BB: inadimplência no agro deve pressionar lucro no curto prazo

Publicado em: 19/12/2024

Analistas ainda enxergam um cenário desafiador no curto prazo para as ações do Banco do Brasil (BBAS3), devido às preocupações com as pressões provenientes do agronegócio, principal linha de negócios da instituição financeira. Às 11h18, os papéis do banco recuavam 2,63%, sendo negociados a R$ 24,81.

Apesar avaliações atrativas, o Itaú BBA reiterou recomendação neutra para o banco, devido a preocupações com risco de crédito.

Vale lembrar que o banco registrou um aumento no índice de inadimplência (NPL) para 3,3% no terceiro trimestre de 2024.

Segundo o BBA, o custo de crédito provavelmente permanecerá elevado, pressionando os lucros. O portfólio renegociado em expansão em todos os segmentos criou uma sobrecarga nas taxas de inadimplência e provisões.

Além disso, a adoção das provisões de perda esperada (norma contábil 4966) também deverá pressionar o custo de crédito.

O BBA destaca que margem financeira líquida para clientes estão em queda, já que os rendimentos de ativos mais baixos encontram custos de captação apenas estáveis, somados aos impactos adversos do maior portfólio renegociado.

Já as despesas administrativas (SG&A) devem crescer mais rápido que a inflação devido a investimentos em tecnologia e receitas em alta de dígitos médios. No geral, o BBA projeta um crescimento de 4% nos lucros anuais, alcançando R$ 39,2 bilhões em 2025.

Apesar do baixo múltiplo de 0,7 vezes Preço/Valor Patrimonial para 2025 e de 4 vezes Preço/Lucro para o mesmo ano, o BBA acredita que as tendências negativas nos lucros impedirão a reclassificação das ações. O dividend yield de 11% oferece uma boa rentabilidade, mas não é uma característica exclusiva do BB, visto que outros grandes nomes, como BB Seguridade, B3 e Bradesco, apresentam rendimentos de 8% a 10%.

Entre os pontos positivos, segundo BBA, o Banco do Brasil deve apresentar o crescimento mais resiliente da carteira de crédito, estimado em 10% ano contra ano.

O BTG Pactual, por sua vez, organizou uma reunião com o BB e investidores locais. Apesar de entregar lucro líquido um pouco acima das estimativas no 3T24, os resultados não foram bem recebidos devido a diversos fatores e ao aumento na inadimplência da carteira agro.

Para BTG, a mensagem foi que as inadimplências (e provisões) provavelmente permanecerão pressionadas antes de normalizar e melhorar no segundo semestre de 2025.

Enquanto os próximos trimestres podem ver o retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) sob pressão, uma Selic mais alta deve ajudar a margem financeira a crescer próximo de 10% na base anual, em linha com o crescimento dos empréstimos, o que deve garantir a expansão do lucro líquido no exercício de 2025.

Fonte: Infomoney

Banco do Brasil prevê crescimento controlado da inadimplência

Publicado em: 26/09/2022


O Banco do Brasil (BBAS3) sinalizou nesta quinta-feira (22 de setembro) que vai perseguir níveis ainda maiores de rentabilidade, uma vez que tenta concorrer mais frontalmente com seus rivais privados. “O BB deve buscar um patamar de rentabilidade mais arrojado, disse o presidente-executivo da instituição financeira, Fausto Ribeiro, durante o encontro anual de executivos do banco com investidores e analistas.

O banco controlado pelo governo federal teve lucro recorrente de abril a junho de R$ 7,8 bilhões, alta de 54,8% ante mesma etapa de 2021 e bem acima da previsão média de analistas, de R$ 6,48 bilhões. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido foi de 20,6%, alta de 6,1 pontos percentuais sobre um ano antes.

Enquanto isso, o índice no período foi de 20,8% para o Itaú Unibanco (ITUB4), de 18,1% para o Bradesco (BBDC4) e de 20,8% para o Santander Brasil (SANB11).

Segundo executivos do Banco do Brasil, a evolução da rentabilidade deve ter como alicerces fatores como a combinação de níveis crescentes de margem líquida nas operações de crédito com crescimento controlado da inadimplência nos próximos trimestres.

No segundo trimestre, o controle do índice de atrasos acima de 90 dias fez as despesas do BB com provisões para perdas esperadas com calotes ficarem praticamente estáveis, enquanto Bradesco, Itaú e Santander expandiram suas reservas em 52,5%, 60,6% e 24,6%, respectivamente.

“Nossa carteira de crédito está limpa dos efeitos da pandemia”, disse no encontro o vice-presidente de finanças do Banco do Brasil, José Ricardo Forni. Ele se referiu aos efeitos da crise desencadeada pela Covid-19 que provocaram elevados níveis de renegociação de empréstimos com pessoas e empresas.

Fonte: Forbes

 

Inadimplência de bancos sobe e se aproxima de nível pré-pandemia

Publicado em: 23/05/2022


Os quatro maiores bancos do Brasil listados na Bolsa – Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander Brasil (SANB11) – divulgaram seus resultados do primeiro trimestre de 2022 observando uma tendência de alta da inadimplência, com elevações nas provisões para devedores duvidosos, ainda que com impactos diferentes em seus balanços.

Em entrevista ao InfoMoney, o analista Carlos Macedo, da Ohmresearch, afirma que “na pandemia, a expectativa inicial era de que o desempenho dos bancos seria um desastre com desemprego e inadimplência”. Mas medidas do Estado, como o auxílio emergencial e mudanças nas regras do Banco Central, facilitando renegociações de dívidas, geraram uma “bolha de adimplência”, diz o analista.

Os quatro maiores bancos do Brasil listados na Bolsa – Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander Brasil (SANB11) – divulgaram seus resultados do primeiro trimestre de 2022 observando uma tendência de alta da inadimplência, com elevações nas provisões para devedores duvidosos, ainda que com impactos diferentes em seus balanços.

Em entrevista ao InfoMoney, o analista Carlos Macedo, da Ohmresearch, afirma que “na pandemia, a expectativa inicial era de que o desempenho dos bancos seria um desastre com desemprego e inadimplência”. Mas medidas do Estado, como o auxílio emergencial e mudanças nas regras do Banco Central, facilitando renegociações de dívidas, geraram uma “bolha de adimplência”, diz o analista.

Após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, os gestores dos bancos afirmaram que a alta da inadimplência deve levar o indicador de volta aos níveis históricos anteriores à pandemia. Agora, a questão é se o atual ciclo de crescimento econômico desacelerado, inflação e alta dos juros permitirá que essa expectativa se concretize, ou se a inadimplência atingirá níveis mais elevados, prejudicando os resultados e a valoração dos bancos.

“Sabemos que economia não é uma ciência exata, é social, tudo pode mudar num futuro não tão distante. Muita coisa pode acontecer, levando a piora nas expectativas, no nível de emprego e maior dificuldade de pessoas e empresas honrarem os compromissos que têm”, afirmou o analista.

Em momentos de piora dos indicadores e elevação dos juros, os bancos tendem a reprecificar suas carteiras, um processo que demora de 12 a 24 meses. Neste cenário, bancos mais expostos a empréstimos de longo prazo, como o imobiliário, tendem a levar mais tempo para se adaptar, afirma.

Em um cenário geral, o Santander mostrou o maior impacto em meio à carteira de crédito mais arriscada, com o índice de inadimplência de 90 dias para pessoas físicas tendo uma alta de 0,4 ponto percentual na comparação trimestral, para 4%. Já o Banco do Brasil, com uma carteira vista como mais conservadora, apareceu na outra ponta, com impacto menor da inadimplência, o que inclusive tem levado a uma revisão de preferências dos analistas para o setor.

