Em casa de ferreiro o espeto precisa ser de pau?

Publicado em: 08/09/2017

Você já deve ter ouvido aquele ditado popular “Em casa de ferreiro o espeto é de pau”.

Vivemos em um mundo de muitas incoerências. Quantos médicos fumam, apesar de saber dos efeitos nocivos do cigarro? Quantos nutricionistas obesos? Isso sem falar em outras categorias profissionais.

E recentemente fiquei pensando sobre os significados daquele ditado. E, depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que muitas coisas que nós falamos para os outros servem para nós mesmos. Ou melhor, falamos para os outros, para que possamos ouvir a nós mesmos.

Pode parecer estranho, mas se prestarmos atenção ao nosso dia a dia, notamos que isso acontece com certa frequência. Por exemplo: um amigo chega até você, precisando de um conselho porque está enfrentando problemas no casamento. Apesar de o seu casamento estar sólido, você também vem enfrentando problemas parecidos, e ao oferecer ajuda acaba dizendo exatamente o que precisa fazer com o seu casamento. Irônico, mas é verdade.

A nossa mente inconsciente trabalha de forma inteligente ao nos mostrar no nosso próprio discurso o caminho que devemos seguir. E para aproveitar esses sinais de forma produtiva, basta estarmos atento ao que falamos, principalmente quando aconselhamos alguém.

Quem nunca passou pela situação de falar em investimento para um cliente e lembrar que precisa alocar os seus recursos também?

Então, aproveite o momento e avalie como está o seu planejamento financeiro. Tem um? Está atualizado? Está fazendo a gestão do seu patrimônio de forma eficiente?

Porque eu acredito que não precisamos ficar usando espetos de pau, quando podemos construir para nós mesmos uma bela grelha e apreciar nela um excelente churrasco.

Artigo de Marcelo Katayama, médico e terapeuta do Núcleo Ser Treinamento e Consultoria

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– E se você soubesse como o seu cliente pensa?

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Gerente Assertivo: E se você soubesse como o seu cliente pensa?

Publicado em: 27/07/2017

Você já viu aqueles shows de mágica nos quais o mágico “lê os pensamentos” do expectador? Não parece fantástico? Ou armação?

Então, a realidade é que essas pessoas treinam e desenvolvem a habilidade de ler reações sutis, não verbais, diante de algumas perguntas e conseguem com isso “adivinhar” o que o outro está pensando.

Mas não precisamos fazer muitos cursos e tornarmos-nos experts em mágicas para ter essas habilidades. No dia a dia conseguimos obter informações muito valiosas simplesmente com duas ferramentas: rapport e boas perguntas.

Joseph O’ Connors, um dos grandes autores em programação neurolinguística, define rapport como “a qualidade de um relacionamento de influencia e respeito mútuos entre pessoas” e para fazer isso precisamos estar dispostos a ver o mundo a partir do ponto de vista dessa outra pessoa, com um interesse genuíno em saber como ela pensa.

Esse pequeno exercício de entrar em sintonia com o outro já nos traz informações importantes, porque imagine um cliente que chega até você muito nervoso, agitado. Se a primeira reação for algo do tipo “lá vem aquele chato de novo” nos fechamos para saber qual é a real necessidade do cliente e poderíamos acabar gerando mais nervosismo e ansiedade não só para ele, mas para si mesmo também.

Agora, se assumirmos que esse cliente tem um motivo genuíno para estar nervoso e nos perguntarmos “O que será que está acontecendo, por dentro, com essa pessoa?” e nos colocássemos no lugar dela, provavelmente teríamos um outro tipo de reação. E mais, conseguiremos obter muito mais informações, valiosas por sinal, que ajudarão a resolver a situação e ter um cliente grato a você pela vida inteira.

E quais perguntas fazer? O que seriam boas perguntas?

