Reestruturação do BB: confusão é geral com os planos PAQ e PDE

Publicado em: 22/01/2021

Luciano Stangherlin*

É isso mesmo. Um novo plano de restruturação no Banco do Brasil foi apresentado e, para complicar e deixar os funcionários na maior indecisão, foram lançados dois (por falta de um), visando diminuir o quadro em até 5 mil trabalhadores. Não bastasse a pressão e o assédio que os funcionários da ativa hoje sofrem por causa das metas cada vez maiores impostas de cima para baixo, o BB divulgou no dia 11 de janeiro, e implementou já no dia seguinte, a uma nova reestruturação, com o objetivo de fechar mais de 300 postos de trabalho entre agências, postos de atendimento e demais unidades. Além disso, demonstrou o interesse em enxugar o quadro funcional e para isso lançou mão do Programa de Adequação de Quadro (PAQ) e o Programa de Desligamento Extraordinário (PDE). Cada um deles com regras específicas.

No PAQ, como o próprio nome diz, a instituição procura adequar as unidades que possuem “excesso” de quadro funcional. Então, podemos entender que funcionários interessados em sair do BB, que estejam em lotações com quadro em excesso, devem optar preferencialmente por esse programa. Já no PDE independe de excesso, todos os funcionários que atingirem a pontuação mínima de 10 pontos calculados sobre o tempo de serviço, tempo de banco, idade, entre outros (não vou detalhar a fórmula aqui por ser bastante minuciosa), podem se inscrever.

Lembrando que os funcionários serão desligados em ordem de pontuação. Quanto maior a pontuação, maior a classificação para ter a sua adesão validada. Ocorre que algumas comissões têm um multiplicador bem maior que outras. Vê-se que nesse programa a prioridade é dada para escriturários e caixas, sendo que os gerentes já ficam com um multiplicador bem baixo, prejudicando o resultado final da pontuação.

Para completar todo esse imbróglio, associados relataram à AGEBB que no dia em que se abriu a opção para se inscrever no plano de desligamento, por exemplo, um gerente de relacionamento tinha no PAQ um valor bem mais atrativo que no PDE e que dias depois o BB alterou o cálculo neste programa, incluindo uma “complementação de aposentadoria” para os egressos de bancos incorporados (Banco Nossa Caixa, por exemplo), valores que não foram incluídos no PAQ.

Então, um gerente de relacionamento que fez a adesão logo no primeiro dia no PAQ agora se vê completamente perdido com a mudança no valor do PDE. E mais, se excluir sua opção do PAQ e incluir no PDE, além de correr o risco maior de não conseguir ter a sua adesão validada por causa da baixa pontuação dessa comissão no sistema de classificação, ainda é penalizado na preferência em caso de empate, pois o programa para desempate leva em conta também o fator referente a data e horário da adesão. Quem se inscreveu antes tem prioridade no desempate. Seria cômico se não fosse trágico!

Perguntamos: o que fazer em uma situação dessas? E perguntamos mais: por que o BB não assumiu de vez seu compromisso quando da incorporação do Banco Nossa Caixa com relação ao plano de saúde dos egressos daquela instituição? Sem contar que um plano do Economus hoje está bastante caro para o aposentado, que terá seus proventos reduzidos, conseguir manter.

Estamos de olho…

*É membro do Conselho Deliberativo da Associação dos Gerentes do Banco do Brasil (AGEBB)

Artigo: Nosso Economus continua a nos surpreender

Publicado em: 20/11/2020

Francisco Vianna de Oliveira Junior*

Instituído em 1989 para prover assistência médica aos aposentados do Grupo B (empregados admitidos até 13/05/1974 pela CLT) e do Grupo C (empregados admitidos após 13/05/1974 pela CLT), o Fundo Economus de Assistência Social (FEAS) está cambaleando. Aliás, com tristeza, temos acompanhando notícias pessimistas acerca de seu futuro. Desde 2017, por exemplo, os estudos atuariais têm demonstrado a aproximação do cenário de esgotamento dos recursos, que hoje subsidiam os planos de saúde Feas Pamc, Feas Básico e Novo Feas, levando em consideração o atual modelo de custeio, o perfil da população assistida, bem como o comportamento da inflação médica.

Mas, efetivamente nosso Economus continua a nos surpreender. E de forma negativa, como tem sido registrado ultimamente, seja na previdência ou na assistência. Agora se avizinham novos golpes aos já combalidos participantes dos Planos de Assistência Médica, com o reajuste do índice de contribuição, que passará de 8% para 15,95% a partir de janeiro de 2021, e a criação do novo plano Economus Futuro. E o que vemos? Silêncio mortal da parte do patrocinador, o Banco do Brasil (BB), que deveria assumir parte de sua responsabilidade. Até agora, porém, temos uma omissão total.

A falta de respeito e entendimento são flagrantes, não se negocia mais nada, existem apenas imposições, e das mais descabidas, diga-se de passagem. A pergunta que fazemos é: qual a dificuldade do BB em simplesmente cumprir a legislação?

Os representantes do Economus, preocupados em tão e somente não incomodar os diretores responsáveis pelas entidades patrocinadas, pouco fazem pelos participantes. Temos claro a importância da Previ e Cassi, mas relegar a segundo e terceiro planos o Economus e demais entidades representativas dos bancos incorporados chega a ser vergonhoso. A isonomia de direitos e deveres entre os empregados de empresas é pilar que suporta a equidade entre os diversos públicos de colaboradores.

Qual a dificuldade de se oferecer a possibilidade do empregado incorporado, que assinou o Plano de Cargos e Salários (PCS), optar pelos benefícios oferecidos aos demais colaboradores do conglomerado?

Aprovado pelo Conselho Deliberativo do Economus há mais de cinco anos, o “novo” estatuto, até o presente, está servindo de almofada a vai saber quem. O tempo urge, já não temos mais. O que se observa é a paciência, aguardando que desapareçamos simplesmente.

Não nos interessa ações judiciais, pois sabemos como e quando começam, mas impossível saber quando e como terminam. Queremos ações efetivas que preservem o mínimo dos direitos em relação à saúde e previdência dos incorporados. É lei, legal.

*É presidente da Associação dos Gerentes do Banco do Brasil

Descubra como ser feliz no novo normal pós-pandemia

Publicado em: 09/10/2020

Meiry Kamia*

Desde o surgimento da internet já estávamos habituados a ouvir que as mudanças trazidas pela tecnologia seriam constantes em nossas vidas, porém ninguém estava preparado para uma reviravolta tão abrupta como essa trazida pela pandemia. E por que é tão difícil lidar com a incerteza?

Nós, seres humanos, somos naturalmente inseguros. Tememos o desconhecido, o diferente, o que não temos controle e o que não conseguimos explicar. Como mecanismo de defesa, criamos as rotinas. A repetição diária dos padrões gera a sensação de conforto e estabilidade emocional, permitindo que nosso cérebro fique livre para solucionar problemas e criar novas ideias.

Isso também explica por que seja tão difícil mudar hábitos e sair da zona de conforto, pois existe esse apego biológico e psicológico por detrás dessa sensação de segurança.

Mudanças bruscas geram desconforto porque acionam nossos mecanismos de sobrevivência, nos colocam em estado de alerta/estresse permanente até que a ameaça desapareça. O problema ocorre quando a ameaça, ou percepção de ameaça, não desaparece. Estados de estresse estendidos por mais de um mês podem levar a disfunções de ordem física e mental.

Aparentemente, o “novo normal” inclui aprender a conviver com a ameaça do vírus e a ameaça econômica por tempo indeterminado. Sendo assim, a pergunta é: Como conviver com as ameaças e as incertezas sem adoecer?

Separei cinco dicas práticas para você aplicar no seu dia a dia para diminuir o estresse, trazer qualidade de vida e aumentar os estados de felicidade em meio às incertezas. Vamos a elas:

1) Controle o que é possível e abra mão do impossível: Evite discutir assuntos dos quais você não tem controle. Ficar nervoso(a) com a política, governantes, com a intolerância das pessoas, etc, não resolverá o seu problema, ao contrário, apenas aumentará seu nível de estresse. Foque a atenção em coisas que você controla, mesmo que seja apenas arrumar o seu armário.

2) Planeje o dia: Você não pode controlar a economia mundial, mas pode planejar o seu dia. Trabalhe com uma agenda e distribua atividades úteis e positivas que envolvam: exercícios físicos, trabalho profissional, cuidados com a família, leitura de livros, etc.

3) Contabilize ganhos invisíveis: Toda situação difícil tem o seu aprendizado. A pandemia nos ensinou o consumo consciente, possibilitou ações de colaboração social aproximou as famílias, nos fez repensar a vida, etc. Escreva em sua agenda: Que lições estou tirando disso tudo?

4) Aceite sua vulnerabilidade: Humildade é a virtude a ser trabalhada no momento. A humildade nos lembra que somos todos iguais, independente dos recursos materiais. A lição do momento é rebaixar o nosso orgulho e prepotência, aceitar nossa humanidade, fragilidade, limitações, para podermos desenvolver a cooperação, a colaboração, a humanidade, a fraternidade. Peça e ofereça ajuda, saiba que não está só e diga isso aos seus semelhantes: ninguém está sozinho.

5) Exercite a gratidão: Faça uma lista de pessoas e coisas que você tem em sua casa e na sua vida, e agradeça de coração a cada uma delas. A gratidão acalma o coração, diminui o medo da escassez, dá conforto emocional, e nos ajuda a viver de modo pleno um dia de cada vez.

Enfim, o novo normal nos convida a olharmos para o que é realmente importante. Quando a vida nos tira ou limita os recursos materiais, não é por castigo, mas apenas uma forma de nos lembrar o que é verdadeiramente importante.

Os verdadeiros tesouros da vida não podem ser comprados em lojas porque são imateriais, imperecíveis, não têm preço e devem ser lapidados por cada ser humano, são eles: Humildade, coragem, paciência, tolerância, justiça, força de vontade, perseverança, fé, esperança, etc. Quem tem como propósito o desenvolvimento das virtudes humanas, está apto para viver em qualquer “novo normal”.