Inadimplência e provisões dos bancos

Em destaque entre os resultados dos bancos, a inadimplência total superior a 90 dias do Santander Brasil foi a 2,9% no primeiro trimestre de 2022 (alta de 0,24 ponto percentual na base trimestral e de 0,77 na anual). Chamou a atenção a inadimplência entre 15 e 90 dias, que subiu significativamente de um trimestre para o outro: de dezembro de 2021 para março de 2022 foi de 3,5% para 4,2%. Na pessoa física, foi de 5% para 5,9%.

Com isso, as provisões para devedores duvidosos (PDD) ficaram em R$ 4,612 bilhões, com alta de 24,9% ante o trimestre anterior e 45,9% em relação ao primeiro trimestre de 2021. De acordo com o banco, o avanço da inadimplência está alinhado com a expansão da carteira de crédito, do mix de produtos e do cenário macro.

Para o Bradesco, a inadimplência acima de 90 dias atingiu 3,2% no 1T22, avanço de 0,4 ponto percentual na comparação trimestral e de 0,7 ponto na base anual. A PDD expandida foi de R$ 4,836 bilhões no trimestre, alta de 23,8% na comparação com igual trimestre de 2020, e de 12,9% frente ao 4T21.

No caso do Itaú, o índice de inadimplência acima de 90 dias foi de 2,6% no primeiro trimestre de 2022, elevação de 0,3 p.p. na comparação com igual etapa de 2021 e de 0,1 p.p frente ao quarto trimestre de 2021.

As provisões para perda esperada do Itaú tiveram aumento de 1,7% em relação ao quarto trimestre de 2021 (4T21), atingindo R$ 5,293 bilhões. Frente ao primeiro trimestre de 2021, a alta foi de 19,34%.

No caso do BB, o índice de inadimplência acima dos 90 dias foi de 1,89%, queda frente ao patamar de 1,95% de um ano antes, e leve alta frente ao patamar do 4T21, de 1,75%.

O BB elevou a despesa com provisões para crédito de liquidação duvidosa com menos intensidade do que a concorrência privada. A alta foi de 9,3% no comparativo anual, para R$ 2,758 bilhões. Frente ao quarto trimestre de 2021, houve queda de 27,2%.

Bradesco minimiza inadimplência e eleva guidance

Em teleconferência com analistas para apresentação de resultados no dia 6 de maio, o CEO do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, afirmou que o risco à inadimplência se concentra em operações com juros mais elevados, como cartão de crédito.

“Mais do que uma subida, há uma normalização da inadimplência em níveis mais elevados”, como antes da pandemia, disse.

O executivo afirmou que todas as projeções indicavam essa retomada da inadimplência. Agora, há desaceleração de novos negócios e tomada de crédito, o que leva a crer que haverá crescimento do indicador ao longo do segundo trimestre e estabilidade em níveis anteriores à pandemia, destacou.

Lazari disse que o banco já viveu anteriormente cenários de elevação da taxa de juros, mas a volatilidade atual e a alta acentuada preocupam. O gestor afirmou, no entanto, que há uma melhoria em modelos de crédito e em análise, e disse esperar que o índice de inadimplência da carteira de crédito suba até 0,2 ponto percentual no segundo trimestre, estabilizando-se na segunda metade do ano.

O Bradesco revisou alguns números do seu guidance ​​(conjunto de projeções e planos) para cima, prevendo mais receitas com crédito e tarifas e maior controle de despesas operacionais em 2022. E também elevando a expectativa para despesa com provisões.

Em avaliação sobre os resultados do Bradesco, o Morgan Stanley disse que o banco apresentou resultados fortes, impulsionados por crédito, margens mais altas e controle de custos. “Isso, acreditamos, ressalta a visão positiva da administração sobre a tomada de risco e a inadimplência”, avaliaram os analistas.

O guidance revisado para 2022 foi visto como “muito positivo” pelos analistas do Morgan, que agora esperam um crescimento da NII [margem financeira líquida] ajustada ao risco a 18% ano a ano, contra 9% antes. Segundo a análise do Morgan, pela nova guidance o lucro líquido deve ser de R$ 32,6 bilhões, alta de 24% na base anual, frente à estimativa anterior de 12%.

O Itaú BBA reagiu, no entanto, com menor otimismo, afirmando que a revisão para cima da NII do cliente no valor de R$ 5 bilhões poderia ser compensada pela menor NII do mercado.

Itaú vê instabilidade, mas mantém guidance

Em teleconferência de apresentação de resultados no último dia 9, Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú, afirmou que, apesar da alta recente, o custo do crédito e a taxa de inadimplência estão em níveis historicamente baixos. Assim como os gestores de outros grandes bancos, ele disse que a instituição financeira espera crescimento nos próximos três trimestres para patamares similares ou levemente abaixo daqueles da pandemia.

No balanço, o banco afirmou que o aumento do lucro se deve ao crescimento da margem financeira com clientes, impulsionado pelo maior volume de crédito e pela mudança de mix de produtos, com maior crescimento relativo de produtos com melhores spreads e crescimento das receitas com cartões, devido a maior faturamento.

Na teleconferência, Maluhy Filho destacou que o momento é volátil internacionalmente, com guerra da Rússia contra a Ucrânia, alta de juros nos Estados Unidos, lockdowns na China e inflação. Por conta desses fatores, os próximos trimestres devem compensar o resultado no primeiro de 2022, de modo que o desempenho no ano fique dentro do “guidance” divulgada em fevereiro, afirmou.

Pelas projeções para o ano de 2022, a carteira de crédito total deve crescer entre 9% e 12%. Já para margem financeira com clientes, o Itaú projeta crescimento de até 23,5% neste ano.

Segundo o executivo, houve contenção dos gastos com crédito durante a pandemia, que vêm sendo retomados, elevando a inflação. Neste cenário, há alta do crescimento com faturamento em crédito pelo Itaú, em linha com o mercado.

O banco destacou que está desacelerando concessões de crédito, após forte alta liderada por linhas de maior risco no primeiro trimestre incrementarem suas margens, mas também as provisões para perdas. “Perspectivas não são boas olhando para frente; a gente tem sido muito proativo na redução e nos ajustes de concessão”, disse Maluhy Filho.

Linhas como cartão de crédito (+41,5%), crédito pessoal (+26,8%) e para pequenas e médias empresas (+29%) lideraram a expansão de 13,9% em 12 meses até março da carteira de empréstimos, para R$ 1,03 trilhão.

Santander toma medidas para reduzir inadimplência

O aumento da inadimplência foi um ponto de preocupação de analistas de mercado após o balanço do banco, sendo tema recorrente durante a teleconferência de resultado.

No momento, o Santander afirma que as provisões refletem a realidade anterior, e já adotou ações que envolvem limitar o crescimento da carteira de crédito, que já cresce em um ritmo mais lento. Nos próximos trimestres, a diretoria diz que espera uma recuperação dos custos do risco e de crédito, como um reflexo das decisões já tomadas. As medidas devem ser refletidas no segundo semestre do ano.

Mario Leão, presidente do Santander, destacou não ver o índice de inadimplência do banco se deteriorando continuamente nos próximos trimestres. O indicador está mais alto, aponta, mas não quer dizer que seguirá piorando ininterruptamente.