Antes de mais nada, precisamos ter consciência de que sempre percebemos somente uma pequena parte da realidade. Assim como mapas são representações gráficas de um território, temos em nossa mente apenas uma representação vaga e parcial da realidade. Estima-se que somos submetidos a cerca de 1,2 mil estímulos simultaneamente a cada instante. E conseguimos perceber de forma consciente apenas cinco a nove deles.
E vamos criando em nossas mentes, mapas com esses cinco a nove fragmentos de informação. Agora imagine você capturando esses pontos. Qual a chance da pessoa à frente estar olhando para os mesmos cinco a nove pontos?

Então, perguntas boas são aquelas que nos levam a “desvendar” o mapa do outro, ou seja, compreender melhor o que está acontecendo na cabeça dele. E para isso precisamos assumir que o mapa do outro também é real e verdadeiro, mesmo que seja muito diferente do nosso. Afinal, poucos clientes têm o mesmo nível de conhecimento técnico e experiência de vida que você.

Perguntas boas geralmente começam com “o que”, “como” e “quando” ao invés de “porque”. É muito mais produtivo perguntar para esse cliente nervoso: “O que está te deixando aflito?” ou “Como posso ser útil e tentar te ajudar?” do que “Porque você está nervoso comigo?” – que geralmente vem acompanhado do pensamento “Não fui eu que criei esse seu problema.”

Perguntas boas fazem o cérebro procurar respostas boas. As ruins, por sua vez, sempre trazem respostas ruins. Então, esteja curioso para saber quem é esse seu cliente e procure desvendar o seu mapa.

E você verá que isso pode ser muito divertido!!

Artigo de Marcelo Katayama, médico e terapeuta do Núcleo Ser Treinamento e Consultoria

 

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– Ah! Se eu tivesse…

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Artigo do Gerente Assertivo: Ah!! Se eu tivesse…

Publicado em: 09/06/2017

A maior dor que temos não é aquilo que perdemos ou não tivemos. É aquela de ficarmos presos àquilo que poderia ter sido feito, mas não foi.

Você já deve ter visto alguém contando essa história… “Ah, se eu tivesse feito tal coisa, a minha vida seria muito melhor!!” ou “Ah, se aquilo não tivesse acontecido, eu seria mais feliz hoje!!”.
Essas duas histórias têm algo em comum. A dor e o sofrimento que carregamos, às vezes por muitos anos, por não termos feito algo que achávamos que mudaria a nossa vida, é uma receita excelente para sofrer indefinidamente.

Lembre-se de quantas discussões absolutamente inúteis já tivemos, simplesmente por não nos conformarmos com uma expectativa não atendida, imaginando que discutir o “leite derramado” faria ele voltar para dentro da garrafa…

Apesar de ser um comportamento muito frequente, e pernicioso, podemos rapidamente mudar essa realidade. Como? Simples!! Basta olharmos para a realidade e nos fazermos perguntas de melhor qualidade.

Perguntas do tipo, “Como posso resolver esse problema neste instante?” e “Quais seriam os passos necessários para seguir adiante?”, direcionam nosso pensamento para a solução da situação, ao invés de ficarmos buscando fantasmas e culpados.

Mas porque fazemos isso? Porque nos prendemos à dor?

Parece não fazer sentido, mas por trás de todo e qualquer comportamento, existe uma “intenção positiva”, uma necessidade que temos e que procuramos atender com aquele comportamento. Ficar preso a reminiscências do que poderia ter sido e não foi, também tem uma intenção positiva.

Muitas vezes ficamos reprocessando um fato, porque existe algo a ser aprendido com ele. E geralmente esse aprendizado é melhor absorvido quando pensamos nas atitudes que podemos tomar daqui para frente, em situações semelhantes. Isso é bem mais produtivo do que ruminar o passado.

Então, da próxima vez que se perceber revivendo um drama criado, faça algo mais inteligente e se prontifique a agir de forma diferente da próxima vez, e deixe que essa história seja somente isso, uma história.

E dessa forma usamos nossa experiência de vida como fonte de aprendizado e levamos a nossa energia para solução dos problemas.

E não se assuste se de repente estiver vivendo mais feliz!