*É palestrante motivacional, psicóloga, teóloga, mestre em Administração de Empresas, além de autora dos livros “Motivação sem Truques” e “Pílulas Mágicas para o Sucesso”

Obrigação do BB com a Cassi está no estatuto: 4,5% sobre salários e aposentadorias

Publicado em: 06/11/2019

Temos lido alguns comentários equivocados sobre as consequências da classificação “BD” dada ao Plano Associados da Cassi pelo banco em seu balanço. Argumentam que essa classificação obrigaria o banco a cobrir 60% do custo da Cassi, inclusive no caso de déficit. Essa tese não tem amparo na legislação nem no estatuto da Cassi. O banco é obrigado a cumprir com suas obrigações estatutárias. Qualquer aporte adicional, terá de ser negociado, acordado e previsto estatutariamente.

O Estatuto da Cassi determina que as contribuições do banco estão limitadas a 4,5% sobre salários e benefícios de aposentadoria e as dos associados, limitadas a 3% (artigos 16 e 17). O artigo 25 estabelece que o banco pode cobrir eventuais insuficiências financeiras, somente na forma de “adiantamento de contribuições”, ou seja, valores que terão de ser devolvidos pela Cassi. Quem ler e reler o Estatuto de cabo a rabo não encontrará nenhum artigo que obrigue o banco ou os associados a cobrir déficits do plano de saúde.

A legislação de saúde suplementar também não obriga o banco ou os associados a cobrir déficits ou insuficiências do plano. Confira o que diz o artigo 24 da Lei 9656: “Art. 24 – Sempre que detectadas nas operadoras sujeitas à disciplina dessa Lei insuficiência das garantias do equilíbrio financeiro, anormalidades econômico-financeiras ou administrativas graves que coloquem em risco a continuidade ou a qualidade do atendimento à saúde, a ANS poderá determinar a alienação da carteira, o regime de direção fiscal ou técnica, por prazo não superior a trezentos e sessenta e cinco dias, ou a liquidação extrajudicial, conforme a gravidade do caso.” Conforme prevê a legislação, a diretora fiscal nomeada pela ANS na Cassi encerrou seus trabalhos no final de outubro deste ano e determinou à Diretoria da entidade que apresentasse um

Programa de Saneamento. Não mandou o banco ou os associados cobrirem o déficit ou aumentar suas contribuições, mas apenas que a Cassi encontre uma solução para o equilíbrio financeiro.

A solução foi negociada com o banco, revista pelas entidades representativas, diretoria e conselho deliberativo da Cassi e será levada a votação neste mês.

Percebemos que há colegas querendo aplicar, na Cassi, a legislação de previdência complementar que rege a Previ. A Previ é regida pelas leis complementares 108 e 109, que determinam a cobertura de déficits pelo patrocinador BB e pelos participantes, na proporção de suas contribuições normais (artigo 21, da Lei Complementar 109). Já a Cassi é regida pela legislação de saúde suplementar, e essa não determina a cobertura de déficits nem estabelece qualquer proporção contributiva entre patrocinador e associado. Ao contrário – se o dinheiro não for suficiente para cobrir as despesas, a solução prevista em lei é a liquidação extrajudicial ou a alienação da carteira.

A Previ tem de provisionar a reserva suficiente para pagar todos os benefícios atuais e futuros. A Cassi, não. Planos de saúde suplementar arrecadam contribuições e pagam despesas de imediato, com o dinheiro arrecadado no mês anterior.

As únicas provisões obrigatórias da Cassi são as destinadas a cobrir eventos de curto prazo e margem de solvência. A legislação (Resolução Normativa 393, da ANS) determina fazer provisões para pagar eventos já ocorridos e avisados (PEL) e eventos ocorridos e não avisados (PEONA), ou seja, internações, consultas, exames que os associados já realizaram e ainda não foram quitadas. Em dezembro de 2018, essas duas provisões eram de R$ 500 milhões no Plano Associados e suficientes para a cobertura de 2 meses de despesas. A Cassi também deve provisionar recursos para pagar despesas não previstas, a chamada Margem de Solvência (Resolução Normativa 209, da ANS), que não está provisionada e atinge R$ 520 milhões, segundo divulgou o Presidente da Cassi. A Cassi terá de conseguir recursos para cobrir a Margem de Solvência, por determinação da ANS.

Resumindo, não há nenhuma linha, artigo ou parágrafo na legislação ou no estatuto que obrigue associados ou banco a cobrir déficit, aumentar as contribuições ou fazer novos aportes, qualquer que seja a proporção entre associados e banco. Quem fala o contrário, nem sequer consultou legislação ou estatuto. A lei e o estatuto obviamente serão essenciais para subsidiar qualquer demanda ou sentença judicial, pois o Judiciário os tomará por base para proferir qualquer julgamento.

O acordo negociado com o banco e que será submetido à votação de 18 a 28 de novembro não é o acordo dos sonhos de nenhum associado. No entanto, é o acordo que foi conseguido pela pressão e negociação de todas as entidades representativas, numa conjuntura em que o

Governo não mede esforços para destruir direitos conquistados há décadas pelos trabalhadores, como foi o caso da reforma trabalhista e da reforma da previdência.

Sem acordo, o banco voltará a pagar somente 4,5% a partir de janeiro, a Cassi perderá 20% de suas receitas e não terá dinheiro para pagar todas as contas, restando somente a trágica solução de reduzir direitos, cortar convênios, aumentar coparticipação e outras medidas que prejudicarão somente aos associados.

José Ricardo Sasseron, aposentado, ex-diretor da Previ, ex-presidente da Anapar

João Luiz Fukunaga, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

Salim Mattar precisa repensar o “emagrecimento” do BB, diz ex-ministro Maílson da Nóbrega

Publicado em: 06/02/2019

Maílson da Nóbrega*

O jornal Valor mencionou um “descompasso” nos discursos do secretário de Desestatização e Desinvestimento, Salim Mattar, e o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes. O primeiro declarou que permanecerão estatais a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, mas “muito magrinhas”. O segundo afirmou que o banco não se desfaria das “joias da coroa”, o que inclui particularmente os cartões de crédito.

Creio que prevalecerá a opinião de Novaes. De fato, o banco se tornou o principal emissor de cartões de crédito graças à sua extensa rede de agências em todo o território nacional. A venda da área dessa área dificilmente seria atrativa sem a ligação com o BB. É preciso considerar, além disso, as razões pelas quais essa área foi criada.

O BB deteve, durante anos, o acesso automático a recursos no Banco Central, via “conta de movimento”. Por isso, suas atividades se limitavam basicamente ao crédito. O BB não seguiu a estratégia de conglomeração dos grandes bancos brasileiros, pois não precisava competir com eles por recursos e clientes.

Com o fim da “conta de movimento” em 1986 e já que não seria possível cogitar da extinção do BB, restou ao governo a alternativa de autorizá-lo a atuar em todas as áreas do sistema financeiro. O BB foi capitalizado para livrar-se do efeito de “esqueletos” dos velhos tempos e para dispor de uma estrutura de capital consentânea com a nova realidade.

O BB modernizou-se, reduziu seu quadro de pessoal, promoveu uma reestruturação interna, investiu na formação de quadros qualificados e se lançou à criação de subsidiárias para competir à altura com seus concorrentes. Foi uma revolução que transformou radicalmente o velho Banco do Brasil.

Ora, vender suas subsidiárias lucrativas, como a dos cartões de crédito, seria um contrassenso, pois a perda de rentabilidade poderia reduzir a capacidade do BB de prestar serviços ao governo, principalmente na área de crédito rural.

Chegará o dia da privatização do BB, mas isso não ocorrerá em futuro previsível. Seu “emagrecimento” neste momento teria o efeito negativo adicional de reduzir sua atratividade para o setor privado.

A soma das partes do BB é maior do que o seu todo. Por isso, é provável que Mattar venha a ter que refazer sua declaração quanto ao “emagrecimento” do banco.

Fonte: Blog de Maílson da Nóbrega em Veja.com

Artigo: Na velocidade da inovação, como serão os bancos em de dez anos?

Publicado em: 31/01/2019

Mário Dias*

A indústria financeira vem mudando a passos largos e todos os dias surgem mudanças. No passado, uma das métricas para um banco ser considerado importante era a quantidade de agências – esse fator era tão relevante que o gerente era uma das pessoas mais influentes na cidade. Hoje, em função dos diversos canais de relacionamento com os bancos, não é preciso mais ir às agências físicas e, consequentemente, nem sabemos quem é nosso gestor.

A dinâmica de relacionamento com os bancos muda drasticamente a uma velocidade incrível. Como então manter uma relação pessoal com os clientes? E a presencial? Um dos caminhos que os bancos estão implementando foi debatido em painéis no CIAB 2018. Grandes instituições estão transformando diversas agências em uma espécie de “Starbucks”, com wi-fi e espaço para coworking, além de manter também locais para consultoria, com atendimento presencial personalizado focado em alguns segmentos de clientes.

Claro, em uma análise fria, com a velocidade da tecnologia e de novos entrantes em serviços financeiros, isso seria inevitável, até por sobrevivência. No Brasil, os grandes bancos estão em sintonia com as iniciativas da indústria financeira. Cada um ao seu jeito, mas na mesma direção, atentos a empreendedores que repensam a forma como o mundo se relaciona com as pessoas e negócios, fomentando todo esse ecossistema de inovação.

Somadas a essas iniciativas, outros movimentos, como o open banking e blockchain, já são realidade no mundo e ganham muita força no Brasil. Penso que não são apenas novas tecnologias, inovações e processos disruptivos, mas conceitos de relacionamento bancário com novos modelos de negócios e novas fontes de receita para os bancos.

Agora, o Sandbox chega como uma nova onda oriunda da Europa, tornando o open banking não apenas a única iniciativa promissora para as fintechs. Guilherme Horn, figura proeminente no ambiente de fintechs, analisa o instituto do Sandbox no contexto de Singapura e do Reino Unido e atesta: “é um ambiente que vai permitir que startups, ou até mesmo instituições financeiras, possam oferecer seus produtos e serviços, por um período limitado, sem as restrições impostas pela regulamentação vigente.”

Os bancos estão se preparando para os centennials que já representam 32% da população brasileira e 35% da global, como revela o relatório da Kantar de outubro de 2018, Centennials aos 21, que também afirma: “Marcas que não conseguirem se conectar com os valores, crenças e expectativas dos centennials terão sérias dificuldades em crescer”. O estudo discute os comportamentos e as expectativas dessas pessoas e desafia marcas e profissionais de marketing a redefinir como se relacionam com esse grupo de clientes cada vez mais influente.

A provocação é: quem vem melhor se preparando para esse novo ecossistema da indústria financeira? Quem está mais próximo da velocidade dessas mudanças? Quem tem a melhor experiência para, no final da linha, levá-la para o cliente?