Ao mesmo tempo, destacou: “ainda não vemos melhora, e a pergunta que a gente se faz é justamente quando será esse ponto de inflexão, inclusive nas projeções. Acreditamos que será ao longo deste ano”.

Angel Santodomingo, diretor vice-presidente financeiro, apontou que o banco está nos patamares de inadimplência pré-pandemia. “Não é uma explosão, uma situação de crise. É onde estávamos há dois anos”.

Contudo, há maior pessimismo com as ações do banco após os números divulgados no primeiro trimestre de 2022. Apontando que o Santander está em um período de alta da inadimplência, levando a uma retração dos resultados mais cedo do que o esperado, o Itaú BBA reduziu a recomendação para as units do banco após o resultado, de “neutra” para “venda”.

“Nossa previsão para o índice de inadimplência e despesas com provisão piorou em 6%, para R$ 20,6 bilhões,
com custo do risco de 4%. O índice de inadimplência de varejo do Santander já retornou aos níveis pré-pandêmicos e os indicadores de curto prazo sugerem uma pressão crescente sobre a inadimplência no início do segundo trimestre de 2022. Esperamos que o Santander termine o ano com um Índice de Inadimplência de 3,6%, acima do índice pré-pandemia de aproximadamente 3%”, apontam os analistas do BBA, levando em conta o mix de produtos de maior risco.

Os analistas reforçam ainda que o índice de cobertura total (que mede o colchão de provisões no balaço do banco) de 215% está se aproximando da média histórica de cerca de 200%, e não deve conciliar com a aceleração do índice de inadimplência. “Portanto, esperamos que os resultados piorem durante os próximos trimestres”, avaliam.

BB diz que opera com maior apetite por risco

Apesar do agravo das estimativas para o Santander, o BBA ressaltou que os motivos não se aplicam na mesma medida a outros grandes bancos. Entre eles, o Banco do Brasil, que tem a preferência da casa, sendo o menos sensível ao crédito de varejo, o que significa uma menor pressão no índice de inadimplência.

Os resultados do BB foram destaque entre os quatro bancos, em grande medida por conta da elevação da taxa de inadimplência em uma velocidade menor do que a da concorrência.

Em uma análise sobre o balanço, o Bradesco BBI também destacou que os números refletem a carteira defensiva do BB.

​​Os analistas do Credit Suisse ressaltaram possíveis revisões para cima nas estimativas para a companhia após o resultado.

Em teleconferência de apresentação de resultados no dia 12, Fausto Ribeiro, CEO do BB, afirmou que a carteira do banco é composta majoritariamente por clientes correntistas, o que permite entender melhor seu comportamento e ajuda a controlar a inadimplência.

Agora, o banco diz que está entrando no “mar aberto”, ou seja, ofertando produtos a clientes não correntistas. Em diversos momentos da conferência, Ribeiro e outros executivos do BB afirmaram que a alta da inadimplência frente o 4T21 ocorre em parte por conta desse apetite maior por risco em busca de rentabilidade.

Com o aumento da carteira e acréscimo do risco, nos próximos trimestres as provisões devem crescer, afirmou Ribeiro. Ele disse que, embora o banco tenha uma visão positiva quanto a reservas líquidas, as provisões devem voltar a níveis mais próximos daqueles anteriores da pandemia.

Questionada sobre a elevação da taxa de inadimplência no curto prazo, Paula Teixeira, vice-presidente de riscos e controles do BB, afirmou que esta é “muito volátil”, e que a taxa de recuperação, por outro lado, é alta. Segundo a executiva, o banco já tem medidas de cobrança para que as taxas de curto prazo não se arrastem para 90 dias. Sobre a elevação da inadimplência no cartão de crédito, ela disse que está dentro do esperado, e que o banco acompanha o indicador, realizando ajustes quando necessário.

Forni afirmou ainda que o BB caminha para uma rentabilidade próxima à dos bancos privados, e que o banco reafirma sua estratégia atual. Olhando para 2023, diz que a ambição é superar a rentabilidade dos bancos privados, mantendo a estratégia atual.

Após o resultado, o Bradesco BBI elevou a sua recomendação para as ações de equivalente à neutra para compra, destacando, entre outros pontos, a inadimplência menor e o índice de cobertura maior na comparação entre os bancos privados.

Além disso, o resultado com intermediação financeira aponta continua melhora, refletindo maiores spreads e ganhos de captação. “Como resultado, o Banco do Brasil deve entregar ROE [retorno sobre o patrimônio líquido] de 17,5% em 2022 e 17,3% em 2023 (acima dos 15,8% em 2021), reduzindo a diferença com pares privados para cerca de 2 pontos percentuais (contra cerca de 4 p.p. em 2021)”, avaliam os analistas.

Fonte: Infomoney

Crise eleva inadimplência e deve desencadear fusões de bancos, diz Eleven

Publicado em: 08/04/2020

A crise do coronavírus elevou o risco de funding e os custos de captação, o que terá impacto para os bancos em geral, afirmam analistas da Eleven Financial em relatório publicado nesta terça-feira. A natureza desse impacto vai depender do porte e do mercado de atuação de cada um. Mas, em comum a todos, está a tendência de um aumento da inadimplência.

Para a Eleven, a crise deverá resultar em uma nova onda de consolidação entre instituições financeiras.

O segmento de bancos voltados a crédito massificado (crédito pessoal, consignado, financiamento de veículos) tende a ser afetado em liquidez e custo de funding. No entanto, de acordo com os analistas, a utilização de Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGE) e letras financeiras garantidas pode ajudar a enfrentar a crise.

Os bancos médios voltados a operações de crédito garantidas por recebíveis de empresas têm um giro mais rápido de ativos, o que pode favorecê-los. Porém, aponta o relatório, os que operam mais alavancados no crédito podem ter mais dificuldades.

Entre os grandes bancos de varejo, a robustez para enfrentar períodos de liquidez mais baixa, a carteira de crédito pulverizada e a diversidade de receita são fortalezas. De qualquer forma, não escaparão de um aumento da inadimplência, de uma redução nos volumes de crédito e de queda nas margens no curto prazo, levando à necessidade de cortar custos, segundo a Eleven.

Para a casa de análise, os bancos públicos tendem a se beneficiar em momentos de crise, “pois são utilizados para estimular a oferta de crédito para empresas e bancos em dificuldades”. Desta vez, essas instituições estão saneadas e mais capitalizadas, o que lhes permite crescer em ativos de risco.

Para a Eleven, as medidas adotadas até agora pelo Banco Central são fundamentais para manter a estabilidade do sistema financeiro nacional e prover liquidez aos bancos pequenos e médios e empresas.

Os analistas afirmam que as medidas devem ajudar a conter a alta da inadimplência nos próximos seis meses. Entretanto, a deterioração do risco de crédito será maior caso a crise de alongue.

“O que vemos hoje é um cenário muito indefinido diante das incertezas quanto à magnitude da crise do coronavírus no mundo e seus desdobramentos sobre os bancos e a economia real. Novas turbulências continuarão ocorrendo, persistindo a alta volatilidade nos mercados e o engessamento do crédito global”, aponta o relatório.

“Em um cenário otimista, esperamos que a partir do quarto trimestre, caso essa pandemia já esteja controlada, a atividade econômica volte a crescer e a capacidade de pagamento das empresas e famílias volte a se regularizar”, destacam os analistas.