 

Artigo de Marcelo Katayama é médico e terapeuta do Núcleo Ser Treinamento e Consultoria

PALAVRAS NEGATIVAS LEVAM A EMOÇÕES SIMILARES

Publicado em: 04/05/2017

A partir do que falamos, criamos imagens em nossas mentes que formam o pano de fundo emocional que vivemos. Podemos escolher alimentar nossa mente com palavras negativas e carregar os sentimentos que elas provocam por um período enorme de tempo. É mais esperto treinarmos um vocabulário mais positivo, que nos ajude a ter um estado emocional melhor e nos levará a uma qualidade de vida melhor

Não pense em maçã!

Isso mesmo, tente ao máximo evitar que essa imagem lhe venha à mente.

Vamos lá. Não deve ser tão difícil assim tirar algo da sua mente. Simplesmente, não pense em maçã!

O que acontece quando tentamos não pensar em algo? Quase que imediatamente a nossa atenção se volta para aquilo e então tentamos apagar essa imagem da nossa mente. Mas quase sempre ficamos com ela presente em nosso pensamento.

Isso acontece porque o nosso cérebro tem uma habilidade inata de construir imagens, e isso acontece muito rapidamente. Quer ver?
– Cachorro quente.

Qual é a imagem que quase de imediato lhe veio à mente?

Para apagar uma imagem da nossa mente, precisamos fazer um grande esforço. Quase sempre em vão, mas existe uma forma de substituir essa imagem criada – trazer uma outra tão importante ou intensa quanto a primeira.

Mas o que isso tem a ver com ser um gerente mais assertivo, com mais inteligência emocional?

Durante o dia, nós falamos para nós mesmos e para os outros uma infinidade de palavras e criamos em nossas mentes um número gigante de imagens, que conforme vão se somando criam o pano de fundo emocional que vivemos.

Ao escolher palavras com conotação positiva, criamos emoções que seguem na mesma direção. Perceba a diferença entre pensar que aquele cliente é um “chato” e que ele tem “necessidades específicas”. Muda a forma de enxergar o mesmo cliente?

A maioria das pessoas iria pensar que um cliente com necessidades específicas tende a ficar satisfeito quando conseguimos resolver aquele problema que ele traz, ao passo que um chato nunca está satisfeito. O cliente pode ser o mesmo, mas a sensação que temos dele, e que irá contribuir para o estado emocional que vivemos, é muito diferente.

Não se trata de pensamento positivo ou algo do gênero, mas sim de usar a nossa inteligência a nosso favor, para criar um mundo interior mais saudável e leve. Encarar um cliente pensando nas necessidades específicas dele, certamente, traz mais satisfação do que reclamar que ele é um chato.

Isso sem falar nas milhares de palavras que falamos para nós mesmos diante dos desafios que encontramos no nosso cotidiano. Podemos escolher alimentar nossa mente com palavras negativas e ficar carregando esses sentimentos por um período enorme de tempo. Acho mais esperto treinarmos um vocabulário mais positivo, que nos ajude a ter um estado emocional melhor, que nos levará a uma qualidade de vida melhor.

Toda vez que lhe vier à mente coisas como: “Que porcaria de trânsito!”, mude a linguagem. Talvez algo do tipo: “Que rota alternativa tenho?” ou “Já que estou preso aqui, como posso aproveitar melhor esse tempo?”

Note que no exemplo acima existe uma mudança na linguagem, além de no foco, e esses dois elementos em conjunto têm um efeito sinérgico. São dois passos importantes para fabricarmos emoções melhores!

Pratique. Experimente. Faça diferente. Somente assim você conseguirá notar os efeitos benéficos dessas pequenas mudanças.

E que tal trocar a imagem do cachorro quente por uma imagem de você, tranquilo, em paz e saudável?

Marcelo Katayama é médico e terapeuta do Núcleo Ser Treinamento e Consultoria.

SÉRIE DE ARTIGOS

Leia aqui o primeiro artigo da série >> Suicídio: desfecho trágico de bancários que sucumbem às violências do trabalho

Leia aqui o segundo artigo >> Suportar a pressão à custa de muita energia e antidepressivos?