*É executivo de Negócios Especiais da Accesstage

Novo presidente do BB começou mal, afirma ex-ministro Maílson da Nóbrega

Publicado em: 29/11/2018

Rubem Novaes, o novo presidente do Banco do Brasil, é um economista com várias passagens pelo governo federal, inclusive como diretor do BNDES. Tem excelente trajetória acadêmica, que culminou com o doutorado na Universidade de Chicago.

Novaes tem credenciais para bem exercer o novo cargo, mas começou mal. A exemplo do que tem ocorrido na atual transição, ele parece ter falado antes de pensar. Prometeu, seguindo orientação do próximo superministro da Economia, que iria enxugar o BB e privatizar partes de sua estrutura. Estaria na lista a área de cartões de crédito.

Trata-se de uma medida sem sentido. A área de cartões de crédito do BB é uma das mais lucrativas da instituição. O banco é o maior emissor desse produto, êxito que está intimamente associado à sua imagem. Nada disso aconteceria sem o balcão do banco, isto é, a sua capacidade de venda. Privatizar isoladamente essa área tem tudo para diminuir o seu valor.

O BB criou muitas áreas de negócios depois que perdeu a “conta de movimento” em 1986, pela qual era suprido automaticamente de recursos e a custo baixo pelo Banco Central. O BB se preparou para ser viável no mercado financeiro e foi para tanto autorizado pelo governo a atuar em todas as áreas do sistema financeiro.

Daí a modernização de sua estrutura, a redução de pessoal e de agências e a criação das áreas de previdência privada, seguros, capitalização, gestão de recursos e outras. Foram essas áreas que permitiram ao BB tornar-se razoavelmente competitivo. É assim que ele atua em atividades menos rentáveis ou onerosas, como as do crédito rural e da prestação de serviços ao governo.

Ao mesmo tempo, a conglomeração do BB foi a consequência lógica da construção de sua capacidade de concorrer com os bancos privados de rede, que dispõem das mesmas áreas. A privatização dos negócios rentáveis reduzirá mais do que proporcionalmente o valor de mercado do banco. A soma de suas partes produz um valor maior do que o todo. O BB perderá rentabilidade e competitividade.

Em algum momento, quando a sociedade se convencer de que a privatização integral do BB é o meio de fortalecê-lo ainda mais, como ocorreu nos casos da Vale, da Embraer e de outras empresas estatais, terá chegado a hora de transferir o seu controle para o setor privado. Antes disso, adotar o plano de Novaes é contribuir para a perda de valor da instituição, em detrimento do Tesouro e dos acionistas minoritários.

A rigor, se levado adiante o plano, com suas negativas consequências, caberia acusar o governo de abuso do controlador. Como se sabe, ao controlador cumpre agir para agregar valor à empresa, nunca para diminuí-lo.

Espera-se que Novaes, ao se familiarizar com as atividades do banco e com as responsabilidades do Tesouro, possa meditar melhor sobre sua ideia.

Fonte: Blog do economista Maílson da Nóbrega

Artigo: “Consequências da possível fusão entre Bank of America e BB”

Publicado em: 22/11/2018

Recentemente o futuro ministro da Economia Paulo Guedes referiu a possibilidade de uma “fusão” entre o Bank of America e o Banco do Brasil. A operação teria como um de seus objetivos tornar o sistema financeiro nacional mais competitivo, reduzindo assim a concentração de crédito em algumas instituições financeiras, e, por via indireta, acabando ou ao menos reduzindo privilégios que são concedidos a nichos e setores econômicos específicos. Em outras perspectiva, o Banco do Brasil — que já possui presença, ainda que restrita, em solo americano — poderia aprofundar-se naquele mercado, atendendo, por exemplo, a população com laços latinos.

É importante referir, como já informado pelo próprio ministro (a partir de 2019) que uma fusão seria assunto para o futuro. Aliás, uma fusão ou aquisição são operações de cunho altamente estratégico e com relevante carga jurídico-econômica, e que se estendem por tempo considerável. Para que se possa proceder a operações de tal espécie, uma miríade de regras e procedimentos deve ser cumprida, tais como i) autorização de seus respectivos acionistas; ii) longas negociações preliminares; iii) realização de efetiva due diligence; iv) submissão da operação, dependendo dos valores em jogo e da participação do mercado das partes envolvidas, à autoridades concorrenciais competentes, seja ex ante ou ex post; v) avaliação das demais regras legais e regulatórias incidentes ao caso.

Para além disso, uma vez concretizada a operação, a questão de integração entre back, middle e front office e respectivas controles e políticas internas, a migração e a avaliação de sistemas operacionais e de infra estrutura existentes seriam pontos importantes dentro do cálculo de efetiva possibilidade da operação. Desta forma, os denominados custos de transação para efetivação de tal parceria devem ser mensurados da melhor forma possível, sob pena de, em uma análise de custo e benefício, a operação ser simplesmente vetada ou, pior ainda, abortada.

Algumas estruturas seriam relativamente mais simples, tais como uma Joint Venture (forma que já foi muito aplicada, baseada na criação de um veículo específico para compartilhamento de risco, mas que vem perdendo apelo devido a questões regulatórias, especialmente na Europa), ou um Aliance Agreement (um acordo de cunho mais operacional do que comercial, ainda que preveja a troca de informações relativas a sistemas, melhores práticas e inclusive de acolhimento de carteira de clientes, a fim de que se proceda, normalmente a título experimental, todo o processo de avaliação e concessão de crédito).

A menção a fusão, aliás, pode sinalizar e ter algumas outras motivações e potenciais consequências não explicitamente abordadas tais como i) o incremento e ou facilitação da participação de capital estrangeiro em instituições financeiras nacionais; ii) eventual fusão entre Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (visando eficiência operacional e harmonização entre estas duas instituições); iii) legislação mais contundente em relação a ações repetitivas e à cobrança de juros altos que fazem com que sejamos um dos líderes mundiais neste tema.

No contexto da revolução digital em que vivemos, a fintech, que basicamente é a utilização de inovações como inteligência artificial, automação, uso de algoritmos, big data, data mining, internet of things, smart contracts no campo financeiro, concretizada por startups que se especializam em determinados nichos, especialmente na virtualização, transparência, velocidade e eficiência de formas de pagamento, também pode ser explorada. Em realidade, o Brasil possui uma infra estrutura de TI importante, fruto de nossa hiperinflação na década de 1980.

No contexto americano (e chinês), também o bigtech, ou seja corporações tão grandes que praticamente não necessitam de fonte externa para sua capitalização (Amazon e Ali Baba, por exemplo) tem papel importante na reinvenção do sistema financeiro. A troca de experiência e o aprendizado em ferramentas como sistemas de análise de crédito, sistema de avaliação e mitigação de risco, formas alternativas de pagamentos, cripto moedas, controles internos, compliance regulatória, proteção de dados pessoais e segurança das redes virtuais internas ou externas (cybersecurity) são importantes tópicos a serem explorados. A indústria financeira não vai morrer por completo, mas deve se adaptar, sob pena de perder importante participação no atual mercado para novos entrantes.

Nesta toada, a interação entre as instituições mencionadas poderia causar um spill over effect, causando verdadeiro race to the top entre os demais concorrentes, aprimorando assim a tecnologia e especialmente o atendimento aos clientes dos bancos nacionais, que hoje cobram taxas de juros altíssimas (o famoso spread bancário). Evidente que tal tipo de parceria pode acrescentar e melhorar a concorrência entre bancos, mas pequenas e médias instituições financeiras também devem ter papel relevante.

O fato é que por volta de 75% do crédito fornecido por bancos no Brasil concentram-se nas mãos de 5 instituições financeiras (ItauUnibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal e BNDES). A alegação de sistema bancário de alto risco para justificar a taxa de juros não é elemento tão decisivo, pois o Brasil sempre teve maiores requerimentos de capital do que aqueles previstos pelas regulações de Basiléia.

Importante realçar que uma fusão ou aquisição não seria a panaceia para o problema do fornecimento de crédito e muito menos para o sistema financeiro com um todo. Sabe-se muito bem que não existem soluções mágicas (one size fits all solution) para problemas complexos. A própria fintech pode ser contaminada por algoritmos e inteligência artificial desvirtuados (biased). Evidente que sinergias serão criadas, mas o sistema financeiro não pode ficar segmentado. Todos os nichos e setores devem ser atendidos, a fim de que os atores de pequeno e médio porte não sejam simplesmente engolidos, causando assim falhas de mercado.

Por fim, nunca é demais esquecer que as perspectivas concorrenciais entre EUA e Brasil diferem. Enquanto aquele aceita em geral a eficiência industrial (ou de serviços) ocasionada por operações de fusão e aquisição (economias de escala), este tem como um de seus pilares — a exemplo da Europa – o bem estar dos consumidores. Nesta perspectiva, o caminho do meio seria a mais eficiente solução (um Pareto Superior, provavelmente) para o Sistema Financeiro Nacional. Trata-se de caminho longo árido, mas totalmente válido para que enfim possamos desenvolver a economia brasileira de modo mais consistente, aumentando sua participação mundial.

Vinicius Diniz Vizzotto é advogado corporativo, mestre em Direito Internacional Econômico pela UFRGS

Fonte: Consultor Jurídico

Artigo: Para o BB, inovar é mais do que acompanhar o mundo em transformação

Publicado em: 20/09/2018

Paulo Ivan*

O ambiente concorrencial e as oportunidades de negócios demandam inovações que tendem a transformar nosso modo de vida. Novos desafios pedem novas ideias, novos modelos de pensamento, novas tecnologias. Por outro lado, há também as inovações que vêm antes mesmo das demandas da sociedade. Neste caso, um novo jeito de pensar ou um novo dispositivo tecnológico, quando surgem, geram aquele questionamento: “por que não pensei nisso antes?”.

O mundo, com as novas tecnologias, colocou na mesa o desafio da digitalização de produtos, serviços e atendimento bancários. Hoje, fintechs, boutiques de ativos, empresas de assessoria ao mercado e cooperativas de crédito vieram para concorrer com os bancos de formato tradicional. Tornou-se uma necessidade. No entanto, essa necessidade é uma característica apenas dos tempos atuais?

A história mostra que não. Na década de 1960, com a instalação da indústria automobilística no País e sem oferta de crédito direto ao consumidor na época, funcionários do Banco do Brasil tiveram a ideia de formar um grupo para constituir um fundo para aquisição de carros. A grande sacada dos funcionários do Banco na época, foi que cada um contribuísse com uma parcela do valor do veículo, assim no final de todas as parcelas, permitindo a todos a sua aquisição.