De acordo com eles, os bancos sairão da crise mais fragilizados e menos rentáveis, o que levará o movimento de fusões e aquisições a se intensificar. “Alguns desses bancos menores poderão ser comprados ou obrigados a se retrair em nichos de mercado”, observam.

O Bradesco é o “top pick” da Eleven no setor financeiro. Conforme os analistas, é o banco que apresenta maior nível de provisionamento dentre os grandes, é o que tem maior diversificação de receitas e o que tem a maior exposição ao consignado.

Fonte: Valor Econômico

BB vê pouco reflexo em inadimplência de ação mais arriscada em crédito

Publicado em: 22/11/2018


O vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos do Banco do Brasil, Márcio Hamilton Ferreira, disse nesta quarta-feira que a mudança de mix de linhas de crédito na instituição, com um foco maior para segmentos menos tradicionais e mais arriscados, tem sido feita “sem perder a metodologia de crédito” e, portanto, não deve ter tanto impacto em inadimplência e em provisões.

Desde o início da gestão de Paulo Caffarelli na presidência do Banco do Brasil, a instituição financeira tem focado em elevar o retorno sobre o patrimônio líquido para o mesmo patamar de seus pares no setor privado. Neste caminho, está oferecendo crédito em linhas menos tradicionais, como o crédito pessoal, que tem um risco mais elevado.

“Mudar o mix significa operar com linhas não tão tradicionais quanto operávamos, mas sem perder de vista a metodologia de crédito e a segurança para operar. Passaremos pelos mesmos critérios de crédito”, disse o executivo, durante reunião com analistas e investidores hoje em São Paulo.

De acordo com ele, o índice de inadimplência pode ter um reflexo pequeno dessa nova estratégia, bem como as provisões. “Se temos mais retorno, não há problema ter um pouco mais de provisão.”

Durante o ano de 2018, o Banco do Brasil focou em “limpar” a carteira de crédito, principalmente a de clientes na categoria micro e pequenas empresas, com faturamento anual até R$ 25 milhões. Para 2019, espera que essa carteira cresça em linha com o mercado.

Fonte: Valor Econômico

Inadimplência atinge 63,6 milhões de consumidores no primeiro semestre

Publicado em: 18/07/2018


A inadimplência em todo o país atingiu 63,6 milhões de consumidores – 42% da população adulta brasileira -, ao final do primeiro semestre deste ano, de acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O dado leva em conta brasileiros com o CPF restrito pelo atraso no pagamento de contas.

Em junho, houve crescimento de 4,07% na comparação com o mesmo período do ano passado – o último recuo da inadimplência foi registrado em novembro de 2017 (0,89%). Na comparação entre maio e junho, houve alta de 0,61%, a maior variação positiva desde março deste ano.

Por região, a Sudeste teve crescimento de 9,88% em junho frente ao mesmo período do ano passado. O Nordeste apresentou alta de 4,81% na quantidade de devedores. As variações também foram positivas no Centro-Oeste (2,82%), Sul (2,13%) e Norte (2,02%).

Os estados do Norte concentram, de forma proporcional, o maior número de brasileiros inadimplentes no país, 5,79 milhões de consumidores, que, juntos, somam 48% da população adulta residente. A segunda região com maior número relativo de devedores é o Nordeste, que conta com 17,61 milhões de negativados, ou 44% da população.
Faixa etária

No comparativo por faixa etária, houve queda da inadimplência entre a população mais jovem, mas o número de atrasos aumentou entre aqueles com idade mais elevada. Na faixa dos 18 aos 24 anos de idade, a queda foi de 23,31%, e na faixa dos 25 aos 29 anos, o recuo foi de 5,28%. O maior crescimento no atraso de contas foi observado na população idosa (65 aos 84 anos), com alta de 10,76%. Em seguida estão os consumidores de 50 a 64 anos (7,71%), de 40 a 49 anos (5,58%) e de 30 a 39 anos (2,04%).

As dívidas bancárias, como cartão de crédito, cheque especial, financiamentos e empréstimos, foram as que apresentaram a maior alta em junho, com crescimento de 7,62% na comparação com o mesmo mês de 2017. Em segundo lugar ficaram as contas básicas como água e luz, com alta de 6,69% nos atrasos. A inadimplência com contas de telefone, internet e TV por assinatura aumentaram 3,57%. As compras feitas no boleto ou crediário no comércio foi o único segmento a apresentar queda na quantidade de atrasos, com recuo de 9,24% em junho.

Mais da metade das dívidas pendentes de pessoas físicas, 51%, têm como credor algum banco ou instituição financeira. A segunda maior representatividade fica por conta do comércio, que concentra 18% do total de dívidas não pagas, seguido pelo setor de comunicação (14%). Os débitos com as empresas concessionárias de serviços básicos como água e luz representam 8% das dívidas não pagas no Brasil. Em média, cada inadimplente tem duas dívidas em aberto. A pesquisa utilizou o banco de dados do SPC Brasil e da CNDL, disponíveis nas capitais e interior de 27 estados.

Fonte: Agência Brasil

Bancos públicos devem subir crédito, mas inadimplência segue como risco

Publicado em: 04/10/2017


As carteiras de crédito da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil devem ter alta próxima a 10% em 2018, com quedas maiores nos juros e busca por eficiência operacional. Os possíveis riscos trazidos com o novo governo, porém, limitam a alavancagem.

Apesar de ainda mostrar reflexos da desaceleração de crédito e dos spreads elevados, o balanço da Caixa do segundo trimestre – divulgado ontem – apontou crescimento de 62,8% no lucro líquido do período em relação a igual intervalo do ano passado, de R$ 1,589 bilhão para R$ 2,587 bilhões.

Com alta de 3,5% na carteira de crédito ampliada (de R$ 692 bilhões para R$ 716 bilhões), porém, grande parte do resultado foi proveniente da queda de 27,7% nas perdas (de R$ 6,259 bilhões para R$ 4,560 bilhões), do aumento de 43,4% na venda de ativos (de R$ 196 milhões para 281 milhões) e das receitas com prestação de serviços e tarifas (+11,3%, de R$ 5,578 bilhões para R$ 6,211 bilhões), na mesma relação.

O movimento, por sua vez, foi bastante semelhante ao visto no BB, que mostrou aumento de 47,1% no lucro ajustado no período (de R$ 1,801 bilhão para R$ 2,649 bilhões), somada à queda de 7,6% na carteira de crédito (de R$ 753 bilhões para R$ 696,1 bilhões), alta de 7,3% nas receitas com tarifas e serviços (de R$ 5,886 bilhões para R$ 6,316 bilhões) e recuo de 1,3% nas despesas (de R$ 7,973 bilhões para R$ 7,864 bilhões).

Segundo o analista da Lopes Filho & Associados João Augusto Salles, a melhora gradativa do País, com a taxa básica de juros (Selic) rumando para os 7% ao final de 2017, deve impulsionar uma maior “pretensão por alavancagem”.

“A partir de 2018, a busca será por retomar o crédito e a eficiência operacional. Como a inadimplência tende a melhorar, a premissa é que o recuo nos spreads se intensifique até mesmo por uma questão de competitividade e o volume das operações aumente”, explica o especialista e reforça que a expectativa é que, com isso, a carteiras dessas instituições chegue a um aumento de até 10% no ano que vem.

Apesar de a inadimplência da Caixa ter demonstrado retração de 0,69 ponto percentual no segundo trimestre deste ano frente a igual período de 2016 (de 3,20% para 2,51%), o Banco do Brasil demonstrou aumento de 0,85 ponto percentual na mesma comparação, mesmo sendo excluído um caso específico de pessoa jurídica (de 2,85% para 3,70%).

