janeiro. Caso a tarifa não tenha sido estornada ou ocorram novos débitos, a orientação é que entrem em contato com a Central de Atendimento do Economus pelo telefone 0800-0147000 ou pelo site do instituto (www.economus.com.br – Fale Conosco). Basta informar que trata-se do Programa de Integração do BB.

Vale ressaltar que a isenção é válida apenas para a conta corrente em que o benefício da aposentadoria é creditado. E também que deve-se informar ao Economus alterações de agência ou conta corrente, pois o instituto constatou que há algumas contas inativas em seu cadastro.

Fonte: Economus

Despesas do BB com provisão deve fechar 2016 perto do máximo

Publicado em: 02/12/2016

O Banco do Brasil (BB) acredita que vai encerrar o ano com despesas de provisão para devedores duvidosos perto do topo da projeção apresentada pelo banco. O BB espera que as despesas de provisão representem entre 4% e 4,4% do portfólio classificado de crédito. Em nove meses até setembro, o indicador ficou em 4,4%.

“A tendência é ficar perto do topo do ‘guidance’ de provisão no fim deste ano”, disse nesta sexta-feira Bernardo Rothe, gerente-geral de relações com investidores, em teleconferência com analistas. Na opinião dele, parte disso é “efeito de denominador”, uma vez que há queda na carteira de crédito do banco.

“Para o ano que vem, há expectativa que a melhora gradual do risco de crédito se reflita em provisão, à medida que economia começar a melhorar”, disse.

Segundo Rothe, o banco público ainda vê espaço para continuar reprecificando sua carteira de crédito nos próximos trimestres, uma vez que cerca de metade do portfólio atual foi originada após 2015. Esse espaço de reprecificação continuará tendo efeitos positivos sobre a margem do banco, mas vai depender do nível de competição bancário, afirmou.

No que se refere às rendas com tarifas, Rothe acredita que a receita tende a ser mais robusta no quarto trimestre do que no terceiro. Segundo o executivo, o período de julho a setembro teve uma série de fatores atípicos sobre esse indicador, incluindo férias, Olimpíada e a greve dos bancários.

Renegociações

O banco público afirma que não seria surpreendente um aumento do volume de renegociações no próximo trimestre, depois da expressiva queda registrada entre julho e setembro. “O volume de renegociações deve seguir o fluxo da economia”, disse Rothe.

O executivo afirmou que, ao longo do tempo, com a recuperação da economia, a participação da carteira de renegociação no portfólio total de crédito do banco deve cair para próximo do patamar histórico.

Rothe também reforçou a expectativa de aumento gradual no índice de capital de melhor qualidade do banco. Segundo ele, os indicadores de capitalização vão continuar a melhorar com a queda da carteira de crédito do BB e a esperada melhora gradual dos resultados da instituição financeira.

Rentabilidade versus “market share”

Após ser questionado por analista sobre a estratégia da instituição, Rothe afirmou que o BB está focado em rentabilidade, não em aumentar a participação de mercado.

Na opinião dele, o comportamento da participação de mercado da instituição pública, que passou os últimos anos em alta, vai depender do comportamento da demanda. “Mesmo assim, o foco não é ‘share’ é rentabilidade”, disse.

Rothe voltou a afirmar que o banco espera melhora gradual da rentabilidade, com aumento de margens e de receitas com tarifas, ao mesmo tempo em que mantém custos sob controle. “Não vou dar uma visão de longo prazo, mas a nossa rentabilidade vai ter melhora gradual ao longo do tempo”, disse.

Sem novas agências

Caso perca o direito de usar o canal do Banco Postal, que reúne os postos dos Correios, o BB não pretende abrir novas agências. “Não há necessidade de abrir agências se não mantivermos esse canal”, disse Rothe.

Os bancos interessados têm até esta sexta-feira para entregar propostas aos Correios pelo canal. Rothe não quis comentar se o banco público entregaria uma proposta.

Os Correios irão abrir as propostas na segunda-feira.

Ontem, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou não ter interesse pelo canal. “Nós sempre analisamos o edital pra ter uma curva de aprendizado, mas isso não denota uma decisão de participar [do leilão]”, disse, a jornalistas. “Hoje nós temos uma franquia de distribuição q está em 100% dos municipios e o HSBC complementou a nossa rede.”

Fonte: http://www.valor.com.br/financas/4774139/bb-despesas-com-provisao-devem-fechar-2016-perto-do-maximo-previsto