Uma boa ideia, somada à postura proativa, transformou o mercado, criando uma indústria financeira que fatura bilhões e realiza sonhos de muitos brasileiros, a partir da possibilidade de planejamento financeiro para a aquisição de bens. Ou seja, o consórcio — como inovação genuinamente brasileira, com berço no Banco do Brasil — foi uma inovação daquelas que, de fato, transformam o mundo.

Recentemente, o BB atingiu o patamar recorde de R$ 7 bilhões em vendas de consórcios, nos primeiros oito meses do ano. Esse volume representa 81% de todo o montante negociado pela modalidade durante todo o ano passado, com crescimento de 21% sobre o mesmo período de 2017 e de 26% na comparação com mesmo período de 2016.

E três passos importantes formaram a base deste crescimento: o foco estratégico e aproveitamento de oportunidade de vendas; a atração de novos públicos a partir de reformulação e desenvolvimento de novos produtos; e vendas em novos canais alternativos, como aplicativo para celular, por exemplo, que é exclusividade do Banco do Brasil.

Há cerca de meio século, o BB transformou a indústria financeira, criando a indústria financeira de consórcios. Hoje, o BB é o único banco brasileiro a oferecer consórcio por aplicativo. Essa alternativa, sozinha, já superou a marca de R$ 1 bilhão desde o lançamento, em maio de 2017. Inovar, portanto, está no DNA do BB.

Quando se fala em inovação, muito se imagina sobre “acompanhar o mundo em transformação”. Mas, historicamente, o Banco assume o papel de protagonista, como agente ativo da transformação do mundo, como verdadeiro líder no segmento bancário. Esse atributo é um grande diferencial em uma arena de alta concorrência, como no mercado financeiro. Hoje, inovar não é mais uma opção. E o BB pode dizer que já faz isso desde sempre.

*É diretor Comercial do BB Consórcios

Paulo Kliass: O poder do financismo

Publicado em: 16/02/2018

O período entre as festas do final do ano e a folia do Carnaval é normalmente marcado pela divulgação de informações que deveriam deixar envergonhados todos os que se preocupam com um mínimo de decência e justiça em termos da organização de nossa sociedade. Em especial, me refiro à forma como são apropriadas e distribuídas as diferentes formas de renda e riqueza entre nossos cidadãos.

Durante os meses de janeiro e fevereiro as instituições financeiras apuram seus balanços patrimoniais e contabilizam os lucros realizados ao longo do ano anterior. Um dos aspectos que mais impressiona nessa maratona de publicação de seus resultados é a aparente naturalidade com que esses números são tratados por aqueles que são os responsáveis pelas editorias de economia dos grandes meios de comunicação e também por parte da maioria de nossos dirigentes políticos.

Nesses tempos de endeusamento da meritocracia e de loas incomensuráveis lançadas às virtudes dos empresários eficientes em suas áreas de atuação, tudo isso parece tão normal. Afinal, se ganharam mesmo tanto dinheiro assim só pode ser pelo simples fato de que são bons e competentes naquilo que fazem como operadores sua área de negócios. A realidade dos lucros bilionários dos bancos tornou-se uma espécie de tradição intocável em nossa sociedade, cada vez mais tão marcada pelo abismo verificado entre as duas centenas de milhões dos que quase nada possuem e o punhado de triliardários que adoram ostentar suas fortunas. Estes últimos parecem adorar a acirrada disputa da presença em listas de bilionários, tão cuidadosamente elaborada por revistas especializadas, como as mais conhecidas Forbes e Fortune.

Assim, em 2017 a duplinha dinâmica dos líderes do capital privado em nosso sistema financeiro mantiveram sua dianteira. Enquanto Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal eram orientados a atrasarem suas respectivas divulgações, os donos de Itaú e Bradesco exibem orgulhosos as suas façanhas. O primeiro é o banco do presidente do Banco Central e ofereceu um novo recorde, ao registrar um lucro líquido de R$ 25 bilhões. O segundo é o banco do candidato de Lula a presidente do Banco Central em 2015 e apresentou ligeira queda em seu lucro, obtendo apenas R$ 15 bi ao longo do ano passado.

Brasil: paraíso dos bancos

A terceira posição dentre os bancos privados operando por nossas terras ultimamente tem sido ocupada pelo conglomerado financeiro espanhol Santander. Em 2017 o lucro obtido pela filial tupiniquim foi de R$ 10 bi. Esse resultado representou um salto de 36% em relação ao ano anterior. Tal performance assegurou a lucratividade do grupo em sua escala de atividade global. Os rendimentos auferidos pelo banco apenas no Brasil representaram 26% do total dos ganhos do grupo espanhol em todo o mundo. Recordemos que se trata do sétimo maior banco do planeta.

A soma dos lucros dos três maiores bancos privados em nosso mercado financeiro no ano passado alcançou a cifra de R$ 50 bi. Sabe-se de todo o esforço realizado pelas áreas jurídicas e de planejamento tributário das instituições para escapar do pagamento de impostos. Assim, os ganhos reais foram muito maiores do que esses aqui contabilmente revelados e declarados. Isso sem contar a generosidade absurda oferecida pela legislação criada por FHC – e mantida desde então pelos sucessivos governos de Lula, Dilma e Temer – que isenta de tributação o recebimento privado de lucros e dividendos. Uma loucura!

O Brasil está mergulhado há mais de dois anos em uma profunda recessão econômica. O PIB encolheu mais de 8% desde 2015, como consequência direta do aprofundamento da estratégia do austericídio. O desemprego chegou a atingir 14 milhões de trabalhadores e a quebradeira das empresas foi generalizada ao longo desse período. Apesar de todo esse clima de catástrofe social e econômica, o único setor que não foi sequer atingido pela crise foi justamente a banca. As instituições financeiras continuaram faturando muito alto e apresentaram seguidamente resultados ostentando lucros vergonhosamente bilionários.

O poder do financismo ultrapassa os limites da área de atuação das instituições financeiras. O mito da força do mercado – tão amedrontador aos olhos dos analistas e especialistas forjados no interior do próprio sistema – impõe ao conjunto da sociedade os sacrifícios coletivos para que sejam drenados, de forma segura e contínua, a essa ínfima parcela os recursos extraídos de todos os demais setores.

A cumplicidade do Banco Central

As fontes desses ganhos inexplicáveis e inaceitáveis são multivariadas. A sinecura proporcionada pela permanência das nossas taxas oficiais de juros em níveis de campeã do mundo é uma delas, com toda a certeza. Os bancos têm rentabilidade muito elevada sem fazer absolutamente nada: basta emprestar ao governo com ganhos balizados pela Selic. A prática antiga e conhecida da sonegação tributária no interior do sistema das finanças reforça o poder das empresas e retira recursos do conjunto da sociedade. As tarifas cobradas pelos chamados “serviços” bancários no interior de nossas fronteiras também figuram dentre as mais elevadas do planeta. Além desses fatores, ganha participação especial os ganhos proporcionados pelos impressionantes níveis de “spread” praticados pelos bancos.

A farsa da colocação de dirigentes de bancos privados no comando do Banco Central cai como sopa no mel em tal quadro incestuoso. Ao brandir pela “independência” do BC para que este opere em termos supostamente “técnicos”, os defensores dos interesses do financismo buscam legitimar a prática daquilo que a sabedoria popular chama de “colocar a raposa para tomar conta do galinheiro”. Afinal, nada mais “político” do que deixar a instituição responsável pela regulamentação e fiscalização do sistema financeiro nas mãos dos próprios banqueiros.

Ora, como encontrar outra resposta para a ausência de ação do BC no controle do crime de abuso econômico praticado há décadas pelos bancos? A prática articulada das empresas em regime de oligopólio é por demais conhecida para que se tente outra forma que não a intervenção pesada do órgão regulador na defesa dos interesses das partes mais frágeis na relação econômica determinada. Fiquemos apenas com o exemplo mais escandaloso do “spread” praticado nas operações realizadas com cartões de crédito.

Lucros dos bancos só crescem

O BC acaba de divulgar seu mais recente relatório com tais informações. Em dezembro de 2017, a média da taxa cobrada pelos bancos nessas operações era 335% ao ano. Recordemos apenas que naquele momento a Selic estava na faixa de 7% ao ano. Quem se dedicar a calcular o diferencial de ganho nessa operação chegará ao inacreditável percentual de 4.685%. É por isso que a posição de chefe de tesouraria de instituições financeiras no Brasil é tão cobiçado. Em nenhuma outra praça do mundo uma singela operação de crédito oferece tamanha rentabilidade sem praticamente nenhum risco envolvido.

Mas Paulo, poderão arguir alguns leitores, o fato é que a taxa Selic baixou no período mais recente e isso deve ter impactado os custos das operações. Pois peguemos os valores observados nos finais de ano anteriores:

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Como se pode perceber, os ganhos dos bancos nas operações só fizeram crescer nesse período mais recente, como vinha ocorrendo desde sempre. Esteja a Selic em alta ou em baixa, esteja a inflação mais ou menos controlada, os interesses dos bancos não são afetados. Muito pelo contrário! A complacência e a cumplicidade do BC só contribuem para essa verdadeira sensação de impotência do conjunto da sociedade frente ao poder exacerbado do sistema financeiro.

A proximidade do pleito de outubro e a oportunidade gerada pelo debate de alternativas eleitorais não podem deixar de lado a questão da dominância do financismo. É necessário uma ampla discussão nacional a essa respeito. É urgente que superemos nossa condição de uma sociedade que permite se deixar escrava dos desejos do parasitismo rentista por tanto tempo. Um modelo social e econômico menos desigual pressupõe maior capacidade de controle e regulação do Estado perante esse perigoso poder. Por outro lado, as empresas do mundo das finanças deveriam contribuir com maior capacidade de arrecadação tributária para um Brasil mais justo e desenvolvido.
*Paulo Kliass é doutor em Economia pela Universidade de Paris 10 e especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal

Fonte: Portal Vermelho

Por um outro Banco do Brasil

Publicado em: 05/01/2018

Maílson da Nóbrega*

O Banco do Brasil é a estatal mais emblemática do país. Nasceu em 1808 como banco privado para emitir moeda, uma necessidade criada pela chegada da família real ao Brasil e pela abertura dos portos.

O primeiro BB quebrou em 1829. Emitiu mais do que o lastro. Segundo Pandiá Calógeras, por erros atribuíveis “quase que exclusivamente ao governo, por causa dos empréstimos dispensáveis que solicitara, ou melhor, impusera”.