Segundo o coordenador do mestrado profissional em economia e mercados do Mackenzie, Vladimir Fernandes Maciel, contudo, a tendência para os bancos públicos é de menor exposição ao risco.

“Sem aportes do Estado, a expectativa, agora, é de uma atuação muito mais próxima à lógica de mercado do que de fomento”, pondera.

Em nota, a Caixa informou ao DCI que “a expectativa é de manutenção do volume de crédito e da participação de mercado, direcionando esforços para a melhora contínua na qualidade da carteira”.

Obstáculos

Os especialistas entrevistados, no entanto, afirmam que ao mesmo tempo em que a busca pelos dois maiores bancos públicos do País seja de expansão e alavancagem, o persistente endividamento das famílias e a alta inadimplência podem ser obstáculos, bem como os possíveis riscos de imagem e de mudança na estrutura de gestão das instituições ante a perspectiva de um novo governo a partir do ano que vem.

“O crescimento do crédito depende mais da demanda do que da oferta. Por conta desse cenário, a discussão fica bem gradativa e só tende a ser maior no segundo semestre do ano que vem”, afirma o coordenador do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) Eduardo Coutinho.

“As políticas a serem adotadas no novo governo afetam essas instituições e, principalmente em anos eleitorais e ante o atual cenário político, tanto o risco de imagem quanto o de mudança na gestão, se agravam”, acrescenta Salles.

Fonte : Jornal DCI

Governo pressiona bancos públicos para reduzirem juros

Publicado em: 26/12/2016


A equipe econômica e o Palácio do Planalto começam a pressionar os bancos públicos a iniciar um processo de redução das taxas de juros e fomentar a concorrência com os concorrentes privados. A avaliação é que esse movimento será respaldado pela queda dos juros básicos da economia, principalmente a partir de 2017, quando o Banco Central aumentar o ritmo dos cortes.

Além disso, o governo acredita que os bancos terão os custos reduzidos com ações que serão divulgadas hoje pelo BC, como a desburocratização na obrigatoriedade de cumprimento do depósito compulsório – dinheiro que os bancos são obrigados a deixar no BC remunerado à taxa Selic.

O uso de bancos públicos para ajudar na política econômica recebeu muitas críticas nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, quando Banco do Brasil e Caixa financiaram o aumento do consumo e capitanearam uma queda forçada nas taxas de juros. Uma das consequências dessa estratégia foi o aumento da inadimplência dessas instituições, principalmente na Caixa.

Mas, segundo fontes da área econômica, a redução das taxas de juros que será feita pelos bancos oficiais se diferenciará da que ocorreu em 2012, no governo Dilma, porque desta vez o governo não adotará medidas intervencionistas, como obrigar as instituições a tocar programas que a própria área técnica condenava, a exemplo do “Minha Casa Melhor” – linha destinada a financiar móveis para os mutuários do Minha Casa Minha Vida.

Também está descartada a criação de um programa específico como o “Bom Para Todos”, do Banco do Brasil, que promoveu redução de juros em várias linhas para pessoas físicas no sentido de aumentar o consumo das famílias.

Para um integrante da equipe econômica, os bancos oficiais precisam resolver a equação entre proteger os balanços – ainda mais neste momento em que o Tesouro Nacional não tem como aportar recursos – e evitar que a “seletividade” em ofertar crédito e as altas taxas cobradas prejudiquem ainda mais a retomada da economia e, consequentemente, o próprio setor.

Para o governo, a pressão é importante para obrigar esse movimento e os bancos públicos não podem se furtar a esse papel. “É bom os bancos privados ficarem espertos porque vamos para o jogo”, disse uma fonte do governo.

Balanço
Mas, segundo Roberto Troster, sócio da Troster & Associados, esse tipo de pressão no passado recente aumentou a inadimplência dos bancos oficiais e obrigou as instituições a adotar medidas para limpar o balanço, como a venda de carteiras de crédito podre. “No curto prazo, você dá um gás, mas a conta vem lá na frente”, afirma. “A rentabilidade do sistema está caindo e a margem dos (bancos) estatais está baixa.”

O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, diz que a taxa Selic caiu um pouco, mas o spread cobrado pelos bancos aumentou. “Isso mostra que os bancos não estão querendo emprestar. Nem para reestruturar dívida”, diz.

A Caixa já repassou o corte de 0,25 ponto porcentual da Selic para as taxas dos financiamentos à casa própria e deve acelerar o movimento acompanhando o BC. O Banco do Brasil é mais resistente. O presidente do BB, Paulo Caffarelli, disse, na sua primeira entrevista, ao Estado, que procura aumentar a rentabilidade do banco para patamar semelhante ao dos privados.

De acordo com dados do BC, os bancos públicos não têm as taxas mais baratas em algumas linhas. O Santander, por exemplo, tem os juros mais baixos no financiamento de veículos (1,85%) e crédito pessoal sem desconto na folha de pagamento (4,25%), segundo informações do dia 29/11 a 05/12.

Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,governo-faz-pressao-para-que-bancos-publicos-reduzam-taxas-de-juros,10000095545

50% da carteira do BB no exterior deve migrar para o Brasil

Publicado em: 09/12/2016


O Banco do Brasil espera que 50% da sua carteira de crédito no exterior, que soma R$ 51,5 bilhões, migre para o mercado brasileiro, segundo o presidente da instituição, Paulo Rogério Caffarelli. Essa migração deve ocorrer, de acordo com o executivo, conforme o vencimento das operações.

Caffarelli ressaltou que os não correntistas do BB não terão acesso às linhas do banco no exterior e que a instituição está focada no capital no Brasil. Sobre a venda de ativos fora do País, o executivo disse que não é prioridade do banco neste momento. Ele não comentou sobre a venda da participação do BB no argentino Patagônia.

Em relação à oferta de crédito no próximo ano, o presidente do BB afirmou que espera que seja melhor que em 2016. “A perspectiva da retomada de crédito se dá em função da retomada do crescimento econômico”, disse ele, sem dar mais detalhes, em conversa com jornalistas, após reunião com analistas e investidores.

Afirmou ainda que a queda da Selic se alterou positivamente, com a projeção de um patamar menor para os juros básicos ao final de 2017. Ponderou, contudo, que a crise do País é diferente das demais. Além de mais longa, também é “um pouco mais acentuada”.

Sobre a reestruturação que o BB anunciou na sua rede física, o presidente do banco disse que os ganhos são imediatos e que, somado ao programa de incentivo à aposentadoria, devem gerar reflexo positivo para a instituição no próximo ano.

Questionado sobre eventuais mudanças nas vice-presidências, Caffarelli afirmou que o quadro do banco está completo, mas admitiu que mudanças podem acontecer. Não citou, contudo, nomes.

Aporte do governo

O presidente do Banco do Brasil voltou a afirmar que a instituição não conta com aporte do governo federal e que não venderá ativos core para o banco, como a área de cartões e de administração de ativos de terceiros, para alcançar as regras de Basileia III. “Não vamos fazer IPO da área de cartões nem de administração de recursos de terceiros. O volume que vendemos da BB Seguridade hoje nos faz falta”, destacou ele.

A decisão de não vender ativos core está relacionada, segundo Caffarelli, ao fato de gerarem fluxo futuro para a instituição. Ressaltou ainda que o BB pode se desfazer de negócios que não são core. Não detalhou, porém, nenhum desinvestimento previsto.