O segundo BB surgiu em 1853 focado em crédito. Nasceu da fusão do Banco do Brasil — criado pelo barão de Mauá em 1851 — com o Banco Comercial. Manteve-se sob o controle privado.

O terceiro resultou da fusão do segundo BB com o Banco da República do Brasil, em 1905. Com a Carteira de Redescontos, criada por lei de 1920, descontava seus empréstimos nele mesmo, algo inédito. Começava sua grande ascensão, sob o controle crescente do governo.

A Carteira de Crédito Agrícola e Industrial (lei de 1937) seria sua principal marca. Novas funções, inclusive de banco central, lhe foram atribuídas: o monopólio do câmbio, o controle e o financiamento do comércio exterior, a fiscalização bancária e a de depositário de recursos dos bancos.

Na lei que criou o Banco Central (BC, de 1964), o BB constou como o principal instrumento da política de crédito oficial via Orçamento Monetário, uma estimativa dos balanços anuais do BC e do BB.

Nasceu a “conta de movimento”, que supriria automaticamente o BB de recursos pelo BC, permitindo-lhe conceder “empréstimos sem limite”. Nos anos 1970, o BB virou o oitavo banco do mundo, mais pela forma de expandir seus empréstimos do que pelo porte da economia.

O BC atuava como banco de desenvolvimento, em esquema similar ao do BB, e geria a dívida pública. Um departamento do BB executava o Orçamento da União.

Nos anos 1980, fortes pressões inflacionárias tornaram a situação insustentável. Entre 1983 e 1984, estudos da Fazenda preconizavam abolir a “conta de movimento”, as atividades de desenvolvimento do BC e o Orçamento Monetário. Sugeriam a criação da Secretaria do Tesouro Nacional, para que esta assumisse as funções fiscais do BC e do BB.

As medidas foram aprovadas entre 1986 e 1988. O BB foi autorizado a atuar como qualquer outra instituição financeira. Malograram os temores de que ele não venceria os desafios.

Em 1995, o BB iniciou sua transformação. Diversificou operações, sofisticou a base tecnológica e ganhou eficiência. Arca, ainda, com o ônus de ser estatal. Tem sede em Brasília. Muda frequentemente a administração e a estratégia. Sofre o custo da fiscalização do Tribunal de Contas da União e da subordinação à Lei de Licitações.

A saída é a privatização. O BB está pronto. Poderá premiar funcionários por geração de negócios e produtividade, como ocorre em bancos privados. Livre do jugo do governo, aumentará a competição no mercado bancário e ampliará o papel de apoio ao desenvolvimento do país.

Surgirá um banco mais competitivo. O quarto Banco do Brasil da história será mais forte e promissor.

*É economista e ex-ministro da Fazenda no governo do presidente José Sarney

Fonte: Veja

Para criar um futuro melhor para nossos filhos, persistirei até vencer

Publicado em: 19/10/2017

Esta semana estava fazendo o meu treino de corrida no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e uma palavra ficou por muito tempo rodando na minha cabeça: persistência. E durante o tempo me lembrei de uma frase – “Persistirei até vencer” – que eu havia lido há anos no livro “O maior vendedor do mundo”, de Og Mandino.

Essa frase ecoou na minha cabeça durante o treino, e ao refletir um pouco mais sobre ela, me veio uma sensação muito boa. Pude me dar conta de que tudo o que propus fazer na vida, só tornou-se realidade porque agi com muita persistência. A persistência levou-me realmente à vitória.

Observei durante o treino também que outras pessoas que estavam no Parque do Ibirapuera as vejo há muitos anos. Tem um senhor, cadeirante, que há pelo menos cinco anos se exercita por lá pelas manhãs. Com todas as dificuldades que sua condição física possa gerar, pude reconhecer nele essa persistência.

E em um mundo em evolução, com cobranças por resultados imediatos, fiquei me perguntando se não estaríamos deixando a persistência de lado, e utilizando outros subterfúgios para encontrar atalhos. Sou 100% a favor de repensarmos processos e rever procedimentos para ganhar eficiência, mas fazer isso de uma forma íntegra e correta.

Imediatamente me veio nessa hora a imagem da minha filha. Pensei na forma com que a venho educando. Refleti sobre como a incentivo a ser persistente, e fazer aquilo que é certo, ao invés de burlar as regras, que muitas vezes são o caminho mais fácil. E esse processo de educação é árduo, mas é fundamental que tenhamos persistência.

Se queremos ter um mundo melhor para nossos filhos, precisamos começar pela educação. Não só com informações e conhecimentos, mas também com qualidades, como a persistência, bondade, coragem e a honestidade, características que queremos ver mais no povo desta nação.

Hoje resgatei aquele livro, e uma frase me tocou: “Quando outros interrompem suas lutas, então a minha começará e minha colheita será plena.”

Então, para que tenhamos um Brasil melhor, a cada dia persistirei até vencer.

Tenha uma ótima semana, com muita persistência e fé.

Artigo de Marcelo Katayama, médico e terapeuta do Núcleo Ser Treinamento e Consultoria

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Artigo: As privatizações de Temer boicotam a economia do País

Publicado em:

Por Zeca Dirceu, deputado federal pelo PT do Paraná

Com medidas contra o País, Michel Temer tem entregado, um por um, nossos patrimônios. No leilão de setembro, o governo federal vendeu quatro hidrelétricas pertencentes à Companhia Energética de Minas Gerais para empresas estrangeiras. A privatização das usinas da Cemig rendeu 12,12 bilhões de reais, apenas 65,5% do lucro da empresa nos últimos sete anos e meio (18,5 bilhões). Negócio da China, literalmente, para o State Power Investmente (Spic), grupo chinês que levou uma das quatro usinas, a de São Simão, por 7,18 bilhões de reais.

O desmonte do setor elétrico servirá de modelo para a venda da Eletrobrás. Uma de suas consequências será a elevação do custo da tarifa de energia, e para as empresas um lucro maior que o triplo do preço de venda, rendendo cerca de 40 bilhões de reais. Chineses, italianos e franceses enxergaram a capacidade de investimentos, rentabilidade e viabilidade do setor elétrico no País. O governo, que deveria ser o maior interessado no fornecimento de energia, parece ter ficado cego.

Ao retomar as estratégias fracassadas do PSDB dos anos 1990, Temer e o seu PMDB planejam entregar setores estratégicos. Descobriu-se recentemente que a Caixa Econômica Federal será um dos próximos alvos no balcão de negócios montado por Henrique Meirelles e sua equipe. Temer pretende anunciar a privatização da Caixa no fim do ano, conforme informação divulgada em um site corporativo do Rio de Janeiro.

Não podemos assistir calados à entrega de um banco 100% público, por meio de esquemas e negociatas que só prejudicam a economia do País. A Caixa possui a liderança absoluta na concessão de crédito habitacional no Brasil, e é responsável pelo pagamento de bilhões de reais em benefícios e programas sociais aos brasileiros. Além de ter um papel fundamental no pagamento de direitos dos trabalhadores, do programa Minha Casa, Minha Vida, de benefícios da Previdência, entre outros.

É mais uma ameaça à soberania nacional, à nossa autonomia econômica. Não vamos ficar inertes diante dessas vendas, das privatizações sem sentido. Nós, como oposição a esse governo golpista, sem escrúpulos e sem visão de futuro, devemos resistir e lutar contra essas medidas criminosas, tanto no Congresso Nacional quanto na Justiça.

Temos repetido constantemente que Temer e seus aliados ignoram propostas que poderiam mudar a situação de crise em que o Brasil se encontra. Entre as medidas, a taxação das grandes fortunas, uma reforma tributária voltada para quem ganha mais, a cobrança de dívidas de bancos e empresas que possuem débitos volumosos com a União.

Não tenham dúvidas, o saldo dos investimentos feitos pelos grupos estrangeiros, que avançam no setor elétrico e petroleiro, será cobrado do consumidor. E nós, brasileiros, também sairemos perdendo no desenvolvimento socioeconômico, na geração de energia, nos tornando cada vez menores no cenário mundial.

O papel do País é de protagonismo em suas áreas estratégicas e é por isso que precisamos parar com o desmonte patrocinado pelo ilegítimo governo Temer.

Fonte: Carta Capital

A construção de um mundo melhor começa dentro de nós

Publicado em: 05/10/2017

Quando olhamos ao nosso redor, é muito comum nos indignarmos com uma série de acontecimentos, como a violência, corrupção e o racismo, entre outros exemplos. E é mais comum ainda tomarmos uma postura defensiva e criticarmos tudo aquilo que é diferente do que acreditamos.

Com o passar dos dias, vamos somando esses pequenos descontentamentos, que se tornam grandes desconfortos, e chegamos em um ponto onde desejamos algum tipo de mudança. E queremos que ela seja imediata.

Nesse ponto, dotados de uma grande carga emocional, idealizamos um mundo no qual as pessoas ajam seguindo princípios que acreditamos serem corretos. Na prática, projetamos um mundo perfeito (ou quase…).

Mas a decepção vem logo a seguir, porque o mundo que idealizamos depende da mudança de comportamentos e crenças dos outros. E cada um idealiza um modelo de mundo de forma muito particular. Então não faz sentido eu mudar, se o mundo não vai mudar. Não faz sentido lutar se as coisas continuarão iguais.

Mas não é bem por aí. Esta semana tive a oportunidade de conhecer uma casa assistencial para pessoas em condições de fragilidade social. E nela tive uma das lições mais belas da minha vida.

Esse lugar é dirigido por uma senhora de 84 anos, que acredita com o coração e com a alma que é possível fazer melhor. Fazer mais com menos, ir atrás do melhor, de uma forma ética e responsável, em prol das crianças que frequentam aquela instituição.

Mais do que isso. Essa convicção é tão grande que contagiou todos os funcionários e criou-se uma cultura no local de que estão todos unidos pela mesma causa.

Essa senhora nos recebeu com uma doçura no olhar e ao mesmo tempo com a autoridade de quem ao longo de muitos anos já ajudou milhares de crianças e adolescentes a encontrarem um caminho melhor para a sua vida. Ela transformou essas pessoas.

Essa senhora me transformou por dentro. Ela me mostrou, sem falar nada, com um simples olhar, que não importa as barbaridades que vemos no mundo. O que importa é o que podemos efetivamente fazer em prol das pessoas que estão ao nosso redor.

O que importa é olharmos para dentro, e com sinceridade nos perguntarmos: “O que posso fazer hoje para ajudar, de coração, alguém que está ao meu lado?” Fazer o bem, não importa a quem.

Me reservo ao direito de não divulgar o nome dessa senhora, até por não ter a autorização dela para contar essa história, mas tenho a certeza de que a transformação aconteceu. E essa aconteceu dentro de mim, e talvez dentro de você também.

Uma boa semana!

Artigo de Marcelo Katayama, médico e terapeuta do Núcleo Ser Treinamento e Consultoria

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Gerente Assertivo: E se você soubesse como o seu cliente pensa?

Publicado em: 27/07/2017

Você já viu aqueles shows de mágica nos quais o mágico “lê os pensamentos” do expectador? Não parece fantástico? Ou armação?

Então, a realidade é que essas pessoas treinam e desenvolvem a habilidade de ler reações sutis, não verbais, diante de algumas perguntas e conseguem com isso “adivinhar” o que o outro está pensando.

Mas não precisamos fazer muitos cursos e tornarmos-nos experts em mágicas para ter essas habilidades. No dia a dia conseguimos obter informações muito valiosas simplesmente com duas ferramentas: rapport e boas perguntas.

Joseph O’ Connors, um dos grandes autores em programação neurolinguística, define rapport como “a qualidade de um relacionamento de influencia e respeito mútuos entre pessoas” e para fazer isso precisamos estar dispostos a ver o mundo a partir do ponto de vista dessa outra pessoa, com um interesse genuíno em saber como ela pensa.

Esse pequeno exercício de entrar em sintonia com o outro já nos traz informações importantes, porque imagine um cliente que chega até você muito nervoso, agitado. Se a primeira reação for algo do tipo “lá vem aquele chato de novo” nos fechamos para saber qual é a real necessidade do cliente e poderíamos acabar gerando mais nervosismo e ansiedade não só para ele, mas para si mesmo também.

Agora, se assumirmos que esse cliente tem um motivo genuíno para estar nervoso e nos perguntarmos “O que será que está acontecendo, por dentro, com essa pessoa?” e nos colocássemos no lugar dela, provavelmente teríamos um outro tipo de reação. E mais, conseguiremos obter muito mais informações, valiosas por sinal, que ajudarão a resolver a situação e ter um cliente grato a você pela vida inteira.

E quais perguntas fazer? O que seriam boas perguntas?

Antes de mais nada, precisamos ter consciência de que sempre percebemos somente uma pequena parte da realidade. Assim como mapas são representações gráficas de um território, temos em nossa mente apenas uma representação vaga e parcial da realidade. Estima-se que somos submetidos a cerca de 1,2 mil estímulos simultaneamente a cada instante. E conseguimos perceber de forma consciente apenas cinco a nove deles.
E vamos criando em nossas mentes, mapas com esses cinco a nove fragmentos de informação. Agora imagine você capturando esses pontos. Qual a chance da pessoa à frente estar olhando para os mesmos cinco a nove pontos?

Então, perguntas boas são aquelas que nos levam a “desvendar” o mapa do outro, ou seja, compreender melhor o que está acontecendo na cabeça dele. E para isso precisamos assumir que o mapa do outro também é real e verdadeiro, mesmo que seja muito diferente do nosso. Afinal, poucos clientes têm o mesmo nível de conhecimento técnico e experiência de vida que você.

Perguntas boas geralmente começam com “o que”, “como” e “quando” ao invés de “porque”. É muito mais produtivo perguntar para esse cliente nervoso: “O que está te deixando aflito?” ou “Como posso ser útil e tentar te ajudar?” do que “Porque você está nervoso comigo?” – que geralmente vem acompanhado do pensamento “Não fui eu que criei esse seu problema.”

Perguntas boas fazem o cérebro procurar respostas boas. As ruins, por sua vez, sempre trazem respostas ruins. Então, esteja curioso para saber quem é esse seu cliente e procure desvendar o seu mapa.

E você verá que isso pode ser muito divertido!!

Artigo de Marcelo Katayama, médico e terapeuta do Núcleo Ser Treinamento e Consultoria

 

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– Ah! Se eu tivesse…

– Você vê o copo meio cheio, ou meio vazio?

 

Artigo: Perspectivas para crédito privado com retomada da economia

Publicado em: 06/07/2017

Por Marcelo Rodrigues de Farias, gerente de divisão de Análise de Crédito da BB DTVM.

O mercado de títulos de crédito privado experimentou um movimento sem precedentes nos últimos meses: após um longo período de estiagem entre 2015 e 2016, começamos o ano de 2017 com a retomada das emissões corporativas, marcada pela forte demanda. Emissões de ativos de boa qualidade chegaram a ter demanda superior a seis vezes a oferta, com consequente fechamento de spreads.

Analisando as curvas de crédito de debêntures da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), as taxas indicativas de emissões com prazo médio de três anos nos melhores ratings reduziram cerca de 50 pontos-base em relação ao DI, somente nos seis primeiros meses do ano. Já nas escalas menores de rating, num período de 12 meses, chegamos a um fechamento de mais de 150 pontos-base, além da redução do DI observada nesse período.

É bem verdade que os mercados buscam antecipar movimentos e na esteira da melhora das premissas macroeconômicas era de se esperar uma redução nos spreads, contudo uma parte desse movimento se explica pelo excesso de liquidez dos fundos de Investimento .

Vários são os fatores que explicam esse excesso de liquidez: comparando dezembro de 2014 com maio de 2017, o patrimônio líquido da indústria de fundos cresceu 36%, enquanto o estoque de crédito privado caiu em termos nominais no mesmo período. Durante o momento de recessão econômica e recrudescimento do risco, os grandes bancos, tradicionais emissores de letras financeiras, que historicamente respondem por 60% do estoque de crédito privado da indústria de fundos, chamaram liquidez e reduziram significativamente o volume de emissões. Houve também a forte concorrência das LCA e LCI, que retiraram das assets parte do foco de captação dos bancos.

Os emissores corporativos, diante de elevados spreads e da aversão total ao risco de crédito , deixaram de emitir ou recorreram ao crédito bancário como única alternativa para rolagem em cenários de stress. Com excesso de liquidez nas tesourarias, as taxas das letras financeiras foram às mínimas possíveis, e as poucas emissões corporativas que vieram a mercado tiveram prazos menores e taxas elevadas.

Como consequência, a indústria de fundos apresenta hoje os níveis mais baixos de crédito privado na composição do patrimônio líquido, além de muitos vencimentos concentrados no curto prazo. Soma-se a isso as perspectivas concretas de inflação comportada e um ciclo duradouro da Selic abaixo de dois dígitos, o que potencializa o interesse dos Gestores em avançar a alocação no crédito privado para cumprir os mandatos em busca de rentabilidade.

Mas apesar das melhorias observadas no cenário macro, em termos microeconômicos os sinais de recuperação ainda inspiram cautela e há evidências de que o risco de crédito ainda se encontra em patamares não tão confortáveis.

Há um número maior de empresas com ratings com perspectiva de “downgrades” do que de “upgrades”. Em termos de indicadores, a alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) das companhias ainda é elevada e os índices de liquidez, por sua vez, também são baixos em níveis históricos, com elevado volume de dívidas no curto prazo. A geração de caixa para a cobertura do serviço da dívida também é baixa. Em outras palavras, ainda demora um tempo para que as melhorias macroeconômicas se reflitam em aumento do faturamento e melhoria de margens, para que então os indicadores de crédito se estabilizem, com a retomada dos investimentos, ao final.

Ao observarmos os guidances de crédito de pessoa jurídica, verificamos que apontam para uma retomada ainda lenta do apetite ao crédito privado, sem contar a pressão por reduzir a exposição ao risco de crédito para fortalecer a estrutura de capital por conta das regras de Basileia 3. E como que num rescaldo de 2016, grandes corporações retornam ao mercado buscando a renegociação de dívidas e a flexibilização de “covenants” (cláusulas financeiras) que não serão atingidos.

Com a recuperação econômica e a redução das taxas de juros, as empresas naturalmente voltam ao mercado para alongar seu perfil de endividamento. O crescimento do PIB também destrava a retomada das captações destinadas a investimentos. O menor apetite dos bancos na liberação de financiamentos, notadamente às empresas que tenham perfil para se alavancar no Mercado de capitais , traz de volta à indústria de fundos o papel de importância que a mesma deve ter em um mercado financeiro evoluído. O crédito privado volta a ser o caminho natural para a manutenção da rentabilidade adequada dos fundos.

O investidor racional precisa estar atento aos sinais de recuperação e poderá contar com a ajuda de Gestores profissionais para realizar uma análise eficiente do crédito , sem cair em armadilhas do “grande demais para quebrar”. Recomenda-se que esta retomada seja feita com cautela, que seja dada atenção especial ao reforço nas estruturas e garantias e, antes de tudo, que seja adequada à relação entre risco e retorno de cada operação.

Fonte: Assessoria de Imprensa do BB

Artigo do Gerente Assertivo: Ah!! Se eu tivesse…

Publicado em: 09/06/2017

A maior dor que temos não é aquilo que perdemos ou não tivemos. É aquela de ficarmos presos àquilo que poderia ter sido feito, mas não foi.

Você já deve ter visto alguém contando essa história… “Ah, se eu tivesse feito tal coisa, a minha vida seria muito melhor!!” ou “Ah, se aquilo não tivesse acontecido, eu seria mais feliz hoje!!”.
Essas duas histórias têm algo em comum. A dor e o sofrimento que carregamos, às vezes por muitos anos, por não termos feito algo que achávamos que mudaria a nossa vida, é uma receita excelente para sofrer indefinidamente.

Lembre-se de quantas discussões absolutamente inúteis já tivemos, simplesmente por não nos conformarmos com uma expectativa não atendida, imaginando que discutir o “leite derramado” faria ele voltar para dentro da garrafa…

Apesar de ser um comportamento muito frequente, e pernicioso, podemos rapidamente mudar essa realidade. Como? Simples!! Basta olharmos para a realidade e nos fazermos perguntas de melhor qualidade.

Perguntas do tipo, “Como posso resolver esse problema neste instante?” e “Quais seriam os passos necessários para seguir adiante?”, direcionam nosso pensamento para a solução da situação, ao invés de ficarmos buscando fantasmas e culpados.

Mas porque fazemos isso? Porque nos prendemos à dor?