De acordo com o presidente do BB, o nível de capital principal de 9,5%, exigido a partir de janeiro de 2019 em meio às regras de Basileia III, será alcançado apenas com a estrutura orgânica do banco. Acrescentou ainda que a instituição trabalha para alcançar o indicador antes mesmo do prazo exigido.

Caffarelli disse que a reestruturação que o banco anunciou na sua rede física e o programa de aposentadoria não visavam evitar um aporte do governo, mas também melhorar a estrutura de capital do banco. Segundo ele, outras ações, como a redução de despesas e de dividendos, estão sendo tomadas. Conforme o executivo, no caso do pay-out, o patamar de 40%, reduzido para 25%, será retomado num futuro, quando o banco se recuperar.

Mencionou também a carteira de crédito no exterior, de R$ 51,5 bilhões, que poderá ser reduzida neste contexto. “A nossa prioridade é capital. O volume de recursos que temos no exterior pode ajudar a melhorar nosso capital. Lá fora, teremos recursos para atender empresas brasileiras clientes”, afirmou Caffarelli, acrescentando que o BB tinha operações que não faziam muito sentido do ponto de vista de rentabilidade e, em alguns casos, junto a empresas que não eram nem clientes do banco.

O presidente do BB ressaltou ainda que o foco é resultado e não market share. Como resultado, acrescentou, a carteira de crédito do banco se reduziu e a instituição, assim como os pares privados, está sendo mais seletiva para emprestar.

Inadimplência

Caffarelli afirmou que a inadimplência ainda pode subir em 2017, mas o banco trabalha com a gestão do indicador para conter a expansão dos calotes. Explicou, contudo, que um eventual deslocamento para cima pode ocorrer, uma vez que o Brasil ainda está em processo de saída da crise.

“Há um volume elevado de empresas com pedido de recuperação judicial e que não voltam a operar. O momento é de desafio, mas o Banco do Brasil segue diligente”, destacou Caffarelli, lembrando que a gestão da inadimplência é uma prioridade de todos no BB.

O vice-presidente de controles internos e gestão de riscos do BB, Walter Malieni, lembrou que o banco atua de maneira pró-ativa no que tange à gestão da inadimplência, com uma postura preventiva.

Em relação às provisões para devedores duvidosos, o vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores do banco, José Maurício Coelho, disse que o pico já ocorreu neste ano e que a tendência é de queda em 2017, como já visto nos dois últimos trimestres. Sobre a queda dos juros, ele afirmou que a expectativa do BB é de impacto neutro no balanço.

Programa de aposentadoria

O Banco do Brasil espera que o programa de incentivo à aposentadoria, que termina em 9 de dezembro, alcance de 9 mil a 10 mil adesões, de acordo com Caffarelli. Até a noite de quinta-feira, segundo ele, o banco já tinha registrado 7,760 mil adesões.

O programa mira, no total, 18 mil colaboradores com mais de 50 anos de idade e mais de 35 anos de INSS. “No ano passado, tivemos a adesão de 5 mil colaboradores. Agora, esperamos que a adesão fique entre 9 mil e 10 mil funcionários”, disse Caffarelli.

Se o BB tiver a adesão de 9 mil colaboradores, a redução de despesas, conforme lembrou o executivo, será de R$ 2,130 bilhões. Se chegar a 10 mil, o montante sobe para R$ 2,232 bilhões.

O Banco do Brasil não considera fazer outro programa de incentivo à aposentadoria além do atual, de acordo com o presidente da instituição. O executivo disse ainda, em reunião com analistas e investidores, que também não está no radar do BB um programa de demissão voluntária.

Ele disse ainda que as duas últimas nomeações para a vice-presidência do BB foram técnicas. Recentemente, entraram para a alta cúpula da instituição Carlos Hamilton, ex-Fazenda e ex-BC, e Tarcísio Hübner, que antes era diretor de distribuição do banco. “A lei das estatais é bastante criteriosa. O BB vem trabalhando com a manutenção de um quadro de pessoas ligadas à atividade financeira e conhecedores dos ramos que vão atuar”, concluiu Caffarelli.

Parceria com Bradesco

Segundo Caffarelli, o Banco do Brasil seguirá com a parceria que tem com o Bradesco na cadeia Elo, respeitando a individualidade de cada. “O Banco do Brasil e o Bradesco são competidores. Vamos dar sequência às várias empresas em que somos sócios, respeitando a individualidade de cada. O desempenho da Cielo mostra como foi importante a parceria com o Bradesco”, explicou o executivo.

Raul Moreira, vice-presidente de negócios de varejo do BB, ressaltou que o foco da parceria com o Bradesco é rentabilidade e eficiência. Destacou ainda que as empresas em que ambos são sócios também passam por um processo de digitalização. A Livelo, programa de fidelidade de BB e Bradesco, por exemplo, já nasceu digital, lembrou.

Moreira citou ainda o Digio, o banco CBSS, mais uma empresa criada em conjunto por BB e Bradesco por meio da Elo Participações (Elopar). A holding também é dona da Alelo, de benefícios, da Stelo, de pagamentos, e da Movera, de microcrédito. Os dois bancos também são acionistas da Cielo e da bandeira de cartões Elo, que tem ainda a Caixa Econômica como sócia.

Fonte: http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/negocios/20161202/diz-que-carteira-exterior-deve-migrar-para-brasil/438370

Com o olho na rentabilidade, BB descarta cortar juro logo

Publicado em: 02/12/2016


Para tentar reverter o longo ciclo de queda da rentabilidade, o Banco do Brasil vai concentrar esforços nos próximos trimestres no controle de custos administrativos e na redução das despesas com provisões para calotes. Corte de juro, por enquanto, nem pensar.

“Não estamos satisfeitos com a rentabilidade que temos hoje”, disse nesta quinta-feira o diretor financeiro e de relações com investidores do banco, Maurício Coelho, ao comentar os resultados do terceiro trimestre.

Como resultado da decisão de anos atrás de atender o pedido do governo federal, seu controlador, de ampliar a oferta de crédito na fracassada tentativa de reanimar a economia, o BB tem agora enfrentado perdas crescentes com calotes.

Como resultado, a rentabilidade sobre o patrimônio, que mede como os bancos remuneram o capital do acionista, foi de 9,6 por cento no terceiro trimestre, queda de 4,6 pontos percentuais sobre mesma etapa do ano passado. Assim, o BB piorou pela segunda vez no ano a previsão de rentabilidade em 2016, de 9 a 12 por cento para 8 a 10 por cento.

“Nossa meta é nos aproximarmos de índices de rentabilidade mais próximos aos de nosso rivais privados”, disse Coelho, mas sem apontar quando isso poderá acontecer.

Para comparação, o índice do Bradesco no terceiro trimestre foi de 17,6 por cento, enquanto o do Itaú Unibanco chegou a 19,9 por cento.

Em relatórios, analistas, na maioria, consideraram o balanço do terceiro trimestre do BB construtivo, uma vez que a despesa com provisão para calotes já caiu em relação ao trimestre anterior, o que ajudou o lucro a ficar acima da previsão média.

“Os números do trimestre sugerem que o pior em termos de provisões ficou para trás”, escreveram os analistas Eduardo Nishio e Marcelo Atallah, do Brasil Plural.

Simultaneamente, o BB teve maiores margens com crédito, mesmo num período de contração dos empréstimos, significando que repassou aos tomadores taxas de juros mais altas.