Parece não fazer sentido, mas por trás de todo e qualquer comportamento, existe uma “intenção positiva”, uma necessidade que temos e que procuramos atender com aquele comportamento. Ficar preso a reminiscências do que poderia ter sido e não foi, também tem uma intenção positiva.

Muitas vezes ficamos reprocessando um fato, porque existe algo a ser aprendido com ele. E geralmente esse aprendizado é melhor absorvido quando pensamos nas atitudes que podemos tomar daqui para frente, em situações semelhantes. Isso é bem mais produtivo do que ruminar o passado.

Então, da próxima vez que se perceber revivendo um drama criado, faça algo mais inteligente e se prontifique a agir de forma diferente da próxima vez, e deixe que essa história seja somente isso, uma história.

E dessa forma usamos nossa experiência de vida como fonte de aprendizado e levamos a nossa energia para solução dos problemas.

E não se assuste se de repente estiver vivendo mais feliz!

 

Artigo de Marcelo Katayama é médico e terapeuta do Núcleo Ser Treinamento e Consultoria

FORMAS DE MOVIMENTAR O CORPO TRAZEM INEGÁVEIS BENEFÍCIOS PARA O ESTADO EMOCIONAL

Publicado em: 19/05/2017

Da próxima vez que estiver diante de um cliente que tenha necessidades específicas, experimente endireitar a coluna, apoiar a planta dos pés no chão (não é necessário estar descalço) e tomar uma respiração profunda. Ao mesmo tempo, imagine toda e qualquer pressão sobre você sendo direcionada para o chão, mantendo a coluna ereta e a cabeça alinhada para frente. Experimente e perceba os resultados.

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Imagine uma sala com duas portas. Atrás da porta número um há uma pessoa deprimida. Qual seria a postura corporal dela? Pense por um instante. A cabeça estaria alinhada com o corpo ou curvada para baixo? Os ombros, eretos ou caídos? A respiração, vigorosa ou curta?

Agora imagine que atrás da porta número dois há outra pessoa que acabou de vencer um grande desafio. Qual seria a postura corporal dela? Igual à da anterior ou sensivelmente diferente, com a cabeça erguida, movimentos ativos e respiração ampla e relaxada?

Em estados emocionais mais positivos, naturalmente, a nossa postura se alinha, em sintonia com esse estado emocional. Mas será que o inverso é verdadeiro? Será que mudar a postura pode alterar o meu estado emocional, e consequentemente me tornar mais forte para enfrentar os desafios da vida?

Existem vários trabalhos científicos mostrando que a mudança na forma de usarmos o nosso corpo altera os níveis de hormônios e neurotransmissores que nos trazem uma sensação maior de prazer e bem-estar. Exercícios físicos, ioga, pilates, enfim, formas de movimentar o corpo trazem inegáveis benefícios para o nosso estado emocional.

Recentemente li um artigo de uma psicóloga de Harvard (Amy Cuddy) que demonstrou que posturas de empoderamento alteram significativamente níveis de testosterona para cima e cortisol para baixo. Níveis altos de testosterona estão associados à postura de liderança. O cortisol é o hormônio liberado em situações de estresse. Se o nível estiver baixo, significa que o ambiente não está sendo percebido como algo ameaçador.

O que esses artigos estão nos mostrando é que podemos mudar todo o funcionamento hormonal do nosso corpo, de uma forma positiva, ao mudarmos a nossa postura.

E o que isso tem a ver com um gerente assertivo?

Da próxima vez que estiver diante de um cliente que tenha necessidades muito específicas (forma positiva de ver o cliente, em vez de considerá-lo um ´chato´), experimente endireitar a coluna, apoiar a planta dos pés no chão (fique tranquilo, não é necessário tirar os sapatos para isso) e tomar uma respiração profunda. Ao mesmo tempo, imagine que toda e qualquer pressão exercida sobre você está sendo direcionada para o chão. Mantenha a coluna ereta e a cabeça alinhada para frente. Experimente e perceba os resultados.

Pequenas mudanças geram grandes resultados.

Se quiser dar um passo além, combine com a mudança de foco, olhando para soluções e uma linguagem mais positiva e você terá uma receita fácil e rápida para enfrentar os desafios do dia a dia com mais disposição e equilíbrio.

Experimente. Faça já. E desfrute dessas mudanças positivas que você pode gerar na sua vida!

Marcelo Katayama é médico e terapeuta do Núcleo Ser Treinamento e Consultoria.

PALAVRAS NEGATIVAS LEVAM A EMOÇÕES SIMILARES

Publicado em: 04/05/2017

A partir do que falamos, criamos imagens em nossas mentes que formam o pano de fundo emocional que vivemos. Podemos escolher alimentar nossa mente com palavras negativas e carregar os sentimentos que elas provocam por um período enorme de tempo. É mais esperto treinarmos um vocabulário mais positivo, que nos ajude a ter um estado emocional melhor e nos levará a uma qualidade de vida melhor

Não pense em maçã!

Isso mesmo, tente ao máximo evitar que essa imagem lhe venha à mente.

Vamos lá. Não deve ser tão difícil assim tirar algo da sua mente. Simplesmente, não pense em maçã!

O que acontece quando tentamos não pensar em algo? Quase que imediatamente a nossa atenção se volta para aquilo e então tentamos apagar essa imagem da nossa mente. Mas quase sempre ficamos com ela presente em nosso pensamento.

Isso acontece porque o nosso cérebro tem uma habilidade inata de construir imagens, e isso acontece muito rapidamente. Quer ver?
– Cachorro quente.

Qual é a imagem que quase de imediato lhe veio à mente?

Para apagar uma imagem da nossa mente, precisamos fazer um grande esforço. Quase sempre em vão, mas existe uma forma de substituir essa imagem criada – trazer uma outra tão importante ou intensa quanto a primeira.

Mas o que isso tem a ver com ser um gerente mais assertivo, com mais inteligência emocional?

Durante o dia, nós falamos para nós mesmos e para os outros uma infinidade de palavras e criamos em nossas mentes um número gigante de imagens, que conforme vão se somando criam o pano de fundo emocional que vivemos.

Ao escolher palavras com conotação positiva, criamos emoções que seguem na mesma direção. Perceba a diferença entre pensar que aquele cliente é um “chato” e que ele tem “necessidades específicas”. Muda a forma de enxergar o mesmo cliente?

A maioria das pessoas iria pensar que um cliente com necessidades específicas tende a ficar satisfeito quando conseguimos resolver aquele problema que ele traz, ao passo que um chato nunca está satisfeito. O cliente pode ser o mesmo, mas a sensação que temos dele, e que irá contribuir para o estado emocional que vivemos, é muito diferente.

Não se trata de pensamento positivo ou algo do gênero, mas sim de usar a nossa inteligência a nosso favor, para criar um mundo interior mais saudável e leve. Encarar um cliente pensando nas necessidades específicas dele, certamente, traz mais satisfação do que reclamar que ele é um chato.

Isso sem falar nas milhares de palavras que falamos para nós mesmos diante dos desafios que encontramos no nosso cotidiano. Podemos escolher alimentar nossa mente com palavras negativas e ficar carregando esses sentimentos por um período enorme de tempo. Acho mais esperto treinarmos um vocabulário mais positivo, que nos ajude a ter um estado emocional melhor, que nos levará a uma qualidade de vida melhor.

Toda vez que lhe vier à mente coisas como: “Que porcaria de trânsito!”, mude a linguagem. Talvez algo do tipo: “Que rota alternativa tenho?” ou “Já que estou preso aqui, como posso aproveitar melhor esse tempo?”

Note que no exemplo acima existe uma mudança na linguagem, além de no foco, e esses dois elementos em conjunto têm um efeito sinérgico. São dois passos importantes para fabricarmos emoções melhores!

Pratique. Experimente. Faça diferente. Somente assim você conseguirá notar os efeitos benéficos dessas pequenas mudanças.

E que tal trocar a imagem do cachorro quente por uma imagem de você, tranquilo, em paz e saudável?

Marcelo Katayama é médico e terapeuta do Núcleo Ser Treinamento e Consultoria.

SÉRIE DE ARTIGOS

Leia aqui o primeiro artigo da série >> Suicídio: desfecho trágico de bancários que sucumbem às violências do trabalho

Leia aqui o segundo artigo >> Suportar a pressão à custa de muita energia e antidepressivos?

Suportar a pressão à custa de muita energia e antidepressivos?

Publicado em: 20/04/2017

No nosso cotidiano o mais comum não é um vendaval de pressões e estresse, mas as várias pequenas situações que vão se somando e que transformamos em um vendaval

Você conhece a fábula “O bambu e o carvalho”, do escritor grego Esopo? Aquela que nos ensina que devemos ter mais flexibilidade e cuidar de nossas emoções no dia a dia. Se já a conhecia, vale a pena lê-la novamente. Senão, leia-a com muita atenção.

– Condoo-me de você, disse orgulhoso o carvalho a um caniço de bambu. Mal sopra branda aragem e aí está a inclinar-se, a tremer, a humilhar-se e dobrar-se. Faça como eu. Por mais rijo que sopre o furacão, oponho-me altivo, obrigo-o a quebrar-se de encontro a mim, a desviar-se.

— Quisera fazer assim, mas não posso, respondeu o caniço. Você é robusto e eu, fraco. Suas raízes enterram-se rijas pela terra adentro. As minhas espalham-se pela superfície.

O carvalho sorriu, desdenhoso e sobranceiro.

Subitamente levanta-se uma formidável ventania, um furacão. O carvalho quer resistir. Porém, com o seu ímpeto, o furacão o arranca pelas raízes. O caniço, porém, havia vergado, havia se inclinado até o chão e, quando passou o tufão, reergueu-se sem ter sofrido dano algum.

Que lições podemos tirar da flexibilidade do bambu, que apesar da sua fragilidade, comparada à robustez do carvalho, sobrevive ao furacão, enquanto o frondoso carvalho é arrancado com raízes e tudo? Como podemos utilizar essa metáfora em nosso dia a dia e, com sabedoria, termos a flexibilidade do bambu para passar ilesos pelo vendaval?

Diante das pressões do dia a dia, a nossa tendência natural é tentar resistir à pressão. Tentamos suportar, ser mais fortes do que ela, lutar contra ela com todas as nossas forças. Essa estratégia muitas vezes funciona. Mesmo às custas de muita energia, terapia e antidepressivos.

Isso acontece porque quando somos submetidos à pressão, geralmente, ativamos o “modo sobrevivência”, e tentamos lutar ou fugir.