E os executivos sinalizaram que esse rumo não será revertido tão cedo, mesmo com o início do ciclo de corte da taxa básica de juros pelo Banco Central no mês passado.

“Além da queda da Selic, é preciso uma melhora da percepção de risco”, disse Coelho a jornalistas durante apresentação dos resultados do BB referentes ao terceiro trimestre.

Em outubro, o BC cortou a Selic de 14,25 para 14 por cento ao ano, primeira redução em quatro anos.

De acordo com Coelho, a demanda por crédito seguirá fraca no último trimestre deste ano e os níveis de inadimplência do banco só vão parar de subir ao longo de 2017.

A despeito da ênfase declarada dos executivos do banco na melhora da rentabilidade e de uma recepção majoritariamente positiva de analistas, os investidores não mostram a mesma leitura. Num dia bastante negativo da bolsa paulista, às 17:28, a ação do BB caía 5,5 por cento, mais que a queda de 2,4 por cento do Ibovespa no mesmo horário.

Fonte: http://exame.abril.com.br/negocios/como-olho-na-rentabilidade-bb-descarta-cortar-juro-logo/

Despesas do BB com provisão deve fechar 2016 perto do máximo

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O Banco do Brasil (BB) acredita que vai encerrar o ano com despesas de provisão para devedores duvidosos perto do topo da projeção apresentada pelo banco. O BB espera que as despesas de provisão representem entre 4% e 4,4% do portfólio classificado de crédito. Em nove meses até setembro, o indicador ficou em 4,4%.

“A tendência é ficar perto do topo do ‘guidance’ de provisão no fim deste ano”, disse nesta sexta-feira Bernardo Rothe, gerente-geral de relações com investidores, em teleconferência com analistas. Na opinião dele, parte disso é “efeito de denominador”, uma vez que há queda na carteira de crédito do banco.

“Para o ano que vem, há expectativa que a melhora gradual do risco de crédito se reflita em provisão, à medida que economia começar a melhorar”, disse.

Segundo Rothe, o banco público ainda vê espaço para continuar reprecificando sua carteira de crédito nos próximos trimestres, uma vez que cerca de metade do portfólio atual foi originada após 2015. Esse espaço de reprecificação continuará tendo efeitos positivos sobre a margem do banco, mas vai depender do nível de competição bancário, afirmou.

No que se refere às rendas com tarifas, Rothe acredita que a receita tende a ser mais robusta no quarto trimestre do que no terceiro. Segundo o executivo, o período de julho a setembro teve uma série de fatores atípicos sobre esse indicador, incluindo férias, Olimpíada e a greve dos bancários.

Renegociações

O banco público afirma que não seria surpreendente um aumento do volume de renegociações no próximo trimestre, depois da expressiva queda registrada entre julho e setembro. “O volume de renegociações deve seguir o fluxo da economia”, disse Rothe.

O executivo afirmou que, ao longo do tempo, com a recuperação da economia, a participação da carteira de renegociação no portfólio total de crédito do banco deve cair para próximo do patamar histórico.

Rothe também reforçou a expectativa de aumento gradual no índice de capital de melhor qualidade do banco. Segundo ele, os indicadores de capitalização vão continuar a melhorar com a queda da carteira de crédito do BB e a esperada melhora gradual dos resultados da instituição financeira.

Rentabilidade versus “market share”

Após ser questionado por analista sobre a estratégia da instituição, Rothe afirmou que o BB está focado em rentabilidade, não em aumentar a participação de mercado.

Na opinião dele, o comportamento da participação de mercado da instituição pública, que passou os últimos anos em alta, vai depender do comportamento da demanda. “Mesmo assim, o foco não é ‘share’ é rentabilidade”, disse.

Rothe voltou a afirmar que o banco espera melhora gradual da rentabilidade, com aumento de margens e de receitas com tarifas, ao mesmo tempo em que mantém custos sob controle. “Não vou dar uma visão de longo prazo, mas a nossa rentabilidade vai ter melhora gradual ao longo do tempo”, disse.

Sem novas agências

Caso perca o direito de usar o canal do Banco Postal, que reúne os postos dos Correios, o BB não pretende abrir novas agências. “Não há necessidade de abrir agências se não mantivermos esse canal”, disse Rothe.

Os bancos interessados têm até esta sexta-feira para entregar propostas aos Correios pelo canal. Rothe não quis comentar se o banco público entregaria uma proposta.

Os Correios irão abrir as propostas na segunda-feira.

Ontem, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou não ter interesse pelo canal. “Nós sempre analisamos o edital pra ter uma curva de aprendizado, mas isso não denota uma decisão de participar [do leilão]”, disse, a jornalistas. “Hoje nós temos uma franquia de distribuição q está em 100% dos municipios e o HSBC complementou a nossa rede.”

Fonte: http://www.valor.com.br/financas/4774139/bb-despesas-com-provisao-devem-fechar-2016-perto-do-maximo-previsto

Bancos indicam que reação do crédito deve ser comedida

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O balanço consolidado dos nove primeiros meses do ano dos cinco maiores bancos é um bom retrato de onde o crédito empacou e por quais motivos. Ele sinaliza ainda que a retomada das concessões de recursos será comedida e lenta, confirmando a avaliação de que o crédito não será o motor da recuperação econômica, como foi em outros anos.

Os dados divulgados pelo Banco Central (BC) já indicavam a queda do crédito nos nove primeiros meses deste ano na comparação com igual período de 2015. No fim de setembro, a carteira consolidada de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 3,1 trilhões, 1,7% abaixo do mesmo mês no ano passado, mais do que o dobro da queda de 0,6% em 12 meses acumulada em agosto. Neste século, nem mesmo durante a crise internacional de 2007, o crédito chegou a encolher em termos nominais. No ano passado, já em recessão, a carteira consolidada cresceu 6,6%, sendo 3,7% nas operações com recursos livres, sem influência das políticas expansionistas do governo.

Nos cinco maiores bancos, que concentram 87% do crédito total, a situação está pior do que a média aferida pelo BC. A carteira consolidada desse pelotão de elite somava R$ 2,7 trilhões em setembro, 6,9% abaixo dos R$ 2,9 trilhões de um ano antes. Do grupo, apenas a Caixa registrou aumento da carteira de crédito no período analisado, de módicos 5%. Nos demais bancos, a queda variou de 6,3% no Santander, 6,8% no Bradesco (sem o HSBC), 6,9% no Banco do Brasil até 11,5% no Itaú Unibanco (sem o Corpbanca). O Banco do Brasil já prevê que o ano vai fechar com um recuo que pode chegar a 9%, em contraste com a expectativa anterior que ia de um ligeiro aumento de 1% da carteira a uma contração de 2%.

A justificativa apresentada pelos bancos para o pé no freio do crédito foi uníssona: a inadimplência elevada e o recuo da demanda, consequências do cenário desfavorável. De fato, a inadimplência cresceu nesses bancos em linha com a média do sistema, que registrou aumento de 3,1% em setembro de 2015 nos atrasos acima de 90 dias, para 3,7% em setembro passado. Apenas o Bradesco extrapolou a média, chegando a 5,2%. As dificuldades foram registradas entre as grandes empresas e também as pessoas físicas.

Por precaução, os bancos estão se concentrando nas linhas mais seguras. O Bradesco foca o crédito consignado e o imobiliário, com garantias reais; o Itaú, no consignado e no cartão de crédito. Na Caixa, onde a inadimplência é baixa, predomina o financiamento imobiliário. Mais do que isso, porém, os bancos elevaram os spreads, mesmo com a expectativa de corte da taxa básica de juros. O levantamento do Banco Central mostra que a taxa média do crédito com recursos livres estava em 53,4% em setembro, com aumento de 7,2 pontos em 12 meses, período em que o spread subiu quase 5 pontos. Essa postura defensiva contribuiu para amortecer a queda dos lucros dos bancos, que ainda assim foi de significativos 27,1% na média dos cinco maiores bancos.

Há o sentimento de que o pior ficou para trás. Os atrasos entre 15 e 90 dias, considerados indicadores antecedentes da inadimplência, mostram, melhoria em algumas instituições. Mas nem todos estão otimistas. O Bradesco prevê que a inadimplência pode subir um pouco mais neste último trimestre do ano, para estabilizar ao longo de 2017. O Banco do Brasil espera o pico da inadimplência em 2017. O Itaú prevê o crescimento moderado do crédito em 2017, em consonância com uma redução do risco. O Bradesco arrisca a previsão de que o crédito vai crescer 5% no próximo ano, praticamente empatando com a inflação projetada para o período em 4,93% pela pesquisa Focus. Como disse o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, “estamos no fundo do poço, mas o pior já passou. Deixamos de piorar. Os indicadores de confiança sinalizam a retomada e certamente teremos um ambiente mais auspicioso para o setor bancário”.

No entanto, o próprio endividamento elevado de empresas e famílias emperra a retomada do crédito e a capacidade de recuperação da economia. Além disso, a capacidade ociosa das empresas reduz também a demanda por crédito. Números do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que a dívida do setor privado saltou de quase 41% do PIB em 2008 para 68,5% do PIB em 2015, levando em conta famílias e empresas não financeiras (Valor 9/11).

Fonte: http://www.valor.com.br/opiniao/4776975/bancos-indicam-que-reacao-do-credito-deve-ser-comedida

Diretor do BB diz que inadimplência na alta renda é menor

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As condições gerais de crédito custam a apresentar alguma melhora, mas a fonte não seca para um grupo de mais alta renda que, pelo bom histórico de pagamento, está sempre na mira dos bancos. Enquanto as concessões gerais do crédito direto ao consumidor caíram 8,3% nos 12 meses até setembro, o varejo de alta renda – atendido por meio de bandeiras como Personnalité, Prime, Premier, Estilo, Van Gogh e Select – segue recebendo ofertas de crédito, muitas vezes de maneira bastante insistente, por diferentes canais.

É um tipo de abordagem comum, dizem especialistas, mas que se acentua em cenário de risco elevado, no qual o bom histórico de pagamento da alta renda fala mais alto e favorece o grupo. O Banco Central não abre as informações sobre inadimplência por faixas, mas um exemplo do que ocorre em algumas linhas de crédito do Banco do Brasil (BB) ilustra bem esse movimento.

No cheque especial, por exemplo, enquanto o índice de inadimplência do banco está ao redor de 7%, entre os clientes com renda acima de R$ 8 mil não chega a 1%, diz Edmar Casalatina, diretor de empréstimos e financiamentos do Banco do Brasil. No consignado, a inadimplência está em 1,3% na linha geral. Para esse público, ela cai para 0,7%.

Para João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, a inadimplência nas faixas mais baixas de renda está mais elevada, especialmente em razão do desemprego. Como os gerentes de banco continuam sendo extremamente cobrados para engordar a carteira, acabam voltando suas baterias à alta renda. “O banco refuta a base da pirâmide e faz estratégia agressiva na outra ponta”, afirma.

Mesmo tendo vendido suas operações de varejo para o Itaú e aguardando apenas a chancela do regulador ao negócio, o Citibank entrou outubro com ofertas agressivas de crédito pessoal. Para um cliente com renda mensal a partir de R$ 10 mil, os valores chegavam a R$ 50 mil ou R$ 60 mil. Tudo em 48 meses, ou dez meses acima da média registrada pelo crédito pessoal geral, segundo o BC.

O Valor teve acesso a propostas com taxas de juros de 3,9% ao mês, ou taxa efetiva de 63,72% ao ano. O percentual fica muito abaixo da taxa média cobrada em empréstimo pessoal feito com recursos livres que, segundo o BC, subiu quase três pontos percentuais de agosto para setembro, chegando a 135,1% ao ano – de longe, a maior da série histórica iniciada em 2011.

Um pouco antes do Dia das Crianças, o Bradesco oferecia uma linha especial a seus clientes Prime reforçando a ideia de “tornar a data inesquecível”. Um deles, recebeu uma oferta, por mala direta, de um limite de crédito pessoal capaz de marcar o dia de não uma, mas de várias crianças. O folheto oferecia R$ 24,8 mil e indicava que as condições do empréstimo precisavam ser consultadas na agência ou por telefone – algo que o cliente não fez.

Bastante agressivo, o Santander tem buscado convencer os seus clientes de alta renda, especialmente por telefone, a aceitar ofertas que chegam a R$ 100 mil. A insistência do banco tem incomodado parte dos clientes que, na tentativa de se desvencilhar da oferta, não querem nem ouvir as condições do empréstimo. “Sinto que meu banco tenta me pegar pelo braço. Aperto o botão para sacar R$ 100 e tem R$ 30 mil disponíveis para mim”, conta uma fonte.

Os bancos se defendem dizendo que, mesmo em um cenário difícil, não deixam ninguém, nem mesmo os clientes de menor renda, na mão. “Não fizemos nenhuma restrição quanto à renda”, diz Casalatina, do BB. Segundo o executivo, o que existe são taxas de juros diferenciadas para clientes que têm grau de relacionamento maior com o banco, o que é comum no mercado.

Cássio Schmitt, diretor de produtos de créditos e recuperação para pessoa física do Santander, explica que o banco tem mantido e estimulado o crédito independentemente da faixa de renda, após um período de ajustes internos no segmento. A taxa de inadimplência da carteira de pessoa física, diz Schmitt, saiu de 7% em 2012 e hoje está em 4,5%.

Schmitt reconhece que o banco faz aproximações com clientes sem que tenha sido provocado, mas diz que boa parte das ofertas tenta, na verdade, detectar as vontades do público. “Se o cliente faz a cotação de crédito em um dos nossos canais faz mais sentido ofertar para ele”.

Segundo o executivo do Santander, o objetivo é retomar de uma maneira que chama de “consciente” as ações de estímulo ao crédito, em especial os menos voláteis, como o imobiliário ou com garantia de imóvel ou veículo. O balanço do terceiro trimestre banco sinalizou melhora do crédito nessas linhas.

No geral, as condições de crédito pessoal com recursos livres pioraram de uma maneira significativa nos últimos dois anos. Uma olhada mais atenta aos números mostra, porém, que os juros subiram bem mais rápido do que os atrasos. Enquanto a inadimplência subiu pouco mais de dois pontos, de 7,24% em setembro de 2104 para 9,61%, os juros cobrados ao ano saltaram quase 40 pontos, de 96% para 135,1%.

Salles, da Lopes Filho, avalia que a inadimplência só não é maior porque os bancos estão empenhados em renegociar dívidas e repactuar o crédito para outras linhas mais baratas, como o consignado privado. Mas a retomada das operações deve ficar para o segundo trimestre do ano que vem. “Os bancos têm abundância de recursos e querem emprestar, mas a demanda está muito reprimida. Não vemos melhoria no curto prazo”.

Fonte: http://www.valor.com.br/financas/4765029/oferta-de-credito-alta-renda-vira-estrategia