No nosso cotidiano, se pararmos para observar, o mais comum não é um vendaval de pressões e estresse. Mas as várias pequenas situações de estresse que vão se somando e se parecem com um vendaval. Por exemplo, ao sair de casa, você se depara com o trânsito congestionado e o transporte público lotado. Se olharmos esse fato isoladamente, ele não tem o potencial de gerar grandes desconfortos. É desconfortável, mas o que incomoda realmente é o acúmulo de todas as tensões e pequenos desconfortos como a cara feia de um colega de trabalho, o filho que vai mal na escola e por aí vai.

Para lidar com tudo isso, precisamos separar alguns momentos em nosso dia para refletir sobre qual é a importância que estou dando para cada um desses fatos. Pergunte-se: Esse fato isolado, que significado tem? Será que não estou dando uma importância maior do que ele realmente tem?

Precisamos separar alguns momentos em nosso dia para cuidar da nossa saúde emocional. E cuidar dela é algo que exige treino, dia após dia. Não é algo que possamos comprar. É algo que cultivamos dentro de nós.

Esses momentos para cuidar de nós próprios são como o curvar do bambu diante da ventania. O primeiro passo é reservar um momento para perceber e se perguntar: Quais emoções eu vivi hoje? Quantas dessas foram negativas? E ao se dar conta disso existe um jeito rápido de começar a mudar a percepção e a reação a eles.

Mude o foco – Em vez de ficar remoendo o problema, tome uma respiração profunda e procure olhar para a solução. Passe a relembrar os momentos alegres que teve no seu dia. O sorriso do seu filho, um abraço da companheira(o), uma conversa produtiva com um colega do trabalho…

Direcione o foco para as qualidades que você já tem. Coragem, iniciativa, sinceridade, carinho, amor, compaixão, altruísmo, benevolência, cooperação – mesmo que você não pratique isso o tempo todo. Certamente, existe na sua história de vida momentos em que você agiu com bondade. E se você foi capaz de fazer isso uma vez, você é capaz de repeti-lo.

Ao mudar o foco e relembrar desses momentos positivos, começamos a construir um estado emocional melhor. E, acredite, podemos fabricar qualquer emoção que quisermos viver. Basta seguir a fórmula que irei passar nos artigos subsequentes. E a mudança de foco é uma parte importante desse processo.

Não podemos evitar momentos dolorosos, mas viver em sofrimento é uma opção. E você pode escolher viver na abundância e felicidade. Você merece!!!

Marcelo Katayama – Médico e terapeuta da Núcleo Ser Treinamento e Consultoria.

Como alcançar a ´santa’ meta nossa de cada dia

Publicado em: 07/04/2017

ARTIGO

Como alcançar a ´santa’ meta nossa de cada dia

Temos de definir um direcionamento claro, avaliar as competências que temos

e desenvolver ferramentas emocionais para atingirmos o resultado desejado

 

Convidados pela AGEBB a propor reflexões, alternativas e práticas sobre como o gerente do BB pode lidar melhor com a pressão e o estresse para cumprir as metas do banco, além de recursos que contribuam para a melhoria do desempenho pessoal e dos subordinados, a equipe de médicos e terapeutas do Núcleo Ser (www.nucleoser.com.br) passa a publicar nos veículos de comunicação da AGEBB uma série de artigos com esses propósitos. Neles, vamos trazer conhecimentos e métodos para aprender como a mente funciona, aprofundar a compreensão de nós mesmos e sobre as diferenças que existem entre as pessoas, bem como gerenciar melhor as emoções e os comportamentos. Espero que apreciem este nosso artigo de estreia.

Resultado. Essa é a palavra de ordem em grande parte das empresas. Muitas decisões, planejamentos, projetos. Tudo para atingir um certo resultado, cuja pressão constante para alcançá-lo (muitas vezes, sem um propósito claro) gera um grande desgaste emocional, tanto nos funcionários quanto nos dirigentes e nos gestores responsáveis por cobrar o cumprimento delas.

Como as coisas nem sempre saem como queremos, aumenta-se a pressão, no intuito de tentar gerar o resultado desejado. Isso traz ansiedade, desespero e leva as pessoas a agirem no ´modo de sobrevivência´, ou seja, tentam se safar das possíveis consequências de um resultado diferente da expectativa. Nesse modo, vale a lei do mais forte, o que abre espaço para comportamentos agressivos ou manipuladores, piorando o desgaste emocional, já que agora valores éticos e morais estão sendo também ameaçados.

Mas existe um caminho diferente, uma forma melhor que já vem sendo utilizada em algumas corporações e por gestores em muitas equipes. Um modelo participativo e colaborativo, no qual as pessoas são estimuladas a assumirem o protagonismo de suas ações e o clima organizacional é de diálogo e valorização das diferentes ideias, o que leva o indivíduo a dar o seu melhor a cada instante.

Mas para isso funcionar, além de um ambiente saudável, cada integrante da equipe deve ter clareza do seu papel, deve saber exatamente o ponto onde a equipe quer chegar e também qual o propósito dela.

Por exemplo, um time de futebol tem uma performance excepcional quando cada jogador sabe o que tem de fazer (porque tem as habilidades técnicas), sabe o resultado que quer ter (vencer o jogo, suponho eu) e tem clareza do propósito da equipe (por que estão fazendo aquilo? Talvez por amor ao esporte ou ao time ou até por dinheiro, e estão alinhados com um propósito único), além do seu propósito pessoal.

Ferramentas emocionais – Podemos tentar atingir resultados extraordinários de uma forma aleatória, por tentativa e erro, mas quando conhecemos um método comprovado para fazer isso, o caminho se torna mais fácil. Para isso, precisamos definir um direcionamento claro, avaliar as competências que temos e desenvolver ferramentas emocionais para atingirmos o resultado desejado.

Quando isso ocorre em um ambiente no qual as opiniões e pontos de vista são ouvidos (o que não quer dizer que sejam totalmente colocados em prática), as pessoas naturalmente contribuem para alcançar o resultado desejado. Quando cada integrante da equipe tem clareza de seus objetivos pessoais e a relação deles com sua atividade de trabalho, pode escolher agora como irá exercer sua atividade.

Nos próximos artigos demonstraremos fórmula para se construir estados emocionais mais positivos e, com um pouco de prática, poderemos ancorar esses estados, passo fundamental para as pessoas que querem crescer e alcançar as metas pessoais ou profissionais. Este é o pontapé inicial para se ter uma vida mais feliz e próspera. Você e a sua equipe merecem isso!

Marcelo Katayma – Médico e terapeuta da Núcleo Ser Treinamento e Consultoria.

Os alvarás judiciais, o Banco do Brasil e a dignidade da advocacia

Publicado em: 29/03/2017

Poucas vezes se viu consenso tão grande, como ocorre agora, em relação à constatação da má prestação dos serviços bancários do Banco do Brasil no pagamento dos alvarás judiciais. A revolta é grande e ousamos dizer que tem alcance nacional!

Aqui na Bahia, — reforçada pela dedicação de inúmeros colegas que se mobilizaram, espontaneamente, em virtude das dificuldades que vivemos, cotidianamente — a OAB trava importante confronto no sentido de garantir serviço de excelência bancária para a advocacia.

Os últimos atos dessa batalha foram a liminar deferida pela 6ª Vara da Justiça Federal na Ação Civil Pública promovida pela OAB da Bahia (Processo 0019083-69.2016.4.01.3300), em 15 de março, e a audiência pública realizada em 17 de março, com a presença de advogadas e advogados, bem assim representantes do Tribunal de Justiça, do Banco do Brasil, do Procon e do Codecon.

O quadro atual, de acordo com a liminar deferida, nos garante (a) pagamento dos alvarás, em até 48 horas, (b) atendimento em toda rede nacional e (c) respeito, em Salvador, à lei que estipula limite máximo de 15 minutos de espera.

Ainda é pouco, em que pese seja um grande avanço diante da realidade infernal que vivemos todos os dias. Precisamos e exigimos: (1) pagamento imediato dos alvarás; (2) nos casos de inconsistência em alvará, respeito ao prazo de 48 horas, estipulado no contrato celebrado pelo banco com o Tribunal de Justiça, para solução do problema e efetivo pagamento; (3) implantação de alvará online; (4) efetivo atendimento em toda rede nacional, conforme obrigação contratual já contraída pela instituição financeira; e (5) criação de áreas de atendimento exclusivo para a advocacia.

Nossas pretensões são simples e fáceis de ser atendidas, pois estão amparadas em lei e por obrigação decorrente do contrato celebrado pelo banco com o Tribunal de Justiça e, no caso do alvará online, pela existência de tecnologia para sua implantação, conforme reconhece a própria instituição financeira.

O Banco do Brasil é bem remunerado para prestar o serviço e tem que cumprir suas obrigações sem subterfúgios. Importa destacar que aquele contrato entre o banco e o tribunal, malgrado sua forma aparentemente privada, é público e se destina a regular efeitos da prestação jurisdicional, envolvendo depósito, remuneração e entrega de dinheiro que não lhes pertence!

A má-gestão do dinheiro depositado, em suas diversas modalidades, entre as quais, o atraso na disponibilidade do crédito ao seu titular, configura ato ilícito contratual e, ainda, ato de improbidade administrativa e crime de desobediência!

Respostas evasivas e intenções não implementadas não são aceitáveis. O não cumprimento, pelo Banco do Brasil, dos pontos exigidos pela advocacia da Bahia implica responsabilidade contratual, administrativa e criminal, gerando, não apenas a punição dos agentes, mas, igualmente, a necessária rescisão do contrato e a celebração de novo pacto com outra instituição bancária, precedida de licitação.

Nunca é demasiado destacar, a exigência de prestação de serviço eficiente no pagamento dos alvarás é relevante porque representa a sobrevivência de parcela significativa da advocacia, e, ao mesmo tempo, é o respeito à dignidade da nossa profissão.

O advogado, sabemos todos, é indispensável à administração da Justiça (artigo 133, CF) e é direito nosso receber no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas a seu desempenho (artigo 6º, parágrafo único, do EAOAB).

É muito estranho que tenhamos que buscar na Justiça o cumprimento de obrigação óbvia decorrente de lei e contrato contra o Banco do Brasil, justamente “o banco de todos os brasileiros”.

Exatamente porque vivemos tempos estranhos, estamos na trincheira da luta, lado a lado, ombro a ombro, com advogadas e advogados baianos. Juntos haveremos de vencer!

Por Luiz Viana Queiroz e Fabrício de Castro Oliveira

Fonte: portal Consultor Jurídico